Por José Antônio Taveira Belo /
Zetinho
Nos idos anos de 50, em Garanhuns
aconteceu um fato que desnorteou todas as pessoas que acompanhavam o sepultamento
de um homem morador no Alto do Mandau. Contaram-me desta forma: - “Em uma das
noites frias de da cidade uma família moradora na Rua do Córrego, logo no
inicio, levou um susto quando tomavam café. Seu Elpildio, sentado na cabeceira
da mesa sentiu-se mal e desmaiou. Foi àquela correria dentro de casa e logo em
seguida chamada a vizinhança. Levaram-no para a cama, deitaram e não conseguiram
anima-lo e ali estava parado. Tomaram-lhe o pulso, colocaram o ouvido no seu
peito para verificar as batidas do coração, nada. Chamaram o medico que o
examinou e deu a triste noticias a família – esta morto -. Foi aquele
desespero. Todos choravam e não sabiam o que fazer. O seu vizinho Renato, tomou
conta de tudo e providenciou o velório. Colocado no caixão na sala de visita,
com a luz baixa começaram a rezar a ladainha, o terço e cânticos fúnebres. A
vizinhança começou a chegar, logo que souberam da noticia. Era aquela
lamentação. Comadre como aconteceu isto com o compadre Elpildio? A viúva
chorosa contava tudo, enxugando com um pano de prato as lagrimas que escorria
pelo rosto. Olhos vermelhos e assuar o nariz, aumentava o choro toda vez que
chegava um. Sentada no canto da sala, olhava aquele corpo de mãos entrelaçadas
no peito, com um terço com contas preta e o crucifixo de prata. Triste retrato.
Elpildio o que aconteceu? Deixaste-nos aqui morrendo de saudades, dizia a
esposa a cada instantes, entre choro e soluços. Assim se passou a noite entre
uma xicara de café forte ou de chá de camomila para acalmar o nervosismo. O dia
amanheceu nublado. As pessoas iam chegando devagarinho procurando saber
detalhes do acontecido. Cada um contava do seu jeito. As mulheres consolava a
viúva. Os filhos menores foram para a casa vizinha. Os homens na calçada
estreita comentavam os feitos do Seu Elpildio. Para uns o cabra não prestava,
declarava na surdina, outros endeusava a conduta do morto, homem de boa
estirpe, pai de família exemplar e assim os comentários se estendiam no local.
O enterro estava marcado para quatro horas da tarde. Muitos diziam – não vamos enterrar
o morto antes de vinte e quatro horas da morte. E assim passou-se o dia no
entra e sai de pessoas que desejavam ver o cadáver ali estendido, paramentado
com um paletó preto e uma calça marrom escuro. O terço não mão ali imóvel. Após
o meio dia, começaram novamente as rezas. Foram chamar o padre e ele chegou por
volta da três horas da tarde. Encomendou o corpo com orações e atirando-lhe
agua benta. Às quatro horas em ponto colocaram a tampa do caixão e seis homens levantaram e saíram em direção ao Cemitério São Miguel. Os
vizinhos acompanhavam e viúva ia amparada por dona Zezinha, sua colega de
escola em tempo ido. Quando cotejo atingiu o alto da bandeira um dos homens
ouviu um ruído dentro do caixão; ficou
desconfiado e temeroso, outra vez ouve um balanço que não era dos estavam
levando o defunto; de repente batidas na tampa do caixão, uns olharam para os
outros e o medo se apoderou deles. As pessoas que em comitiva iam junto também
se apavoraram e um dos homens gritou - o homem
vive – largou o caixão no chão e correu junto com as demais pessoas. O
mais corajoso, tremendo, levantou a tampa do caixa, e ali se levantou suando o
defunto. O que significa isto? Querem me matar? Enterrar-me vivo? Bando de
cabra safados! Levantou-se jogando as flores fora, se limpando, somente de
meias pretas e saiu andando em direção a sua casa. Todos que ali estavam,
entraram nas casas, gritos apavorados, e correria generalizada pela rua abaixo,
enquanto a viúva desmaiava e era acudida pelas outras mulheres. Passado o
susto, aos pouco foram se aquietando e procuravam ver o “defunto” ainda em pé
no meio da rua aparvalhada com o caixão quebrado ao seu lado. Alguns chegaram
perto do seu Elpildio, tocaram-lhe no corpo e começaram a rir do espetáculo
daquela tarde fria, já garoando. Uma comitiva de pessoas foi a sua casa. Elpildio perguntou a todos o que acontecera.
Foram lhe contar o desmaio, o velório e tudo mais que acontecera naquele triste
dia. A noite muitos curiosos ainda iam a sua casa para se certificar da morte e
vir que o homem estava “vivinho da silva”. Ao andar pelas ruas a pessoas o
apelidaram - morto vivo – (os nomes das pessoas citadas são fictícias
ou meras coincidências)
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