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domingo, 8 de janeiro de 2012

As enquetes, suas burlas e o seu significado




Por Zé Carlos

Semana passada recebi um e-mail do Leonardo Cruz Dantas, com o seguinte teor:

“Sr. José Carlos, vejo que você faz o seu trabalho com muita seriedade e por isso vou ajudá-lo para que seu Blog não caia no descrédito dos internautas, como alertei o Claudio André acerca da recente ENQUETE PARA PREFEITO, que acabastes comentando também, com muita clareza. Preciso dizer que não tenho nada contra nenhum dos candidatos e como você já alertou numa postagem, uma enquete não é uma pesquisa eleitoral que precisa de mais critérios de análise para se ter como material de análise estatística. Acompanho os Blogs de Bom Conselho diariamente e diversas vezes ao dia e pude notar algo estranho nessa enquete. A diferença de votos para um candidato que na realidade não tem essa popularidade e a forma como os votos eram dados a ele soam estranho. Me refiro a uma quantidade expressiva de votos e em horários programados. Certamente o candidato usou de um recurso muito conhecido pelos mais habituados com computadores que permite que se vote numa mesma enquete, várias vezes, de uma mesma máquina. Toda máquina possui uma identificação pessoal chamada IP e ao votar numa enquete gera um arquivo chamado cookie que fica gravado na máquina. Para que se vote várias vezes numa mesma enquete, basta alterarmos o IP da máquina ou deletarmos o arquivo cookie. Isso pode ser feito manualmente (vejam um exemplo http://apodigital.blogspot.com/2010/06/como-burla-as-enquetes-e-votar-quantas.html, ou coloque no Google "como votar várias vezes numa enquete") ou através de programas gratuitos que se baixa na internet como Hide IP ou Ultra Surf. Isso é permitido porque o registro do voto não fica no servidor do sistema Blogspot, mas em cada máquina individual. Sou estudante de Ciências da Computação e sei do que falo faça o teste você mesmo se tiver dúvida. O meu comentário é mais técnico, diferente do seu bem mais interessante (http://agazetadigital.blogspot.com/2012/01/enquete-do-poeta-e-o-capitao-boanerges.html). Espero que publique isso para que os seus leitores continuem confiando no seu trabalho, como este estudante. Estou enviando também a outros Blogs de Bom Conselho para que não sejam alvos dessa prática.”

Antes de mais nada, devo dizer que não conheço pessoalmente o Leonardo e nem tive tempo de fazer os testes de votação múltipla que ele sugere em seu e-mail, embora tenha seguido o link por ele fornecido, no qual há uma verdadeira aula de como burlar uma enquete votando mais de uma vez.

Quanto a conhecer ou não o Leonardo, isto não tem muita importância para uma pessoa que, com eu, acredita que as pessoas podem usar o anonimato ou a pseudonímia para se expressar  tendo este direito assegurado pelas leis do país, e pelo princípio mais básicos de liberdade de expressão. O importante é o que ele diz e não quem ele é. E se adotássemos este princípio sempre, não acreditaríamos em um monte de besteiras que são propaladas por pessoas nas quais se acredita mesmo sem saber o que dizem.

Quanto à possibilidade de votar mais uma vez nas enquetes, eu já tinha ouvido falar da possibilidade de fazer isto, e constatado mesmo aqui nas votações de nossas enquetes, por fatos não comuns que ocorreram e foram encontrados por mim e pelo Leonardo na enquete a que ele se refere, feita pelo Blog do Poeta. E é sobre isto que trata a minha postagem citada pelo Leonardo.

Ele, o Leonardo, diz que é estudante de computação, e até eu me considero assim, pois o hábito de estudar não diminui com a idade. No entanto, eu não me considero um “expert” no assunto e peço sempre a ajuda dos universitários. A segurança com que ele fala da prática de burlar as enquetes e que foi por ele testada, me parecem, em princípio, possíveis, e assim eu vou acreditar que seja,  no que escreverei daqui em diante.

Vamos começar imaginando uma situação extrema, na qual, os computadores não tivessem limite de votos. Isto é, um indivíduo, caso quisesse, pudesse sentar 24 horas por dia na frente de um computador e votar à vontade, quantas vezes quisesse. Ou exagerando mais ainda, ele pudesse introduzir um programa em sua máquina que votasse por ele. E, ainda mais, neste reino da fantasia das enquetes, ele fosse o único a ter acesso a este tipo de procedimento. Assim sendo, dificilmente seu candidato teria menos votos numa enquete. Sendo ele um ateu, até Deus perderia feio.

É óbvio que enquetes onde pudesse isto existir estariam fadadas ao descrédito e ao fracasso. E as consequências seriam trágicas para nós blogueiros, que costumamos alavancar nossa audiência com elas, dando-lhes o máxima de rigor informativo possível. Esta situação é tratada como um monopólio e exploração da informação e do conhecimento. Isto não e impossível de ocorrer nem nas enquetes e nem na vida. O problema aqui é que este monopólio é usado de forma que se diz assimétrica, pois todos os eleitores de uma enquete deveriam tem a mesma capacidade de voto.

Vamos ao outro extremo da imaginação e pensar que a informação sobre votar multiplamente fosse disseminada por toda a população votante. Todos teriam os mesmos meios para votar e liberdade para votar em quem quisessem e quantas vezes quisessem. Aí Deus teria uma chance, se o Diabo fosse seu opositor na enquete. Se os partidários de cada um tivessem os mesmos meios e votassem cada um o máximo possível, voltaríamos ao velho mundo ideal de um computador um voto, e quem tivesse mais partidários venceria a enquete, se todos ficassem com a bunda colada no assento na frente do computador pelo mesmo tempo.

No meio termo, ou em cima do muro, como é sempre mais realista, temos as situações híbridas onde alguns detêm mais informação e conhecimento do que o outro, e o comportamento dos votantes é imprevisível. Não se pode afirmar que, porque eu hoje acredito que se pode votar mais vezes, que eu irei fazê-lo. E lá vem outra vez um aspecto que envolve todas nossas ações em sociedade e que deve ser prezado para não voltarmos à barbárie: o aspecto ético dos nossos atos.

Numa linguagem tortuosa e simples como deve ser a linguagem blogueira, o que queremos dizer é que “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, ou que, os instrumentos que temos servem para o bem ou para o mal, e, quando se trata do conhecimento, é um dogma moderno que ele seja disseminado para todos, e que se deixem os aspectos éticos e morais envolvidos decidirem como eles serão utilizados. Sem sabermos como construir uma bomba atômica talvez não fosse possível saber como poderíamos curar o câncer. Antes que comece uma seção filosófica onde não chegaria nem a um silogismo válido, baixemos a bola e voltemos às enquetes.

Hoje mais do que ontem eu tenho a certeza de que as enquetes, como são formuladas por quase todos nós que usamos o Blogger e sua metodologia, nos mostram muito pouca coisa a não tendências muito vagas do que algumas pessoas escolhem, sem nenhum rigor de representatividade. E não quero dizer aqui que elas não são importantes, mesmo que haja possibilidade de burlá-las, como nos mostra o Leonardo. A informação tem o seu valor para o bem ou para o mal. Nossa obrigação é estamos do lado do bem, sempre votando em Deus nas enquetes (só sobre esta afirmação muitos tratados já foram escritos).

O que não pode ser feito é analisar seus resultados com se tivessem um rigor que não existe, a não ser que explicitemos nossa crença em assim agirmos. Ora, se fazemos uma enquete perguntando em quem você votaria e colocamos dois candidatos, por exemplo, Deus e o Diabo, já deveremos saber que pode haver burla, e que supondo Deus mais ético, ele perderia a enquete, nem que fosse na Terra do Sol do Glauber Rocha. Mas, não podemos também dizer de antemão que os correligionários do Diabo fossem sempre anti-éticos, pois até no inferno se precisa de alguma norma moral, que não sabemos qual, para que mais de um diabinho sobreviva.

Em suma, o que é importante é que estejamos cientes das limitações das enquetes e que o conhecimento para burlá-las seja obtido por todos, inclusive e principalmente, pelos blogueiros. E não me venham com a velha estória de que revelar os métodos incentiva a burla, pois “o risco que corre o pau corre o machado”, e todos detêm o conhecimento para o bem ou para o mal.

Achei o nosso dever, como “enqueteiro” e blogueiro, divulgar o e-mail do Leonardo, esperando que nossas enquetes, ao sabermos cada vez mais o que elas significam, orientem nossos leitores. Mesmo que elas possam não nos dizer nada. E ficar esperando que os nossos tecnólogos, que nos fornecem as enquetes quase prontas inventem coisas que cada vez mais nos dê confiança de que realmente tenhamos, para cada uma pessoa, um só voto, como ainda não ocorre nem nas eleições reais, onde se fala de burlas e mais burlas.

Com todo este novo conhecimento, continuaremos fazendo nossas enquetes, quase sem poder nenhum de coibir as possíveis burlas (se alguém souber estamos às ordens para publicar e seguir), mas pelo menos, ao disseminar o conhecimento, esperar que as burlas se anulem, pelo conhecimento de todos.

Como já venho de uma longa discussão sobre o anonimato, onde hoje sei que os blogueiros não podem serem responsabilizados pelas opiniões de comentaristas anônimos, espero que não nos queiram responsabilizar pelo resultado de enquetes, mesmo que burladas.

Antes de terminar queria só dizer que o Sr. José Carlos a quem o Leonardo endereçou seu importante e-mail eu tomei como sendo eu, já que ele usou o endereço eletrônico da AGD (agazetadigitalbc@gmail.com). Meu pseudônimo é Zé Carlos, e eu ainda não tive tempo de ir no cartório de Narriman para registrá-lo, portanto sou um anônimo. De qualquer forma agradeço a ele, e digo que pode usar o e-mail quando quiser para mais informações e estendo o convite a todos. 


P.S.: Ontem, depois que escrevi o texto acima fui ao cinema. Fui assistir ao filme Missão Impossível 4. Sai do cinema decepcionado, não com o filme, mas, comigo. Um cara sozinho burla a segurança do Kremlin com o uso da tecnologia digital, e eu, aqui achando que seria uma "missão impossível" votar mais de uma vez em uma enquete, uma burla que o Leonardo diz ser tão fácil. Quanta ignorância a minha.


ZC

Um comentário:

  1. Depois do que vi ontem no Fantástico sobre as burlas nos postos de combustíveis, nem vou ver mais este Missão Impossível, nem votarei mais nas enquetes. Os ladrões estão sempre á frente da polícia, pelo menos no Brasil. E logo agora que eu estava aprendendo para lançar minha segunda enquete, perguntando quais dos vereadores de Bom Conselho viajou mais no ano passado, já fico em dúvida. Depois escrevo sobre isto em meu blog.

    Lucinha Peixoto (Blog da Lucinha Peixoto)

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