Em manutenção!!!

sábado, 30 de abril de 2011

ATO NOCIVO




Por Expedito Guedes

O voto passou a ser
Um ato muito nocivo
No momento decisivo
Não há o que escolher
Quem poderia prever
Esta arte de roubar
Não pode continuar
Com esta situação
Sendo pra criar ladrão
O eleitor pode votar

A nação já não aguenta
Receber um outro tombo
Que para tapar o rombo
Muito barbante arrebenta
O que o político inventa
Não dá para acreditar
O povo é quem vai julgar
Sendo pra criar ladrão
O eleitor pode votar

Já não existe segredo
Está sendo resolvido
Muito político envolvido
Comendo do mesmo bredo
Pronto para o degredo
Da vontade popular
para só poder voltar
Com outra resolução
Sendo pra criar ladrão
O eleitor pode votar

Acabou-se aquele sonho
Que a política trazia
O barulho que fazia
Era daquele tamanho
Tinha aquele rebanho
De político a falar
Agora o que esperar?
Só existe uma razão
Sendo pra criar ladrão
O eleitor pode votar

Isto não é exagero
Nem tampouco confusão
E se disser: xô ladrão!
Não fica um no poleiro
O político brasileiro
É bem triste comentar
Só pode se aproveitar
Numa única conclusão
Sendo pra criar ladrão
O eleitor pode votar

12 de dezembro de 1993

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casamento em Seráfia - Ensaio Fotográfico

A Gazeta Digital enviou a Seráfia uma repórter fotográfica para cobrir o casamento do século entre Doralice Peixoto e o Príncipe Felipe de Sarávia. Colocamos estas fotos à disposição dos nossos leitores, pedindo que se a colocarem em seus Blogs citem pelo menos a AGD nos créditos. Curtam a nobreza!

O Príncipe Felipe e Doralice Peixoto

O Príncipe Felipe e a Princesa Katherine

Ornamentação da Igreja de Seráfica

Público presente no casamento real

Arcebispo de Canterbury (Seráfia)

Empolgação do povo nas ruas de Seráfia

Abadia (noivos no altar)

Fausto, Ternurinha e Patácio

Coral

Fanfarra (Vinda de Caldeirões dos Guedes)

Saída do noivos (loga atrás o Príncipio Inácio e Antônia)

Coisa de fotógrafo (Bela foto)

Saída da Abadia


O Casal Real

O Casal Real na Carruagem

A Abadia de Seráfia

Palácio Real de Seráfia (chegada do casal)

Entrada no Palácio

Pátio Interno do Palácio



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(*) As fotos foram escolha pessoa de Lucinha Peixoto, assim como suas legendas. Cliquem nas fotos se quiserem vê-las num tamanho maior. Agradecemos à fotógrafa pelas belas fotos e sua agilidade em nos enviar.
AGD

Testemunhos do Vovô Zé - O Fraldão




Por Zé Carlos

Nesta Sexta-Feira da Paixão tive uma alegria e uma tristeza, dentre os sentimentos que nos afloram durante todo um dia,  envolvendo estas duas  sensações. Não falarei aqui da morte de Jesus nem do feijão de coco da Marli, porque poderia não ser politicamente correto ao falar deles, podendo alguns religiosos de plantão dizerem que eu estou comparando os fatos envolvidos.

Falarei aqui então somente de uma alegria e de uma tristeza. Primeiro o ruim, que é a tristeza, pois quem gosta dela? O Davi estava gripado, tossindo, com catarro, com fastio, abusado como nunca foi. Coisas de crianças e de sua vida escolar. Até posso dizer que uma das grandes coisas que as escolas fazem as crianças é levá-las a adquirir anti-corpus para uma série de doenças. Para não ficar tão triste, espremo o limão, faço um limonada, e digo que o meu neto estava no auge da aquisição de anti-corpos, com gripe que estava.

Por falar em gripe, por míseros 3 meses ele não vai poder entrar na campanha de vacinação contra esta doença. Ele tem 2 anos e 3 meses e a campanha vai até os 2 anos. É uma crueldade. Eu mesmo vivia gripando todo tempo e sem poder tomar a vacina, quando ainda não tinha entrado na boa idade. Mas como católico genético que sou, desde os 53 ou 54 que minto para tomar a vacina. Bastava mostrar o meu cabelo de nuvens, como o Poeta falou. Feliz ou infelizmente, os pais do meu neto são evangélicos. Minha filha, mãe do Davi, desde muito tempo não aceitou mais ser católica genética e tornou-se presbiteriana. O pai é um evangélico por origem (sua família é presbiteriana). Eles não mentem jamais. Talves seja eu que vá vacinar o Davi. Nestas horas, tem que ser católico para enfrentar a burocracia. Com a idade dele, ele não vai nem lembrar de seguir o avô pecador, em sua idade adulta.

Saiamos da gripe e voltemos ao Davi que é pura alegria, mesmo com ela. Esta é a alegria que mencionei. Ele estava conosco aqui em casa. Como moro perto do Rio Capibaribe e sempre o mostrava de longe, desta vez, atravessei as ruas com ele e com a avó, e fui ver o rio de perto. O Rio “caperibe”, como ele o chamou, foi uma festa. Caruaru não tem praia e quando ele vê água, quer logo entrar. E havia umas crianças dentro do rio, isto o incentivando a um mergulho naquelas águas que eram limpas nos tempos do Manuel Bandeira. Agora é impossível. Nosso grande rio é hoje feito de esgotos, que levam os dejetos de casas e mais casas para o mar, quando a maré está a favor. Quando está contra elas vão para nossos narizes.

O Davi brincou com umas crianças subindo e descendo nos equipamentos da Academia da Cidade, e foi ver a criação de gatos que existe na Beira Rio, mantida por uma senhora anônima que conheci em minhas andadas por lá. Ela adotou os gatos do rio e eles estão até gordos, e foram um deleite para o meu neto.

Quando chegamos em casa, uma cena me fez associar outras e outras. Estavam mudando a fralda do Davi. Ele não gosta muito do ato, mas, que fazer, xixi é xixi e cocô é cocô, ou vai prá fralda ou vai pro chão e com certeza chegarão ao Rio Capibaribe. Então me lembrei, que fiz uma enquete aqui, tempos atrás, para tentar conhecer melhor o público que nos acessava. Seu resultado mostrou que um percentual alto era de pessoas acima de 60 anos, que hoje chamamos cortesmente de idosos. Velhos, não seria politicamente correto.

Com aquele resultado tive vontade de escrever algo sobre a “idosice” e uma delas, fatalmente, iria ser sobre o uso do fraldão, ou seja, aquele equipamento usado em Davi, com a mesma finalidade, e em tamanho maior, para os idosos. Ainda farei isto, e estou pedindo informações ao nosso público leitor sobre suas experiências com este equipamento, moderníssimo, que é a fralda descartável, em tamanho I (para idoso). Eu ainda não tenho experiência de uso, mas ao ver a mãe de Davi trocando suas fraldas, tive vontade de perguntar, o mesmo que alguém perguntava a um bêbado numa propaganda de bebida, o diálogo não poderia deixar de ser o seguinte:

- Davi, quem é você?

- Eu sou você amanhã, Vovô Zé!


Quando eu for no mercado vou começar a saber os preços do fraldão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

UM ASSALTO - ACONTECEU COMIGO EM RECIFE




Por CARLOS SENA (*)

De repente uma voz assustada  gritando em nossa direção. De repente um revólver aparece na mão de um assaltante, gesticulando para que abríssemos a porta que “era um assalto”! Tão logo percebi que se tratava de um assalto a mão armada, congelei, literalmente. A primeira alternativa que me veio a mente foi não reagir, lembrando das orientações das autoridades policiais. Contudo, o motorista do carro, ao perceber o assaltante, arrancou o carro e, neste momento, confesso, entreguei a alma DEUS! De repente, não mais que de repente, um PIPOUCO! Um tiro de 38 irrompera pelo vidro lateral do veículo onde eu me encontrava. Reclinei a cabeça como que querendo me livrar de mais prováveis tiros, mas felizmente só ocorreu o primeiro. Dentro do carro, instalara-se um “inferno” entre o que de fato aconteceu e o que nossas cabeças poderiam imaginar que acontecera. Imaginei que estivesse sido alcançado pelo projétil, bem como o motorista também tinha essa impressão. Concomitante, a loucura do transito, a vontade de sair voando, as buzinas do trânsito engarrafado da Avenida Domingos Ferreira. Estilhaços de vidros se misturavam ao sangue que aos poucos fomos vendo e, desta forma, aumentando a suspeita de que poderíamos estar baleados. O motorista entrou em pânico. Eu já tinha certeza de que não tinha sido baleado, mas ele não. Partia-se do princípio de que onde “há fumaça há fogo”; se tinha sangue poderia haver baleado – afinal, segundo dizem, quando a bala entra a gente nem sente! Mas o clima de angustia persistia, pois afinal uma coisa é a gente ouvir dizer de um assalto, outra é por ele passar, sofrer tudo que não tem direito e, graças dos Deuses, sair ileso. Milagre? É a expressão que os policiais usaram diante do que viram. Eu já tinha pensado nisto, mas não podia verbalizar para o motorista diante do estado dele de total descontrole emocional.

Finalmente fomos atendidos na UPA da Imbiribeira – bairro importante da capital pernambucana. O motorista foi atendido, fez RX do cotovelo, mas o projétil não alcançou além da superfície. Enquanto Belém – este é o nome do motorista, estava sendo atendido pelo médico, chamei um policial para me ajudar a interpretar a cena do carro. A bala estava no meu banco (passageiro), bem comprimida, provavelmente porque o vidro lateral do carro e a película ajudaram a diminuir o impacto. Certamente isto nos livrou do pior. Os policiais interpretaram o que viram como “milagre”.

De repente como num passe de mágica lembrei-me de GIL VICENTE, um poeta português: “A vida é um “ai” que mal soa “... Portanto, só nos resta agradecer como sempre o fizemos: pelo dia, pela noite, pelo ar. Pelo gesto simples do amor de quem estiver perto de nós, pelo perdão, pelo afago, pelo bem que possamos fazer sem olhar a quem... Pelo desejo de um dia vermos um país mais decente em que as autoridades não se vendam pelos fabricantes de armas e de munições; pelo não menos desejo de que as nossas prisões não sejam para pobres e pretos, mas acima de tudo para esses marginais que a custa da compra do voto, alcançam os poderes da nação e se esquecem que tem filhos e família... Pela certeza (não o desejo) de que, no momento, só temos mesmo que recorrer a DEUS – seja ele de que forma for, senão a gente perde a esperança.
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(*) Publicado no Recanto das Letras em 12/04/2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

"VENDE-SE BARBA"

D. PEDRO II (Uma cara barba!)



Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

O anúncio do Governador da Bahia trouxe uma avalanche de esperança para todos os homens, menos para imberbes de um mercado promissor que estava escondido e que até agora ninguém tinha descoberto, desde tempo do Império, a venda dos “pêlos” que cobrem a face dos homens. Foi uma descoberta que estava encoberta há anos, a venda de “barba” para o mercado consumidor. Não sei como vai ser utilizado este patrimônio que todos os homens têm na “cara” e que até agora ninguém tinha descoberto este “filão” de ouro, que cresce sem muito esforço e se dá gratuitamente em cada homem. Estes fios devem ser catalogados para venda de acordo com a posição social de cada um.  No Império, a venda se processaria como venda da barba do “Rei”, do “Imperador”, a um preço, dos “barões” dos “condes” e dos “viscondes”, dos “lordes” outro preço, e dos “súditos” serão de menor valor mais, as dos “monges” e “capuchinhos” vale pela sua santidade e assim por diante até atingir a classe “pobre”, que seria a mais beneficiadas com a comercialização. No Brasil atual, depois da Era Lula, todos, ou quase todos, querem se parecer com o chefe. Cada um conserva a barba que poderá ser vendida em leilão ou mesmo através da internet, através de uma doação a uma ONG ou mesmo para fazer dinheiro e guardar a “sete” chaves o tesouro que os homens têm na cara e que não sabiam usufruir deste comercio que se encontra cara.

Acredito que tem largo mercado para os “pêlos” da barba que os homens possuem pela graça que Deus concedeu. Mas, vamos observar como se dará a comercialização deste produto que está na “cara” e é a maior novidade que ninguém tinha descoberto, precisou vir um baiano e lançar na praça a descoberta. Só na Bahia poderia acontecer esta descoberta, pois, os baianos são espertos. Mas, vamos catalogar, se me permite o preço que deverá ser cobrado a aqueles que desejam ter a relíquia de uns “pêlos”, do ex-presidente Lula, do Governador da Bahia, dos Secretários de Estado Federal, Estadual e Municipal. Muitos guardarão em casa “no cofre” para mostrar os visitantes com a euforia, dizendo, eu “tenho os pelos de ex-presidente Lula”, mostrando um frasco de cristal, o de Fidel Castro ou de algum cubano em outros “frascos” de cristal, este guardado e somente visto por aqueles que têm intimidade. Os museus vão se encher daqui para frente de pêlos dos barbudos que estão no Governo. Acredito que somente uma ala de tamanho gigante pode abrigar estes pêlos dos nossos Presidentes, Governadores e Prefeito do nosso Brasil. Se me permite, ainda, vou delinear a comercialização de cada “barbicha” dos nossos homens, os notáveis e os da classe plebéia, oferecidos aos colecionadores.

Vejamos: “barba fechada”, “pouca barba”, “cavanhaque”, “costeletas”, “bigode completo” ou, “bigode fino” preto, grisalho ou branco, o de “modelo Hitler” e do “Barão do Rio Branco” cada um deste deverá ter um preço, por unidade ou por quantidade. Ainda, pelo tamanho e cor. Barba preta, um preço, grisalha, outro preço, mesclada por fios brancos e pretos, outro preço e toda branquinha sem nenhuma mancha, esta seria um preço, como pêlo de urso polar, de valor caríssimo, somente para empresários e políticos para que possam investir no futuro.

Pois é o mercado está aberto. Os mais espertos já devem estar colocando suas “barbas de molho”. Aparecerão nos principais jornais do Brasil e quem sabe nos jornais do exterior anúncios para venda deste “filão”. “Vende-se barba completa, incluindo o bigode aparada e conservado, sem falhas. Preço de ocasião”, outros anúncios, anunciará Vende-se somente o bigode, comprido, parecido com os dos barões, condes e viscondes, por preço de ocasião – contato para o telefone 343234556, outros colocarão este anúncio “Vende-se, por preço de ocasião, uma barba completa, toda branquinha, sem falha, para as festividades natalinas – preço de ocasião – falar com Mozart ou pelo fone. 2344556” e a barba do pobretão do nosso País, “vende-se uma barba fechada, servindo para todos os fins, para o Carnaval, com urgência, pois, estamos passando necessidades. Família com cinco filhos menores e uma mulher grávida esperando o sexto. Procurar Damião na Praça Joaquim Nabuco, entre 7h00min às 16h00min, que serão bem atendidos” assim por diante.
Não sei se o Governo vai cobrar imposto.  Esta venda é legal, pertence legitimamente ao dono da “cara”. Vai-se cobrar o imposto será um tormento para todos nós. Mas vamos esperar a decisão do Governo, enquanto isto vá conservando a sua barba que vale dinheiro e você não sabia.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A Verdade sobre a BR-232




Por Zé Carlos

Dias atrás, mais precisamente no 1º de abril, eu escrevi aqui um texto sobre a BR-232 (aqui). Pela fatídica data alguns poderão pensar que era uma mentira, das tantas contadas neste dia. Não era. Eu estava falando sério. Lembrei agora até de um maluco que apareceu aqui em nosso Mural (me desculpe se não for maluco) com o pseudônimo de Fala Sério, e que publicou uma série de coisas que ele considerava extremadas. Por exemplo, indo lá no mural, pois minha memória já não é a mesma: “Cúmulo do vegetarianismo: Levar a namorada prá trás da moita, e comer a moita!” ou  Cúmulo da Inteligência: Comer sopa de letrinhas e cagar em ordem alfabética.” ou  Cúmulo da Lerdeza: Apostar corrida sozinho e chegar em 2º lugar.” E outras do mesmo tipo. Eu até que gostava.

Neste domingo eu vi uma propaganda do Governo do Estado de Pernambuco, cujo título era o mesmo que dei a este texto: “A Verdade sobre a BR-232. Começa com o óbvio dizendo que “A BR-232 é uma das mais importantes rodovias do nosso Estado...” E continua louvando a rodovia e tentando explicar o porquê de suas falhas, do ponto de vista técnico/jurídico, que não me vem ao caso aqui.

Depois de um longo texto publicitário, penoso de ler, sobre o que o governo vem realizando no setor de rodovias, vem o texto final e político: “Em parceria com o Governo Federal, estão sendo duplicados 322 quilômetros de estradas federais, sem a venda de qualquer patrimônio do povo pernambucano e sem repetir os erros e problemas ocorridos com a BR-232”.

O que os propagandista do Governo não lembram, é que Pernambuco, na época da duplicação, não era tão bem tratado assim pelo governo federal, e se não houvesse havido a venda do “patrimônio” do povo de pernambucano, talvez ainda estivéssemos esperando 2 horas para subir a Serra da Russas. Se o processo de privatização foi sério ou não, teve problemas ou não, foi bem feito ou não, é outra coisa da qual não posso tratar aqui. Talvez, o que eles deveriam dizer, para mostrar que realmente o governo pensa no desenvolvimento do Estado e não só colocar o “socialismo” de fancaria em prática, seria: “O governo federal, devido a acidentes políticos, está sendo bom com o Estado e estamos conseguindo tocar a infraestrutura rodoviária, mas quando secar o leite de vaca, o que já está acontecendo, venderemos o patrimônio do povo pernambucano outra vez, para melhorar sua qualidade de vida, ampliando o Pacto pela Vida para a prevenção dos acidentes rodoviários."

Mas, como disse no texto anterior, “em casa de enforcado não se fala em corda”, mesmo que ela esteja nos enforcando também. Somos socialistas, anti-privatistas e privatização é um tabu. O que ocorre na China, no Leste Europeu e até agora em Cuba, ainda não nos comove politicamente. E continuaremos mantendo sob o domínio público todo o patrimônio do povo pernambucano, como a BR-232, caindo aos pedaços, e sendo remendada para enfrentar a Morte de Jesus em Nova Jerusalém.

Tudo se passa como aqueles colecionadores que passam fome para não se desfazer de suas peças, mesmo que o tempo acabe com elas, por não ter recursos para restaurá-las. Eu passei este fim de semana na BR-232 e observei as “tarjas-pretas” de asfalto para que a rodovia não pareça tão moribunda. O Cristo ressuscitou em Nova Jerusalém, dentro de poucas semanas os remendos já não valem nada, e continuaremos nos arriscando no patrimônio do povo de Pernambuco. E muitos dos processos de duplicação em fase de conclusão serão mais precários, pois não temos recursos para mantê-los, como temos agora. E haja “tarjas-pretas”.

Mesmo que se alardeie, com fins políticos, que o processo de privatização foi mal feito, isto não justifica, por motivos ideológicos burros, que não se faça mais. O que tenho medo mesmo é que o Zezinho de Caetés esteja certo quando diz que iremos nos tornar uma imensa Venezuela. Aqui em Pernambuco já temos a refinaria por onde pode entrar o Hugo Chávez. Ou ele já chegou? Eu quero é visitar o meu neto sem “tarjas-pretas”, com uma rodovia funcionando, sendo gerida pelo Estado ou não. Egoísta! Dirão alguns. Eu, se fosse o Fala Sério diria: “O cúmulo da burrice: Não vender o patrimônio e morrer em cima dele”.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CASA DE PENSÃO




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

No Diário de Pernambuco, edição de 17 de abril de 2011, circulou o suplemento “Aurora” sobre aquelas pessoas que vivem em pensionatos no bairro da Boa Vista.

Sob o título “Aluga-se” a jornalista Isabelle Barros, foi hospede de uma destas pensões, por 24 horas, avaliando a vida destes pensionistas involuntários.

A maioria das pessoas que habitam nestes alojamentos ou quartos é oriunda do interior, estudantes, vendedores, balconistas, e tantos outros que necessitam de um cômodo para se abrigar e encontra nos casarões da Rua Velha, Glória, Barão de São Borja e adjacências.

Ao ler a reportagem, senti-me saudoso do tempo que vivi neste ambiente de pensionato no Bairro da Boa Vista, na metade da década dos anos 60 do século passado Saindo de Garanhuns, para estudar na capital, encontrei-me morando em um pensionato na Rua Velha, casarão vizinha a Matriz de Santa Cruz, no Largo do mesmo nome.

Durante, seis anos e meio, percorri aqueles pensionatos existentes na Rua Velha, Glória, Barão de Borja, Gervasio Pires, Leão Coroado, Aragão e o Cais José Mariano. Neste ambiente, vivido de mudança constante encontrei vários amigos estudantes e de outras profissões de quem fizemos amizade e que algumas ainda perduram até a data presente. Durante este tempo, sem freio e de rédeas soltas, vivi imensamente este tempo de boemia, de estudos, e trabalho junto com os amigos que se dispunham a participar, e que hoje ainda recordo estes momentos de alegria e de ressacas.  Encontrei neste período toda espécie de pessoas, boas e más, gente de baixo astral, e pessoas de boa índole. Invejosos e trapaceiros. Pessoas esquisitas e outras escandalosas. Uma das brincadeiras existente nas pensões neste tempo, era do apelido. Se você se incomodava, se você ficasse trombudo e calado e às vezes partindo para briga, era uma constante nesta época. Quanto mais você se incomodasse com apelidos, a turma chamava, rindo e se escondendo. Lembro de alguns apelidos de estudantes e de pessoas que viviam nas pensões do Bairro da Boa Vista. Eram chamados “Vaquinha Mococa”, “Urso Branco”, “Cebolinha”, “Sarará”, “Soró”, “Cabeleira”, “Vinagre”, “Bode Rouco”, “Brucutu”, e tantos outros se fazia presente na vida do pensionato. E assim era vida dos moradores de pensões por onde passei. O que a Isbelle, relatou na reportagem nesta pequena estada em pensionato, eu passei estes anos. A lei de alguns pensionatos era rigorosa. Mudei-me por varias vezes de “casa”, por me incomodar com o barulho infernal, principalmente nos finais de semanas e outras vezes por melhores acomodações, quarto arejados, banheiros limpos, espaço para descanso e bate papo, terraço para o jogo de baralho o “relancinho”, “damas”, “firo” e dominó. Outras brincadeiras, até de mau gosto, era esconder os pertences dos vizinhos de quarto, como meia, sapatos, camisas, cuecas, lenços, estojos de barbear, sabonetes, canetas e tantos outros objetos que levavam às vezes discussões acirradas na pensão. Quem escondia, muitas vezes se escondia, deixando a confusão e saindo de “fininho”. Depois de certo tempo era descoberto e, aí sim a confusão começava de novo, ficando muitas vezes intrigados, por certo período. Presenciei muitas discussões entre a dona da pensão e os inquilinos, por causa do pagamento atrasado na mensalidade. Muitos fugiam durante a noite deixando a dona de pensão “a ver navios”. Outros procuravam amenizar a reclamação prometendo pagamento nos próximos dias, ou mesmo fazendo um acordo pagando a metade, o que deixava a dona da pensão insatisfeita e avisando que se continuasse desta forma atrasando a mensalidade fosse procurar outra pensão. E assim foi a minha convivência nas pensões do querido bairro da Boa Vista, o casarão na Rua Velha, ainda existente, o meu primeiro pensionato e ainda hoje curto o Mercado da Boa Vista, na Rua Santa Cruz, reduto deste tempo memorial que as saudades não deixam esquecer. Quando quero relembrar, percorro estas ruas passo a passo... E aí bate a saudade...

domingo, 24 de abril de 2011

Caminhos de Fé - Fátima (Portugal)

N. S. de Fátima


Por Lucinha Peixoto

No filme anterior vimos uma Igreja. Neste vemos outra, pelo menos de fora. Por dentro, eu entrei e, sem querer fazer comparações mundanas com coisas sagradas, e já fazendo, pois sou de carne e osso, nada nossa Matriz tem a dever à Igreja de Fátima em Portugal. Por fora não posso dizer, isso. O Santuário de Fátima, que fez parte de uma viagem para lançar uma filial da CIT Ltda, no velho mundo, é uma coisa fantástica.

Não é preciso nem ser católico, nem religioso, pelo testemunho do Cleómenes, para se sentir perto de Deus. Este nosso colega ateu, só não se converteu com vergonha. Mas, chorava copiosamente, quando via as pessoas passarem de joelhos, com velas enormes, e até se arrastando com cobra pelo chão, pagando suas promessas pelas graças pedidas a Nossa Senhora e alcançadas.

A atmosfera, para nós católicos é divina. É algo inexplicável o que sentimos diante daquele local onde a Mãe de Deus apareceu aos três pastores. Eu não vi, mas, imagino e vejo em outros filmes a emoção que deve ser aquele santuário cheio de pessoas praticando seus atos de fé.

Quando vejo o filme hoje, ainda me emociono e é esta emoção que tentei passar para vocês neste e nos textos anteriores e nos filmes que nos acompanha. Mesmo que eu reclame do meu salário na CIT, o faço com algumas dúvidas pois esta viagem foi por ela financiada.

Uma feliz páscoa para todos, e volto ao meu lugar no Blog da CIT. Fiquem com Fátima:


sábado, 23 de abril de 2011

A Matriz de Bom Conselho - Fé e Arte

Matriz de Bom Conselho (Blog da Niedja)


Por Lucinha Peixoto

O filme a seguir mostra nossa Matriz de Bom Conselho-PE. Fundada no século XIX. Um patrimônio religioso, artístico e cultural que orgulha todos os bom-conselhenses. Os filmes e fotos são do Zé Carlos e a música foi escolhida por mim. A Ave Maria é uma das músicas assim chamados por serem muito ligadas a Igreja Católica. Existem várias envolvendo os nomes de Bach, Gounoud e Shubert, e que minha velhice não me deixa mais distinguir.

Esta do filme me lembrava e lembra os convites fúnebres, e para mim está associada à Igreja Matriz. Quando ouvíamos seus primeiros acordes, vindos do alto-falante da Matriz, uma pergunta era indispensável:

- Quem morreu?

Nem sempre tínhamos a resposta de chofre e ficávamos esperando a leitura do texto do convite, que depois de dizer a família que convidava e qual o morto que deveríamos acompanhar até Santa Marta, terminava sempre dizendo:

- Desde já agradecemos a este ato de fé e piedade cristã.

Era questão de horas e o enterro passava de frente de minha casa, quando o féretro seguia pela Manoel Borba, passando pela Praça da Bandeira. É isto, apesar de ter morado no caminho do cemitério, ainda estou aqui relembrando estes tempos vendo uma das mais bonitas Igrejas do interior de Pernambuco. Um motivo para explorar um grande filão da cidade: O Turismo Religioso. Nossas Igrejas precisam serem vistas e admiradas.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Reforçando sua Fé

Procissão de Ramos em Bom Conselho (Blog da Niedja)


Por Lucinha Peixoto

O Zé Carlos me pediu para escrever uma série de textos em torno de filmes que produzimos quando trabalhávamos juntos na CIT Ltda. Óbvio que aceitei. Embora não tenha sido eu a única responsável por eles, eu participei ativamente de sua elaboração e nada mais oportuno do que revê-los neste período tão importante para os Cristãos.

São três filmes. Um por dia, a parti de hoje e indo até o Domingo de Páscoa. Falemos do primeiro, a que demos no nome na época de Bom Conselho Católica, e o repetimos para várias denominações de nossa cidade, para mostrar sua grandeza cultural.

Neste unimos Bom Conselho com o Roberto Carlos. Eu achei e acho até hoje, maravilhoso. O Jameson está parabéns pelos efeitos de computação gráfica. É pena que hoje ele esteja relegado ao futebol. Não que o ache o esporte menor, e sim porque nosso time, o Náutico, parece que vai perder o único título que nos consola: o hexa.

Vejem o filme, cantem junto com o Roberto, e quem sabe, aconteça algum milagre que beneficie sua vida. A fé é prá isto. Não digo que o filme vale por uma missa, mas, se estiver chovendo muito....


HISTÓRIAS QUE MEU PAI CONTOU




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Meu pai era um andarilho. Vivia visitando as casas pobres e ricas, de fazendeiros e lavradores, era o seu serviço como Guarda da Peste do Ministério da Saúde. Entrou para o serviço público em 1944, trabalhando pesado mas nunca demonstrando insatisfação no dia-a-dia, dizia-se satisfeito, pois tinha garantia de um futuro melhor. Era lavrador. Cuidava da roça no sitio Terra Preta, em Bom Conselho. Era semi-analfabeto, tinha somente o curso primário, com uma leitura caseira e um pouco da tabuada. Aprimorou mais seus conhecimentos quando assumiu o trabalho. Casou-se em 1939 com a filha mais nova do casal Manoel Dionísio Vieira Bello (Mestre Véu) e Ana da Silveira Bello, Nedi, de uma prole de oito irmãos Francisco, Expedito, Maria, Conceição, Fernando, Carlinda, Inácia, Vieira Bello, vindo residir na nossa querida Rua do Caborje, 120 em Bom Conselho.

Gostava de contar suas aventuras do seu trabalho cansativo após o café da noite sentado na sala de visita, antes de se recolher ao leito. Não tinha luz elétrica e, sim dois candeeiros com pavios cumpridos acessos que davam para iluminar o recinto, quem desejasse ir para cozinha ou mesmo para o quarto tinham que levar um daquele objeto que iluminava o caminho. Sempre foi um homem respeitador, discreto, e amável com as pessoas mesmo aquelas ignorantes que muitas das vezes relutavam em não o deixar cumprir sua tarefa, ou seja, de entrar em suas casas e “tapar buracos de rato” com barro depois da aplicação do Seno gás, expelido por uma maquina através de uma mangueira existente na casa, ou mesmo, não deixar dedetizar o seu ambiente com DDT.

Numa certa noite, entre tantas outras, com a família reunida, contou-nos as aventuras no trabalho e que achava engraçadas e muito perigosas, precisava de tino e paciência para contornar a situação do momento:

“Certa vez visitando o povoado de Barra do Brejo, onde era a sede para o repouso a noite, quando voltasse do trabalho pelas fazendas e sítios, aconteceu que no sitio Queimadas, neste dia de visita uma família quase o matava. Chegando ao sitio apeou da sua montaria, por volta das onze meia da manhã, abrindo a cancela fui surpreendido pelo vira lata da família que vinha em minha direção. Espantou o cachorro com um chicote e dirigiu-se para pequena casa de taipa, e gritou “Ó de casa! Ó de casa! Batendo palma. Apareceu uma senhora de mais ou menos seus trinta e cinco anos, despenteada, com um surrado avental na barriga e um pequeno menino escachado no seu quadril, outros três agarrados a sua saia e chupando o dedo, desconfiados. Madame sou guarda da peste e estamos trabalhando pela erradicação de ratos, barbeiros e outros insetos prejudiciais a saúde. Posso entrar? Não, respondeu à senhora. O senhor me maltratou querendo me desmoralizar me chamando de MADAME, pois madame é a sua mãe!O Migué vai correndo chamar teu pai, menino. Diz a ele que tem um homem aqui querendo entrar em casa e eu disse que não. O menino de uns dez anos embreou-se pelo roçado em desabalada carreira, pulando uma cerca de arame farpado que estava baixa. Fiquei, estatelado com aquela insinuação e reação daquela pobre mulher. Fiquei de pé naquele sol quente do meio dia, enquanto a mulher não arredou o pé da porta com o menino escanchado no lado do seu quadril. Dentro de pouco tempo lá vem o homem com uma enxada e uma foice roceira na mão. Vinha suado, com o chapéu de palha na cabeça, enxugando o suor com a manga da camisa suja pela terra. Um par de alpercatas com algumas tiras cortadas protegia os pés dos espinhos e do calor da terra. Aproximou-se com o seu filho; E disse; o quê o senhor quer aqui? Aqui é casa de família, viu? Não se pode querer entrar em uma casa sem permissão do dono? É falta de respeito. E o que me diz? A mulher em pé, apontou-me com o dedo riste, esse homem me chamou de MADAME, viu só? Tá me comparando com mulher da Rua do Alto da Cadeia, onde só tem “rapariga”. O homem olhou novamente para mim, e disse se explique: Calmamente e com prudência falei: Olhe seu Moço, como é o seu nome? O meu nome é Hilário, por quê? Por nada! O nome de Madame é um nome respeitador que se dá a toda mulher em consideração e respeito e nunca tentando maltratá-la. O homem olhou para a mulher com desconfiança, pois, ele mesmo não sabia o que significava Madame. Conheceu uma “rapariga” que a chamava de “Madame Zefinha”.

Aos poucos foram se acalmando e eu fui para debaixo de um umbuzeiro fazer uma merenda sentada em um tronco. O homem vendo aquela situação chamou-o para sua mesa onde encontrou fava cozinhada, cuscuz e macaxeira e carne guisada e de galinha pedrês. Foi aquele almoço, bebendo água de um pote encostado na parede. Fiz o meu trabalho a tarde, tapando os buracos de ratos, que eram muitos nos três cômodos da casa, dedetizando em seguida recomendando que só varra a casa no dia seguinte. Sai cumprimentando o Seu Hilário, o qual pediu desculpas pelo acontecido. A mulher ria, pois, dei algumas moedas aqueles garotos para comprar confeito na venda de seu Armando.

Na noite seguinte  contou o seguinte:

“Estava almoçando numa Bodega em Caldeirões do Guedes, quando entrou um homem espavorido, com um “cipó de boi” na mão, suado e todo vermelho e os olhos esbugalhados metendo medo em quem se atravessasse na sua frente. Vinha com o diabo no couro. Praguejando contra todos. Foi indo diretamente para o balcão. Seu Zico, espantado, perguntou o que foi que houve Carlinhos?

Não pergunte nada, agora! Enxugou o rosto em um pano de mesa que se encontrava no balcão e disse, bote uma pinga para desobstruir meus gorgomilos. Espantado, Seu Zico colocou num copo e engoliu de uma só vez. Bote outra seu Zico, que hoje estou com a moléstia do cachorro! Mais uma vez bebeu, pigarreou e cuspiu no chão sem nenhuma cerimônia de quem esta almoçando. O que foi que houve home? Não pergunte? Já disse. Calado ficou algum tempo remoendo as palavras. Disse depois dei uma surra na muié prá ela respeitar o home que vive com ela. Perguntou a mim o guarda da Peste, se podia sentar-se à mesa em um tamborete rústico. Sentou mais calmo. Olhando para mim, o Guarda e mais dois ou três pessoas que estavam ali, disse, dei umas lapadas na mulher por que ela me chamou de “Corno”. O sangue me subiu a cabeça. A vista escureceu, pois nunca ninguém me ofendeu desta forma. Se fosse um home eu estrangulava com estas duas mãos que Deus me deu, mas foi a minha veia, pode ser? Todos ficaram olhando e admirado. Pois é, ela me chamou de “corno” depois parir cinco bruguelos, tem jeito uma coisa desta, Eh! Eh! Eh. Dê-me mais uma cachaça, pois estou irado. Mais calmo ainda, perguntou seu guarda o que acha de tudo isso? Eu fiquei apalermado com a pergunta de supetão e mais difícil seria a resposta, pois aprendi desde cedo quando o meu pai Chico Zuza, dizia “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, pois se machuca mais tarde, fazem as pazes e o cara fica mal visto. Mas de qualquer forma dei um conselho que deve ter sido aceito pelo agressor da mulher. Perguntei a queima roupa, o que você fez para merecer este tratamento? Nada seu guarda! Nada seu guarda! Apenas ontem à noite fui com Zezinho, Pedroca e Zé de Quincas tomar uma e outras no barracão de Zé da Luz, no sitio vizinho ao meu. A lua estava convidativa para uma seresta o céu estrelado e aquele vento brando enchendo os nossos pulmões de ar puro do mato. E lá fomos o Zezinho no violão, Pedroca no violão, Zé de Quincas no tambor e eu cantando e tocando ganzá. Cheguei por volta das quatro meia da manhã, já clareando o dia. A vegetação orvalhada pela madrugada. Ela reclamou e eu fui dormir, quando me acordei veio reclamar e soltar os cachorros em cima de mim com este ditado de “Corno” e ai perdi as estribeiras , e disse eu já lhe dei liberdade para isso? Eu disse, é meu jovem as coisas acontecem sem menos esperar. Volte para casa e peça desculpas pelo “pau” que deu em sua mulher, pois no meu entender é o melhor remédio a seguir. Isso não! Respondeu. Não vou me rebaixar a muié nenhuma, ela é que deve pedir perdão pela ofensa que me fez. Bem assim eu não posso lhe ajudar. Tomou mais uma pinga, e saiu já escuro pelas veredas da mata que levava ao seu casebre, deixando todos a comentar este caso.

No dia seguinte, tomei café forte com ovo “estalado” na banha de porco e sai para trabalhar nos sítios. Visitei duas casas e na terceira encontrei o valentão rindo a toa junto com a sua mulher, que lhe pedira perdão e assim estavam em paz. Fiz o serviço na casa, tomei uma xícara de café e sai balançando a cabeça rindo com estes casos entre marido e mulher.

Muita história tinha o velho Antonio Zuza, mesmo na sua velhice em cima de uma cama em Garanhuns, tinha a contar quando o visitávamos sempre com o sorriso e com o cabelo desalinhado e por fazer a barba, mais sabia receber bem todos aqueles que o procuravam. Morreu como “passarinho” dando o último suspiro lendo os jornais do dia, deixando exemplo de boa conduta.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Semana Santa em Bom Conselho

Domingo de Ramos em Bom Conselho (Blog da Niedja)



Por Zé Carlos


Hoje desencarno do Vovô Zé. Volto a ser o eu tristonho de sempre. A tristeza vai embora nas primeiras tecladas, da mesma forma que antigamente, e põe antigamente nisto, acontecia, quando eu pegava na pena para escrever, e conseguia que um bom assunto me chegasse à cabeça.

Procuro assuntos e encontro fácil, fácil. Quaresma, Semana Santa, Paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Penso que, com a vida católica que tive, que chegou ao ponto de ganhar a predileção de minha avó, pelo seu desejo de que eu fosse o padre da família, este é um bom assunto, e penso também de outros meus contemporâneos e conterrâneos que tiveram avós como eu.

Eu também fui apóstolo.  Muitos o foram. Já li vários relatos de ex-apóstolos no Blog da CIT. Mas, esta não é minha principal recordação da semana santa em Bom Conselho. O que gostava mesmo era do sábado de aleluia. Eu quase sempre ficava na Praça Pedro II até sair a procissão do Jesus Ressuscitado, com aquela bandeirinha que tinha uma cruz vermelha num fundo branco. Em minha mundanidade, já naquela época pensava serem as cores de minha preferência, já era torcedor do Náutico.

Nestas noites de sábado, também entrava na Igreja, até descobrir que não era uma atitude das mais prudentes, devido ao alto nível de ingestão de comida de coco nos dias anteriores. Muitas vezes era insuportável. Outras vezes, simplesmente, terrível, como naquele fatídico dia em que levei minha primeira namorada á igreja. Descobri que não há nada mais asquerosa, pérfida e quase mortal, do que gases impertinentes, diante de sua amada. Desisti e ficava na praça.

Antes de namorar pela primeira vez, e confesso que fui um namorador tardio, eu gostava mesmo era de ficar de olho nas meninas, não só em uma, mas em muitas, que rodavam, rodavam e rodavam e eram olhadas, olhadas e olhadas. Ivan Crespo dizia que eu era um “brocha”, porque só olhava e não fazia nada. Fingia não gostar, mas no fundo ele tinha um pouco de razão, se dermos um significado gentil à palavra “brocha”. Meu companheiro eterno das aleluias era o Zé Nunes, me grande amigo até hoje, o Ponta Baixa. Foram boas noites de aleluia. Sentados naqueles canteiros praticávamos, a noite todo, o grande esporte municipal, ainda hoje campeão, que era Falar da Vida Alheia. Olhando e falando, olhando e falando.

Tempos antes, eu ainda acreditava na velha estória que dizia, se não achassem a aleluia, o mundo ia se acabar. Ainda não tinha idade suficiente para ficar amedrontado, e mesmo porque via meu pai dizer: “Deixem de besteira, o mundo só acaba para quem morre!  Ele não sabia, dentro do seu catolicismo genético, que estava contradizendo o que nos prevê a Igreja, de que um dia prestaremos conta a Deus, ressurgindo dos mortos. Agora lembrei do Fernando Henrique Cardoso. Não sei porquê.

Vi algumas discussões do ateu Cleómenes Oliveira, com o agnóstico Roberto Lira, certa época no blog da CIT. Confesso que acompanhava aquela discussão toda,  certamente, sem a capacidade de ambos e muitas vezes sem entender muita coisa. Lembro de algo a respeito de genética, que um deles dizia, não me lembro quem, que nossas atitudes, mesmo em relação a Deus, são geneticamente produzidas. Se isto é verdade ou não, não tenho condições técnicas de julgar. No entanto, certas horas, eu me sinto como um católico geneticamente produzido, ou  um católico genético. Quase que escrevia “genérico”, como os remédios que não têm marca de “grife”, e também não estaria muito longe da verdade.

Penso que hoje, nem mais católico genético ou “genérico” eu sou. Pensando bem, não sei o que sou, e não tenho a paciência e o brilhantismo do Roberto Lira e de outros para sair procurando por aí. Atualmente, em termos religiosos, o que mais me preocupa é quantos candidatos a prefeito haverá em Bom Conselho em 2012 e se haverá algum que não seja católico. Eu duvido muito. Mas devo parar por aqui, pois já estou misturando religião com política, o que é difícil de evitar, pois todos dizem que “se Deus quiser”, em 2012 estarão lotados no Palácio do Coronel.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - O Corruptor de Netos




Por Zé Carlos

Correndo o risco da A Gazeta Digital passar a se chamar de Blog do Vovô Zé , e, ao mesmo tempo, doido para que isto acontecesse, pois alguns parariam de pensar que roubei a marca do Luiz Clério, quando nem ele mesmo acredita nisto, volto como avô. No fundo, como sempre digo, minhas atividades atualmente são três, que, como o mistério da Santíssima Trindade se transformam em uma. Leio blogs, escrevo para um blog e corujo meu neto. Elas agoram se transformam em uma que é a de corujar o Davi.

Neste último fim de semana, já com uma saudade danada, inventei um pretexto para ir a Caruaru, vê-lo. Num dos supermercados da cidade vi uma sandália do seu tamanho e não resisti, comprei, pois a promoção estava ótima. Depois foi que vi que era uma sandália do Ben 10. Quem não souber o que é o Ben 10, pare por aqui. Não leia mais o texto, pois sei que não é pai de filho pequeno nem de neto idem. Quando minhas filhas eram da idade do meu neto elas preferiam a botinha da Xuxa. Meu neto, machão que só ele, prefere as sandálias do Ben 10.

Sua mãe, minha filha, parece até que leu também um artigo de um psicoterapeuta (Meraldo Zisma), em que ele dizia, falando sobre a tragédia no Rio, e do comportamento violento, e franziu o cenho, na hora da entrega. Depois aceitou. Leiam o doutor:

Com os recentes e lamentáveis acontecimentos em Realengo, no Rio de Janeiro, evoco artigo que publiquei neste jornal em agosto de 2008, em que demonstrava que existe uma grande preocupação com a incidência de comportamentos violentos entre as crianças e os adolescentes. Esta questão, que é bastante complexa, tem de ser cuidadosamente compreendida por pais, professores e responsáveis. Todas aquelas pessoas que, desde o tempo da pré-escola, apresentem comportamentos agressivos - seja em relação aos professores, pessoal auxiliar da instituição de ensino e/ou seus colegas - deverão ser bem observadas.”

E continua seu artigo falando sobre como é possível coibir, a partir do comportamento infantil, certos atos de violência que só aflorarão na idade adulta. Citei este trecho só para me justificar de ter levado uma sandália para o meu neto, patrocinado por uma destas entidades de desenho animado (o Ben 10), que para minha filha, e prá mim também tem muitas cenas de violência, o que poderia influenciar o Davi no futuro.

E realmente eu tive minhas dúvidas antes de levar as sandálias, principalmente, com minhas ideias sobre a função do avô na vida das crianças, distinguindo-a daquelas dos pais. Perguntava com muita angústia: “Será que estou me tornando um corruptor de netos?”. Como avô extremoso, mesmo depois do impulso da compra, fui ver alguns desenhos do Ben 10, que confesso, irresponsavelmente, ainda não tinha visto.

Então fiquei sabendo que o Ben 10 é sobre um garoto que encontra um “alien” chamado Omnitrix, e o transforma em 10 “aliens” diferentes. Então ele passa a proteger o mundo de uma invasa de “aliens” e de outras estranhas criaturas. Tem algumas cenas de violência, mas muito menos do que em certas histórias bíblicas. Fiquei mais tranquilo, entretanto, reforço aos pais o que diz o psicoterapeuta acima ao terminar seu texto:

“Sempre que pais ou adultos (da equipe da escola) presenciarem comportamentos violentos, deverão providenciar, imediatamente, uma avaliação exaustiva dessa criança ou adolescente e dos seus familiares, por profissionais qualificados em saúde mental. Isto se afigura de fundamental importância, se desejamos viver em uma sociedade menos violenta.”

Tenho só um “porém” em relação a estas recomendações, muito corretas por sinal, da classe dos psicoterapeutas. Ele fala em seu artigo das causas deste possível comportamento violento, colocando entre eles, casos de abusos sexuais, exposição à violência ou na comunidade, exposição à violência nos meios de comunicação, uso de drogas, e que todos estes fatores se tornam mais graves, quando vêm combinados com outros de natureza socioeconômica, tais como a pobreza, privações graves, desavenças conjugais, separação, divórcio, desemprego, falta de apoio familiar, que ele chama de “sinais de alarme” para o comportamento violento. O meu “porém” é que se estes sinais de alarmes fossem sonoros, em nosso país não se dormiria mais. Aqui só é o que vemos.

Eu também sou contra a que se dê aos filhos armas de brinquedo sem as devidas orientações e conversas necessária, ou os propiciem outras atividades violentas como meio de diversão, mas tenhamos a prudência, do lado oposto, de não criarmos seres angelicais para viverem num mundo que não é de anjos.

No caso do meu neto eu apenas, ao entregar a sandália e ver sua carinha de felicidade, disse que a usasse com moderação, isto é, só a usasse para violência se fosse para chutar na bunda dos políticos que ao invés de proteger o mundo contra os “aliens”, se juntam a eles para nos explorar ainda mais.

Será que agi como um reles “corruptor de neto?”. Acho que enquanto for só o Ben 10, não. E se o meu neto usar suas sandálias novas seguindo o conselho acima, breve teremos o desenho com Davi 10. Só para terminar,  durante todo o fim de semana o Davi estava constipado, já há uns três dias. Logo após chegar ao Recife, curado da saudade velha e já começando uma nova, minha filha telefonou e disse, “papai o Davi quer falar com você”. Do outro lado da linha agora já com mais fluência verbal ouço sua voz, mais alegre do que quando o deixei:

- Vovô Zé! Eu fiz cocô!

Quem sabe se não foi o Ben 10 que combateu os “aliens” da constipação. Me lembrei da Lucinha Peixoto, que um dia disse que até merda pode nos trazer muita alegria. E isto foi, neste caso, a pura verdade. Graças ao Ben 10.

terça-feira, 19 de abril de 2011

"SERRA VELHO"




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

“Serra velho” é uma brincadeira que acontece na Semana Santa, precisamente, a meia noite da Quarta feira de Trevas, onde alguns rapazes se juntam e escolhem uma “vitima” seja homem ou mulher, basta ser velho e rabugento, para realizar a brincadeira. Esta “brincadeira” trazida pelos portugueses como “Serra da Velha” e incorporada no Brasil, principalmente na região Norte e Nordeste. Esta tradição mantida em cidades do interior, hoje, praticamente inexistentes.

Em Bom Conselho, como em outras cidades do interior, o Serra velho era uma constante no período da Semana Santa, dizia o meu velho pai Antonio Zuza, nas décadas de quarenta e cinqüenta do século passado. Os rapazes se juntavam e escolhiam e tramavam a “visita” aos velhos que seriam “serradas” na madrugada da Quarta feira de Trevas. Reuniam-se sempre em torno da Matriz da Sagrada Família ou na Praça Pedro II e ali saiam pela madrugada adentro para as casas a serem visitadas.

Em Bom Conselho, existia um velho chamado Nozinho, morando na Rua da Lama, em um casebre de dois cômodos. Dormia na sala em uma rede sustentada por cordas nos caibros do telhado, com um retrato do Coração de Jesus na parede e a imagem de Nossa Senhora das Graças na prateleira, santa de sua devoção. Dizia que era para vigiar o seu sono. Era um homem esquisito e muito mais quando a Dona Joana morreu e o deixou sozinho. Saia somente para o “quadro” para a feira para comprar “fumo de corda” e papel de seda “Guarany”, a Matriz para assistir as Missas e compras necessárias na venda de Seu Vitinho, onde adquiria querosene, açúcar preto, bolacha d’água, milho para as galinhas que criava no terreiro e apanhava “lavagem” para os seus porcos em casas vizinhas. Era mesmo um homem esquisito. Não gostava de amigos e sendo assim era perseguido pela meninada na rua gritando pelo seu nome de Nozinho, o que encabulava.  Como de costume todos os anos sua casa era visitada, não valia a sua reclamação, “deixe-me dormir, bando de maloqueiro’, gritava na meia porta da casa. O pessoal ria e saia depois que ele fechava a porta, não se incomodando com aquele aperreio do Seu Nozinho na Semana Santa, que deveria ser santa mesmo.

- Este ano ele disse para si mesmo: Vou dar um susto nesta cambada de maloqueiros.

E assim se foi.

Na quarta feira, deixou sua casa em baixo de uma chuva fina guarnecido pelo guarda chuva preto surrado e se dirigiu para a Bodega de Seu Vitinho vestido em capote velho e desbotado e a calça de caqui enrolada a meia perna. . Alguns homens estavam sentados sobre sacos de farinha e tomando seu aperitivo com os copos no balcão, e olharam de envieis, enquanto ele pelo “canto do olho” divisava a ironia daqueles que ali estavam com sorrisos marotos.

- Seu Vitinho me dê meio quilo de sal grosso.

- Pra que você quer este sal, Nozinho, vai fazer mandinga por ai?

- Não Seu Vitinho este sal é para jogar no terreiro para evitar o mau olhado.

            - E, você acredita nisso, Nozinho?

 - Agente tem que acreditar em tudo, o olho grande é uma praga e se pega ou aleija ou mata, disse rindo mostrando os dentes amarelos pelo fumo.

Pagou e saiu com o pacote debaixo do braço, dizendo, para si mesmo, hoje é o dia que esses maloqueiros não vão se esquecer riu e tomou o rumo do seu casebre.

Gostava de caçar. Vez por outra enveredava pelas matas carregando a tiracolo a sua espingarda soca-soca, um bornal de lona, e varias tipos de chumbo. O chapéu de palha na cabeça livrava do sol de inicio da tarde. Trazia já ao anoitecer algumas rolinhas       que tratava e depois assava e comia, era a sua última refeição do dia. Estirava-se na rede e dormia a sono solto apagando o candeeiro, primeiro. Levantava-se antes do sol nascer, dando comida as suas galinhas e tratando dos seus porcos. A sua vida era assim. A velhice vinha aos poucos comendo os seus dias, mais ainda tinha força para enfrentar uma “onça” dizia a todos, e todos riam.

Assim que chegou a casa, sentou-se num tamborete velho e colocou a espingarda soca-soca entre as pernas e colocou bucha e com uma vareta socou, depois colocou um punhado de sal grosso, das pedras maiores, colocou nova bucha e com mais força socou com a vareta e colocando uma espoleta virgem e escorando a espingarda atrás da porta. Terminado esta tarefa voltou a Bodega do Seu Vitinho, comprou pão e deu uma volta na praça, vendo alguns rapazes conversando animadamente.  Acendeu o candeeiro, colocando em cima de uma pequena mesa e acendeu um cigarro de “fumo de rolo” deu algumas baforadas e esticou-se na rede olhando o retrato do Coração de Jesus na parede, que parecia estar contente com o que ele ia fazer, pois, no seu pensamento Jesus não gostava desta brincadeira em “serrar o velho”.

Fechou os olhos e adormeceu.

Lá para meia noite, sentiu um vozerio na rua. Olhou pela brecha da porta, vinha se aproximando vários rapazes, e estancaram na sua porta. Um deles tirou uma folha de papel branco do bolso, e dizendo seu Nozinho, aqui está o seu testamento! Os outros começaram a chorar, a lamentar e o ranger os dentes, enquanto o serrote em uma lata velha fazia o barulho reco-reco-reco, no silencio da noite.

Era um barulho infernal.

O líder começou a ler em voz alta e chorosa:

- Seu Nozinho, prá quem vai deixar o seu baú? Outros rapazes em coro choravam alto, desalinhando os cabelos e com um lenço enxugando as lágrimas e assuar o nariz.

- E, a sua cama Seu Nozinho vai deixar para quem?

- E sua dentadura?

- E o seu relógio? E os seus bacorinhos? E suas galinhas?  E o seu paletó? E o seu casebre? E sua aliança de ouro? E cordão de prata com a medalha de Santo Antonio, com quem vai deixar? Todos os acompanhantes a cada indagação choravam e lamentavam alto som, enquanto o serrote na lata completava aquele espetáculo.

Seu Nozinho observa tudo pela brecha da porta. Ajoelhado, apanhou ao seu lado a sua espingarda, cuspiu na mão, e pelo um buraco na parede, colocou o cano e disparou sem mirar.

 Foi aquele estampido e o cheiro da pólvora invadiu o seu casebre. Foi aquela correria e gritos: O desgraçado me acertou na perna! Outro dizia, me acertou no peito e nos braços outro, me acertou nas costas!  Foi aquela revoada. Ninguém sabia para onde ia, a imprecações ecoavam no silencio. E o Judas que deixariam na porta do casebre, ficou estendido no meio da rua. Seu Nozinho dentro de casa ria a valer e dizia para si: bem feito. Foi uma surpresa e tanto. Ria que lhe dava dor de barriga. Abriu a porta e não viu ninguém apenas, uma lata velha e um serrote desdentado e o boneco de Judas no chão. Apanhou e levou para casa dizendo, esta vai ficar na parede como lembrança. Deitou-se novamente e dormiu o resto da noite tranqüilo.