Em manutenção!!!

terça-feira, 30 de abril de 2013

A Semana - Começou com a campanha e terminou na "Caxirola"




Por Zé Carlos

Não poderia ser diferente. A campanha presidencial está nas ruas, se interpretarmos por “ruas” os programas de comunicação eleitoral que, eventualmente, são vistos a partir do mostruário de televisores em lojas do ramo. Foi dada a partida para o trono supremo em Brasília. É o que mostra o filme que gostamos de comentar, feito pela UOL e mostrado lá em baixo, e que sugiro ver antes de ler este meu texto, pois, quem sabem, talvez, até desistam de lê-lo, o que seria uma pena.

E nem é pensado que, até outubro de 2014, muita água pode rolar por debaixo da ponte. E eu espero que seja pela ponte do colégio lá em Bom Conselho, acabando de vez com as mazelas de nossa seca secular (ou milenar) que tanto enriquece alguns e empobrece outros. Os candidatos principais já estão no palco à cata de votos.

A primeira é a própria presidenta. Eu tenho uma vontade danada de sentar na cadeira suprema do planalto, só para ver de que ela é feita e o que produz este transe quase hipnótico de nunca mais querer deixá-la. Teria alguma seringa com droga, que é introduzida na primeira sentada, viciando o cidadão ou cidadã?

Lembro que uma vez, crente de sua vitória para prefeito de São Paulo o Fernando Henrique Cardoso, antes das eleições sentou na cadeira do prefeito, e depois, foi humilhado pelo Jânio Quadros, que venceu as eleições, tendo este limpado a cadeira antes de se sentar. Eu não me lembro se o Fernando Henrique ficou triste, mas, que foi contaminado pela droga, isto foi. Depois foi presidente e ainda criou a reeleição. Na Venezuela já tivemos a re-re-re-eleição, e o Chávez quer ficar na cadeira mesmo depois de morto. É uma droga muito forte.

Agora o nosso governador já embarcou na campanha e já é chamado pelo nosso colega Roberto Almeida, de Garanhuns, como o nosso novo Collor. Pela propagando do seu partido, ele até pode não querer ser comparado a Collor, mas, que os marqueteiros capricharam em sua estampa, isto o fizeram. E ele ainda tem um plus: os olhos verdes. Um bom slogan para sua campanha seria o nome de uma canção: “Aquele olhos verdes”, ou “Aquellos ojos verdes” se quiser atingir os hispânicos. Seria uma vitória certa mesmo que a presidenta, com sua imensa capacidade de comunicação, diga que ele torce para o Brasil dar errado.

Talvez, quem veja o filme só para sorrir, e é para isto que o divulgamos, não tenha tido a curiosidade de olhar nele o semblante de Marta Suplicy, ao lado da marechala presidenta, nos passando a mensagem: “E agora que tipo gafe vem por aí?”. Eu lembrei, do seu “relaxe e goze”, e tentei fazer o mesmo, continuando a ver o filme. E quanto à campanha só tenho a acrescentar que Marina e Aécio não tem os olhos claros. Será que ainda vai aparecer um candidato com os olhos azuis?

O caso do cirurgião que quer se tornar deputado federal, eu não comento, pois ainda estou tentando explicar o caso do Tiririca, quando comparado ao de Romário.

E a “Caxirola” para substituir a “Vuvuzela”? Tinha que ser um baiano o criador. E nessa, nosso estado de Pernambuco passou batido por que quis. Mas, ainda temos tempo de adotarmos algo que nos alivie do vexame de usar mais um instrumento baiano em nosso copa, além do Trio Elétrico. Que tal a “Chocalhora”? Serie um chocalho daquele que é usado em nosso maracatu rural, já vindo em forma de boneca do maracatu, nas cores verde e amarela. Ou, mesmo a “Frevirola” que seria uma sombrinha do frevo que pouparia os nossos ouvidos do som horrível da “Caxirola”. Ou ainda o “Boiorola” que seria feito de borracha e que quando apertado emitiria o som: “Fora Felipão!”. Enfim, mandem suas sugestões pelo nosso mural, porque ele é genuinamente pernambucano. Estamos precisando empreender.

Agora fiquem com o resumo dos produtores do filme, e o vejam abaixo, esperando que vocês não confundam o nosso Lewandowski com o Lewandowski do time de futebol alemão, nem o nosso STF com Real Madrid.

“Se a política brasileira precisa de uma reforma, o Doctor Hollywood se oferece para invadir o Congresso. O cirurgião e apresentador de TV se filiou ao PSC, o mesmo partido do polêmico deputado Marco Feliciano. Outra celebridade que passou por Brasília foi o músico baiano Carlinhos Brown, para apresentar o instrumento caxirola, que será a vuvuzela brasileira para a Copa de 2014. Quem quer ficar famoso pelo Planalto, principalmente ocupando a cadeira de titular do Planalto, são os presidenciáveis Eduardo Campos, Aécio Neves e Marina Silva, que começam a mexer os pauzinhos para a lutar com Dilma na campanha do ano que vem.”

segunda-feira, 29 de abril de 2013

MIT - MOSTRA INTERNACIONAL DE TURISMO



Cólegio N. S. do Bom Conselho


Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Estivemos no dia 06 de abril de 2013, no Centro de Convenções de Pernambuco, visitando a MOSTRA INTERNAICONAL DE TURISMO. Percorremos os corredores do pavilhão, forrados com tapete vermelho, onde os stands instalados demonstravam ao público visitante, através de slides e folder os atrativos dos seus Municípios. Percorri um a um, olhando e observando a alegria dos expositores, quando parávamos em algum stand, acolhendo carinhosamente a nossa presença, informando os pontos turísticos, dando o roteiro às pessoas ate chegar ao destino, tanto na arte e na cultura, etc., juntamente com as agências de viagens e turismo, negociando as visitas aos Municípios que mais interessavam.

Vários municípios pernambucanos e de outros Estados, se fizeram presente nesta MOSTRA, CARUARU com OS BONECOS DE BARRO DO MESTRE VITALINO, ABREU E LIMA, sobre o ECOTURISMO, a PETROLINA mostra a ROTA DO VINHO, no Vale São Francisco e com as suas carrancas, BONITO, informando sobre “UMA DAS SETE MARAVILHAS DE PERNAMBUCO", ARQUIPÉLAGO FERNANDO DE NORONHA mostrando e convidando para conhecer as belezas do Arquipelego, AGRESTINA, com lema – UMA TERRA ONDE A ARTE, CULTURA E TURISMO SE UNEM GERANDO EMPREGO E RENDA -, distribuindo com os visitantes – O ALFINIM, guloseimas trazida pelos árabes para Espanha e Portugal e os colonizadores trouxeram para o Brasil, IPOJUCA, trazendo o seu cartão POSTAL A PRAIA DE PORTO DE GALINHAS, visitado pelos turistas de todo o Brasil e do Exterior, a ILHA DE ITAMARACÁ com as suas belas praias e forte, GARANHUNS, mostrando os seus pontos turístico e o seu clima frio Suíça Pernambucana, GRAVATÁ com variedades no clima da região, e tantos outros Municípios pernambucanos estavam presentes no evento. JAPARATINGA Município do Estado de Alagoas com as suas belíssimas praias de Japaratinga, Bitingui, Boqueirão e Barreias do Boqueirão e tantos outros municípios de outros Estados.

Cadê o nosso município nesta mostra? Não se fazia presente. A tristeza toma conta da minha imaginação. Como seria proveitoso que BOM CONSELHO estivesse presente mostrando para o mundo a sua potencialidade turística? Divulgar o nome junto aos vários Agenciadores de Turismos que se encontrava ali instalados, oferecendo viagens, estadias para os clientes que ali consultava. Mas, nós estávamos ausentes. Como divulgar a cultura, o turismo de nosso Município de Bom Conselho se nos ausentamos e não participamos dos eventos, que o Governo do Estado oferece?  Em uma parada no Stand do MUNICÍPIO DE AGRESTINA, um dos participantes, se mostrou incrédulo sobre a ausência de BOM CONSELHO. Ele que já visitou a nossa terra, disse – Bom Conselho é um município cheio de atrações, pois eu estive visitando a cidade, e presenciei a grande potencialidade de imprimir o turismo no Município. Visitei somente a cidade, e o que me encantou mais foi à visita a Serra onde se encontra a Ermida de Santa Terezinha. Lá de cima a vista é maravilhosa, se avista toda a cidade, principalmente do alto da sacada que circula a Ermida. Também me chamou a atenção a Matriz da Sagrada Família, pelo seu acervo e o seu valor histórico; o Colégio Nossa Senhora de Bom Conselho juntamente com o Convento de São Francisco, pela grandeza da arquitetura. Outros atrativos que deviam ser mostrados aos visitantes, existem mais que necessita de divulgação. Agradeci a este companheiro pela sua delicadeza com a minha terra querida e sai tristemente do Centro de Convenções de Pernambuco para a minha casa em Jardim Atlântico. 

sábado, 27 de abril de 2013

Qual o resultado de nossa enquete?




Por Zé Carlos

No dia 17 de janeiro de 2012 o Blog do Roberto Almeida publicava a seguinte postagem:

“TÉCNICO APONTA MANIPULAÇÃO NAS ENQUETES

O responsável pelo blog conversou com um técnico em informática da cidade para saber o que acontece nas enquetes, pois nas disputas envolvendo políticos costuma acontecer uma avalanche fenomenal de votos. Segundo o expert em computação,  embora os leigos (entre os quais me incluo) só possam dar um voto em cada enquete, as pessoas que sabem manipular as máquinas entram no IP (uma espécie de endereço do computador) e bloqueiam o navegador (Mozila ou Internet Explorer por exemplo). Se tiverem um roteador, conseguem votar quantas vezes quiserem. “Uma só pessoa, com tempo disponível, em apenas uma hora consegue até 200 votos em qualquer enquete e assim o resultado é manipulado”, explicou.

Nós os blogueiros criamos as enquetes com as melhores das intenções. Até pouco tempo a disputa de votos pela internet se dava através da militância, mas agora parece que surgiu essa novidade de manipular os votos através do IP. Será que um candidato ou candidata que faz isso merece a confiança do eleitor (a)?”

Naquele mesmo dia nós fazíamos um comentário que foi publicado pelo Roberto, entre outros, e que dizia o seguinte:

“Há alguns dias, em Bom Conselho aconteceu uma enquete que dava a um candidato um diferença de uns 95% para o segundo colocado. Eu comentei o resultado na A Gazeta Digital (AGD). Então um “expert” em computação, me mandou um e-mail mostrando como burlar as enquetes. Cumpri meu dever jornalístico e o publiquei (link está no meu nome acima).

Hoje já vejo esta postagem sua com novos ensinamentos de como burlar as nossas enquetes (morrendo e aprendendo), que realmente as fazemos com as melhores intenções de informar. Nesta época de internet, não há jeito de coibir a prática, a não ser não fazendo as enquetes. Eu não desisti de fazê-las na AGD, mas, temos a obrigação de interpretá-las de forma comedida, tanto quanto nossas pesquisas mais elaboradas, apenas dizendo que a margem de erro pode ir quase ao infinito.

Fica para o leitor aceitar ou não os resultados. Dizem que lá em Bom Conselho já foi inventada função de “votador de enquetes” e que já vem rendendo emprego e renda para os meninos que manjam da atividade. Eu não quero destruir mais esta função, a não ser que eu pudesse destruir também a compra de votos nas nossas eleições normais, como você sabe que existe.

Enquanto isto não for possível, aqui na AGD, continuaremos a fazer nossas enquetes, e agora já com o intuito de gerar emprego e renda para nossa sofrida população. Informando a todos do que pode ocorrer e que cada candidato corra atrás dos seus votos, como já fazem nos comícios, carreatas, passeatas, etc. dentro da lei, e até dando um título de eleitor aos nossos “votadores de enquetes”, regulamentando a nova profissão. E nós, pobres blogueiros, que nos esforcemos para interpretar os seus resultados. Embora, eu pense que é mais fácil fazê-lo do que interpretar os resultados das eleições reais como sendo a “vontade do povo”, mesmo no caso do Tiririca.

Zé Carlos (A Gazeta Digital)”

Por que estamos repetindo aqui esta ladainha? Porque já  há algum tempo pretendemos comentar aqui o resultado de nossa última enquete e não sabemos com fazê-lo. No momento em que escrevemos temos o seguinte resultado, que não sei até quando pode ser visto ao lado:

Que nota você daria aos primeiros 100 dias do governo de Dannilo Godoy?

10 -   11 (32%)
9 -   0 (0%)
8 -   0 (0%)
7 -  0 (0%)
6 -   1 (2%)
5 -   0 (0%)
4 -   3 (8%)
3 -   1 (2%)
2 -   2 (5%)
1 -   0 (0%)
0 (zero) -   16 (47%)

Votos até o momento: 34

Nós já dissemos que não temos controle das enquetes, depois que as lançamos, e poderíamos está aqui tranquilamente analisano estes últimos resultados. O grande problema, é que não havíamos presenciado em nenhuma anterior, que os votos foram sumindo, depois de encerrada a enquete. Já chegamos a mais de 50 votos, antes do término da enquete, e por que agora só temos 34.

Não sabemos exatamente o porquê isto aconteceu? Já devemos começar dizendo que não temos competência para modificar enquete nenhuma, a não ser votando nela. Mas, aqui, ao invés de analisar os resultados que aí estão, procuramos verificar hipóteses que ainda possam, diante dos riscos de ataques cibernéticos, nos fazer ainda confiar, pelo menos com todas as ressalvas, em nossas enquetes.

Bem, achamos que ninguém no Blogger está interessado na avaliação dos primeiros 100 dias de governo do Danillo Godoy. Então se, manipulação há, vem de outras fontes, e nós não temos como conhecê-las.

Pensamos então, enquanto via o total de votos decrescer, que estava havendo uma apuração eletrônica, no Blogger, para verificar se havia ainda votos não válidos (por exemplo, vindos do mesmo computador mais do que uma unidade) e depois de depurados, o resultado seria proclamado. Esta é única hipótese razoável para que persistamos em lançar enquetes aqui.

Portanto, aguardaremos mais um pouco com esta no ar, tentando ver quantos votos ainda serão retirados, e esperando que não caiam a um só, o que indicaria a esquizofrenia eletrônica de apenas um computar ter votado. Vão acompanhando o resultado e o entendam se puderem. Nós não entendemos, até agora.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

TAPAS E BEIJOS





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Sentado nas areias da belíssima praia da Peroba, no Município de Maragogi/AL com os seus altos coqueiros, em uma tarde de segunda feira, com poucas pessoas passeando, sentia-me quase sozinho naquele paraíso. A maré enchendo e o seu barulho contagiante nos trazia uma serenidade, tempo vivido neste período de descanso.  Resolvi tomar banho nas águas mornas, daquela tarde. O vento soprava brandamente, o sol se pondo indo trabalhar em alguma parte da terra, contemplando os seus habitantes com a sua claridade. A lua substituiria o astro rei na noite. Ao longo uma jangada se balança ao balanço das ondas. O jangadeiro equilibrado vinha ao encontro da praia, trazendo a sua pescaria resultada de um dia de trabalho. Ao olhar de lado vejo um casal se aproximando de mãos dadas. O cabelo longo da moça esvoaçava sobre o seu rosto, com o seu corpo escultural dentro de um biquíni vermelho, enquanto o rapaz alto ajeitava o cabelo louro que lhe cobria o rosto. Conversavam com muitos gestos. Pararam e, olhando para o mar, apontando para uma jangada que estava chegando à praia. De repente a moça dá uma tapa no rosto do seu namorado, ele por sua vez revide com um soco no estomago da moça, com muita força fazendo que a caísse na areia.  Lhe pega pelo cabelo e arrasta alguns metros. Senti-me sem força para acudir aquela criatura jazida na terra, cobrindo com as mãos o seu rosto, chorando. Ela se levantou e voltou cambaleando com a mão no estomago enquanto ele seguiu em direção contraria, se encontrando comigo saindo da água morna. Olhou para mim – disse – Ela quer me enfrentar, apanha! Quer dar uma de gostosa, apanha! Comigo é assim! Viemos para aqui descansar e não para brigar, mas ela quer me dominar, dizer o que faço e o que não faço, eu não aceito e, começa a briga, me chamando de frouxo, de corno, de safado, e outros nomes. O senhor já pensou? Nada disso. Fiquei calado revivendo aquela cena triste em um final de tarde. Mas o que fazer? Lembro-me que o meu pai Antonio Zuza, dizia e eu escutava – Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher e, acrescentava você vai apartar ou aconselhar e você pode se machucar e, depois eles fazem a paz e você fica mal visto. Sentei novamente na areia molhado e ali fiquei a meditar sobre estes problemas que afligem as pessoas. Hoje ninguém se compreende. A violência explode em qualquer lugar em circunstância fútil. A falta de respeito é a tônica do momento.  Por qualquer coisa brigam e ate se matam. Depois vem o arrependimento – como dizia o meu querido pai que um doido em Bom Conselho percorria as ruas gritando para as pessoas – o arrependimento é o derradeiro que chega – e assim fiquei naquela meditação com o tempo escurecendo.  Ao longe lá vinha o rapaz voltando. Do outro lado à moca vinha regressando ao local da agressão. Fiquei apreensivo. Será que vai haver novas agressões? Ali sentado comecei a ficar com medo do que podia acontecer naquele encontro. O rapaz passou por mim – Boa noite – A noite promete. A lua esta surgindo. Como é bela! Eu ali paralisado a sua frente. A moca esta chegando e ele vai ao seu e encontro. Ao se aproximar ela faz um carinho no rosto do rapaz, enquanto ele alisa os seus cabelos, se abraçam e se beijam e sai de mãos dadas como nada tivesse acontecido, chutando a água que lhe cobriam os pés. Sentei novamente e fiquei pensando - o que quer isso? Caminhando sumiram na direção do ninho que lhe aguardavam, depois de uma cena desagradável. Levantei-me e fui para o chalé, tomar meu banho de água doce e enquanto caminhava, lembrei novamente do ensinamento do meu pai – em briga marido e mulher ninguém mete a colher – não é uma verdade?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Maioridade Penal





Por Zezinho de Caetés

Semana passada li um texto do Sandro Vaia (publicado no Blog do Ricardo Noblat com o título: “Até a próxima oportunidade” em 19/04/2013), que merece algumas reflexões e sua transcrição lá embaixo.

É o grande problema da “idade penal”, que seria aquela idade com a qual cada indivíduo seria capaz de responder plenamente pelos seus atos, à lei penal, que, a meu ver, está tornando este país, da forma como é hoje, um país dos bandidos jovens.

Todos sabemos que a sociedade, antes de ser um coletivo, ela e a soma de atitudes individuais que afetam o conjunto social, e um dos temas mais discutidos desde que o homem começou a pensar é respeito de quais das duas atitudes (individual ou coletiva) afeta mais a evolução social.

Ora, dirão os conselheiros acácios que depende de ambos, pois ao mesmo tempo que temos livre arbítrio, somos seres sociais e sofremos a influência do meio. É uma discussão sem fim e que pode levar ao fim nossa vida civilizada se não sairmos deste dilema de Asno de Buridan, e tomarmos alguma atitude prática.

Nossas outras de nossas leis e até mesmo a nossa Constituição são defensoras de direitos para todos, cobra poucos deveres e não dizem como, na prática, cumpri-las. Há coisa mais justa e correta do que dizer que a Saúde e um direito de todos? Acho que não. O grande problema é que isto é apenas um desejo do legislador, que, cheio de bons propósitos que são claros, não percebe os custos para que ele seja implementado. E as leis continuam em nosso país, sendo tão abrangentes que se torna norma o seu não cumprimento. Alguém morrer por falta de tratamento de saúde é uma inconstitucionalidade óbvia. E eu pergunto: E daí? O que fazer?

Já que o erro foi cometido ao se colocar tantas promessas em nossa lei maior que a torna quase incumprível, como proceder agora para que tenhamos leis mais “justas” e estas eu chamo aquelas que tem uma mínima chance de serem cumpridas? Seria ótimo que tivéssemos a verdadeira Lei Áurea que dissesse:

Art. 1 – Todos tem direito à felicidade.

Art. 2 – Revogam-se as disposições em contrário.

Lei desejada por todos, mas, mais inútil do que a outra Lei Áurea, que continha os desejos da Princesa Isabel (embora alguns digam que era o desejo mais dos proprietários de terras).

Voltando ao texto do Vaia e sobre a necessidade de baixar a maioridade penal ou mudar a forma com são punidos as pessoas que tenham menos de 18 anos. O que fazer? Penso eu, não podemos ficar esperando outra oportunidade do que as grandes tragédias que comovem as pessoas e nossos legisladores, que também penso que são gente, para agir.

O que não podemos é esperar que os níveis de criminalidade aumentem por não termos leis que a coíbam, e agora diminuindo, a cada dia, a idade dos assassinos enquanto os reais beneficiários pelos crimes nada sofrem. Da forma em que estar em nossa legislação, a idade penal, com um certo exagero, chegará o tempo em que se treinarão os jovens para atuar com criminosos, apenas pela diferença de punição.

Concordo com o que se passa em países que o Vaia, ironicamente, reputa como primitivos, nos quais a punição de um crime de sangue não se dá pela idade do autor, mas de acordo com a gravidade e crueldade do crime que ele cometeu, acrescentando para aqueles que pensam que estou condenando os bebês à cadeira elétrica, que há juízes neste país, e um dos seus trabalhos como tais, é aplicar a lei, mas interpretando-a antes de tudo. É óbvio que ajudaria muito, se nossos legisladores pensassem também naqueles que aplicam as leis, como componentes de um poder independente, para que eles não tenham papel absolutamente nulos na aplicação de suas leis.

Mas, fiquem com as considerações do jornalista Sandro Vaio e meditem como se deve resolver um sério problema de deixar que pessoas de 17 anos, 11 meses e 29 dias cumpram uma sentença de tamanho menor do que alguém com 18 anos e um dia, ao cometerem o mesmo crime. Haveria diferença de força na bala disparada ou na faca enfiada no corpo?

“Esquisitices brasileiras: não se pode nem se deve discutir a questão da maioridade penal sob o impacto da comoção.

Um garoto de 17 anos, a 3 dias de completar 18, matou um outro de 19 anos para roubar-lhe o celular, sem que a vítima tivesse esboçado reação.

As pessoas normais ficaram comovidas, e portanto convém não discutir o tema da garantia de que daqui a 3 anos, o autor do “ato infracional” estará em liberdade, porque é isso é que lhe garantem a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Alega-se que o clamor público é mau conselheiro.

O assassinato, dizem os protomarxistas de arrabalde, que não leram nem as orelhas do 18 Brumário, provocou comoção na opinião pública porque a vítima “era da classe média”.

Tramitam pelo Legislativo seis propostas de emenda constitucional para baixar a maioridade penal para 16 ou até para 15 anos.

O governador Geraldo Alckmin prometeu apresentar um projeto que não precisa de emenda constitucional porque não mexe com a maioridade penal aos 18 anos, mas torna mais rigorosas as penas dos menores que cometerem crimes violentos.

 Como em cada esquina ou em cada botequim deste país você encontra um jean-jacques-rousseau pronto para livrar os indivíduos do peso da responsabilidade e transferi-la integralmente para a malvada “sociedade”, as propostas, tanto as de emenda constitucional como a do governador de São Paulo, são consideradas “oportunistas”.

Num país onde se cometem 50 mil assassinatos por ano e onde um matador assessorado por um advogado medianamente competente volta pra rua depois de cumprir um sexto da pena, vai ser difícil achar um momento que não seja “oportunista” para debater a eficácia das leis.

Oportunidade é o que não falta.

O sociologuês de apostila reza que em primeiro lugar a sociedade deve criar condições plenas para que o adolescente seja feliz para só depois puni-lo por dar um tiro na cabeça de uma pessoa indefesa.

Como o segredo para se chegar à sociedade plenamente justa, harmônica e feliz está guardado nos arcanos ideológicos que inspiram esse sociologuês, enquanto isso não se resolve, deixemos que os crimes impunes floresçam.

Nos países periféricos como EUA, Reino Unido e outras aldeias primitivas da Europa, a punição de um crime de sangue não se dá pela idade do autor, mas de acordo com a gravidade e crueldade do crime que ele cometeu.

Como diz aquele cronista do bem, que despreza punir assassinato cometido à queima roupa por um menor a 3 dias de se tornar maior, está relançado o debate oportunista.

Até a próxima oportunidade.”

quarta-feira, 24 de abril de 2013

MEU FILHO QUER SER DOTÔ.





Por Carlos Sena (*)

Não quero saber se você sabe do que sinto. Eu quero saber, seu dotô, se o que eu sinto é o que o senhor sabe que eu sinto. O nome da minha dor pode não ser o mesmo que o senhor aprendeu na sua escola, no seu curso superior. Seu eu sinto dor na espinhela, se ela tá caída, o senhor tem que saber dela para poder me curar. Se o senhor vai suspendê-la com estacas, com meizinha, com remédio da farmácia ou do raizeiro, não sei. E até sei. Pois seria muito bom, seu doutor, um chazinho, um remedinho natural, uma massagem, uma reza. Eu lembro, seu doutor, que um dia o senhor nem olhou pra minha cara e depois escrevinhou no seu papel que eu tinha um monte de doenças. Como se não bastasse, ainda me deu um monte de caxete pra eu tomar três vez ao dia ou quatro ou cinco – eu já nem me lembro  mais. Como se não bastasse, ainda me mandou pra lá e pra cá pra fazer exame de merda e mijo, quando pra minha caganeira, seu dotô não sei se tudo isso era preciso.

Agora tô eu aqui de novo reclamando de minha espinhela caída e o senhor me pede mais chapa que vocês chamam de Raio X. Minha espinhela caiu seu doutô porque eu carrego água nas costas, porque já sou de idade e tenho que trabalhar na roça. O senhor sabe o que é roça? O senhor já viu uma galinha em “pessoa” ou só sabe o que é caldo dela em pacotinho? Aproveitando que o senhor não olha pra mim, não me pede para tirar a camisa e me examinar direito, lhe digo que tô com uma roncha aqui na minha pá direita. Foi uma raiva, seu moço, porque meu filho ficou sem ir pra escola uma semana porque não tinha o dinheiro do transporte pra ir pra escola. Mas eu pedi emprestado e ele agora tá indo lá, na escola estudar. Mas eu já disse a ele que não queira ser dotô assim como o sinhô é. Mas se assim mesmo ele quiser ser, não seja assim não, olhe pro povo que a dor dói mais por conta da solidão.

Sabe dotô, outro dia um colega seu me perguntou se eu defeco. Depois me disse que eu estava com uma tal de sudorese (se eu não fosse tão bem casado podia imaginar que ele tava me dizendo que eu tinha mudado de mulher). Disse também que uma manchinha roxa que tinha no meu pescoço era cianose. Oxe, pensei. Não tinha nada disso não no meu pescoço, pois era apenas um periquito – aquela manchinha que a gente fica por conta de uma noite de amor, sabe como é? Eu me arretei e me levantei e fui embora. No caminho eu fiquei matutando, pensando que meu filho queria ser dotô. Mas se ele quiser ser igual esse dotô que não sabe de gente eu vou fazer tudo pra ele não ser. Nesse dia, em conversa com meu filho depois da janta, ele logo me explicou que queria ser médico da família. Aí minha cabeça deu um nó. Que peste é médico da família Julinho. Eu sou Julio e meu filho é o Julinho, sabe como é. Pai é doido por ter um filho homem e esse é o meu Julinho. Ele gosta de estudar. Às vezes eu fico com dó dele que fica estudando com a luz de vela ou de um cadieiro alcoviteiro, sabe como é? Daqueles de feira de cidade do interior. Pois é. Ele me falou do médico da família. Confesso que não entendi muita coisa não, mas meu filho tava falando a verdade. Porque ele me conhece e sabe que eu tenho sofrido muito com a minha família quando a gente adoece e precisa do SUS. Num tô falano do SUS não, num sabe. Mas é que os douto do posto são tudo menino fino que não gosta de pobre. Tem um médico lá no posto que todo mundo quer ele. Mas eu não consigo marcar uma ficha com ele. Dizem que ele demora muito com cada pessoa lá dentro da salinha. Dizem até que ele passa chá, que ele não é contra benzedeira nem contra parteira. Quase num passa ensame. Agora, com lombriga,  ninguém com ele fica, pois  logo ele tem o remédio certo e baratinho, baratinho. Ele até sabe de espinhela caída, de panarisso, de pustema, de farnizin, emorróia, de calombo no braço, de tosse braba. Soube também que ele se dá bem com o padre e com o macumbeiro e também com Dona Zefa, a mulé que benze com uns matinho na mão. Esse médico  faz de tudo pra num passar receita de farmácia. Ele gosta das plantas, das verdura, das fruta. Tudo isso meu filho me contou. Antes que eu lhe perguntasse ele foi logo me dizendo: “fique tranquilo papai que eu vou ser dotô igualzinho esse aí que o senhor gosta e que não pôde ainda se consultar com ele. Eu vou ser dotô que vai na casa do povo para que o povo não precise ir ao posto. Nessa noite eu dormi o sono dos justos. Acordei cedo e vi meu filho ainda estudando a luz de cadieiro, para economizar na conta da luz. Eu já disse a ele: estude com a luz elétrica. Não se preocupe com a conta no final do mês que eu me lasco todinho – feito maxixe: em quato, mas você não deixa de estudar por conta dela. Sabe, filho, disse eu, a luz de candeeiro tem uma fumaça que pode afetas suas vistas. Se isso acontecer, você não vai poder ver melhor seus pacientes quando você for dotô de família do jeito que cê tá dizendo pra eu...

------------------
(*) Publicado no Recanto de Letras em 15/03/2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

A semana - De índios até os tomates. Todos peles- vermelhas.





Por Zé Carlos

Vendo o filme abaixo, produzido pela UOL, e que resume os acontecimentos da semana passada (não tive tempo de comentar antes), além de rir bastante, lembrei de minha meninice lá em Bom Conselho. Aqueles que são de minha idade ainda alcançaram o velho Cine Rex, e os mais novos (não muito) alcançaram o Cine Brasília. Em ambos eu via filmes de índio, uma coqueluche na época. Para a pergunta: Qual o filme de hoje? Bastava responder: É de índio. E lá íamos nós. Eu adorava os Comanches e, muitas vezes, torcia para que eles, em seus cavalos sem sela  e malhados, e com aqueles cocares maravilhosos, ganhassem as guerras contra a cavalaria americana.

Eu não pensava que algum dia iria reviver aqueles filmes, de dentro do recinto da Câmara de Deputados. Houve uma invasão indígena no recinto e de índios, para mim, de verdade, com cocares e pintados para guerra. Eu não sei o motivo da invasão, mas, que parecia índio americano, parecia. E eu me pus a pensar. Com a simplicidade e nudez dos nossos ancestrais, teriam eles poder de amedrontar uma porção de deputados? Claro que não. Tinham que vir vestidos de índios americanos e com seus tablets, câmeras  e seus celulares na mão. De qualquer forma, aquele era dia de índio. E se o José de Vasconcelos fosse vivo, e repetisse as piadas que dele ouvia lá na Praça Pedro II, diria que naquele momento não haveria nenhum outro filme de invasão de índios, pois todos os índios estavam no Congresso Nacional.

O filme não deixa ver se houve algum escalpo foi feito ou se usaram flechas incendiárias. Espero que não.

Saindo os índios, chega um representante de outra de nossas raças formadoras do nosso povo. O presidente do Supremo, o Joaquim Barbosa. Ele, recentemente, foi escolhido por uma revista americana como um dos homens mais influentes do mundo. E para isto bastou ele tentar mandar para cadeia alguns do “colarinho branco”. No Brasil, gente do “colarinho branco” não vai presa porque eles sujam mais e, como é sabido, as lavanderias dos cárceres não funcionam muito bem, dando a justiça, preferência a colorinhos de outra cor. Espero que junto com o julgamento da Ação Penal 470 tenham providenciado lavadoras para nossas cadeias para que eles possam abrigar também gente do “colarinho branco”.

Finalmente, e, espero que finalmente mesmo, o governo parece ter decidido enfrentar o tomate. Pobre fruta. Caiu nas bocas das comadres só porque subiu um pouquinho de preço. Eu me lembro do xuxu certa época. Ele foi o culpado, julgado e condenado pela inflação num ano destes. Agora é o tomate. Dizem até que se abriu processo contra a pobre fruta no STF. Eu imagino quanto ela sofrerá se pegar o Joaquim Barbosa como relator.

Eu não sofreria muito se apenas o tomate fosse o culpado pelo processo inflacionário, eu nunca gostei muito de nenhum deles. O meu grande problema seria com a pizza, pois estudei um dia, que eles eram bens complementares. Ou seja, a inflação de uma leva a inflação do outro, e como no Brasil quase tudo acaba em pizza, breve voltaremos ao Plano Cruzado (bate na madeira!)

Fiquem então com o resumo da semana feita pela produção do filme, vejam-no em seguida, e lembrem: se não querem que o tomate suba de preço, comam pastel com caldo de cana na feira. Mas, moderadamente, porque senão teremos a inflação da cana de açúcar que já está indo para os nossos bois, nesta terrível época de seca.

No Escuta Essa! desta semana, os índios que botaram os deputados para correr na Câmara. Eles protestaram contra a PEC que transfere do poder Executivo para o Legislativo a decisão final sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil. Já o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, está rindo à toa. Barbosa entrou na lista das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista americana Time. Nesse ano, quem ficou de fora, foi a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta agora a batalha do tomate.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

UFA, temos Papa.





Por Carlos Sena (*)

UFA, temos papa. De maisena, de massa puba, de mandioca, de milho, de. Papa é bom porque desce redondo em nossa goela, embora o Papa represente muita coisa que não engolimos. Num olhar de soslaio lembramos um balaio de gatos em que a igreja se meteu durante séculos: em nome de Deus matou e condenou. Em nome de satanás bolinou crianças a mercê, bolinou Erê, bolinou. Em várias paróquias, uma anarquia: sacristia repleta de heresia, de falsa moral, de... Reticências, ah as reticências! Se não fossem elas o meu texto seria “textículo”, o meu verso “versículo” e o meu terço um rosário de lágrimas choradas e por chorar. Ufa, temos Papa.

Não sei se procede, mas ouvi dizer que PAPA é uma sigla: Pedro Apóstolo Príncipe do Apostolado. Atolado mais que príncipe? Há quem diga que sim,  mas é preciso rever esses conceitos protocolares. Afinal, a grande retórica da própria igreja está na afirmação meio idiota de que se condena o pecado, mas não o pecador. Isso aconteceu com a questão dos homossexuais em que foi dito isso. Nesse gancho vocabular, acho que a gente tem mesmo que encarar o Papa como encaramos a papa. Papa fina: a gente pode não gostar, mas desce. Papa quente, a gente assopra e ela desce. Papa aguada a gente põe uma gotinha de adoçante e ela desce. Papa de qualquer coisa, a gente bota qualquer outra coisa nela e “pimba”, ela desce. Mas a papa desce para o nosso organismo e o Papa? Ele desce ou ele sobe? Ele aparece ou ele some? Assim, o vaticano fica mais pra cano do que para água. Se mais pra água ele, o Papa, poderá ser santo até debaixo dela? E se for só humano ele vira boneco de pano?

Tudo pode acontecer, inclusive nada. Mas, no reino das acontecências a realidade é nua e crua, mais nua do que crua porque quem se atreveria a cozinhar os pecados da santa madre igreja? É assim a peleja dela conosco. Tudo porque preferiu ignorar que o mundo mudou e que se fosse para padres ser celibatário padre deveria ser eunuco. Assim, quem arrisca não petisca, mas os papas ariscaram e petiscaram no reino da riqueza dos mais ricos em opressão a ignorância dos mais pobres. Soube que Dom Helder teria mando o Papa Paulo VI vender o vaticano e dar o dinheiro aos pobres! Só não me lembro do que o papa respondeu, mas isso foi certamente, uma provocação inteligente do nosso Dom.

Ufa. Temos papa! Argentino, mas Papa. Fico pensando que antes da fumaça branca sair, eles dançaram uns com os outros um tango Argentino. Imaginei logo La Cumparcita que eu adoro. Agora imaginemos aquele salão belíssimo da Sistina com aqueles senhores paramentados com aquelas saias esvoaçantes dançando feito libélulas no ar! Acho digno se isso tivesse acontecido. E as sandalinhas deles em formato Anabela? E aquelas cores berrantes misto de roxo com lilás e rosa? E se fosse mesmo? Ninguém teria nada a ver com isso. Afinal o papa não é franco, mas é Francisco. Não é babado nem é bico. É simplesmente o Papa Francisco – da ramagem franciscana, uma das mais sérias e comprometidas irmandades do mundo católico e cristão. Só por isso, salve ele, salve o Francisco.

----------------
(*) Publicado no Recanto de Letras em 13/03/2013

sábado, 20 de abril de 2013

2º BLOGGER PE





Por Zé Carlos

Desde que soube que haveria um Encontro de Blogueiros aqui em Recife, fiquei com vontade de participar. Não tenho muito tempo ou oportunidade de sair da cidade onde moro para assistir a eventos do tipo, mesmo que sejam em Bom Conselho, cidade para qual voltamos nosso blog, e também a terra dos nossos patrocinadores.

Vi uns cartazes em alguns blogs e vi a localização do evento, e mesmo sendo um pouco distante de minha casa, eu resolvi enfrentar a distância e tentar dele participar.

Fiquei esperando que, a partir dos blogs que leio pela minha missão de manter o nosso atualizado, uma orientação de como deveria proceder para participar do 2º BLOGGER PE (ou seria 2ºBLOGGERPE?). Não a encontrando, resolvi ir aos blogs das entidades organizadoras do evento e até da entidade patrocinadora dele. E, infelizmente, não encontrei nenhuma  pista de como pudesse participar.

Eu já tinha visto no Blog do Roberto Almeida, de Garanhuns, que 5 blogs da cidade iriam comparecer ao evento, como convidados. Confesso minha fraqueza humana de que fiquei com um pouco de inveja, mas, me contive, e esperei até ontem por um convite ao nosso blog, para participar de tão importante encontro daqueles que se aventuram, como eu, a escrever neste meio moderno, seja lá com que propósito for.

Já cansado de esperar, e pelas atividades que vi programadas para o Encontro, resolvi, procurar saber como ir até lá, mesmo sem ser convidado. Ou seja, estava disposto a “penetrar” na festa. E para “penetrar”, com uma certa segurança, eu tentei contacto com quem eu achava que poderia me ajudar como proceder.

Telefonei para o Hotel Atlante Plaza. Fui bem atendido, como sói acontecer nestas épocas de Copa, com os hotéis de luxo, e as pessoas que me atenderam não sabiam me informar os detalhes do evento, e me deram um telefone de alguém chamada Germana Casal, parece-me ligada a um empresa chamada Aliança Comunicações. Lá falei com Eros, Almir e Guida, não necessariamente, nesta ordem, e todos com a maior gentileza, não sabiam me informar como eu poderia ir ao evento sem ser um “penetra” chato. Inclusive uma delas, muito gentilmente, prometeu ligar para os organizadores pedindo para entrar em contacto comigo.

E não deu outra. Algum tempo depois me liga o Tiago, do onordeste.com. E ele me garantiu que o evento era somente para pessoas convidadas. E eu, não era uma delas, era óbvio. Mas, sendo um blogueiro, e querendo participar de um evento chamado BLOGGER, uma pergunta não foi por mim contida:

- Tiago, quais o critérios para distribuição dos convites?

Ele ficou um pouco surpreso e me respondeu que haviam consultado o Google e visto quem aparecia mais, e que deveria pertencer a ABLOGPE, que vem a ser a Associação de Blogueiros do Estado de Pernambuco, e outros critérios que não deu para entender bem.

Ele não foi descortês comigo, embora tenha mostrado uma certa irritação com a pergunta que parecia a ele descabida. Afinal, quem faz uma festa convida quem quer (a não ser que envolva dinheiro público, e isto eu não sei). Para mim não era. Talvez fosse a inveja me corroendo por dentro que me levava à argumentar sobre o “por que não a A GAZETA DIGITAL?”. Talvez tenha sido mais porque ao ver 5 blogueiros de Garanhuns sendo convidados eu sendo de Bom Conselho, não participando da festa, eu ficava pensando, com meu bairrismo infantil: “Será que ele vão ganhar da gente outra vez? Não bastava terem tido estação de trem e nós não?

De qualquer forma, depois que Tiago entendeu e assimilou melhor a minha pergunta, foi a vez dele perguntar:

- E se o senhor estava com tanta vontade de vir ao Encontro por que não foi ao nosso site e nos contatou antes?

Para isto eu tinha um resposta na ponta da língua. Eu fui ao Blog da ABLOGPE (pronuncia-se “abilóguipe”?), e lá não havia nada referente a contato para informações, e havia uma informação que me impediu de ir ao site correto. Dizia que um dos produtores do evento era o Nordeste.com. E lá fui eu ao Nordeste.com. Não encontrando nada resolvi contatar outras fontes, e parei no Tiago.

Mesmo assim resolvi inquirir o Tiago sobre minha possibilidade de comparecer sem ser convidado, perguntando a ele se “poderia ser preso” ,assim fazendo. Diante da negativa voltei a carga: “E posso ser colocado para fora a ponta pés?”. Mais uma negativa e uma explicação do Tiago, mais ou menos assim: “O problema é que é um evento para convidados e vem gente até do sertão, tendo até almoço. E fica difícil receber pessoas que não foram convidadas, pois não terão lugar no auditório,  a não ser nos corredores, não haverá crachás e outras coisas que precisam serem previstas.”

Eu na, minha inveja e vontade de participar ainda arrisquei dizendo:

- Tiago, mas eu não quero crachá, nem transporte, nem almoço e, me considerando o blogueiro mais velho de Pernambuco, quanto à cadeira, eu penso que os jovens educados que irão ao evento não me deixarão de pé, ou se não forem educados eu uso o Estatuto do Idoso. E mesmo não se cumprindo esta lei, no evento, eu posso me sentar no chão.

Então o Tiago, gentilmente, me tranquilizou e, mostrando respeito aos mais velhos, disse que eu poderia comparecer hoje que ele veria o que poderia fazer. Fiquei alegre, por mim, mas, pensando melhor, e se houver alguém mais jovem que queira participar, e não teve o privilégio de ser convidado?

Já hoje, nesta manhã, outra vez com sol em Recife, esperando que a chuva tenha migrado para Bom Conselho, eu decidi que não vou ao Encontro, pois descobri que tenho um compromisso inadiável.

É uma pena, pois não poderei o rever os blogueiros e outra pessoas de Bom Conselho (depois quero saber quantos foram convidados, se enquadrando dentro dos critérios dos organizadores), e outros blogueiros de fora, mas, principalmente, talvez conhecer pessoalmente o Roberto Almeida e voltar a cumprimentar o Ronaldo César (dois que vi na relação de convidados. Senti falta do Blog Chumbo Grosso na relação, e o considero um dos melhores blogs de Garanhuns).

Além disto, perdi de assistir a duas palestras que me interessam. Uma sobre o Marco Civil da Internet, para saber com o Marco (não é o Feliciano) trata o problema do anonimato na rede. Outra sobre a evolução da cidade, tanto pelo conferencista que conheci um dia, antes de ser blogueiro, o Cláudio Marinho, para perguntar como os planejadores vão suportar o Facebook aqui no Recife se a cidade chegar se mexendo até 2014.

No entanto, o que sinto mais é não ouvir o Ricardo Noblat, sem perguntar nada, mas para agradecer a ele pela força que me deu para continuar na atividade blogueira. Foi ele que ao escrever sobre uma sua neta me deu a ideia de escrever minha série: Testemunhos do Vovô Zé, que será lida por dois leitores, num futuro não tão distante: meus dois netos, para quem escrevo.

Por tudo isto, e esperando que o evento transcorra da forma adequada, eu sinto não ir ao 2º BLOGGER PE. Mas, o motivo para não ir, e que havia esquecido, o que é comum, é mais importante. Vou me vacinar contra a gripe, pois espero estar vivo para ser convidado para 3º BLOGGER PE.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

VATICANO: gatos escondidos com o rabo de fora.





Por Carlos Sena (*)

É forçar a amizade. Quem faz isso conosco é a igreja católica tão cheia de pecados quanto nós, pobres mortais. A eleição do novo papa está mexendo com todos – independente de nação. Credito esse frisson ao ritual católico que é impar. Uma missa cantada com os “cantos Gregorianos” faz arrepiar e nos faz pensar que a igreja católica esteja com a verdade, quando o assunto é a “autoria de Deus”... Engano. Deus é abstrato como a fé e se assim não fosse estaria por aí sendo vendido por “trinta euros”, por trinta reais. Talvez o grande equívoco da igreja caótica, digo, católica, tenha sido mesmo a crença de que Deus é dela. Nesse viés, a crença de que o PAPA é santo, porque é o representando de Pedro na terra. Nem o papa é santo, nem Deus é de ninguém. Deus se tem a si mesmo e se esconde na nossa fragilidade e na nossa capacidade de tê-lo dentro de cada um de nós, apesar das igrejas! Assim, considerando-se a herdeira oficial de Deus (e de Jesus, por tabelinha), a igreja romana se perdeu em si; não acompanhou o mundo que, pela inteligência concedida por Deus, evoluiu. Se pro bem ou pro mal isso é outra questão. Mas o mundo mudou e a igreja católica insiste em ser rançosa, rancorosa, diferente de Cristo que veio pregar o amor e nos “salvar”. Há controvérsias, mas não custa nada entender que seja.

Nesse contexto de pouca fé (com perdão da cacofonia) a igreja vai se mantendo graças a sua riquíssima liturgia. Ou graças ao fanatismo de alguns poucos que ainda não se bandearam para as igrejas do mercado da fé – Edir Morcego, Silas Malacraia e legiões da boa vantagem. Imagino que a igreja católica pelo seu legado tem tudo para deixar dessa frescura de “fumaça branca e fumaça preta” – Olha o politicamente correto aí, gente! Deixar igualmente essa frescura de querer mandar no sexo das pessoas pelo simples fato de que eles, os padrecos, posam de celibatários. Ignoram eles que nós sabemos muito bem que tudo nos conventos acontece sem ventos – mas com muito calor debaixo dos panos... Essa questão do celibato seria resolvida de forma prática se cada padre, convencido de que essa é a sua vocação, decepasse seu pinto. Pronto! A igreja então iria fazer o seu controle de qualidade, já que só sabe se meter em controle de natalidade. Mete-se também com os homossexuais, esquecendo-se de que lá dentro dos conventos... Deixa pra lá porque isso todo mundo já sabe... Se ficar nu já é bom sozinho, imaginem com vento e cercado de facilidades por todos os lados, embora sob o mesmo gênero. Como se vê, a igreja funciona e perde adeptos por conta, talvez do seu rabo que sempre está de fora. Explico: gato escondido sempre deixa o rabo de fora e todo mundo vê. Agora, mais que o rabo de fora, a fumaça é quem vai pra fora e os “gatos” ficam lá dentro, escondidos.

Se me perguntarem se sou católico direi que de tradição. Direi que gosto dessa igreja no concernente ao ritual, mas arremato que o destino do mundo é a doutrina espírita que a própria igreja, por medo de perder dinheiro, insiste em negar e desvirtuar. A questão da reencarnação é o mote em que a igreja católica se pega para tergiversar contra os espíritas. Só que ela, enquanto igreja avoca o Espirito Santo. Usa agua benta (os espíritas, agua fluidificada) e usa incenso que até mesmo os centros de macumba também utilizam. A igreja católica também faz missa de sétimo dia e “encomenda” defuntos antes de enterrar. Alguma coincidência espiritista? Pois é. Na vida tudo é muito relativo, mas nem todo relativo se justifica nesta vida. Amanhã, quem sabe, a gente tenha fumaça branca...

--------------
(*) Publicado no Recanto de Letras em 13/03/2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013

As eleições venezuelanas e a derrota moral





Por Zezinho de Caetés

Quem se opunha à “revolução bolivariana”, está rindo. Alguns mais contidos, dizem, riem por dentro. Outros, como eu, riem às bandeiras despregadas. Quando ouvi ontem o ministro das relações exteriores do Brasil reconhecer o novo governo venezuelano, mesmo que havendo suspeitas fundadas de uma eleição fraudada, eu, além de rir, disse: Ganhamos!

Hoje mostro, abaixo um texto do imortal (não porque é múmia, mas por que escreve bem) Merval Pereira, que tem o título de Derrota Moral, para mostrar o que aconteceu com o chavismo na Venezuela. Melhor impossível.

É muito difícil, para quem é brasileiro e gosta de futebol, esquecer a Copa do Mundo na Argentina em 78, em que o técnico Coutinho disse que tivemos uma vitória moral, pela forma como ele achava que foram manipuladas as outras equipes. Vitória moral, não trouxe um taça, da mesma forma que a derrota moral do chavismo, não trouxe o governo para a oposição, mas, já é um começou de vitória tanto moral quanto real.

Os resultados das eleições mostraram que o povo venezuelano já estava cansado do bolivarianismo tosco do, hoje múmia, Chávez. E levaram a outros países da América Latina a mensagem de que não se pode enganar todo o mundo todo o tempo. E muito menos um homem cuja campanha foi baseada na reencarnação de um morto em um passarinho e que o levava no ombro para os comícios. O meu conterrâneo Lula em sido ridículo muitas vezes, mas, nunca chegou a tanto, embora alguns petistas tentem fazê-lo. O mundo deles caiu.

E eu continuarei aqui rindo do passarinho e da derrota moral pelas consequências que ela pode ter para nosso chavismo infantil, tentado pelo PT, por muitos anos. Basta ver a que o assistencialismo desvairado levou a Venezuela. Naquele país, o trabalho quase virou um pecado, a não ser no serviço público, para seguir o modelo cubano que até o Fidel (ele chorou quando o Chávez morreu e agora vai chorar de novo, por que sabe que não vai ter petróleo de graça por muito mais tempo) já é contra, igual estão tentando fazer aqui no Brasil.

Se depender de mim, não irão além de 2014, pois já vêm tendo vitória moral há muito tempo. Espero que as oposições acordem porque chegou a hora da vitória real. Fiquem com o imortal.

“A vitória por menos de 2% dos votos não apenas dá margem à desconfiança sobre a lisura do resultado na Venezuela como garante ao candidato oficial Nicolás Maduro apenas os primeiros três anos de mandato, e olhe lá. Isso porque no meio do mandato há a possibilidade de convocação de um “referendo revogatório” que pode tirá-lo do poder, caso o governo não esteja agradando à maioria dos venezuelanos.

Sem a presença física de Chávez, não tendo surtido efeito o anúncio de que ele reencarnara em um passarinho, a revolução bolivariana, apesar de controlar os meios de comunicação e as instituições oficiais que organizam a eleição, perdeu, pelos números oficiais, cerca de 700 mil eleitores, enquanto o candidato oposicionista Henrique Capriles recebeu cerca de 600 mil votos a mais do que na última eleição presidencial, quando Chávez venceu o mesmo Capriles com uma vantagem de 12% dos votos.

Maduro venceu em 16 estados, e Capriles em apenas 8, mas, como a diferença entre os dois ficou abaixo dos 2%, isso indica que o oposicionista venceu nos estados mais populosos. Mesmo os chavistas mais ferrenhos admitem que parte de seu eleitorado absteve-se de votar, e outros passaram para a oposição.

O resultado mostra que Chávez já governava na base da retórica revolucionária e que sem o seu carisma não foi possível impedir a explicitação de um descontentamento não apenas com os métodos revolucionários do chavismo, mas com os resultados do governo, vendidos como expressivos por seus áulicos, mas na verdade insuficientes para manter eternamente a população atrelada aos interesses do governo.

Se é verdade que a desigualdade foi reduzida e a pobreza combatida através das missões chavistas, também é verdade que a economia venezuelana sofre as consequências de uma política populista que é incapaz de manter os gastos sociais sem provocar efeitos colaterais terríveis como a altíssima inflação — cerca de 30% ao ano —, desabastecimento, déficit público e uma violência descontrolada nas grandes cidades, especialmente Caracas.

Além de sustentar as políticas assistencialistas, a estatal de petróleo PDVSA também garante uma política de subsídio do preço da gasolina que consome 10% do PIB, isso em uma empresa que sofre com o aparelhamento governista que lhe tira a competitividade e reduz a sua produção, que caiu 25% em relação ao que produzia há 14 anos, quando Chávez assumiu o poder.

A gasolina quase de graça fez com que o consumo tenha aumentado mais de 60% no período, o que obriga a Venezuela a importar o combustível, mesmo tendo uma das maiores reservas de petróleo do mundo.

A escassez de mercadorias nos supermercados e a falta de energia elétrica e de água ora são atribuídas a um boicote das oligarquias, ora a atentados terroristas, quando não surge uma visão cor de rosa que “culpa” o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres. Na verdade, trata-se de uma economia disfuncional.

Como a base de sua pregação política é não fazer acordos com a oligarquia, seguindo os passos de seu chefe, Nicolás Maduro vai ter dificuldade de montar um governo eficiente, ainda mais que enfrentará dissidências dentro da própria aliança chavista.

Ele queria vencer por uma diferença maior que a que Chávez conseguiu na última eleição para se impor a seus adversários internos, mas obteve nas urnas uma derrota moral que o prejudicará tanto em relação à oposição, que sai fortalecida do confronto, quanto a seu próprio grupo político.

Assim como aconteceu entre a ausência de Chávez e o anúncio oficial de sua morte, Maduro governará sendo tutelado por um conjunto de forças no qual se destacam os militares. E a derrota moral do chavismo terá repercussões em toda a América Latina, onde o socialismo bolivariano estava deitando raízes. Não é à toa que foram esses os primeiros governos a acatar os resultados oficiais da Venezuela, inclusive o brasileiro.”

quarta-feira, 17 de abril de 2013

PROFESSOR, ALUNO E CONHECIMENTO - Ingredientes da crise educacional.





Por Carlos Sena (*)

Sempre que vejo a juventude toda paramentada de tecnologia, fico pensando que os menos jovens – aqueles para quem quando a tecnologia chegou já estavam “na vida”, dando duro pelo pão de cada dia, ficamos achando que o mundo não nos pertence mais. Algo como: o mundo é dos jovens que dominam a informática!

Tomo por base a escola. Aquela escola que outrora só tinha o professor e aluno como centro do processo educativo. Poucos equipamentos audiovisuais como o mimeógrafo, o flanelógrafo, retroprojetor, etc. E isso já era tido como modernos e avançados, pois o computador e a internet ainda não tinham se “apossados” do mundo. Lembro-me dos cadernos de caligrafia. Da lição de casa que hoje se chama tarefa. Dos recadinhos que os alunos levavam para os pais em casa. Geralmente era para falar dos seus filhos e dos seus mal criares. Lembro-me dos rigores do fardamento: tudo limpo e combinando. Unhas cortadas, banho tomado, cabelos cortadinhos à JACDEME (é assim que se escreve?). Uma meia de cor diferente e o aluno não tinha acesso à escola. Havia tolerância mínima para quem chegasse atrasado e, dificilmente, se largava mais cedo. Cantava-se o hino nacional, fazia-se educação física às cinco da manhã para as sete da matina estar na porta da escola. Até aula de canto orfeônico se fazia. Ah, rezava-se antes das aulas. Os alunos sabiam de cor o hino nacional, de Pernambuco, da cidade e da escola. Quando entrava alguém na sala de aula (um visitante, por exemplo), todos se levantavam e só sentavam depois que a professora mandasse. A gente errava uma palavra e a professora mandava a gente copiá-la centenas de vezes em casa. E a gente fazia e a gente jamais a esquecia. Isso, evidentemente, foi no pós-palmatória, pós-milho no chão pros alunos se ajoelharem – práticas condenáveis e condenadas... O grande detalhe daquela época: os professores sabiam ensinar. Não tinham notebook, nem facebook, nem tabletes, nem celulares, nem circuito interno de TV, nem computador, nem internet, nem... Sequer ar condicionado tinha. As bancas eram coletivas feitas em madeira. Sentavam-se três em cada banca. Mas havia bancas individuais, principalmente nos colégios pagos. – Conhecimento? – Tinha. Respeito dos alunos pelos professores? – Tinha. – O professor sabia escrever? – Sabia.

Essa escola do passado que tantos escritores, tantos médicos, tantos intelectuais formaram, são hoje de certa forma, recriminada pela pedagogia dita moderna. Foi essa escola que só dispunha de Professor, aluno, lápis, caderno, disciplina, respeito aos mestres e professor valorizado pela sociedade, que construiu as bases científicas do mundo moderno. Escola simples e sem tecnologia de ponta. Escola com mestres sabidos que ensinavam a pensar, não a repetir. E agora José?

Saudosismo a parte, mas hoje as salas são equipadas com tudo e, de lambujem, as escolas tem piscina, quadra poliesportiva, luxo, tudo de bom e do melhor. Boa parte dos alunos são um lixo e outra boa parte dos professores ainda fica devendo ao lixo em matéria de conhecimentos. Professor era sacerdócio, hoje é negócio. Mau negócio é verdade, mas termina sendo bom para os donos dos monopólios educacionais, considerando que o ensino público entrou em falência faz tempo.

O que mais dói no quesito “professores” não é tanto saber que boa parte deles é pior do que os alunos; é saber que eles são mal resolvidos enquanto pessoa, não tem consciência política estruturada e a visão de mundo é ditada pelas novelas e pela “rede bobo de televisão”, SBesteira, etc. Pode ter exagero, mas não mais do que o exagero que representa “deseducar” crianças e adolescentes. Nesses casos, pouco ou nada adiantam as estruturas luxuosas das escolas, nem os tabletes, nem os computadores, nem os celulares, nem a internet, nem... Se for verdade que um país de constrói com homens e com livros, mais verdade ainda é que os homens são os professores e os livros são escritos por homens de reconhecido saber, senão não seriam... Por isso critico essa tal de “pé da gogia” moderna. Se não no grosso, mas no varejo eu a condeno. Onde mora essa “gogia” (?) que eu quero lhe dar um pé na bunda? Como quero dar um pé na bunda dessas faculdades fuleiras de pedagogia que formam professores como um fábrica fabrica fubá de milho ou outro produto qualquer. Pelo menos o fubá de milho passa por um controle de qualidade, os professores não.

Não falta em meu redor professores escrevendo errado. Se fosse um errinho de concordância, até seria menos mal. Mas são erros grosseiros, próprios de quem merecia estar num banco de feira vendendo mangaio, como todo respeito aos feirantes profissionais. “Há exceções”, ora direis! Graças a Deus que isto é verdade. Como é verdade que existem alunos ótimos e que pensam e que elaboram... O mal maior não está aqui. Porque o resto que não se enquadra como na excepcionalidade vai sair por aí derrubando prédio se for engenheiro, matando gente se for médico e deseducando se forem professores ou assemelhados. Distante de querer ser dono da verdade acerca de educação, defendemos uma educação libertadora em que os indivíduos são preparados pra vida e, nesse contexto, saberão respeitar seus pais e professores e os mais velhos, amar a Pátria, e os valores de dignidade humana como as minorias... Esses conceitos não dependem de tabletes, nem da informática, nem dos computadores, nem da internet, nem dos celulares, nem do “professor” Google**... Assim, concluo pela assertiva de que os processos educacionais tem que ser compartilhados, adequados, renovados, por que não dizer? Nesse aspecto, o Pedagogismo tão em moda cai por terra e merece ser enterrado pelos pais bem intencionados e pelos professores que, mesmo “sofressores”, acreditam na construção de um mundo melhor e mais justo, via educação...

** O"Google" de antigamente era a NOVA SELETA, a CRESTOMATIA, a BIBLIOTECA, A ATENÇÃO ÀS AULAS, As Anotações no papel rascunho pra depois serem passadas a limpo, A BARSA - esta pra quem era rico e podia comprá-la a peso de ouro. Existem mais outros que você pode completar.

-------------------
(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/03/2013

terça-feira, 16 de abril de 2013

Assédio moral e promessas. Quem será o próximo?





Por Zezinho de Caetés

Eu já li muito, semana passada e este fim de semana, sobre as declarações do bandido Zé Dirceu sobre o ministro do STF Luiz Fux. É um caso, não raro hoje no PT, de desespero completo ou da “síndrome da gaiola de ouro”.

Hoje, não são só os bandidos condenados Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha e Genoíno que estão desesperado. É todo o bando de mensaleiros, mesmo os não condenados, ainda, como meu conterrâneo, o Lula.

O Lula chegou até a antecipar uma campanha para presidente da república para tirar os olhos da imprensa de cima dele e da Rosemary, vendo ao fundo, ou na frente, o Marcos Valério. Eu nunca vi tanta irresponsabilidade junta. No entanto, parece que ele deu um tiro no pé. A antecipação da campanha deu direito à oposição (será que existe mesmo?) fazer o mesmo e já surgiram candidatos, às pencas, para melar o sonho petista de continuísmo. Parece que o partido não foi protegido pela múmia do Chávez, que continuará a levar os venezuelanos para o buraco, como os petistas querem fazer com o Brasil.

Mas, voltando ao assunto, o Dirceu espalhou que o ministro Luiz Fux andou prometendo a ele absolvê-lo na Ação Penal 470, vulgo, mensalão. E ele, muito bestinha, terminou o ajudando a pegar a função ou cargo de ministro. Sobrou para o poste Dilma. Ela estava apagada quando, se verdade o dito pelo bandido, nomeou o Fux diante deste assédio moral evidente.

Penso que quem deve se explicar é a Dilma perante à opinião pública e não o ministro, que nega a acusação. E por que? Porque, segundo me consta quem é o correligionário e amigo da Dilma é o Dirceu e não Fux. O que Dirceu disse dar a entender que a proposta foi repassada à presidanta (vi que está errado mas, gostei do erro) e ela, doida para livrar o PT da gaiola, concordou em nomear o ministro. E isto, vai além, colocando sob suspeita os ministros nomeados por ela antes do julgamento.

Mas, estes ficaram livres das suspeitos, de fato, pelos seus votos no julgamento. Só ficaram mal na fita, os ministro Lewandowsky e Dias Tófolli que passaram o julgamento todos cumprindo o que tinham prometido a alguém, que não sei quem, absolvendo bandidos.

Fiquem com o texto do jornalista Luis Fabiano que vai além na análise deste episódio que é deprimente, mas, possível, com a forma com são escolhidos os ministros. Eu vou prometer que absolverei o nosso governador de qualquer pecado se ele ajudar na criação da Academia Caeteense de Letras, para a qual o Lula me negou apoio, e assim mesmo porque acho que ele (o Eduardo) só tem pecados maneiros, e vai atrapalhar a Dilma.

“Não se sabe exatamente o que pretendeu o ex-ministro José Dirceu ao contar novamente (Folha de S. Paulo, 10.04) sua versão da nomeação do ministro Luiz Fux ao Supremo Tribunal Federal.

Não é uma história edificante: Fux, depois de “assediá-lo moralmente por seis meses”, teria obtido o apoio de Dirceu sob o compromisso de inocentá-lo no processo do Mensalão.

Se as coisas se deram exatamente como Dirceu conta, não é apenas a reputação do magistrado que sai manchada. É também a de Dirceu e de todo o processo de nomeação dos integrantes dos tribunais superiores. Aliás, isso também não é novidade.

Sabe-se há muito que as nomeações para esses tribunais são mais políticas que técnicas. Não basta um bom currículo: é necessário, mas não resolve. É preciso um ou mais padrinhos de peso. As decisões ocorrem nos bastidores. As sabatinas do Senado são, em regra, coreográficas. Ninguém é rejeitado.

Diante disso, resta saber por que Dirceu voltou ao tema da nomeação de Fux? Ele não é político de desabafos, nem de jogar conversa fora. Ao contrário, mede bem as palavras, exibe impressionante autocontrole quando provocado e é criterioso nos temas em que embarca. Ou seja, a entrevista, que ocupou duas páginas do jornal, não foi gratuita. E não é difícil decifrá-la.

 Por meio de Fux, que se transformou em desafeto pessoal, Dirceu atinge todo o Supremo, em busca de caracterizar sua condenação como “política” e “arbitrária”, à revelia dos autos e sob intensa pressão da mídia. Um “julgamento de exceção”, em suma.

E avisa, também pela enésima vez, que vai “bater às portas da Comissão Internacional de Direitos Humanos”. Considera, por isso mesmo, que sua prisão pode ser revertida. É improvável que uma Corte internacional reverta uma decisão da Suprema Corte de um país democrático, em julgamento a céu aberto, em que os réus contaram com alguns dos melhores advogados do mercado.

Dirceu reconta o episódio Fux na expectativa de que seja anulada sua participação no julgamento e que constitua mais um argumento para desmoralizar o STF. Ora, se Dirceu reconhece como inadequada a conduta de Fux, suficiente para impedi-lo de ter participado do julgamento, por que não fez essa denúncia antes?

A conclusão é inevitável: não o fez porque confiava no cumprimento do compromisso. Mais: se Fux o assediou moralmente e conseguiu a nomeação, isso significa que Dirceu é susceptível a esses expedientes.

E quem mais o foi, no caso Fux? A presidente Dilma, que o nomeou? O ex-presidente Lula, que demonstrou interesse em agir pessoalmente para adiar o julgamento do Mensalão?

O que se sabe é da decepção da alta cúpula do PT, expressa em reiteradas declarações à imprensa, contra ministros do STF nomeados por governos do partido e que o teriam “traído” ao condenar réus petistas.

A escaramuça de Dirceu não deve se esgotar aí. A proximidade de execução das sentenças deve ensejar outras iniciativas tendentes a desmoralizar o Supremo, caracterizar o julgamento como de exceção e justificar o recurso dos réus às cortes internacionais. Assédio moral é isso aí.”

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A CAGADA.





Por Carlos Sena (*)

Sempre nutri simpatia pelos animais, principalmente aqueles pouco ortodoxos na linha da criação doméstica. Normalmente se gosta de gato e de cachorro e eu também gosto. Mas, acho que no reino dos bichos bicho é bicho, embora no reino dos humanos haja também ramificações em que bicha é bicha. Misturam-se coisas de lá com coisas de cá. A relação é muito íntima entre os humanos e o reino animal. Talvez nem seja por conta do carinho que possam ter um pelo outro, mas porque o raciocínio dos humanos precisa ser consolidado em símbolos e os animais se prestam bem pra isso. Os humanos são mesmo assim – cheios de “nós pelas costas” quando querem se comunicar jocosamente ou com certa dose de seriedade. Mulher melancia: logo sabemos que é por conta da bunda grande. No mesmo sentido, mulher Pera, Mulher Melão, Mulher “sexta básica de frutas”... Homem galinha – designativo óbvio do homem mulherengo. Viado, frutinha, falso a bandeira, frango, etc. Por outro lado, homem forte é Leão. Mulher namoradeira e “dadeira” é vaca. Mulher nova é uva e mulher velha é um abacaxi. Mulher nova também é chamada de chuchu. Houve um tempo que se chamavam também de pão. Nesse caso, pão era o homem ou a mulher na condição de broto. Agredir uma mulher chamando-a de Anta tem sido comuníssimo. Mas quando um homem ou uma mulher são falsos, perigosos, gostam de jogar pessoas contra outras, normalmente dizermos serem cobras. Quando são pessoas “passadas na casca do alho”, então se chamam cobras criadas. Já as mulheres experientes quando se referem a elas mesmas pejorativamente, chamam-se de “puta velha” no assunto ou coisa semelhante. Contudo, há um designativo pejorativo às mulheres homossexuais muito comuns nalgumas cidades do interior pernambucano: “pitombas”. Essa expressão se dá porque a fruta pitomba só dá em cacho e as mulheres gays sempre só andam em grupo – portanto em “cacho”... Nesse mesmo diapasão, chamá-las de “chupa charque” é muito agressivo, mas é uma expressão com alguma dimensão nas rodas. Pra não me esquecer, mulher exagerada no vestir e na “decoração”, além do cabelo loiro é Pirua. Assim mesmo com “i” senão perde a graça. Homem molengo, daqueles que a mulher chifra e ele abafa, normalmente são “bananas”, ou mesmo quando não rola chifre, mas o homem é lerdo, cai bem a pecha de “banana”...

Nesse emaranhado de simbologias acerca do homem e da mulher, também me peguei imaginando no cágado. Pobre cágado. Sempre fica lá no fundo do quintal carregando sua “casa nas costas”, despertando todo tipo de curiosidade. As crianças até gostam dele, mas ele perde feio para o gato e o cachorro no quesito animal doméstico. Gosto do cágado – do seu olhar tristinho, do seu caminhar lerdo, dos seus olhinhos pretos nem sempre vendo tudo. Primeiro porque eu não sabia ainda a diferença entre cágado e Jabuti. Parei este texto e fui ao Google: “Jabuti - Água não é com ele. O jabuti é o único entre esses três tipos de quelônio que vive exclusivamente na terra. Ele também pode ser facilmente identificado pelo casco alto e pelas patas traseiras em formato cilíndrico, que lembram as de um elefante. Cágado - distingue-se do jabuti por ser um quelônio de água doce e não terrestre. Já as diferenças em relação às tartarugas são sutis. Os cágados possuem casco mais achatado e têm o pescoço mais longo”...

Mais ou menos sabedor das diferenças, fiquei encafifado com o gênero dele, do cágado. Como será o masculino e o feminino dele? Cágada? Cágado macho ou Cágado fêmea? Pobre do cágado, se a gente esquecer o acento agudo ele vira bosta: cagado. Na gramática parece mesmo ser comum de dois gêneros. Independentes, gosto mesmo de chamar a fêmea de cágada. Uma cagada minha do ponto de vista gramatical? Pode ser. Fato é que estou mesmo querendo dar uma boa cagada, com a permissão do cágado.

----------------
(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/03/2013