Em manutenção!!!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A SURRA





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

 Vou à cidade. Deixo o carro em casa e apanho o ônibus de Jardim Atlântico. É mais pratico e econômico. É uma viagem tranquila. Trinta e cinco minutos observando as ruas e as pessoas que entram no ônibus. Outros descem. Duas senhoras sentadas na poltrona atrás de mim, começaram a conversar. - Marinha, tu não sabes o que aconteceu ontem à noite! Seu Antonio sabe quem é? Seu Antonio que é vendedor de alpercatas. Pois é! Este  meu vizinho bateu na filha Rosália. Foi aquela confusão ontem à noite. Ninguém dormiu. O barulho foi tão grande que acordou todos os moradores do prédio. Era por volta da meia noite.  As tapas e os gritos por socorro ecoam pela noite. Os gritos de um e de outro, do pai e da filha. Acalmaram-se. Nesta manhã todos comentavam - viu o que Seu Antonio fez com Rosália? Uma boa surra.  Uns diziam bem pregado filha sem vergonha  deve levar um corretivo, Outros, não devia fazer aquilo, bater numa filha daquele jeito nem pensar. Era bem pregado, que ela também desse parte na Delegacia e ai tu ia ver a porca torcer o rabo.

Pois é minha filha nada escutei - disse Margarida.  Moro no prédio vizinho e o barulho com gritos no meio da noite já estou acostumada. Me conta então porque o Seu Antonio deu uns bofetes na filha?

 É minha filha, toda noite a Rosália saia do trabalho, sabe trabalha em uma loja no centro da cidade, e somente chega por volta das nove e meia da noite. Passou a chegar mais tarde, dizendo que a loja estendia o horário para arrumar as mercadorias que os clientes deixavam. Nada disso, mulher, diz as más línguas, que ela esta fazendo programa. O pai nunca soube deste fato, era inocente de pai e mãe. A dona Sofia  também estranhava este comportamento mais nada dizia ao marido. Assim a Rosália vinha enganando a todos. A minha vizinha, a Lourinha, que sempre dorme tarde da noite e, de sua janela do segundo andar espreita todos os moradores. Ai daquele que cair na língua desta mulher, nem Jesus escapa da boca do povo. Mas tu sabes ela via sempre a Rosália chegar de carro, descendo e acenando para o motorista. Uma noite seu Antonio estava tomando uma cerveja num botequim na cidade. Nunca bebia, mas nesta noite resolveu tomar algum aperitivo com alguns colegas. Sentado e conversando animadamente, viu de relance a filha entrando num carro preto e saindo em direção a Dantas Barreto. Era mais ou menos dez e meia da noite. Não aguentou aquela cena degradante. Criara a filha com o maior respeito e, depois da prá “quenga”, era demais. O que to te falando, já foi gente que me contou. Pois é! Dizem que Seu Antonio pegou um taxi que ia passando e seguiu a filha, poltrona, isto é o que dizem no prédio. Foi até Afogados. O carro entrou num motel na estrada dos Remédios e ai ele ficou louco. Não sabia o que fazer se entrava no Motel que por certo o vigilante não deixaria, ou se esperaria no lado de fora, para dar uns safanões na filha “quenga”. Achou melhor ir para casa. Dispensou o taxi e pegou um ônibus, ia possesso. Somente pensava qual a atitude tomaria.  Tomou mais uma cerveja perto de casa, na barraca de Bio e aguardou a chegada da filha. Lá pra meia noite, lá chega a filha no carro preto. Era muito para um coração de um pai que sempre levou a serio a vida na família e, ter uma filha “quenga” não engolia. Subiu a escada em dois tempos e o tempo fechou. Foi aquela surra como eu já te contei. Sua “quenga” gritava como louco, foi isto que lhe ensinei você sair com macho entrando em motel e, não venha dizer que não que eu segui e você entrou no motel lá em Afogados. Vai me apanhar muito e sei que isto não vai consertar o dano que você fez a família e na vizinhança que vão dizer – A filha de Antonio é puta. Criada com tanto mimo deu prá puta. Você vai arrumar sua trouxa e se mande vá viver como “quenga” de cabaré. E eu? E sua mãe? E os seus irmãos? Vamos andar de cabeça baixa pela rua por tua causa. E tu o que vai fazer de tua vida? Andar a procura de homem pelas esquinas? É isso que tu queres?  Ouvia tudo pelo silêncio da noite. A tapa e as lapada de cinturão ecoavam  noite adentro. Uma olhava para outra contando mais detalhes. E tu sabe as mulheres de hoje dia não tem mais vergonha. Saem pela noite pelos bares da vida, que antigamente era somente os homens que frequentavam hoje a mulheres querem ser igual a homem, eu não concordo!

Eu também não! Disse a outra moradora do prédio vizinho.

E ai no que ficou toda esta confusão? Indagou

Estão todos calados, ninguém ousa dizer nada. A Rosália sai muito cedo e volta muito tarde. Continua no mesmo. Dizia Luiz Gonzaga, em uma da sua melodia – pau que nasce torto, morre torto – Dizem que ela esta morando em uma quitinete em Boa Viagem. E o resto somente Deus sabe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário