Em manutenção!!!

sábado, 31 de agosto de 2013

SANTINHOS.




Por  José Antonio Taveira Belo /Zetinho

Domingo. Dia 18 de agosto. Ano - 2013. O dia amanheceu chuvoso em toda Região Metropolitana do Recife. As goteiras caiam compassadamente deixando aquele barulho preguiçoso. A temperatura baixou ocasionando o uso da camisa em casa. Portas e janelas fechadas. A vitrola soava baixinho musica instrumental das décadas de 70. O telefone toca interrompendo o silencio do ambiente.  Atendo. Engano. A rua deserta e poucos carros circulando somente os ônibus, por obrigação circulam com poucos passageiros. Como é intermitente a chuva, não nos deixa locomover para os nossos passeios dominicais. Para passar o tempo, vou até o quarto (deposito) cercado de livros, revistas, jornais (coleção do jornal A GAZETA de Bom Conselho, minha querida terra) que tanto prezo, pois neles estão a historia da nossa terra, principalmente os acontecimentos dos últimos vinte dois anos de existência. Começo a remexer nos objetos que há tempo não mexia.  Encontro uma caixa pequena e bem cuidada com uns “santinhos” que a minha Tia Irmã Maria Dionísia, freira da Congregação das Damas Cristãs. São centenas deles endereçado a minha querida mãe NEDI, de quem era a sua conselheira. Os “Santinhos” eram enviados de várias cidades por onde ela passou nos anos de religiosa, Campina Grande, Nazaré da Mata, Vitoria de Santo Antão e a última de Garanhuns, durante os seus 75 anos de vida religiosa, comemorado no Colégio Santa Sofia. Cataloguei por data desde década de 40, expressando a maioria o desejo de feliz aniversário, feliz páscoa, feliz Natal e Ano Novo, em outros comunicando a sua chegada em conventos para onde fora transferida. O “santinho” do Sétimo Centenário Nossa Senhora do Carmo – 1951 – continha a seguinte mensagem - “Salve! Salve! Felicidades. Parabéns. Deseja-te tua irmã que muito te estima. Religiosa. Irmã, Maria Dionísia. 21.5.1952. Em 27.12.1952 enviou o “santinho” – Jesus Ressuscitado – com os dizeres – Querida e boa irmã, Nedi envio-te os meus sinceros agradecimentos por tanta gentileza me felicitando, pela passagem do meu natalício. Nossa Senhora te recompense, aproveito para dizer-te, que no dia 29 deste, irei para Campina Grande. Tua irmã religiosa – Irmã Maria Dionísia”.

Esta pratica benéfica e muito usada pelos Padres e Religiosas em tempos passados em distribuir junto à população os “santinhos” foi abolida nos tempos de hoje. Lembro-me dos “santinhos” que recebia, quando criança na Rua do Caborje pelo Padre Alfredo. Outros eram adquiridos na loja de Gabriel e Antonio Vieira Belo cada um com uma mensagem. Lembro-me, ainda que de posse destes “santinhos” fazíamos um altar na sala de visita, das nossas casas, usando caixa de sapatos, forrada com uma pequena toalha branca, dado pela minha mãe, e em cima colocava o “santinho” adornado por flores silvestre colhidas no quintal da casa de minha avó, Ana e de minha tia Carlinda. Diante daquele pequeno altar fazíamos a oração do Terço e das novenas. Era uma brincadeira sadia das crianças daquele tempo. Padre Alfredo era mestre nesta distribuição, não podia ver alguém que colocava a mão no bolso e tirava um santinho entregando e abençoando enquanto tomava a benção, beijando-lhe a mão e ele expressando em sua fala mansa – Deus te abençoe! - Quando visitava as famílias normalmente ao sair deixava como lembrança um “santinho” da Sagrada Família – Maria, Jesus e José - também podia ser do Coração de Jesus, São Sebastião, Santo Antonio, Nossa Senhora da Graças, Nossa Senhora do Bom Conselho, São Francisco Xavier ou Assis, Santa Terezinha do Menino Jesus, Santa Maria Goretti e assim por diante, não deixava nenhuma casa sem esta lembrança. Quanta alegria demonstrava aqueles que recebiam a “santinho”, principalmente as crianças que corriam a casa para mostrar a sua mãe – Olhe mãe, o que Padre Alfredo me deu! 

Os tempos mudaram? Sim. Poucos religiosos, neste tempo de hoje, mantém esta tradição. Hoje tudo é diferente. Não existe mais aquela dedicação dos antigos Padres e Religiosas e Religiosos. Hoje as crianças se dedicam a jogos eletrônicos, a filmes incompatíveis com a sua idade. Os pais já não levam e nem incentiva os pequenos a ida a Igreja, preferem os Shoppings.  É verdade que o divertimento é necessário para uma vida melhor das crianças tais como, passeios, praias, parques de diversão, teatro infantil e muitas outras atividades que elevam a civilidade desde tenra idade. Mas tem-se que plantar nos corações das crianças e dos jovens a religiosidade, pois é dela que vem a nossa formação social e cristã. Não podemos descuidar desta tarefa, pois faz parte da nossa vida e nós pais, avos somos os responsáveis pelo futuro dos nossos filhos e netos.


 Seria de bom alvitre, que estas lembranças – distribuição dos SANTINHOS - junto à meninada deveriam ser retomadas, a fim de criar a religiosidade nas crianças. As crianças neste tempo moderno já não ligam para isto, com a ajuda dos pais e dos avós. Isto é arcaico. É do tempo dos meus avós. Mas o que fazer? Conscientizar os responsáveis por estas criançada e jovens para um melhor condicionamento de vida, pois assim poderemos plantar a PAZ no coração da humanidade.  

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A política externa brasileira: As últimas "obradas" do PT




Por Zezinho de Caetés

Desde a época do Lula, com o Celso Amorim, que o Brasil entrou num desvio à esquerda em sua política internacional, que sempre pecou pela falta de originalidade (seguindo sempre seus parceiros do socialismo bolivariano da América Latina), deixando de lado os tempos idos do Barão do Rio Branco, e aliando-se a ditadores de todos os credos.

Com a chegada de Dilma e com o cargo de ministro das relações exteriores ocupado pelo Antonio Patriota, tudo continuou na mesma coisa. E este é quase o título do texto do Merval Pereira que transcrevo abaixo (“Tudo a mesma coisa”, publicado em o Globo em 27/08/2013), que mostra com a competência de um imortal, porque, em termos de política internacional, vamos mal na fita.

Com os episódios recentes do senador boliviano que vivia em condições sub-humanas na Embaixada Brasileiras naquele país e com a vinda de médicos cubanos dentro do programa Mais Médicos, tudo soa mesmo com uma catástrofe para o nosso país. É a mentira, que já era um ponto constante na política interna, agora transformada em arma fundamental também na política externa.

Pelo jeito, o uso da ditatura cubana foi tão usado pelos que hoje estão no governo que a boca ficou torta, voltada para esquerda e com sequelas irreversíveis. Tudo é feito para agradar o Fidel no seu leito de morte, e que se dane o povo cubano e o povo brasileiro. A discriminação oficial dos pobres, vestindo a auréola da ajuda, é um fato degradante. Quando se pergunta por que os médicos não precisam fazer o teste de aptidão obrigado por Lei, se diz que para o que eles vão fazer não precisa teste. Ou seja, os pobres não precisam de médico, precisam apenas de homes de branco e que dizem serem médicos.

No caso do senador boliviano, o imortal mostra as contradições de política externa que cercam o caso, embora o mais importante seja o sofrimento de um ser humano doente num cubículo infecto de uma embaixada para não ferir os brios de um índio que nunca foi índio e cuja diversão é colocar o Brasil de joelhos com exigências descabidas, com fez no caso da Petrobrás, e que o Lula correu feito ele fazia em Caetés quando roubava uma laranja e ouvia um grito do dono do quintal.

É uma verdadeira tristeza ver a que chegamos neste fim de governo petista. O Brasil sairá muito pior do que entrou, e muito “mais pior” ainda se não acabar com o Zé Dirceu e et caterva na cadeia, sendo tratado por um médico cubano, que não fosse médico e sim seu colega nas aulas de guerrilha em Cuba.

Fiquem com texto do Merval, que eu vou passar as notícias para ver qual a penúltima “obrada” deste governo.

“O caso do resgate do senador boliviano que acabou determinando a demissão do ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota tem a ver com o dos médicos cubanos, tudo junto e misturado cabe na mesma geleia geral da concepção de política internacional dos governos petistas, que não se pejam de serem usados por seus parceiros regionais de ideologia.

É evidente que o encarregado de negócios da embaixada brasileira na Bolívia, Eduardo Saboia, que por conta própria decidiu dar fim ao cativeiro de mais de um ano do senador Roger Molina, não poderia tê-lo feito à revelia de seus chefes hierárquicos, por mais razão que tivesse para indignar-se com a situação.

Cabia a ele a tarefa indigna de proibir o contato de Molina com outras pessoas, e assistiu de perto à angústia e à depressão tomarem conta de uma espécie de prisioneiro do governo brasileiro por obra e graça de uma decisão política do governo boliviano.

O governo da Bolívia age exatamente como o da Inglaterra, que impede a saída do país do mentor do WikiLeaks, Julian Assange, apesar de o Equador ter concedido asilo político a ele. Mas o presidente equatoriano, Rafael Correa, não mede esforços para defender o direito de asilo, enquanto o governo brasileiro, pelos relatos do próprio Saboia, colabora com o da Bolívia, montando um grupo de trabalho fictício para tratar do assunto, enquanto o tempo vai passando.

Enquanto Assange dá entrevistas no interior da embaixada do Equador em Londres, o senador Molina estava praticamente em cárcere privado. Não foi a mesma a atitude tomada pelo governo brasileiro quando Manuel Zelaya, deposto da presidência de Honduras dentro das regras constitucionais, bolou um plano, apoiado na época por Hugo Chávez, para tentar voltar ao poder.

Usou para isso a embaixada brasileira, onde passou a fazer reuniões políticas e a dar entrevistas para o mundo contra o novo governo. A subserviência do governo brasileiro aos países alinhados à ideologia esquerdista não tem limites e geralmente está ligada a tentativas de golpes institucionais.

O apoio a Zelaya não deu certo porque o povo hondurenho não o queria de volta ao poder, mas, dentro das organizações regionais que dominam, como o Mercosul, o golpe no Paraguai surtiu o efeito desejado: abrir caminho para a entrada da Venezuela no bloco.

O governo brasileiro utilizou-se de um pretexto, a deposição do presidente Lugo, para não aceitar as regras constitucionais daquele país e puni-lo com a suspensão do Mercosul, para alegadamente defender a “cláusula democrática” do bloco. E quem acabou sendo aprovado para integrá-lo?

A Venezuela de Chávez, que, como dizia o ex-presidente Lula, tinha “democracia até demais”. Conseguido o objetivo, agora o Mercosul já aceita o Paraguai de volta, mas quem não quer agora é o presidente Horácio Cartes, que já se aproxima do bloco da Aliança Atlântica e diz que não se sente bem ao lado da Venezuela.

O caso dos médicos cubanos tem a mesma raiz ideológica. Cuba ganha mais com a exportação de médicos do que com o turismo, isso porque o dinheiro do pagamento individual é feito direto ao governo cubano, que repassa quantia ínfima aos médicos. Tudo já estava acertado, sabe-se agora, há mais de um ano, e as manifestações de junho foram o pretexto para pôr em prática a ajuda ao governo cubano.

O governo brasileiro não apenas aceita essa mercantilização de pessoas como dá apoios suplementares: enquanto as famílias de médicos de outras nacionalidades podem vir para o Brasil, o governo brasileiro aceita que o governo cubano mantenha os parentes dos médicos enviados ao Brasil como reféns na ilha dos Castro. E, para dar outra garantia adicional, adianta, através do advogado-geral da União, que o médico que porventura pedir asilo político não o receberá.


Muito mais do que discutir a qualidade dos médicos cubanos, criticada pelas associações médicas brasileiras, interessa discutir as imposições que o governo brasileiro aceita por parte de seus parceiros ideológicos no continente, o que o faz abrir mão de valores que sempre foram predominantes na nossa política internacional: a proteção dos direitos humanos, a garantia da liberdade de ir e vir, que não podem ser abandonados por um país que (ainda) defende os valores democráticos.”

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

INTELIGÊNCIA




Por Carlos Sena (*)

Não sei se foi Deus quem nos deu inteligência. Mas, deve ter sido. Porque essa tal de “inteligência” que, segundo dizem é o que nos diferencia dos animais irracionais é em si mesma uma faca de dois legumes, como dizia um cartola paulista... Ela serve para nos conduzir aos céus e aos infernos. Aos céus deliberadamente pela condição de prêmio que o céu nos foi passado pela influencia religiosa do catolicismo; aos infernos pela negativa disso, motivada pela nossa capacidade de temer satanás o grande desafeto da igreja católica. 

Sempre fico pensando que as pessoas que usam o ardil como forma de vida geralmente se “ferram”. E o principal motivo desse “rasgamento de boca” se dá quando os outros a quem Deus ou o Diabo também concederam inteligência, mostram sua força e sua capacidade de também pensar, de também agir com sagacidade. Principalmente de também reagir.

Nas relações de trabalho a inteligência é um bom elemento de alcançar objetivos sérios e escusos. Mas, nos dois casos, os que estão no processo de trabalho ou se defendem diante de ataques ou se associam na lógica colaborativa. No jogo das relações a inteligência se mostra muito mais ativa, posto que os seus “usuários” para alcançar objetivos outros, tudo fazem para se darem bem, notadamente nas realizações de atribuições no serviço quer publico ou privado. No público isso nos parece mais patente. Simples: a concepção de que o serviço público não tem dono, leva a muitos espertos à utilização das suas inteligências no maior nível possível. É nessa concepção equivocada do serviço público que muitos gestores posam de superinteligentes e, traídos pela ganância, esquecem que os que lhes cercam são também dotados de inteligência. Não demoram muito, esses “inteligentes” são traídos por aqueles a quem nunca foram levados a sério e que, não raro, tinham a pecha de burros. Por isso e outros motivos, acho mesmo que a inteligência seja “comum de dois gêneros” – serve a dois senhores sem que um senhor se aperceba do outro. Ufa, ainda bem! Porque se não fosse assim a raça humana certamente sucumbiria diante dos poderosos que dificilmente compreendem que alguém fora eles, tenha inteligência e que a utilize como também lhe convier, inclusive de “contraveneno”...

Se pelo lado corporativo a inteligência tem essas nuances democráticas, muito mais assim se apresenta na vida do cidadão comum – aquele que paga impostos, tem vida comum e tudo que quer é ser feliz, se possível, com um grande amor. Porque os amores entre duas pessoas são terreno fértil para o “jogo” que, se por um lado é condenado pelas ciências comportamentais, por outro deveria ser enaltecido na lógica da utilização sedutora do processo. Mentir é um processo de inteligência, mas pode ser de burrice. Dizer que ama pode ser  processo idêntico como qualquer  outro. Porque na vida tudo tem perdas e ganhos, tudo tem idas e vindas, tudo tem sem ter e muitas vezes tendo se nega a dizer que tem. Algo como entender que “coração é terra que ninguém anda” – pelo entendimento de que coração não pensa, apenas bombeia o sangue para nosso corpo ser pleno de emoções. Porque emoções vem do cérebro a quem compete o domínio da inteligência nos mais variados níveis de concessões.

Nesse contexto da inteligência ser filha de Deus ou de Zeus, ou de quem quer que tenha sido o seu autor, não importa. Fato é que ela tem sido a grande aliada da nossa raça, independente de poderes constituídos, de classes sociais ou semelhantes. Porque ela, a inteligência, tem sido a grande “protetora” que proporcionou os oprimidos a se rebelar contra os opressores, principalmente aqueles disfarçados de democratas; aqueles que ocupam cargos públicos ou privados, especialmente os públicos pelos diversos motivos que não o de servir ao público. Locupletam-se para tirar proveito próprio, ou para jogar suas frustrações nos subordinados, ou para proceder ao assédio moral que geralmente é resultante de suas poucas capacidades de buscar ajuda com um Psicanalista. Por essas e outras, a inteligência é quem nos redime e que nos pode livrar desses que se sentem superior ao bem e ao mal, mas que são vitimados pelos seus venenos com um simples “morder de língua”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/07/2013

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Petismo, escândalos e escravidão




Por Zezinho de Caetés

O Percival Puggina publicou em seu blog no último dia 16/08/2013, um texto que eu mesmo gostaria de ter escrito, mas, não tenho a devida competência. Seu título é “MENSALÃO – O RETORNO”, e eu o transcrevo abaixo, depois de algumas mal traçadas linhas, minhas. Logo em seguida eu coloco um filme do debate entre jornalistas da Veja, para aqueles que tiverem mais tempo e quiserem se enfronhar sobre mais este capítulo da história do Brasil.

Eu começo pelo fim do texto do Puggina, quando ele diz, que se houver modificações quanto às penas dos condenados pelo primeiro julgamento, estaremos diante do segundo maior escândalo de nossa história, tendo sido o primeiro o próprio mensalão.

Eu acompanho o julgamento com muita curiosidade, embora nem sempre com a devida cultura jurídica para entender todos seus meandros. O que eu entendo é que se a Justiça dos homens no Brasil depender, tão facilmente de opiniões de dois novatos naquela corte do STF, eu como cidadão devo começar a tremer. Não entendo o tal dos embargos infringentes que pode levar o Zé Dirceu a ficar em casa sem pagar pelos seus crimes de querer, simplesmente, acabar com a democracia no Brasil.

Eu ouvi os dois novatos. Pareceu-me que um deles, Teori Zavaski (seria ele búlgaro ou cigano?) é muito mais ponderado, embora eu o entenda menos do que o Luis Roberto Barroso, que parece um pavão não misterioso. O pavão quando fala parece que faz roda levantando a cauda para que todos o ouçam, ou melhor, para que todos só o ouçam, com aquele ar de Papa Francisco arrependido dos votos de pobreza. E, se, estes tais de embargos infringentes forem aprovados, o pavão será o primeiro a pular a cerca para o abraço com o PT.

E o que mais temo é que o lulo/petismo não tem compromissos com a ética para agir em qualquer caso, para se manter no poder. Não tenho dúvida que só descansarão quando cada petista tiver um “dacha” em Brasília, e viverem cercados de escravos a trabalharem para eles em nome de uma igualdade social que não passa de um engodo.

Sem querer misturar alho com bugalhos, mas, já misturando, já temos, o segundo ou terceiro maior escândalo da república que é a importação de médicos de Cuba para trabalhar em regime de escravidão no Brasil. Só este fato já daria um novo julgamento no STF, e eu esperaria que ele fosse “um ponto fora da curva” no sentido de condenar a presidenta a regime de trabalhos forçados, como o foram os pobres médicos cubanos. É a verdadeira revolução cubana: Restaurar o capitalismo vendendo uma mercadoria que os regimes civilizados já pararam há tempo, escravos.

Mas por hoje, fiquem com o texto do Puggina e o vídeo sobre o julgamento do mensalão. No fundo no fundo é tudo sobre o lulo/petismo, que inclue a Dilma, como um ponto bem dentro da curva.

“"Corrupção é uma bola de neve. Se começa a rolar, precisa aumentar." Charles Caleb Colton)

He is back! O maior julgamento da história retorna às telas com novo elenco, em versão revista e modificada. Onze homens e suas muitas sentenças. Não há quem desconheça o interesse de Lula, presidente de fato da República, de Dilma, a "presidenta" de direito, e do partido governante, em livrar da prisão os velhos companheiros e os parceiros já condenados pelo STF. A roda do tempo e do destino concedeu-lhes, para a fase de deliberação sobre os embargos interpostos pelos réus, a oportuna e estratégica possibilidade de prover duas vagas que se abriram no plenário daquela Corte.

Pois bem, se nada sei a respeito do ministro Teori Zavaski, um dos dois novos atores da novela, conheço muito bem o modo de agir do petismo. E o ministro Luís Roberto Barroso, por sua vez, cuidou pessoalmente, reiteradas vezes, de manifestar seus sentimentos em relação ao caso. Antes de iniciar a deliberação sobre os embargos, Barroso declarou que o julgamento fora "um ponto fora da curva" nas decisões do Supremo e que o STF havia "endurecido a jurisprudência". No primeiro dia, sem que ninguém lhe perguntasse, saiu declarando que o mensalão não fora "o maior caso de corrupção da história". Opa, foi sim, ministro! Pela gravidade foi, sim. Pelo fato de o governo haver comprado a dinheiro uma parte do parlamento, foi sim. Pelo fato de uma parte do parlamento se ter vendido ao governo, foi sim.

Nessa mesma ocasião, após dissertar, não sem razão, sobre os males da corrupção, o ministro Barroso condenou o modelo institucional brasileiro como causa principal das desgraças morais de nossa política. Tal afirmação poderia estabelecer um ponto a favor de sua excelência. Eu mesmo arranjei-me uma lesão por esforço repetitivo de tanto escrever sobre isso. Mas não é correto invocar os vícios do modelo institucional para diluir, para liquefazer, robustas e seriíssimas responsabilidades individuais. É o mesmo argumento, sem tirar nem pôr, que os petistas sacam do bolso sempre que necessário para defender os seus. E o fazem retornar cuidadosamente ao mesmo compartimento do casaco quando se referem, por exemplo, ao tucanoduto de PSDB mineiro, que está na fila para apreciação pelo STF. Tem razão o ministro. O sistema é corruptor, sim. De quem for corruptível.

Realmente não ficou bem para ele expressar por tantos modos certa indulgência em relação aos graves crimes cometidos por réus que são protegidos de quem o indicou ao cargo que agora ocupa no STF. Eis por que não hesito em afirmar que se as coisas andarem para onde parecem soprar os ventos do momento, se com a mudança de composição da corte o caso sofrer a reviravolta que aparentemente se desenha no horizonte, esta nova etapa do julgamento do mensalão poderá se converter no segundo maior escândalo de corrupção da história da República. Nem só de dinheiro se alimenta a bola de neve da corrupção.”



terça-feira, 27 de agosto de 2013

HOMOFOBIA: o gato escondido com o rabo de fora.




Por Carlos Sena (*)

Não se precisa ser Psicanalista, Psicólogo ou outro, para compreender a razão da homofobia. A vida está aí para todo mundo compreendê-la (ou não) em função de todo simbolismo que o existir nos proporciona. A palavra exata é mesma COMPREENDER. Porque só através da compreensão dos fatos é que podemos chegar a certo nível de liberação das nossas tensões acerca das atitudes humanas nem sempre “de acordo”, nem sempre “conforme”... O ser humano vive (queiramos ou não) ligado ao que se espera dele. É esta a essência do SER SOCIAL, ou seja, tanto ele tende a ser o que esperam que ele seja, quando ele também espera dentro de si que os outros também sejam como ele espera. A homofobia é um pouco disso, porque se assim não fosse estaria o ser humano metido na total irracionalidade. Porque a homofobia é um sentimento de quem se incomoda com a felicidade do outro. Isto mesmo. Só que uma felicidade heterodoxa, fora dos padrões normais de felicidade que nós, humanos estabelecemos. O primeiro ponto desse complexo sentimento é a complexidade do ato em si: ser ou não ser homossexual. O socialmente estabelecido é a relação heterossexual. Fora disso tudo o mais passa a ser condenável, pois irrompe os padrões estabelecidos pela sociedade cujos valores foram estabelecidos por “quem chegou primeiro”, digamos assim. Considerando que a média mundial de gays é de dez por cento, certamente o mundo foi aculturado e endoculturado por heteros. Isto não significou abolir sentimentos de amor e afeto pelo mesmo sexo, pelo contrário: levou as pessoas a praticarem essa alternativa afetiva “dentro dos armários”, dentro dos conventos, debaixo das pontes, nos guetos, ou mesmo à luz do dia correndo risco de morte, como temos visto ultimamente. Por isso, entendemos que a um Psicanalista ou a um Psicólogo lhes são cobradas as compreensões mais científicas da homofobia, mas, nós outros, poderemos com facilidade unir a simbologia HOMOFÓBICA e dela tirar as conclusões importantes para nossa particular compreensão. Afinal, quando um ser humano mata o outro por questões de homossexualidade não é difícil entender esse contexto. O homofóbico se vê no outro e sente que aquele “outro” é a plenitude do que ele gostaria de ser, mas não tem coragem. Ou tem coragem, mas não tem condições para tal, posto que ser gay, de fato, requer muita estrutura interior para suportar as “barras” de uma sociedade falso moralista. Matar um gay –  humilhá-lo, destruí-lo, expô-lo ao ridículo passa a ser questão apenas de oportunidade. Porque quando se faz isso com um gay é a si mesmo que está fazendo, embora nem sempre isso esteja, de fato, na consciência do homofóbico. Que outro motivo poderia ser senão esses? Ora, se alguém faz sexo com outrem do mesmo sexo, o que houver de bom ou de ruim não diz respeito a mais ninguém senão aos envolvidos, então qual o porquê de tanta violência? Sendo prático: quando passa um gay perto de uma roda de amigos, sempre tem um que chama os demais para ver “a bichinha passando”... Por que isso? Afinal, se há “bichinhas” passando certamente haverá mais mulheres chegando, ou não? Já essa mesma atitude dificilmente ocorre com mulheres! Parece mesmo que as mulheres são menos ligadas nessa questão de saber qual mulher gosta de outra. Não que não haja mulheres gays em quantidade. Mas é que elas parecem que são mais seguras de si do que os homens.

Portanto, compreender um comportamento homofóbico é compreender um “gay” em desespero consigo mesmo brigando contra a realidade que desfila aos seus olhos. Geralmente os homofóbicos são casados e tem filhos. Quando não fazem tudo para se sobressaírem junto aos amigos como PEGAGORES – aqueles que traçam todas as mulheres e que, ao menor comentário acerca de gays logo se insurgem: “se pudesse matava essa raça”. O que os homofóbicos esquecem é que há pessoas inteligentes convivendo com eles em volta e que, não raro, já tem a compreensão dessas atitudes. Dito diferente: os homofóbicos são gatos que se escondem e deixam “o rabo de fora”...

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(*) Publicado Recanto de Letras em 16/07/2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A semana - Sem médicos cubanos, mas, com muito caviar




Por Zé Carlos

Do filme desta semana, da UOL, que é abaixo colocado, podemos até rir da semana que passou. Mais uma vez, um episódio do sábado ficou para a próxima semana, embora ele não seja motivo de riso: A chegada dos médicos cubanos para o programa Mais Médicos, hoje tão comentado e discutido.

Eu não sou contra do programa em si, sou contra apenas a forma como ele foi implementado. Através de Medida Provisória, em resposta às manifestações de rua, e sem a devida transparência quanto à nacionalidade de médicos estrangeiros, no que se refere aos cubanos. Eu já tinha como certo, porque isto foi declarado pelo próprio governo brasileiro (ou porta voz), que a vinda de cubanos não era bem vista pelos mesmos motivos das críticas a ele hoje feitas: o caráter excepcional como Cuba lida com seus profissionais, do ponto de vista de nossa legislação.

Abriu-se a seleção, apareceram poucos médicos estrangeiros e brasileiros, e como num passe de mágica, e justificando-se por isto, se faz um convênio com a OPAS para que esta entidade fizesse a negociação com Cuba para vinda de médicos, como se os médicos cubanos já estivessem “encaixotados” nos aeroportos, e prontos para serem despachados em containers das mercadorias normais.

E foi o que eu vi, pela TV, um “bando” de gente com bandeiras cubanas e brasileiras, em jalecos brancos, quase com se tivessem a saído de caixotes, com um discurso afinado, dizendo que não estavam aqui por dinheiro, mas, para ajudar os brasileiros, inclusive a nossos próprios médicos que passaram, com esta atitude à condição de mercenários e sem amor a profissão, precisando de ajuda externa para que a saúde no país funcione. Parecia uma ópera bufa ensaiada em algum lugar em Havana tendo algum brasileiro do governo como diretor.

Eu já ouvi alguém falar, que quando esteve em Cuba, as pessoas lhe diziam, que para viver naquele país, precisavam de FÉ. Quando a pessoa já estava pronta para rezar com o declarante, estranhando que num país ateu isto fosse possível, aí vinha a explicação: FE = FAMÍLIA NO EXTERIOR. Lembrando disto eu penso que esta é a única oportunidade que tem os médicos cubanos para dar um melhor padrão de vida aos familiares que ficaram, compensando suas saudades.

Pensando bem, só seria cômico se não fosse trágico, e talvez mesmo não devesse constar de um filme de humor. E passemos ao nosso filme desta semana.

E, ao ver o Cid Gomes, tentando explicar o socialismo cearense, regado a caviar, escargot e lagosta, o riso começa a brotar. Ele já havia pago uma fortuna a Ivete Sangalo para embalar o povo cearense, e agora, para se integrar definitivamente à “esquerda caviar”, esta iguaria é servida como ova de peixe, que foi pego na Praia do Futuro. Então é também comida de pobre, embora não se veja nenhum nos palácios. Talvez, seja a filosofia, do Joãozinho Trinta, de que quem gosta de pobreza é intelectual, pobre gosta mesmo é de luxo. Como diz alguém no filme, já pensou se, nos coquiteis no palácio, fosse servida buchada de bode? O povo iria odiar. É de morrer de rir.

E o mensalão não sai de pauta. São quase 8 anos de idas e vindas e, pelo jeitão, ninguém vai para cadeia. É embargo para lá, embargo para cá. Xingamento entre juízes para lá, xingamento para cá, e justiça que é bom, ohhhhhh! Já está ficando monótono, e neste caso seria trágico se não fosse cômico. Infelizmente, o julgamento ainda vai ser motivo de muitas risadas. E o show agora tem dois novos atores (ministros). Dizem que eles ensaiaram bastante, para aparecer na TV. É uma boa novela. Eu só espero não ver a explosão de Dona Redonda, nestes tempos saramandáicos.

E agora virou moda invadir câmara de vereadores. Tenho medo que isto não se prolongue até a nossa Casa de Dantas Barreto. Eu não sei se haveria motivos para isto, a não ser por ser a casa do povo.

Fiquem com o roteiro dos produtores e vejam o filme abaixo para começar a semana com bom humor, se puderem.

“O Escuta Essa! desta semana mostra a polêmica criada após a divulgação de que o governo do Ceará contratou um buffet milionário mesmo diante da seca que o Estado vive. Além disso, a novela do mensalão e dos protestos pelo Brasil voltam a ser pauta. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, não se desculpou por ter dito na semana passada que o ministro Ricardo Lewandowski fazia chicana – termo usado para definir uma manobra jurídica para prolongar um julgamento. No Rio de Janeiro, a CPI dos Ônibus na Câmara de Vereadores teve muito tumulto. Os manifestantes protestavam contra a composição da comissão, de maioria governista.”


sábado, 24 de agosto de 2013

DO QUE ABUNDA




Por Carlos Sena (*)

Faz oito dias que escrevi acerca do ultimo pingo da cueca. Fiz isso porque já não aguentava o “reme-reme” do tema MAIS MÉDICOS e da invasão das ruas, ou mesmo da roubalheira dos políticos. Pois é. Pensei que ninguém me desse bola para saber do pingo da cueca – se é o ultimo ou o primeiro, e como se dá sua relação com a cueca. Pra minha surpresa vi uma entrevista na TV com um comediante brasileiro que compõe o CQC. Só me lembro da parte da entrevista em que o apresentador lhe perguntou: “o que lhe faz rir”. Ele disse na hora sem titubear: “O PEIDO”. Aí eu relaxei. Porque também acho que uma coisa que mais faz o povo rir é o peido. No meu interior pernambucano o Peido tem várias denominações para dizer a mesma coisa: bufa, vento, balançar a roseira, vudu, carniça, pum, além dos pudicamente corretos, embora eu, particularmente não goste: flatulências. Nem mesmo o designativo PUM me agrada. Tem coisas que a gente não se sente agraciado, como por exemplo: dizer que alguém soltou flatulências ou mesmo pum é mesmo uma bosta. É como dar uma topada e não chamar PORRA, ou um sonoro PUTA QUE PARIU! Eu nunca vi ninguém dar uma topada e chamar por nossa Senhora.

Parece mesmo que a vida privada tem muita relação com a própria privada. Senão vejamos: uma pessoa dá um peido no meio do povo e logo alguém diz: “vai se limpar que deve ter saído mera”; “vai pro banheiro”, etc. Porque de fato o banheiro é o local apropriado, mas, se alguém quiser saber se é mesmo chegue no banheiro e dê um peido pra você vê a reação de quem está por perto. O pior é que a gente, mesmo com o coitadinho do peido já na porta fica mesmo envergonhado de soltá-lo. Porque a gente tem medo de ele não ser silencioso e se for daquele meio falastrão então se cria um clima de riso ou de galhofagem. Certo dia num elevador lotado, eis que sai, de fininho, de baixo pra cima, um daqueles silenciosos brabos. Daqueles que mais parecem carniça de gambá. Uma pessoa não teve dúvidas e falou bem alto: “pediram um peido e mandaram um balaio de bosta”. Todos caíram numa risada só e, resultado? Todos tragaram aquele peido gasoso e logo ele (o peido) se dividiu entre os ocupantes do elevador. No rol desse tom meio blague, outro dia escutei uma piada meio remasterizada, mas interessante para o tema. Dentro do mesmo elevador eis que sai um pum daqueles meio estereofônicos. Um senhor de cara sisuda foi logo interpelar um rapaz que todos achavam ter sido ele o dono da proeza: “o senhor não tem vergonha de peidar na minha frente”? Desculpe, mas é que eu não sabia que era sua vez, respondeu o rapaz.

Como se vê, peido é mesmo motivo de riso. Conheço uma pessoa que não precisa nem do peido para rir. Na simples menção do nome “bufa” ela já fica sem se controlar de tanto rir. Foi por isso que, diante da resposta do comediante do CQC eu me remeti a essas tiradas que mais parecem “botadas” meio escatológicas peidianas, meio bufentas. Porque as histórias são todas meio hilárias posto que nós, pobres seres humanos, não nos reconhecemos possuidores do intestino. Se fosse possível ver por dentro as pessoas caminhando, seria por certo um espetáculo horroroso – algo como a gente vendo o intestino funcionando! E isso nos remete, naturalmente ao falso moralismo. De que forma? Todos cagam e peidam e se comportam como se isso só fosse coisa dos outros. Quem também gosta de peido e ri de sobra com eles são as crianças. Criança na banheira adora soltar peido e ficar rindo com os pais juntos dando “apoio moral”. Depois quando elas crescem aí vem o patrulhamento, nem sempre educativo, mas faz parte da trajetória do humano. Afinal, o peido antes de tudo é um forte. Ele é quem anuncia triunfalmente que “atrás vem gente”! Algumas vezes ele nos sacaneia. Quem um dia não deu um peido e veio outra coisa? Pois é: a gente sabe que não só são as pessoas que nos traem. O nosso Fiofó nem sempre nos é fiel.

O bom da vida é isso. É fazer do limão limonada. É encontrar na escatologia do nosso corpo motivos de rir e ser feliz. Algo como encontrar pérola na lata do lixo, ou tirar proveito de tudo de bom e de ruim que a vida nos proporciona. É, antes de tudo, viver com o humor em alta. E, humor em alta nos leva a rir de tudo, inclusive do peido, da bufa, do pum ou do nome que melhor lhe agrade. Eu gosto do peido. E você? Há quem não goste e deixa ele alí, preso, oprimido, em "dilúrio". Belo dia a tipa fina começa engolir a tripa grossa. Resultado: a tripa gaiteira dá um nó nas demais e o caba morre. Bem feito.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 13/07/2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Por que não um negro?




Por Zezinho de Caetés

Todos já sabemos a resposta à pergunta: “O que influenciará mais a próximas eleições para presidente?” Junto com aquele americano que respondeu a outro americano, eu responderia: “É a economia, estúpido!”.

Hoje ficamos todos de olhos abertos, com um sentimento dividido, procurando notícias sobre a economia brasileira, e fora a propaganda normal do governo, só vemos desastres. É o nível de emprego que baixa, é a inflação que sobe, é o real que baixa e o dólar que sobe, e por aí vai. A divisão do sentimento, para quem sabe que a situação que nos encontramos é culpa do que se fez com nossa economia nos últimos 4 anos por este governo petista e queremos nos ver livre dele, é que para que isto ocorrer mais celeremente a economia teria que piorar cada vez mais, e não podemos desejar isto para o nosso país.

Parece uma loucura quando ouvimos notícias como a que ouvi esta semana que nunca foi pior a criação de postos de trabalhos no mês de julho, por mais de 10 anos e de quando vemos o dólar mais alto que tivemos em muitos anos, e ficamos naquela indecisão se rimos ou se choramos.

Por um lado, pela queda do real em relação ao dólar, não ficamos muito tristes porque não queríamos viajar, como a classe média que só meu conterrâneo o Lula e sua criatura acham que está no paraíso. Ao mesmo tempo ficamos tristes porque não poderemos comprar aquele vinho chileno para o natal. E assim é a economia e seus mistérios, e está sendo o maior cabo eleitoral (apesar do Zé Serra) das oposições no Brasil. Ela tira de um e dá a outros como um Robin Hood às avessas, e faz uma redistribuição dos votos, grata ou ingrata.

E está perto, infelizmente, que os bolsistas familiares sintam no bolso o peso do que o PT está fazendo com nossa economia e que o está afetando para pior. Isto pode se ver pelas manifestações nas feiras livres e supermercados. Se as oposições conseguirem esclarecer que  tudo isto é culpa da Dilma e que tem os nove dedos do Lula, nenhum dos dois estará em Brasília em 2015. O que seria uma bênção para todos.

O nosso grande problema ainda é: Cadê nossas oposições? Marina esperando um partido. O Eduardo esperando o comando de Lula. O Aécio brigando com o Serra. E assim por diante. Espero que o Joaquim Barbosa ache que tudo isto não passe de uma grande chicana e se candidate para impedi-la como está fazendo o STF. Já tivemos um operário, já tivemos uma mulher e por que não  agora um negro? Dizem que o Lula o escolheu por sua cor, quem sabe não escolha outra vez?

Mas fiquem com um análise mais fria e calculista do Merval Pereira, cujo texto “O Fator Lula” publicado no Globo em 21/08/2013, trata também de todos estes tópicos, e é abaixo transcrito.

“A simples expectativa de que a economia piore com a possibilidade de a alta do dólar afetar ainda mais a inflação trouxe novamente à tona a pressão de grupos políticos e empresariais para que Lula venha a ser o candidato do PT em 2014.

Por enquanto não há, no entanto, maiores consequências decorrentes desse movimento, não apenas porque o próprio Lula não se mostra disposto a aceitar a nova missão, como também a recuperação da popularidade da presidente Dilma, embora pequena, permite que ela se mantenha como a candidata natural à reeleição, não havendo por ora qualquer indicação de que sua postulação está inviabilizada.

Ao contrário, continua liderando as pesquisas de opinião, embora mais vulnerável ao ataque dos adversários, notadamente a ex-ministra Marina Silva. Também agrada ao PSDB a recuperação de Dilma, que a recoloca no páreo, longe, porém, daquela situação em que todos consideravam praticamente certa sua reeleição, e afasta momentaneamente o fantasma de Lula.

Quem tem um problema a mais para tomar a decisão sobre o futuro é o ex-governador José Serra, que terá de fazê-lo sem ter certeza de qual será o movimento posterior de Lula. Além disso, agora Serra tem diante de si a possibilidade real de uma prévia interna.

Caso venha a ocorrer, a decisão de Lula de disputar só acontecerá próximo à data fatal, lá pelo final do primeiro semestre. Até lá haverá tempo suficiente para analisar a situação econômica do país e o balanço de forças partidárias. Mas o timing de Lula dependerá também da compatibilização com o tempo político do governador Eduardo Campos, que já está sendo pressionado a lançar-se candidato ainda este ano, com a devolução dos cargos no governo federal.

A possibilidade de ele vir a ser o real adversário da presidente Dilma no segundo turno já entra na análise de cenários de um banco como o JP Morgan, que o considera com mais chances de chegar ao segundo turno do que a ex-senadora Marina Silva ou o presidente do PSDB, Aécio Neves.

Por ser da base aliada do governo, de uma linhagem de esquerda tradicionalmente ligada ao ex-presidente Lula, o PSB poderia se tornar o escoadouro de votos de um eleitor descontente com o PT, mas disposto a votar em um projeto de esquerda moderna, que seria a base da campanha de Campos.

Ele uniria então a manutenção do projeto a uma visão de esquerda com a qualidade de gestão, que seria a base do projeto alternativo do PSDB, tendo à frente o senador Aécio Neves.

A base partidária do PSB, com seis governadores e 28 deputados federais, se não é comparável à do PSDB, que tem 8 governadores, entre eles, os de São Paulo e Minas Gerais, e as terceiras bancadas da Câmara e do Senado, é bem mais forte do que a da Rede Sustentabilidade de Marina, ainda dependendo de confirmação pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Alguns pontos do processo do mensalão provocam polêmica devido à complexidade do nosso sistema jurídico, mas há também boa dose de má-fé nas discussões.

O Supremo Tribunal Federal nunca tratou, por exemplo, de embargos infringentes em ação penal originária, como a do mensalão. Por isso a discussão neste momento, em que ministros entendem que eles são admissíveis, e outros, não.

Os embargos infringentes já analisados pelo STF são de outro tipo de ações. A Lei 8.038, que trata dos processos nos tribunais superiores, não trata dos embargos infringentes, o que é um argumento a favor da sua inadmissibilidade. No entanto, não trata também dos embargos de declaração, e o Supremo os está analisando, o que seria uma contradição.


A explicação estaria no fato de que os embargos de declaração não têm o poder de mudar os votos, e por isso o STF os acatou, para evitar que o acórdão tenha omissões ou obscuridades. No caso dos infringentes, como eles determinam novos julgamentos, sua admissibilidade é discutível, inaceitável mesmo para alguns.”

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O PINGO DA CUECA (Pra não falar de médicos nem de políticos)




Por Carlos Sena (*)

Pensei que o pingo fosse irmão gêmeo da cueca. Mas, não. Primeiro temos que saber qual é o pingo. Porque só é da cueca o ultimo pingo. Talvez o penúltimo, porque os homens não monitoram os pingos finais do seu xixi. Os homens casados tem seu xixi no geral monitorado pelas esposas. Até separações já houve por conta do pingo do xixi, principalmente aqueles que ficam na tampa do vazo sanitário e que tanto irritam as mulheres. Fato é que esses pingos respingam, inclusive nas relações, porque o dia-a-dia em suas dificuldades se agudiza com pequenas coisas como o pingo do xixi, toalha molhada na cama, pasta de dente retorcida, cueca no cantinho do banheiro, etc. Mas, hoje, motivado pelo depoimento de uma amiga que disse saber de uma separação por conta de pasta de dente retorcida, lembrei-me dele, do pingo. Da pinga também. Porque homem ou mulher pinguços são uma tortura para casamentos. Assim, pingo é pingo e não é letra. Mas é controvertido dizer que todo ultimo pingo cai sempre na cueca, porque tem homem que não usa cueca. A proposito, fiquei pensando na formação dessa palavra CUECA. Como terão se inspirado para constitui-la? No afã de desvendar esse mistério, construí a seguinte elucubração: CU+ECA! CU pelo óbvio e ECA porque a gente diante de um mau cheiro ou de uma cueca com “freio de bicicleta” geralmente faz cara feia e diz ECA! Pronto, falei.

Voltando ao pingo, ele é mesmo inevitável. Por mais que se rege o bigolinho, por mais que se enxugue, por mais quê, ele sempre deixa um finalzinho para não desagradar sua fiel companheira a cueca. Certa feita em um banheiro de aeroporto internacional, junto do mictório estava um dispositivo que liberava um papelzinho bem no formato de enxugar a glande, certamente para ver se contrariava a lógica dele, do pingo. Esse pingo eu não sei se ó  mesmo daquela loa comum no nordeste: “fulano dá nó até em pingo d’água” – pois é – esse pingo dificilmente se dobra, nem mesmo as esposas o dobram com os seus maridos. Assim, fico por aqui e vou correndo pro banheiro, pois o frio destas paragens está me dando vontade de verter xixi, o popular mijo que todos dizem na intimidade, mas na plateia falam urina ou xixi, ou “tirar água do joelho”... Mas, nesse caso, o menos importante é ignorar que o ultimo pingo cai sempre na cueca, porque ele, o pingo, não tá nem aí pra nós, mijões.

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(*) Publicado no Recando de Letras em 10/07/2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Os partidos políticos no Brasil e suas ideologias




Por Zezinho de Caetés

Hoje, no Brasil, todos são de esquerda, pelo menos se julgarmos a partir dos partidos políticos. Em se tratando de pessoas, só os menos cuidadosos, como eu, dizem que são de direita. Eu me sinto como o Collor em 1992: um homem só. E talvez, porque não havia encontrado o nome certo para minha ideologia política.

Hoje, depois que li o texto do Sandro Vaia (publicado no Blog do Nobla em 16/08/2013 como título de “Democracia: Por onde começa”) que transcrevo abaixo, agora direi, mais propriamente que sou um “liberal conservador”, mesmo que dispense o corte inglês.

O que vem a ser isto? Resumidamente é muito simples. Sou a favor do sistema capitalista, com os freios normais onde ele não pode gerar a eficiência econômica adequada. Por exemplo, não sou a favor de privatizar o STF de maneira formal, embora saiba que, pela experiência que estou vendo no julgamento do mensalão, ele já quase está privatizado pela sanha dos advogados e dos juízes chicaneiros.

Os freios que devem existir para conter os monopólios e oligopólios que só prejudicam o consumidor, através de agências reguladores fortes e independentes dos governos, não podem, também, de existir, no sistema capitalista que prezo.

O respeito ao meio ambiente gerado pela fatalidade de termos explorado mal nossos recursos naturais, embora, sem muitos exageros como querer que nossos rios só sirvam para índio pescar é outro ponto importante nele. E nem vou dar exemplo para não me alongar e nem me meter na questão da produtividade no campo, porque hoje o agronegócio é tão importante para o Brasil, que ninguém é capaz de tentar fazer reforma agrária, sem parecer ridículo.

Sou a favor que as pessoas recebam pelo que elas produzem, e pela proteção daqueles que não podem produzir de uma forma digna. Isto inclui crianças e incapazes. Os velhos, como eu, que já não produzem e foram imprudentes naquilo que ganharam devem receber algo, embora, não de um tanto que desestimule aqueles que estão em idade produtiva de poupar para velhice.

Isto tudo envolve o problema da desigualdade em termos de renda, que ninguém em sã consciência pode defender. O que defendo é a igualdade das oportunidades. E nisto a educação e a informação são fundamentais. O coletivo não pode ser responsável pela irresponsabilidade de alguns em não aproveitarem as oportunidades que lhes foram dadas. É apenas um papel do coletivo viabilizar estas oportunidades. E não me venham culpar a História por isto, porque temos que fazer a História ser melhor no futuro.

Uma coisa, para mim é certa, e por isso não sou petista, e acho que a ideologia política deste partido pode levar o país a miséria, é gerar expectativas de que a igualdade é possível para apenas se manter no poder político, deixando de lado a economia e os recursos escassos que são necessários para que exista esta igualdade. Sem um crescimento da produtividade que só os sistema capitalistas foram capazes de produzir, qualquer tentativa de “igualizar” as pessoas só pode ser feita por baixo, isto é, tornando todos pobres, o que será o futuro do nosso país, se o PT continuar reinando.

E, com estas ideias, eu concordo plenamente com o Sandro Vaia de que não há partido no Brasil que me represente. Urge o aparecimento de um partido liberal, ou conservador, como queiram, para canalizar os votos de pessoas como eu, que lutaram muito para sobreviver, às suas custas, e que hoje não tem para onde ir. Ficam em dúvida entre os partidos de esquerda e o voto em branco. Eu prefiro votar em branco do que me deitar na rede com Marina, ir atrás do caixote do neto de Arraes com chapéu de palha na cabeça, ou mesmo seguir o bom moço Aécio.

Enquanto não aparece um partido ou mesmo alguém com o meu perfil, eu fico criticando o PT, o que já virou o esporte nacional. Aproveitem para tirar suas dúvidas com o texto do jornalista, que, por hoje, já cansei, e vou assistir ao julgamento do mensalão, para ver qual o próximo palavrão a ser aplicado ao Lewandowski.

“O governo e os políticos entenderam mal . O que o povo pediu nas ruas não foi uma reforma política, mas uma reforma na política.

A observação, tão simples quanto sagaz, é de um tuiteiro.

Por isso, as sugestões de uma Constituinte exclusiva ou de um plebiscito sobre reforma foram desprezadas ou simplesmente ignoradas até pelos próprios aliados do governo.

A panaceia tem um vício de origem: não é isso o que o povo está querendo. O que o povo está querendo também é indefinível , volátil e subjetivo, mas envolve ética, eficiência, fim dos privilégios, fim da malversação dos recursos públicos - o óbvio,enfim.

Os partidos políticos, incluindo o mais organizado e o mais popular deles - o PT - não chegam, juntos, a somar 50% de aprovação popular.

No Brasil, não existe sequer o espectro tradicional da representação de princípios que constitui o perfil tradicional dos partidos das democracias maduras do Ocidente, e que Norberto Bobbio, em seu clássico trabalho, Esquerda & Direita (editor UNESP), definiu e classificou assim:

a) na extrema-esquerda estão os movimentos simultaneamente igualitários e autoritários, a exemplo do jacobinismo;

b) no centro-esquerda, doutrinas e movimentos simultaneamente igualitários e libertários (o que ele chama de “socialismo liberal”), a exemplo dos partidos social-democratas;

c) no centro-direita, doutrinas e movimentos simultaneamente libertários e inigualitários, a exemplo dos partidos conservadores, “que se distinguem das direitas reacionárias por sua fidelidade ao método democrático”; e

d) na extrema-direita, doutrinas e movimentos antiliberais e antiigualitários, a exemplo do nazi-fascismo.

Aqui estamos ainda nos aspectos primitivos desse debate elementar: um partido social-democrata como o PSDB é definido na discussão ideológica pedestre que as redes sociais amplificam como “de direita” e “fascista”. O PT, um partido de prática social democrática, é confundido com um partido revolucionário, ainda que algumas de suas facções militantes se considerem, com um certo orgulho, como tal.

O fato é que essa radicalização provocada pela pura ignorância política e possivelmente pelas sequelas dos 20 anos de ditadura militar, que interditaram a existência de um partido forte e consistente do que Bobbio definia como “centro-direita”, provocaram um estranho fenômeno que consiste no seguinte: provavelmente o conjunto do pensamento majoritário da sociedade brasileira- que é uma espécie de liberalismo conservador (de corte inglês) não tem representação no Brasil.

Todos os partidos aqui são de esquerda, ou querem ser, ou imitam, ou fingem que são, porque têm medo de defender publicamente opiniões contrárias. O único que pretendia isso- o DEM - cometeu hara-kiri publico moral ou conceitual e dissolveu-se politicamente.


Começa por aí: sem partidos consistentes não há representatividade e sem representatividade não há democracia.”

terça-feira, 20 de agosto de 2013

MÉDICOS, de novo a cantilena.




Por Carlos Sena (*)

O Conselho Federal de Medicina - CFM, desde que o governo tenta resolver o problema da falta de médico, tem se pronunciado feito a cantiga da perua: “é de pior a pior”, ou seja, nada agrada ao conselho nesse quesito. Porque qualquer coisa que venha mexer nesse feudo em que se constituiu a medicina no Brasil não será do agrado desse órgão classista. Até é compreensível esse papel do CFM, porque, afinal, ele existe pra isso mesmo. Ou não? O que não se consegue entender nessa discussão é que se quer fazer a população engolir de goela abaixo que temos médicos de sobra. Mentira. Não só o conselho sabe disto como também os sindicatos e os próprios médicos e estudantes, porque de uma coisa temos que reconhecer: a categoria pode até ser metida a “deus”, pode até cometer sérios erros de diagnóstico e de prática (como em toda profissão), mas que não tem ninguém burro nem bobo muito menos ingênuo isso não tem. O grande problema de boa parte dos médicos está na história do médico e da medicina que sempre foi coisa de elite profissional em que pelo fato de se formar médico já se concedia aos postulantes a pecha de melhor que os outros, de mais brilhantes, de mais perto de “deus” do que os outros pobres que, por diversos motivos, inclusive de vocação não optaram por ser médico. Claro que um bom médico tem tudo para ser mesmo confundido pelos menos imiscuídos na categoria, algo como “divino e maravilhoso”. Pasmem: eu também acho isso, porque não é fácil você chegar meio morto e ser, literalmente salvo por um médico atencioso, discreto, competente e que não tenha dentro de si o sentimento mercantilista tão comum em boa parte de jovens médicos.

Talvez o que esteja engasgando o conselho e boa parte dos médicos seja mesmo o sentimento de que o governo está do lado dos pacientes sem ficar contra os médicos; que a população está compreendendo que esse mesmo governo não está jogando para a plateia. Porque o discurso das condições precárias da rede é furado, considerando que o foco maior não é na média nem na alta complexidade, mas na atenção básica à saúde – essa que tem condições de evitar que crianças morram de desnutrição, de diarreia, de verminoses, e assemelhados. E as condições de se fazer boa medicina nessa atenção básica não são coisas de tecnologia sofisticada, como se quer passar para a população. O Conselho e seus associados não dizem que o governo está gastando bilhões de reais recuperando as UBS – unidades básicas de saúde; não diz também que os médicos do exterior só virão se os nossos não completarem as vagas em regiões pobres deste país e de alta vulnerabilidade social; não diz também que a entrada dos médicos que quiserem vir está totalmente monitorada pelas universidades e que quem vier terá que cumprir um ritual de formalidades, inclusive aprendendo noções básicas de português e ainda fazendo um curso de especialização como condição para isto, dentre outros. Mas, mesmo que o governo ofereça o céu, a categoria iria querer outro céu e, certamente, o inferno que é ver o nosso povo morrendo por fata de atenção lá nas nossas “brenhas” seria o nosso quinhão na condição de mortais que somos – diferente deles (médicos) que se iludem pensando que são divindades.

Já está definido: o governo não abrirá mão de sua politica ousada de mudar o perfil epidemiológico das nossas regiões que ainda hoje seus habitantes vivem morrendo de doenças que o mundo civilizado já se livrou delas. Afinal, se “todo artista tem que ir onde o povo está”, por que os médicos não poderão ir onde os doentes estão? Porque o juramento de Hipócrates de há muito já desceu pelo ralo, mas o sentimento de salvar vidas é o único preceito vivo que deve nortear essa profissão belíssima tão minada em seus princípios pelo mercantilismo da sociedade de consumo.

Concluo essa prosa eivada de sentimento cidadão e distante de partidarismos politico-ideológicos. Porque quando entra em cena a vida de pessoas, tripudiar em cima delas é desconhecer que um dia o jogo pode virar e um médico ser vitima de seus próprios colegas que, não raro, só vêm grana, bufunfa, dinheiro, arame, ou que nome tenha. Repito: há inúmeras exceções, inclusive de conterrâneos-irmãos que se portam como médicos vocacionados sem abrir mão de uma recompensa financeira à altura dos seus talentos... E, finalmente, não nutro nenhum despeito porque não sou médico, Na minha área de conhecimento me firmei financeira e tecnicamente, sem perder o sentimento do mundo e de amor aos que a sorte lhes deu o desatino de nascer miserável nesse país tão desigual. Concluo: o Revalida deveria ser para todos os médicos tal qual a OAB faz com os advogados. Se isso um dia acontecer, então a porca vai torcer o rabo, porque eu já soube de relato de médico receitando remédio para escabiose via oral e se não fosse o farmacêutico o paciente tinha morrido, dentre outros casos que por aí ficam na clandestinidade da informação...

PS.: Há medicação para escabiose via oral, mas não foi o caso... Eu mesmo inclusive já fui receitado por um médico que passou uma medicação que já estava fora do mercado há anos. Mas, também já fui a médicos primorosos, atenciosos e competentes. Por isso, nesta hora, calma nunca será demais.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 09/07/2013

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A semana - Rir é o melhor remédio, sem chicanear.




Por Zé Carlos

O filme da UOL que resume a semana que passou, não poderia deixar de tocar na briga, quase de rua, entre o Joaquim Barbosa e o Lewandowski. Nem uso os títulos funcionais porque acho que o que o filme contêm a respeito deles, quase não se refere a ministros de nossa Suprema Corte. Eu acompanhei com a atenção de um cidadão brasileiro todo o julgamento do mensalão e até li alguns livros sobre ele. Pude acompanhar a eterna querela entre estes dois ministros que, para mim, passaram a representar o desejo excessivo de punir (o Joaquim Barbosa) e o desejo excessivo de não punir (o Lewandowski).

Desde o primeiro momento, o Joaquim Barbosa, como relator do processo, procura, a todo custo, condenar todo mundo e depois tenta soprar as feridas, e o Lewandowski faz todos os esforços possíveis para que o processo se arraste por quase toda a eternidade, e quando menos se espera, ele começa a dar celeridade a ele, como num passe de mágica.

Para mim, leigo de pai e mãe neste matéria de júri e de processos, porque minha única experiência disto foi, quando jovem, lá em Bom Conselho, ir à prefeitura, lá na Praça Lívio Machado, para ver os trejeitos do professor Arlindo nos júris que ali se realizavam, e me deliciar com a oratória dos advogados, penso que ambos estão cobertos de razão em defender cada um o seu ponto de vista, exercendo seus direitos de se expressarem mas, fazendo “um ponto fora da curva” no que se pode chamar de justiça humana.

Ficam tão evidentes o “partidarismo” de ambos, e seus objetivos, um de condenar e outro de inocentar, um correndo demais e outro parando demais, que nossa sorte é porque há 11 pessoas envolvidas e delas é que deverá vir uma decisão mais equilibrada. Eu penso, com os meus parcos recursos, que depois de seis anos de andamento do processo e um de julgamento, o que seria mais sensato seria que o resultado fosse mantido como já foi oficialmente publicado. Penso que alguém errou e alguém tem que pagar pelo erro e isto já foi tão discutido que, alegar agora, como fez um dos citados, perguntando “por que a pressa?” soa como um deboche aos ouvidos do cidadão.

E nesta época de hipersensibilidade social e política a tentativa de não terminar o julgamento através de chicanas (coisa de advogados mas não de juízes) pode ser até perigoso para nossa paz social. Será difícil para qualquer um cidadão brasileiro que se interesse pelo menos um pouco pela o futuro do Brasil, ver que por alguns comportamentos de nossos magistrados fiquemos  sem julgar pelo poder que têm os julgados. Se justiça tardia não é justiça, imaginem a que nunca é feita.

Então, não nos resta a nós pobres mortais e quase sem poderes nada na nãoser rir com o filme que trata do caso, sem pressa e nem chicanas.

O outro assunto do filme é mais hilariante. Ele trata de um tema que é inusitado porque é sobre algo que é um segredo de justiça e que parece, só a justiça não sabe a respeito. A acusação da formação de cartel por parte de empresas para ganharem concorrência de forma não legal, em alguns estados, com a promessa de se espraiar por outras esferas de governo é sui generis porque o mais ilustre dos acusados já está morto, e como tal, não pode responder mais pelos seus atos, o Mários Covas. Sobrou também para os vivos, no bom sentido, José Serra e Alckmim, também ex-governadores paulistas, e que vivem agora tentando dar explicações sobre o que, oficialmente, é sigiloso.

O que faz do tema um assunto para um filme de humor são mais os trejeitos dos envolvidos nas explicações, do que a mais importante causo do fato: começou a campanha política, e com ela os horrores e suplícios pelos quais passa a Verdade. Então não tem jeito: Rir é o melhor remédio.

Agora, como dizem, venhamos e convenhamos, o melhor do filme mesmo é a última parte, que explora o fato do José Serra querer ainda se candidatar a alguma coisa, e talvez ainda à presidência da república. Eu, que um dia fui economista e admirei o Serra como tal, e votando nele, mesmo discordando um pouco dele ali e acolá, hoje o vejo também como alguém que já faz rir quando fala de intentos em se candidatar a alguma coisa, pelo seu histórico na área. Eu nunca fui um político porque jamais saberia pedir o voto de alguém, já outros como Serra, hoje me levam ao riso pela capacidade em não poder viver sem pedir votos. Penso que há um limite para se parar, e chega o momento, caso não haja jeito mesmo, que se faça isto pedindo os votos para Academia Brasileira de Letras ou para ser o síndico do condomínio.

E fiquem abaixo com o roteiro do filme feito pelos produtores e vejam logo abaixo o filme em si. Se não conseguirem rir não façam chicanas, porque na próxima semana tem mais.

“O julgamento do mensalão voltou! E com ele os arranca-rabos entre os ministros Joaquim Barbosa, o Batman brasileiro, e sua principal vítima, Ricardo Lewandowski. Desta vez, Barbosa rodou a chicana e acusou o colega de fazer baiana... Ops! Rodou a baiana e acusou o colega de fazer chicana, isto é, de atrapalhar o andamento do julgamento. A semana também foi marcada por protestos contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que disse que o Estado é vítima do cartel do Metrô, e por José Serra anunciando que será, acreditem, candidato a alguma coisa em 2014.”


sábado, 17 de agosto de 2013

CHAPINHA




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Grande menina, dizia Nilo quando a via chegando ao Savoy na sexta à noite e na manhã do sábado. Vinha sorridente. Contente com a vida. Vestida ora com saia florida e blusa branca, ora com uma calça azul no corpo modelando o corpo moreno. Cabelos escorridos sustentava uma flor rosa, prendida por bilirios. Olhos castanhos inebriavam todos com o seu olhar provocante. Colar de pedras multicores no pescoço descendo até os seios, blindados por um sutiã preto. No braço uma pulseira colada do seu time de coração o SPORT, o que muitas vezes ouvia gracinha dos torcedores dos outros clubes.  De mesa em mesa, recebia proposta indecorosas, pelos mais ousados, dizia ela, sorrindo. Não dou bola para nenhum de vocês, pois tenho namoro fixo e ele pretende se casar comigo.

A sua visita era esperada pelo que ela oferecia – bolinhos de bacalhau – uma delicia. Dizia Chapinha que era a sua mãe que fazia, para completar a renda da família, pois, o pai era zelador e ganhava apenas um salário mínimo. Morava na Imbiribeira junto com dois irmãos pequeno, o Gabriel e Miguel, dois anjos, dizia. Os garçons do Savoy e de outros bares no centro do Recife, não gostavam quando ela chegava, tentava enxota-la das mesas, o que ela fazia com muita graça, soltando beijos para o Careca, Egidio, Luiz e Índio, ficava em pé e nós íamos até ela e trazia para a mesa os deliciosos bolinhos de bacalhau.


Encontro Chapinha já de idade no Shopping Boa Vista. Bem vestida e como sempre bem enfeitada, de colar, pulseira, brincos, anéis e um bonito relógio no pulso.  Reconhece-me ao passar por ela em uma das alas do Shopping.  Você não é Taveira que frequentava o Savoy? Claro que sou Eu, respondi. Não me esta reconhecendo? É claro estou velha! Se fosse naquele tempo você me reconheceria logo, não é? Vamos tomar um chope com “bolinhos de bacalhau”? Comecei a rir. Era a Chapinha que ali estava garbosamente vestida. Como o tempo passa rápido. Ela sorrindo lembrava de vez em quando nas horas de descanso a sua vida percorrendo os bares do centro do Recife - como era bom aquele tempo! Muitas das vezes em casa sinto saudades das “cantadas” que ouvia e dispensava eu levava na brincadeira aquela ousadia. Não levava a mal estes gracejos, caso contrario perdia a freguesia, e o meu ganha pão. Mas tudo passa na vida! Cada um com o tempo foi tomando rumo na vida. Eu por exemplo casei-me e me dei bem. Pude ajudar a minha família naquela época. O meu marido que faleceu há dois anos foi um bom marido. Encontrei em uma das minhas andanças vendendo o “Bolinho” e ele enamorou-se de mim. Era um belo rapagão português, o Joaquim. De inicio não dei muita bola. O meu namorado acabou o namoro. Sofri um pouco, mas não desanimei e o trabalho me dava o esquecimento. Num dia de sexta à noite, passando pelo Bar da Portuguesa, na Rua Diário de Pernambuco, conheci o Joaquim sentado em uma mesa no fundo do bar. Comprou alguns bolinhos que coloquei em pratinho em cima da mesa e, engracei-me dele. Pagou e disse – gostei de você, quer namorar comigo? Não sei por que dei o meu endereço, nunca tinha dado a mínguem. Num domingo a tarde ele chegou a minha porta. Bateu e minha mãe foi lhe atender. Viu aquele rapaz bem afeiçoado e perguntou – o que deseja seu moço? – Boa tarde! Saudando a senhora que lhe atendia e perguntou por uma moça chamada Chapinha. A minha mãe não sabia deste apelido que tinha adquirido na rua e disse – não tem nenhuma Chapinha aqui, seu moço! O senhor está enganado. Eu tenho uma filha que se chama Sandra, e nos a tratamos como Sandrinha. Nesta ocasião eu vinha chegando a casa.  E o reconheci de logo na chegada. Ele me reconheceu e disse para mamãe – é Ela! Minha mãe olhou para mim e disse – onde tu arranjaste este nome? Foi vendendo bolinhos que me chamaram de Chapinha e o apelido pegou e todo mundo onde vendo o “bolinho de bacalhau” me conhece por este nome. Não é que o desgraçado do português, disse – quero falar sério com você. Minha mãe coçou o queixo e passou a mão no cabelo, já pensando em alguma presepada que tinha acontecido na rua. Ficou olhando e disse – entre seu moço, o sol esta muito quente! Ele entrou e foi logo ao assunto – Quero namorar com você para em pouco tempo nos casarmos – Eu fiquei eletrizada com aquela declaração. Não sabia se ria ou se chorava em uma tarde de domingo. Fiquei paralisada ali em pé, tomando consciência do que estava acontecendo. Um cara que nunca vi, vem com esta “lorota” de casamento. Pensei - onde já se viu mulher que percorre bares ter esta proposta. Na certa queria se aproveitar de mim. Disse – vou pensar no assunto e depois darei a resposta. Ele saiu, beijando a minha mão. Fiquei vermelha porque nunca ninguém fez este gesto. Na semana seguinte continuei a vender os meus bolinhos de bacalhau, e não mais vi o Joaquim, português da cidade do Porto. No domingo seguinte, lá estava ele na minha porta. Sorridente veio ver a minha princesa. Eu pensei – este português esta doido varrido ou eu não sei o que fazer. Para diminuir nossa conversa aceitei o namoro e dentro de três meses nos casamos e fomos morar em Portugal, em uma bela casa na cidade de Porto. Ele era um comerciante que tinha vindo passar alguns dias aqui em Recife. Ai meu querido, me dei bem! Pude ajudar os meus familiares e dei uma vida mais tranquila. E aqui estou, devo voltar nos próximos dias. Quinho venha aqui, chamou o filho que estava escolhendo um sapato na Esposende. Se algum daqueles rapazes estiverem vivo dê lembranças da Chapinha que agora é “portuguesa com certeza”. Riu dando um abraço de despedida.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Todo homem tem seu preço?




Por Carlos Sena (*)

Acho mesmo que o homem é suas possibilidades; que a maioria deles tem seu preço; que  muitos são os que, diante de deslizes de outrem, metem o pau, julgam e condenam como se exemplos fossem de alguma coisa ou de algum modo de vida. Acho, inclusive, e com muita consciência de que “nada é mais conservador do que um liberal no poder”... E o poder é o que mais tem corrompido os seres humanos, principalmente aqueles que nunca o ocuparam e que, quando ocupam, sentem-se deuses. Isto nos diversos níveis de poderes, inclusive nos poderes supostamente robustos do amor e do afeto. Por isto, não duvido que o homem seja as suas possibilidades. Como não duvido que ele tenha seu preço. Com isso, julgar se torna complexo e por demais perigoso. Quem julga dificilmente não procede aos julgamentos utilizando seus próprios parâmetros.

As redes sociais têm nos dados subliminares lições: diante de um mesmo fato, logo aparecem diversas versões para o mesmo, principalmente nas legendas de fotos de políticos envolvidos com falcatruas. Muitas vezes ficamos de boca aberta diante de uma pessoa em quem votamos e que a mídia nos mostra que ela está envolvida em roubalheiras. A gente fica bege. Logo desperta-nos uma tendência a julgar e condenar, o que não significa que estejamos errados. Mas, sobremaneira, nosso “juiz” interior se acende. Até aí tudo bem, porque nos é dado como eleitor essa condição de também meter o "pau". O que nos dói nesses processos é que não raro a gente vê outros igualmente se indignarem, mas quando ocupam posições politicas fazem pior. Ou não? Ou são as circunstâncias? - Muitos que participam das farras dos políticos corruptos não concordam quando dizemos que eles são ladrões.

Delineia-se, como vemos um corolário de questionamentos intersubjetivos que nos deixam zonzos – porque as verdades quando se misturam às mentiras nos deixam assim: zonzos. Algo como a “mentira muitas vezes repetida se torna verdade”... Mas, a verdade é meio que uma linha reta e a mentira uma linha ondulada que lhe entremeia. No horizonte a linha reta da verdade seguirá incólume e a da mentira será sucumbida. É um pouco dessa “confusão” os dias de hoje tão cheios de informações contraditórias nos diversos meios e veículos de comunicação sociais.

No retorno à lógica do preço dos homens e das suas possibilidades acho mesmo que só o caráter das pessoas pode fazer a diferença. Caráter que se consolida na formação da família a quem competirá o estabelecimento de valores sólidos capazes de nos frear diante de algum preço que nos ofertem. Caráter que nos proporcione a certeza de que as nossas circunstancias são a fonte da nossa razão e que sem ela – a razão – a gente não subsiste diante da família e dos amigos. Mas, há aqueles que não comungam dessa premissa e se vendem, se permitem às negociatas e às possibilidades nem sempre probas. Neste contexto a vaidade vai ao cume e muitos, diante das benesses que o poder geralmente proporciona vendem até a mãe pra se manter no poder. Mesmo o espúrio – porque o poder quando se inocula nalguns cidadãos tal qual um vírus potente, o que menos passa a lhes importar é a ética e os valores e o respeito às relações sociais... A retórica passa a se impor como produto de consumo deles e a tergiversação passam a compor o quadro do cinismo de muitos que imaginam ser o céu o seu limite para suas vaidades... Por isso fica difícil julgar e condenar, mesmo a esses que a gente gostaria mesmo de vê-los na cadeia. Porque as verdades que a gente precisava saber para se garantir disso não nos chega como deveriam... Julgar, então, incorreria no “não julgueis para não serdes julgados”... Ou não?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 06/07/2013