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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Tenham todos um Feliz Ano Novo. Será isto possível?




Hoje é, para nós, o último dia do ano, porque amanhã é sábado e jamais parafrasearia o Vinícius aqui dizendo que “amanhã é sábado e os bares estarão cheios de homens vazios, porque será um sábado”, o último dia de 2016.

Alguns dizem que este ano não terminará nunca pelas mazelas que ele trouxe, por obra e graça do PT e alguns dos seus maus brasileiros. Diríamos que não foi 2016 somente o culpado, e sim o conjunto da obra petista que se arrasta desde 2003, ano em que meu conterrâneo Lula começou a construir a história do maior suborno do mundo.

E, se pensarmos otimisticamente, como eu sempre faço, veremos que pelo menos uma coisa deu certo neste ano: A Operação Lava Jato. Triste do país em que a única coisa que dá certo é uma operação policial. E o Brasil foi este país em 2016, e talvez continue sendo por alguns anos mais. Afinal de contas, o chefe ainda está solto.

No entanto, seguindo o ritmo natural das coisas, resolvemos terminar o ano, transcrevendo um texto de adeus temporário do imortal Merval Pereira que saiu hoje no O Globo com o título de “A mãe de todas as delações”.

Leiam e vejam como mentem os bandidos ricos e, pelo preconceito, dizemos que é impossível eles mentirem. O caso do Marcelo Odebrecht é exemplar, e é citado abaixo. Aquele pimpolho sarado, quando foi preso, parecia um anjo de candura, e quem o assistiu numa destas CPIs da vida, até poderia chorar e jurar pela sua inocência. Ledo engano. O cara quase destruiu a república subornando e roubando descaradamente do setor público.

E seu pai, o Emílio, quem me faz lembrar o livro onde aprendi a ler, as Lições do Tio Emílio, passou o tempo todo dizendo que o filho era um bom menino, que tomava o engrossante todinho, e dormia muito bem com uma chupetinha de ouro.

E agora tenho que parar porque já estou ficando sensível quando lembro que o Lula também diz que é um anjo de candura. Me engana que eu gosto.

Repito as palavras finais do Merval, sem nenhuma pretensão de que estes narizes de cera formam uma coluna:

“A coluna volta a ser publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.
Feliz 2017 a todos, apesar dos pesares.”

“Emílio admitiu o que  já  se  supunha, mas não estava provado: as decisões do cartel eram  tomadas diretamente pelos controladores das empreiteiras, e os executivos que estão presos ou denunciados eram apenas a parte mais visível da operação.

Devido aos detalhes que ele revelou aos procuradores de Curitiba, vários, se não todos os controladores das empreiteiras que até agora estavam fora das investigações oficiais da Operação Lava  Jato, apresentaram-se espontaneamente em Curitiba para depor, cientes de que já não era mais possível esconder suas participações diretas no esquema de corrupção.

O cartel,  formado pelas empreiteiras Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Andrade Guttierrez Mendes Júnior, OAS, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, e Galvão Engenharia, teve todos seus principais executivos presos ou  já condenados, mas nenhum dos controladores, à exceção de Emílio Odebrecht e  seu  filho Marcelo, aparecera até agora entre os  investigados, o que não significa que não o estivessem sendo.

Mas, depois que correu no meio jurídico e empresarial a informação de que Emílio havia aberto a atuação dos controladores das empresas nas decisões cruciais, eles passaram a procurar Curitiba para evitar uma prisão ou no mínimo uma condução coercitiva.

Um empresário de peso  à  época do  esquema de corrupção que tomara essa decisão  foi Eike Batista, que se apresentou espontaneamente  aos procuradores de Curitiba para contar sua versão  dos  fatos  de sua relação com a Petrobras e com outras estatais.

Não  houvesse  já provas cabais de que o instrumento da colaboração premiada fora  excepcionalmente  eficiente  no desvendar do esquema de corrupção, no caso específico da família Odebrecht  ela foi decisiva.

No  início,  mesmo depois de preso, Marcelo Odebrecht dizia que não tinha nada a delatar,  criticando quem o fizera, classificando-os de "dedo duro". Ficou  famoso seu  depoimento  à CPI  da  Petrobras quando ele disse que, em  sua casa, era capaz de punir mais gravemente um filho que dedurasse o outro por um malfeito, revelando sua visão distorcida de mundo a respeito do que era a delação premiada.

Numa contradição em termos, ele, e  também seu pai Emílio, viviam apontando que seus "valores morais" os impediam de fazer delações. Ao verificar que não havia saída, e que provavelmente perderia a empresa, se insistisse nessa falsa posição de inocência, o próprio Emílio Odebrecht ofereceu-se para fazer uma delação premiada, a fim de levar seu filho a acompanhá-lo.

Seguiram  todos os rituais previstos nos acordos,  inclusive a publicação de um anúncio nos principais jornais do país pedindo desculpas por "práticas  impróprias", como  já  fizera a Andrade Gutierrez, do empresário Sérgio Andrade, que admitiu "erros graves".

Hoje, depois que os 77 executivos da Odebrecht fizeram suas delações, Emílio usará tornozeleira eletrônica e seu filho Marcelo ficará na cadeia por mais algum tempo até poder ir para casa em prisão domiciliar. Os demais controladores das empreiteiras começarão agora a pagar suas dívidas com a Justiça.

A coluna volta a ser publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.


Feliz 2017 a todos, apesar dos pesares.”

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O Estado inútil




Por Zezinho de Caetés

Continuando meu sofrido semi recesso, hoje descobri que “A gente somos inútil”, que é o título do texto do Carlos Alberto Sardenberg, no O Globo, que transcrevo abaixo. O que ele diz pode ser resumido assim: Não podemos mais conviver com uma legislação trabalhista fascista como a nossa, que é do ditador Getúlio Vargas, o imitador mirim do Benito Mussolini.

Já chegou a hora da classe trabalhadora brasileira deixar os pelegos sindicais que a dirigem e partir para negociação com os patrões. E até agora só posso dizer: Viva o Temer, apesar dos pesares, que está tentando meter o dedo nesta ferida braba. Mas, sabendo o Congresso que temos teremos muita luta pela frente.

Leiam o Sardenberg e descubram porque achamos que hoje além de privilegiarmos o Estado para resolver tudo, e ver no que deu, ainda resistimos a crer que é o Estado que é inútil, pelo menos neste caso.

“Acontecem situações assim: os trabalhadores perdem horas no transporte público. A empresa resolve oferecer o conhecido fretado. O trabalhador chega a tempo e mais disposto.

Acontece em seguida: trabalhadores demitidos pedem nas indenizações as horas extras passadas nos fretados. Alegam que estão à disposição da empresa desde o momento em que apanham o ônibus, logo, é hora extra, dormindo.

Outra situação: a empresa resolve oferecer um café da manhã. Claro que o sujeito, para pegar o lanchão, tem que chegar meia hora antes de bater o ponto. É optativo, o funcionário pode comer em casa. Mas não. Em qualquer conflito, o trabalhador alega que a hora do lanche matinal é hora extra.

A tese, claro, é invenção de advogados trabalhistas. É argumento jurídico, sustentam, mas, vamos falar francamente: é um truque que não resiste ao bom senso.

Mas o leitor já desconfia. Não raro, a tese vence na Justiça do Trabalho. E quando esse tipo de processo começa a prosperar, a empresa resolve cancelar o fretado e o café da manhã.

Aí voltam os advogados para dizer que o benefício não pode mais ser retirado, porque já havia se incorporado aos vencimentos. Fica, pois, a empresa obrigada a oferecer o fretado e o lanche e a pagar horas extras nos dois casos.

Que os advogados formulem essas teses, vá lá, é da profissão, embora não pareça, digamos, ético.

Mas por que muitos juízes concedem as vantagens?

Aqui é mais ideologia. A seguinte: o papel do juiz não é interpretar e aplicar a lei, mas fazer justiça. E quem decide onde está a justiça? O juiz, claro. Mas se ele não precisa e não deve, alegam, observar a letra e o espírito da lei, a decisão torna-se subjetiva. Com critério: a decisão a favor do suposto mais fraco.

Quem é o mais fraco? O empregado, o segurado de um plano de saúde, o cidadão comum que demanda contra o banco ou qualquer grande empresa. Resumindo: qualquer demanda contra o capital é boa.

Em debates, já dividi mesas com juízes que garantiam: “Toda vez que tenho um caso entre o segurado e o plano de saúde, eu decido a favor do segurado, não importa se o procedimento está ou não está previsto no contrato; a vida não tem preço”.

Ora, a vida tem preço: quanto custa uma sala de UTI? Médicos e enfermeiros não trabalham de graça. O remédio custa dinheiro, mesmo sendo fornecido pelo Estado.

Neste caso, o juiz está apenas transferindo a conta para outras pessoas — outros segurados do plano, cujo preço sobe, ou os contribuintes, que pagam um pouco mais de imposto. Ou pacientes do SUS que ficam sem o seu medicamento porque o dinheiro foi aplicado em outros procedimentos mais caros, por decisão judicial.

Instala-se a confusão, e tudo funciona mal. Empresas não concedem benefícios porque estes podem gerar custos trabalhistas. A Justiça do Trabalho fica entupida com três milhões de processos por ano, gerando custos para o contribuinte (na forma de impostos para sustentar a instituição), para as empresas e para os trabalhadores.

Por trás de tudo, há uma visão autoritária, pela qual o Estado tem que tomar conta e proteger o trabalhador, o cidadão comum, ambos considerados incapazes. Isso é cultural.

O caso da Justiça do Trabalho é o mais evidente. E ali está também a evidência do equívoco. Leis e contratos existem para que a justiça seja feita de modo tão objetivo quanto possível. Está suposto que o legislador escreve leis para regular e organizar as relações sociais e os direitos individuais. Sempre há situações em que o juiz tem que interpretar qual lei e como se aplica ali.

Mas se o juiz entende que não precisa da lei para fazer justiça, instala-se a insegurança jurídica para todos — o que atrasa o país e trava negócios.

A ideia de que o trabalhador é incapaz de saber quais são seus direitos faz parte dessa visão autoritária. Assim como, por exemplo, a ideia de que o governo é que deve administrar a poupança do trabalhador, caso óbvio do FGTS. O dinheiro é da pessoa, mas quem dá a taxa de correção e decide sobre a aplicação são os tecnocratas e os políticos.

Aliás, basta ver a situação do FGTS para se verificar que o Estado é justamente o mais incompetente para gerir essas contas. Para não dizer corrupto.

Também faz parte dessa visão autoritária a lei que proibia que comerciantes e fregueses negociassem. O preço deveria ser sempre o mesmo, quer o pagamento fosse em dinheiro ou cartão, à vista ou dez vezes. Uma estupidez. Mas tinha e ainda tem muita gente dizendo que isso protegia o consumidor. Obrigando um a pagar mais para aliviar a conta do outro? E quem mesmo o Estado estava protegendo, o consumidor ou a empresa de cartão de crédito?

Tudo considerado, está correta essa proposta de reforma trabalhista. Diz que trabalhadores e empresas podem resolver livremente diversas questões.

Também está correta essa MP que permite “a diferenciação” de preços e condições de pagamento. Até acharam um jeito de escapar do ridículo que seria uma lei dizendo: é permitida a negociação de preços.

Também foi uma boa ideia liberar uma parte do FGTS. Mas ainda falta: o titular da conta deveria ter o direito de dizer onde vai ser aplicada.


“A gente não somos inútil”.”

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Brasil, Educação e sorvete...




Por Zezinho de Caetés

Nesta fase de semi recesso transcrevo o texto do Hurbert Alqueres (Blog no Noblat) no qual, já a partir do título ele resume o tema quando fala de Educação: “Não dá mais para tomar bola nas costas”. E como tomamos, nesta área, com o governo petista!

Meu conterrâneo, o Lula, quis superar sua falta de Educação, criando universidades capengas, e abandonando o ensino fundamental, e levamos uma PISA danada de outros países, como podemos ver no texto.

Entretanto, o assunto que me chamou atenção ontem foi uma licitação para comprar alimentos para o avião do presidente Temer. A mídia disse que o governo iria gastar 1,75 milhão em 2017 com a comida para abastecer este avião.

Pasmem, que nela o sanduíche de mortadela era cotado a R$ 16,45. O que é um absurdo, pois sabemos que, a este preço não haveria manifestações da CUT e quejandos.

Ainda bem que o Temer, mandou suspender a licitação, apesar dos protestos do seu filho, o Michelzinho, pois vejam o que ele deixou de comprar, como estava previsto:

- 500 potes Häagen-Dazs; (sorvete americano)

- 300 picolés sem lactose;

- 50 Cornetos;

- 50 Tablitos;

- 50 Chicabons;

- 50 Eskibons;

- 50 Frutillys.

Ele deve ter feito isto para não estragar os dentes da criança. É por isso que a coluna semanal do Zé Carlos, que é de humor, está bombando. Afinal de contas o Brasil é o país da piada pronta.

Fiquem com um assunto sério, a Educação, para não tomamos bola nas costas e nem tão pouco querermos fazer gol de mão.

“Na última semana do ano vale voltar a um tema vital para o Brasil: a educação.

Neste campo, o país está mais para o vexame dado pelo time de Felipão naquela vergonhosa derrota de 7 a 1 para a Alemanha do que para a seleção de Tite com seu futebol vistoso.

Se os exames de avaliação internacional fossem um campeonato mundial, seríamos eliminados na primeira fase. E se fossem disputados em divisões, estaríamos na rabeira da terceira divisão, como ficamos no Pisa 2015, de responsabilidade da OCDE, principal exame de avaliação do planeta, que pauta e baliza políticas educacionais nos cinco continentes.

Como técnicos medíocres, que dão desculpas esfarrapadas para as derrotas do seu time, segmentos do setor e da esquerda brasileira atribuem o fracasso da educação à escassez de recursos, apontando como elixir para a superação de nossas mazelas o aumento de investimentos na área.

Uma leitura apressada do PISA de 2015 poderia endossar tal concepção, com o argumento de que o Brasil investe bem menos daquilo que a OCDE considera como aceitável para educação. É verdade. O que os cartolas do corporativismo e da ideologização não revelam é que entre os dois últimos exames houve incremento de recursos para a Educação, mas os resultados colhidos em 2015 caíram em relação ao de 2012, assim como este tinha caído em relação ao exame anterior.

Como explicar esse paradoxo, pela grande incorporação de uma nova massa de alunos? Balela! No caso do ensino fundamental, sua universalização se deu ainda nos anos 1990, há mais e 16 anos. Já no ensino médio, não houve, nos dez últimos anos, inclusão tão substantiva assim, capaz de puxar para baixo a performance brasileira. De 2005 a 2015, ocorreu apenas um crescimento vegetativo dos alunos de 15 a 17 anos nas salas de aula; ou seja, de 81,6% para 86%, segundo dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais do IBGE.

Ademais, há outra contradição a ser explicada: por que a Turquia, Uruguai, Bulgária, México, Tailândia, Montenegro e Colômbia destinam menos recursos por aluno do que o Brasil e, mesmo assim, obtiveram desempenho melhor no Pisa 2015?

Por aí, é impossível explicar o vexame.

Segundo o ministro Mendonça Filho, o orçamento da educação triplicou três vezes no período 2003-2015 e o desempenho brasileiro no Pisa ficou estagnado. Não houve salto qualitativo, para não falar em recuos. Nem é preciso ter uma mente brilhante para concluir que nos últimos quinze anos houve prioridades invertidas, como o Ciências Sem Fronteiras, a farra do FIES amplo, geral e irrestrito, ou má gestão, cujo caso mais emblemático foi o Mais Educação – programa federal para ampliação da jornada escolar –que, segundo o atual ministro, distribuiu dinheiro para o equivalente a oito milhões de alunos sendo que o Brasil tem pouco mais da metade disso - 4,3 milhões.

Vamos mal porque o time joga de improviso, adota a linha burra tão criticada por João Saldanha. Assim só podemos tomar bola nas costas, como a goleada que levamos no último Pisa, na qual nas três áreas avaliadas os alunos brasileiros até acertaram questões de múltiplas escolha, mas demonstraram profunda dificuldade em interpretar os dados e aplicar os conhecimentos teóricos a situações práticas no modelo de questões abertas.

Traduzindo para a linguagem futebolística: jogamos no velho e ultrapassado 3-2-5, enquanto países que dão show nos exames internacionais como Cingapura e Vietnam jogam numa tática moderníssima.  Nosso ensino se estrutura aos moldes da revolução industrial, baseia-se na decoreba. O modelo dos vitoriosos combina o ensino tradicional com uma educação mais holística, na qual os alunos aprendem a relacionar as partes com o todo, a pesquisar e desenvolver seu senso crítico.

No mundo moderno, cada vez mais a memória fica nas máquinas e a inteligência nos homens. Faz toda a diferença a educação que se organiza à base dessa “divisão” de função, o que está longe de acontecer com o nosso ensino.

E há um alento: a nova comissão técnica do nosso time de educação entende do riscado e traçou uma estratégia acertada que inclui avanços no ensino fundamental, a reforma do ensino médio e a edição da Base Nacional Comum Curricular que vai definir o que os alunos devem aprender em cada ano e etapa, da creche ao ensino médio. Também estão mirando no exemplo de países onde os professores são escolhidos entre os melhores alunos, têm cursos de formação com muita prática sobre a arte de ensinar e há um monitoramento permanente da aprendizagem dos estudantes. Ou seja, o foco é o aluno.


É com muito trabalho - e torcida para que os perna-de pau do corporativismo e do ideologismo não façam gol contra - que podemos progredir para a primeira divisão mundial da Educação.”

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Lula e as "veias abertas" da América Latina




Por Zezinho de Caetés

Estou em semi recesso, seguindo parcialmente as principais instituições brasileiras. E vou me valer dos outros e sem muitos comentários, para não manter meu lugar vazio. Quem sabe algum aventureiro ocupa.

Tentarei transcrever textos que sejam tão evidentes quanto a sensação de que o Lula, meu conterrâneo, era realmente o chefe de nossa “máfia moderna”. E encontrei um, do José Casado, no O Globo, que ele chama de “Cosa Nostra”, que vem a calhar para este meu propósito.

Lembrei muito do livro do Eduardo Galeano que foi sucesso maior da esquerda latina americana, no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Sua “obra”, a que ele próprio renegou, se chama “As veias abertas da América Latina”, para o qual havia um senhor da terra de Zé Carlos, lá de Bom Conselho que o tinha como livro de cabeceira.

Hoje, as veias da América Latina estão abertas pela corrupção desenfreada e parece que o ilustre bom-conselhense ainda mantém o livro do Galeano, na cabeceira, mostrando quão fiel pode ser um cão a seu dono, a tirar por comentários feitos neste Blog, dias atrás.

Fiquem com o Casado que eu já estou me empolgando na escrita, mas, infelizmente, estou em semi recesso.

“Na terça-feira 17 de janeiro começa o julgamento do ex-presidente de El Salvador Mauricio Funes. Acusado de corrupção, ele foi intimado na véspera do Natal na Nicarágua, onde vive em autoexílio. O processo inclui sua ex-mulher, Vanda, e um de seus filhos, Diego.

Funes chegou ao poder em 2009 pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, nascida da fusão de cinco organizações guerrilheiras que protagonizaram a guerra civil de El Salvador, no final do século passado.

Vanda Pignato, ex-primeira-dama, é brasileira, antiga militante do PT. Ela garantiu o apoio do governo Lula ao marido desde a campanha eleitoral, paga pelo grupo Odebrecht, cujos contratos somaram US$ 50 milhões no mandato de Funes.

Desde a semana passada, ele e outros 14 líderes políticos nas Américas e na África estão no centro das investigações em seus países sobre propinas pagas pela empreiteira brasileira.

É o caso do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, que embolsou um dólar para cada três que a Odebrecht lucrou durante seu governo. Guardou US$ 59 milhões.

Na vizinha República Dominicana quem está em apuros é o presidente Danilo Medina, reeleito em maio. No primeiro mandato, Medina fez contratos que proporcionaram à empreiteira lucros de US$ 163 milhões. Ela retribuiu com generosos US$ 92 milhões em subornos, o equivalente a 56% dos ganhos acumulados desde 2012. A taxa paga ao lado, na Guatemala, foi um pouco menor: 52%, isto é, US$ 18 milhões para US$ 34 milhões em contratos.

Em Quito, no Equador, a polícia apreendeu na sexta-feira arquivos eletrônicos na sede local da Odebrecht. Rafael Correa, no poder há nove anos, demonstra temor com a revelação de que a Odebrecht pagou US$ 35 milhões em subornos, 28% dos seus lucros equatorianos. Em 2008, Correa expulsou a empreiteira, acusando-a de corrupção. Acertaram-se, sob as bençãos de Lula em 2010.

Em Bogotá, Colômbia, investiga-se a rota da propina de US$ 11 milhões, pagos entre 2009 e 2014, no governo Álvaro Uribe. Rápido no gatilho, ele ontem se lembrou de uma reunião “suspeita” entre o atual presidente Juan Manuel dos Santos e diretores da Odebrecht no Panamá.

No Peru a confusão é grande: acusam-se os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011), Ollanta Humala e a ex-primeira dama Nadine (2011-2016). Eles apontam para o atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, primeiro-ministro na época em que a Odebrecht começou a distribuir US$ 29 milhões — 20% dos lucros no país em 11 anos.

Nada disso, porém, se compara aos lucros e ao propinoduto em Angola e Venezuela. As relações com os governos do angolano José Eduardo Santos e do venezuelano Hugo Chávez (sucedido por Nicolás Maduro) chegaram a proporcionar US$ 1 bilhão em lucros anuais. Sustentaram o caixa no exterior, estimado em US$ 500 milhões, voltado para pagamentos a políticos, principalmente brasileiros.


Capturados pelos bolsos, líderes que se apresentavam como revolucionários nos anos 80 começam a ser expostos como sócios de uma rede internacional de corrupção, operada a partir do Brasil pela Odebrecht. Fizeram da coisa pública uma cosa nostra.”

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A semana - O grande show do Lula e que venha o Ano Novo




Por Zé Carlos

Hoje seria para começar escrevendo sobre o primeiro Natal sem o PT na governança federal e, com raras exceções, nos níveis estaduais e municipais. Afinal de contas, como país cristão, que ainda somos, esta é sua maior festa. No entanto, por esta mesma festa, nos envolvemos com outras atividades, além do humor e a coluna será mais curta.

Todavia, isto não quer dizer que o humor não abundará, porque este nossa país é incrivelmente bem humorado para ficarmos sem um riso nos lábios. E para isto não precisamos nem falar do Temer na Lava Jato, nem dos milhões de políticos envolvidos pela Odebrecht. Basta que nos fixemos no “Amigo” que é o apelido do Lula na planilha da propina da Odebrecht, que agora se tornou internacional. Explico. O FBI, que é a Polícia Federal americana descobriu primeiro do que a nossa polícia que o conterrâneo do Zezinho de Caetés, o Lula, era o “Brazillian Official 1”, que quer dizer autoridade suprema da propina, numa tradução livre, tendo como auxiliar nossa musa, a Dilma que, depois de ser xingada de incompetente ou cúmplice, pela TV do Catar, baixou o facho e não vez mais piadas, a não ser em referência ao chefe. Ela era a “Brazillian Official 2”. Mas, isto é humor pequeno em relação ao principal show da semana.

Pasmem, meus senhores, que o PT resolveu lançar o Lula como candidato a presidente em 2018. O PT defendeu formalmente a antecipação da eleição presidencial em caso de cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. E aí começa o humor. Quem ingressou com esta demanda no tribunal foi o PSDB. Sim, senhores, o partido do FHC. Mais uma vez ele é o culpado de tudo. Dizem que com isto ele previa ser o “presidente indireto” que é previsto na Constituição. Mas, isto só poderia ocorrer se o Lula não tivesse em vias de ser preso pela Lava Jato. Com medo de ser preso ele, o Lula, já concorda com a estratégia do partido e, num vídeo de final de ano, que apresentamos lá embaixo ela já deixa claro suas intenções, pelo menos com aquelas sutilezas que só os políticos dominam.

O que ocorreu é que, ao fazer isto, ele produziu o maior show de humor por ano, como vocês podem verificar. Eu apenas faço alguns comentários, porém, o grosso do humor só será atingido vendo o vídeo completo. Isto foi motivo de grande satisfação para mim que completo o ano proporcionando riso suficiente para homicidiar pelo menos metade dos meus leitores.

Vejam uma das pérolas que ele lança no vídeo e não ria se for capaz:

"Primeiro nós sabemos que é preciso restabelecer a democracia e só pode fazer o que estou falando um presidente que tenha respaldo popular e respaldo popular chama-se voto na urna. Portanto é preciso antecipar o processo eleitoral. É preciso que o povo volte a eleger um presidente pelo voto direto".

Isto dito, quando se sabe que o Temer teve 54 milhões de votos nas últimas eleições, só provoca nosso riso. Ora, dirão os astros: Mas, o voto na urna foi em Dilma e não em Temer. É o mistério que só pode garantir isto aquele que votou, e sendo o voto secreto, ninguém pode dizer o contrário. Já o Temer, que também tem produzido muito humor, diz que Dilma só foi eleita por causa dele. E quem pode duvidar de ambos? Só o PSDB que moveu o processo para tirar os dois. E, pelo que o FBI descobriu parece que isto é verdade. Mesmo assim esta história de voto na urna a estas alturas é apenas mais uma cena de humor, daquelas que assolam o nosso  país. Só esta parte já justificaria manter o Lula como nosso colaborador nas hilariâncias da vida política, mas, tem mais, muito mais.

Ele ainda critica a política econômica, que é do Meirelles, seu queridinho por muitos anos, e diz:

"O governo não pode só falar em corte. É preciso mudar o tom da música. O país está parado e vai continuar se o governo não mudar a política econômica", e mais que está "falando com conhecimento de causa porque já fiz isso uma vez".

Quando o distinto público descobre que ele já fez isto uma vez, morre de rir, porque sabe que realmente ele fez a mesma coisa que o Temer na época de Palloci, com o mesmo Meirelles, e que o tom da música era exatamente o mesmo do Temer, coadjuvado pelo mesmo Meirelles, começa a bolar pelo chão de tanto rir.

E, como vocês poderão ver no vídeo abaixo, continua o ex-presidente dizendo:

"Nós já provamos que é possível o Brasil ser motivo de orgulho. Passamos 12 anos em que cada Natal era motivo de muita festa. "O povo brasileiro precisa sonhar. E somente nós juntos seremos capazes de reconstruir este país economicamente e politicamente. Que 2017 seja o ano de recuperação do nosso país".

Ainda tem alguém vivo por aí? Tenho certeza que o meu “meio leitor” já deixou de ler-me (lembrem, tenho agora 15 e meio leitores). Talvez tenha escapado por isto. E o show termina assim, e só faltaram os fogos de artifícios para dar um ar mais solene a ele.

Eu, se pudesse interferir como assessor petista, eu estenderia um pouco o espetáculo, colocando como cena final, o Moro, aquele juiz sisudo do Paraná, entrando junto do Japonês da Federal, algemando o Lula e enviando-o para Curitiba. Afinal de contas lá tem um grande humorista do passado, o Zé Dirceu, que o espera ansioso para criarem novos esquetes para o gáudio de nossos leitores.

Enfim, fiquem com o show completo, e eu mantenho a esperança que o ano de 2016 ainda terminará, e que seja com risos e mais risos. Espero que tenham tido um Feliz Natal e que tenha um Feliz Ano Novo.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Um Feliz Natal, com muita esperança



Por Zezinho de Caetés

Bem, chegamos ao Natal. Tive até dúvidas se isto iria acontecer diante do que se passou no Brasil em 2016. Provavelmente, Jesus teve piedade de nós e nos deu mais um final de ano. Só me restava desejar um Feliz Natal a todos e ir para os festejos lá no Marco Zero.

Entretanto, ontem o Temer ainda estava trabalhando e quis mostrar trabalho, propondo leis que reformulam as relações trabalhistas no Brasil. Já não era sem tempo. A legislação trabalhista brasileira já nasceu caduca, com suas influências do fascismo italiano.

E depois de tantos penduricalhos, não há quem entenda delas, mesmo os mais renomados especialistas. Hoje, é o Estado que diz como devem se comportar patrões e empregados como se eles fosse joguetes. Deve haver tantas causas trabalhistas ainda não julgados que o Getúlio ainda deve ter alguma reclamando porque o queriam expulsar do Palácio do Catete. E já naquela época, não tendo resposta, cometeu suicídio, pela lentidão da causa.

Dizem que só no Brasil hoje, em todo mundo, é proibido que patrões sentem numa mesa com os empregados e passem a negociar os termos do contrato de trabalho, sem interferência do Estado. Isto numa época, na qual os trabalhadores têm consciência de sua força e que as relações de trabalho mudaram tanto quanto os meios de comunicação.

No entanto, deixemos isto de lado e leiamos um texto mais apropriado para as festas natalinas, como é o que transcrevo abaixo do Nelson Motta, publicado em O Globo (“Inventando esperanças”). Sobre ele só teria a dizer que votei no Mendonça Filho para deputado federal, e para senador, não me lembro. Só sei que não foi no Humberto Costa.

Fiquem com o jornalista e tenha todos um Feliz Natal.

“Em cálculos otimistas, no atual Congresso são quatro bandalhos para cada parlamentar decente

De 1998 a 2010 votei em Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis como meus representantes na Câmara dos Deputados. Na última eleição, em Miro Teixeira. E eles não me decepcionaram no comportamento pessoal e na atuação política, nas vitórias e nas derrotas representaram fielmente o que nos identificava nas eleições.

Com certeza os eleitores de parlamentares de diversos partidos, como os senadores Cristovam Buarque, Simone Tebet, Ricardo Ferraço, Antonio Anastasia, Randolfe Rodrigues, Aloysio Nunes, Ana Amélia ou Magno Malta, ou de deputados como Chico Alencar, Alessandro Molon, Antonio Imbassahy, Jarbas Vasconcellos, Marcelo Freixo, Mara Gabrilli, Raul Jungmann ou Jean Wyllys, se sentem representados e confiam em seus representantes. Estima-se que eles sejam um para cada cinco da atual legislatura: os 300 picaretas de Lula passaram para 400, como mostraram as últimas votações.

Não, os políticos não são todos iguais, ainda não. Mas não basta ser honesto, é preciso parecer honesto, boas intenções e nobres ideais não são suficientes, é preciso ser combativo e competente na defesa dos interesses de seus eleitores e do país. Em cálculos otimistas, no atual Congresso são quatro bandalhos para cada parlamentar decente, eficiente e acima de suspeitas. Somos uma minoria multipartidária, de diversas posições políticas, e brigando entre si. Mas é o que nos resta, fora da instituição não há salvação.

É difícil, no atual cenário, mas é preciso manter a confiança e esperança nos nossos representantes. Ainda temos essa minoria ativa que resiste e pode impedir a aprovação da anistia ao caixa 2 e denunciar sabotagens contra medidas anticorrupção. Se não contarmos com eles, com quem então?

Por falar em caixa 2: se a empreiteira prova que pagou uma quantia não contabilizada a um político, e ele não consegue comprovar que a gastou em despesas de campanha, é propina, compra de votos ou lavagem de dinheiro? E embolsar o caixa 2, é o quê?


A esperança do Ano Novo é que esse lixo seja varrido do Congresso pela Lava-Jato e pelos parlamentares decentes, limpando a área para novas lideranças.”

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Vamos abolir a Federação e proclamar a Monarquia?




Por Zezinho de Caetés

Vai chegando o Natal e vamos cansando mais cada vez que produzimos. Parece até que a proximidade da manjedoura deixa-nos mais molengas, mesmo que tenhamos vontade de escrever mais. Todavia, pensando bem, isto deve acontecer com os nossos leitores e não temos incentivo que eles nos dão.

Hoje volto a falar de ajuste na economia apenas por influência do texto do Carlos Alberto Sardenberg publicado no O Globo, que me conduz. Só o nome já é intuitivo: “O ajuste selvagem”. E ele trata da chamada “derrota” do Temer na Câmara de Deputados quando tentou aprovar uma Lei de negociação com os Estados, para que o Brasil não sucumba junto com eles.

Quando vocês o lerem (não percam!) verão que nos dá a impressão de que como federação não temos salvação. Tornamo-nos uma por imitação da federação americana que nasceu antes do país. Aqui ela nasceu depois de um país que sempre foi uma monarquia, que deu apenas colher de chá às capitanias hereditárias.

E o que vemos é o governo federal, a duras penas, tentando ajustar suas contas e agora tentando que os estados federados também ajustem as suas. E deu no que deu. Vão fazer os ajustes, mas, pelo que foi aprovado na Câmara, quem vai pagá-los será o governo federal, ou todos nós.

O que é que eu tenho a ver com a situação do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que quebraram oficialmente? Enquanto uns controlaram seus gastos, outros, para obter eleição fácil, simplesmente arrombaram os cofres dos estados.

Eu fui funcionário público um dia e sei de minhas mordomias, como tal, e agora sou aposentado com salário integral e privilegiado. Não tenho culpa disto, a não ser quando ia às assembleias e votava a favor de greve para minha categoria. Não eram greves. Eram férias remuneradas. Isto para citar apenas um ingrediente do desajuste que está comendo o Brasil pelas beiradas.

E, eu, nesta preguiça pré-natalina pergunto: “Devemos nós continuar com este arremedo de federação?”. Eu mesmo não me incomodaria de ser apenas da província de Pernambuco e da sub-província de Caetés, para ser apenas um brasileiro quando declarar minha naturalidade. Afinal de contas, não temos mesmo uma federação.

Mesmo assim, iria mais além e perguntaria: Por que ainda continuamos como República, quando nossos poderes que deveriam ser independentes e harmônicos entre si, são todos dependentes da politicagem e desarmônicos por natureza? Precisamos de um verdadeiro poder moderador.

Já é hora de encontrarmos um Rei e reproclamarmos a monarquia. Mas, pensando bem, quem seria o Rei? Não tenho resposta, mas, continuarei pesquisando. Hoje só sei que nem o Renan nem o Lula servem para o cargo.

Fiquem com Sardenberg que detalha os verdadeiros ajustes que nossa nação tenta fazer.

“Quando um governo entra no déficit e esgota sua capacidade de contorná-lo, o ajuste será feito. De forma civilizada ou na selvageria

Vamos falar francamente. Todo mundo sabe que os estados estão quebrados e que o rombo tem duas causas principais: o inchaço da folha de pagamento do funcionalismo e a conta, também crescente, das aposentadorias e pensões. Logo, todo mundo sabe que o equilíbrio fiscal exige a contenção da folha e uma reforma previdenciária que aumente as contribuições e reduza os benefícios e privilégios.

Dirão: há pelo menos 300 deputados que não concordam ou não sabem disso. Foram aqueles que aprovaram o projeto de renegociação das dívidas dos estados, cancelando as contrapartidas que os governos estaduais deveriam entregar.

Falso. Os deputados sabem perfeitamente. O que não querem é assumir a responsabilidade pelas reformas.

Aliás, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que comandou o voto antiajuste, expressou muito bem esse ponto de vista. Durante os debates, lá pelas tantas comentou: em algum momento, os servidores públicos terão que entender que terá de haver reforma e corte de gastos.

Enquanto não entendem, tentar votar a reforma “é um desgaste que a Câmara não precisa passar”.

De quem têm medo? Dizem que é da opinião popular. Falso. Não é o povo que temem, mas os servidores públicos, hoje a categoria mais bem organizada no país.

Os servidores gozam de um direito de greve absoluto. Seus sindicatos e associações usam e abusam desse direito exclusivo. Fazem ou ameaçam greves em momentos delicados, como na véspera da Olimpíada. Chegam a ameaçar tirar a polícia das ruas e deixá-las entregues aos criminosos. Mesmo quando os seus radicais partem para a violência, como na invasão e depredação da Alerj, não acontece nada. Não há investigação, embora sejam abundantes as fotos e filmes dos atos ilegais. Sindicatos e associações dizem que são contra essa violência mas não tomam qualquer providência para afastar seus radicais.

Nas greves, não tem corte de ponto nem desconto dos dias parados, muito menos demissões.

O Congresso, ou melhor, as lideranças políticas em geral são responsáveis por essa situação. Até hoje, por exemplo, não aprovaram legislação para regulamentar o direito de greve do funcionalismo. Têm medo de dizer coisas óbvias — dia parado é dia não pago — e que certas categorias, como os policiais, não podem fazer greve.

Aliás, os políticos têm medo de dizer que precisa de um rigoroso ajuste fiscal também porque convivem o tempo todo com os funcionários públicos, muitos nomeados por eles, muitos deles seus parentes. Nesse ambiente, sabe quando os servidores entenderão que a reforma é inevitável?

Nunca.

Se os parlamentos se recusam e, ao contrário, aprovam medidas contra o ajuste, por que os servidores a assumiriam?

E assim chegamos nesses absurdos. O governo do Rio não está pagando salários em dia. Mas a Alerj se recusou a sequer discutir um projeto de lei que suspendia reajustes salariais para 2017.

O que nos leva a outro ponto, a desigualdade. Reportagem da TV Globo mostrou que algumas categorias receberam em dia salários e o 13º. Não por acaso, estão entre as categorias mais bem pagas, como as da Procuradoria Geral do Estado e do Tribunal de Justiça. São também as categorias mais próximas e com maior poder de persuasão dentro do governo.

O Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) protestou, com razão, notando que a maioria teve o salário parcelado em nove vezes.

Na verdade, há uma massa de manobra, formada pelas categorias mais numerosas e de menor remuneração. São essas que vão para a rua com os cartazes dizendo que “o servidor não é culpado pela crise”.

Claro que, considerando o servidor individualmente, pessoa que tem de cuidar de si e de sua família, ninguém é culpado. É vítima.

Mas o problema está, sim, no crescimento descontrolado da folha e dos gastos com aposentados.

Escondendo esse fato, lideranças políticas e sindicais enganam muita gente que não percebe o outro fato. Se não for contido o crescimento daquelas despesas, vai faltar dinheiro para pagar funcionários e aposentados.

Lideranças políticas e do funcionalismo dizem que há soluções simples, como cobrar impostos atrasados e cancelar isenções fiscais. Podemos discutir isso em outra coluna, mas por hoje basta recorrer ao senso comum. Se fosse simples assim, governadores já não teriam feito? Por que enfrentariam tanta confusão se o dinheiro estivesse à mão?

Quando um governo entra no déficit e esgota sua capacidade de tomar impostos e empréstimos, o ajuste será feito. Ou civilizadamente — por exemplo, cobrando mais dos que ganham mais — ou na selvageria, com o governo deixando de pagar servidores e fornecedores, exceto as minorias poderosas e que ganham mais.


Rodrigo Maia pode ter garantido sua reeleição, mas está cavando buracos. A Câmara já sofre o desgaste da crise e da corrupção. Tentar barrar as reformas é o mesmo que tentar barrar a Lava-Jato. Não vai dar certo. Vai piorar para eles.”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

As Forças Armadas e a crise




Por Zezinho de Caetés

Eu já estou saindo da política e entrando no clima de Natal. E estou cada vez mais a reboque dos outros para publicar aqui no Blog. Li hoje no O Globo um texto do Hubert Alquéres, com o título: “A caserna e a crise”, e o transcrevo lá embaixo, sem acrescentar muito neste nariz de cera, por desnecessidade.

O meu espanto aqui é que, fora alguns “tresloucados”, durante esta crise toda não está em pauta intervenção militar, a não ser da polícia para conter a fúria de petistas em extinção. Nossas Forças Armadas, estão nos quartéis, e, provavelmente, também já curtindo os festejos natalinos.

Para quem viveu ou estudou história do Brasil, que é, praticamente, uma sucessão de golpes militares, é até estranho. Mas, só nos resta festejar nossa entrada no mundo civilizado pelo menos neste aspecto.

Já diziam antigamente que se pode construir um trono com baionetas mas não se pode sentar sobre elas. E aqui no Brasil, muitos tentaram e, felizmente, furaram a bunda. E hoje, como é citado abaixo, o comandante do Exército também chegou a esta conclusão dizendo:

“Aprendemos a lição (referindo-se aos 21 anos de ditadura). Estamos escaldados!”

Isto porque é um homem educado e não quis falar dos buracos que as baionetas fizeram na própria instituição militar. Como vimos durante todo este tempo que se seguiu ao pós anistia, nossas instituições militares foram vistas como uma inimiga, quando na realidade estavam apenas se reciclando para assumir ser verdadeiro papel que é o que está na Constituição.

Fiquem com o Hubert e salve os novos tempos brasileiros, apesar da crise! E que venha o Natal.

“Fosse em outras eras, a recente entrevista do Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, teria sido noticiada de forma bombástica pelo noticiário televisivo. Certamente os jornais estampariam manchetes com letras garrafais, do tipo “Comandante do Exército repele incursão de vivandeiras”.

Felizmente os tempos são outros. O país não fica mais em suspense quando um chefe militar se pronuncia, jornalistas não consomem mais o seu tempo para interpretar o almanaque do exército.  O termo vivandeiras entrou em desuso, saiu de moda.

A grande notícia da entrevista do general é que não há notícia.

A maior crise da nossa história passa ao largo dos quartéis, a despeito de, nas palavras de Villas Bôas, uns “tresloucados, esses malucos” que “vem aqui e perguntam: ‘Até quando as Forças Armadas vão deixar o país afundando. Cadê a responsabilidade das Forças Armadas?”

Como ontem, ainda há quem ronde os quarteis. Diferentemente do passado, as vivandeiras contemporâneas pregam no deserto e obtém dos chefes militares negativas como a do comandante do Exército: “eu respondo com o artigo 142 da Constituição. Está tudo ali. Ponto.”

Não é pouco para um país de histórico de intervenção militar na vida nacional.

Por quase um século, de 1886 - quando teve início a chamada questão militar com uma série de atritos entre o exército e o governo imperial – até a transição democrática de 1985, as Forças Armadas foram parte da crise (quando não a própria crise), quer por vontade própria, quer por serem arrastadas para elas.

Os episódios se sucederam aos borbotões: advento da República, eleição de Hermes da Fonseca, 1922, a Coluna Prestes, Revolução de 30, Levante de 1935, derrubada de Getúlio Vargas no pós-guerra, candidaturas de Juarez Távora, Eduardo Gomes, Marechal Lott, novembrada 1955, Aragarças, Jacareacanga e, finalmente, a mais traumática das intervenções, em 1964.

As Forças Armadas amadureceram, aprenderam com sua própria experiência.

Tomaram um caminho sem volta em 1985, quando recuaram organizadamente para os quartéis e passaram a se pautar exclusivamente pelo exercício de suas funções profissionais e de suas obrigações constitucionais definidas no famoso artigo 142, citado pelo general: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Por isso elas passam ao largo da crise, se reencontraram com o povo e são hoje as instituições com maior credibilidade entre os brasileiros. Mais importante: não parecem ter sido contaminadas pelo cupim da corrupção, assim como não foram outras instituições permanentes de Estado, a exemplo do Itamaraty, universidades públicas, Polícia Federal, Banco Central e outras blindadas do loteamento político, da ação nefasta do patrimonialismo.

A tranquilidade não se dá apenas nas tropas. A reserva, normalmente, mais afoita no envolvimento com a política, vive um momento de calmaria. Também entrou em desuso o termo “general de pijama”, designação de militares sem tropas, eternamente envolvidos em conspiratas armadas.

Apesar da disciplina e observância de suas obrigações constitucionais, a relação das Forças Armadas com os governos petistas teve seus momentos de desconfianças recíprocas, principalmente porque setores do lulopetismo e do governo nunca engoliram sua derrota política e militar durante o regime ditatorial e sempre sonharam com um “acerto de contas” com as FFAA por meio de uma reinterpretação da história.

Felizmente, hoje estamos em outro patamar. Nas palavras do comandante do Exército, “o presidente Michel Temer demonstra um respeito às instituições de Estado que os governos anteriores não tinham”.

Nesse campo, o presidente parece ter acertado na escolha de Raul Jungmann para ministro da Defesa. É o ministro quem se pronuncia até mesmo em relação a aspirações legítimas da tropa, como na questão previdenciária dos militares- um vespeiro que a prudência recomenda não se mexer.

Até aí há uma cadeia de comando. Não há a balbúrdia, não há anarquia militar, não há indisciplina.

Tresloucados haverá sempre. Não faltarão malucos rondando a caserna.  Mas as palavras do general são tranquilizadoras: “Aprendemos a lição (referindo-se aos 21 anos de ditadura). Estamos escaldados!”


Feliz Natal a todos!”

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Precisamos de "novos" políticos?




Por Zezinho de Caetés

O ano político está quase acabando. Algumas delações aqui, algumas prisões ali, e pronto, lá se vai 2016. Óbvio, que o Sérgio Moro não vai mais prender o Lula, homem bom que é. Vai deixa-lo mais um Natal em casa. Tudo bem!

Mas não era bem isto sobre o que iria escrever aqui hoje. Todos estão notando que se há um movimento claro no mundo político, é a tentativa de fugir dos políticos, pelo menos os tradicionais. Vejam o caso de Trump nos Estados Unidos e o Dória em São Paulo, para citar dois apenas.

Isto não é por acaso. A Democracia representativa passa por uma crise que eu diria que é de fadiga de material, em todo mundo. O rumo à esquerda que o mundo tomou no final do século passado e no início do presente, mostrou que a esquerda é necessária, mas, tem que sair da direita, que ainda quer manter nosso mundo humano. Não há lugar mais para a esquerda das esquerdas, a não ser em Santiago de Cuba.

E, quando não surgem líderes de direita, a eleitorado simplesmente passa por cima e vai atrás dos empresários e administradores no afã de que eles façam alguma coisa nova. E não dá outra. O mundo se torna mais liberal e menos sufocado com a derrocada do Estado monstruoso em que as esquerdas nos meteram, em prol de um coletivismo anti-humano.

Ou sejam, onde ainda se precisa de salvadores da pátria e de planos e pacotes mirabolantes para levar a economia e a sociedade a níveis civilizatórios, esquece-se dos políticos e se parte para onde o eleitorado acha que não há política. Todos sabemos que o Trump é tão político quanto a Hilary  na América, e que o Dória é tão político quanto o Haddad em São Paulo.

A diferença básica é que o indivíduo e a livre empresa são mais valorizado por uns do que por outros que só valorizam um modelo ideológico onde se pensa que o Estado é capaz de tudo.

Lendo ontem a mídia, encontrei uma entrevista publicada pelo Sonia Racy, no Estadão onde ela mostra um empresário falando sobre nossos problemas do dia a dia econômico. É o Flávio Rocha, dona da Riachuelo, aquelas lojas que são inevitáveis em qualquer Shopping Center.

Fiquem com ele para começar a semana com o pensamento positivo. Eu não acredito em soluções fora da política, mas, mesmo com todo meu otimismo não se dá mais para ter total confiança nos políticos que nos sobraram. Então que venham de outro tipo.

Para Flávio Rocha, dono da Riachuelo, fazer funcionar o livre mercado é a melhor forma de combater a roubalheira. Sua aposta é que a Lava Jato vai ‘devolver as decisões econômicas à lógica da eficiência’  

Tudo bem que as medidas econômicas anunciadas semana passada pelo presidente Michel Temer não vão fazer o Brasil retomar o crescimento de imediato. Mas elas vieram na direção certa, e, segundo Flávio Rocha, da Riachuelo, contemplaram duas bandeiras históricas do varejo. “A redução de prazo de pagamento do cartão de crédito e o cadastro positivo, que inverteu o ônus da prova: só quem não quiser participar tem que se manifestar”, comemora Rocha.

Em conversa com a coluna em uma semana lotada de notícias da Lava Jato, Rocha ponderou que a corrupção, diferentemente do que muitos acreditam, é consequência e não causa. “Tem gente que acha que basta prender os bandidos que está resolvido. Não está.” A seu ver, as distorções do sistema econômico são usinas de corrupção. E o principal antídoto é o bom funcionamento das leis de mercado. “A corrupção é fator de custo. E em uma economia de mercado competitivo, a empresa contaminada pela corrupção é expulsa do jogo. Corrupção só persevera quando o livre mercado não está atuando.”

Incansável defensor do mercado livre, Rocha não acha que a aprovação, pelo Congresso, do projeto das Dez Medidas Contra Corrupção possa resolver. “Falta a principal, a única lei que corrupto teme: a do mercado. Se colocássemos a Petrobrás em um ambiente concorrencial, seria o fim imediato da corrupção.” Aqui vão os principais trechos da conversa.

Do jeito que as coisas vão, 2017 está perdido? 

Não. Eu acho que, dadas as corretas sinalizações, a retomada será muito mais rápida do que se pode imaginar. Acredito que esse novo ciclo terá também um novo protagonista que não será o Estado. Ele foi depauperado tanto na sua função quanto em seu propósito. E o eleitor percebeu. O presidente Michel Temer soube, com perspicácia, captar essa mudança na origem: a cabeça do eleitor. A visão e as expectativas do brasileiro em relação ao Estado mudaram. 

Mudaram em que sentido? 

A mudança demográfica profunda trouxe desdobramentos políticos. Explico: historicamente, a balança eleitoral no Brasil era movida por uma achatada pirâmide e na camada de baixo estava o que eu chamo de eleitor súdito. O que é isso? Um eleitor com visão do Estado paternalista, à espera do Estado provedor, da caridade estatal. Esse eleitor, que compunha 60% da base eleitoral, sempre foi suscetível ao discurso populista, ao discurso do clientelismo, do fisiologismo. Hoje, esse eleitor, esse grande contingente, experimentou um novo estágio de cidadania.

Deixa eu ver se entendi. Você acha que o eleitor, que melhorou de vida, percebeu que tem voz ativa e que pode influir. Ele teve um surto de cidadania? 

Exatamente. Esses 60% de votantes hoje são o fiel da balança eleitoral. Sai o eleitor súdito e entra eleitor cidadão, com visão de cidadania tributária, consciente da relação custo-benefício do governo. Ele ganhou novo sentido de autoestima quando passou a ter uma relação de duas mãos com o mercado.

Mercado? O consumo teve um papel nisso? 

O desabrochar do varejo de alta performance foi um grande fator de inclusão, independentemente de qualquer fator político ou de administração pública. Foi o que fez o crédito chegar a um grande contingente de eleitores e isso teve um impacto talvez até maior que o aumento da renda: houve forte efeito de inclusão. Tivemos uma revolução do varejo. A partir daí se estabeleceu o real conflito entre quem puxa a carruagem e quem está em cima da carruagem. Os aspectos negativos desse ciclo que se encerra são o desejo, a intenção, a constante ação no sentido de acirrar esses conflitos antigos. Mas acabou a era do “nós contra eles”.

Qual é a lógica do “nós contra eles”? 

É a lógica segundo a qual, devido ao acirramento de conflitos, surge a justificativa do Estado gigantesco. O grande mediador. Éa lógica do conflito marxista, do patrão contra o empregado, do pobre contra o rico. A esquerda sempre viveu de acirrar conflitos e, assim, justificar o Estado grande. Onde eles enxergam uma fatia de conflito, jogam um balde de gasolina. Funciona no conflito racial, no conflito “Nordeste contra Sudeste”, no conflito de gêneros, do produtor rural contra o MST, no conflito fundiário. Há o desejo de manter as cordas permanentemente esticadas.

Mas você falou sobre o fim desse conflito. Acabou mesmo? 

Está acabando. O novo ciclo, cujo protagonista é o indivíduo, tem a lógica inversa, porque a máquina mais perfeita de solução e de mediação dos conflitos é a empresa privada, que será a grande protagonista daqui para frente. A empresa privada bem sucedida é aquela que media competentemente as disputas – como, por exemplo, o conflito entre o acionista e o trabalhador. A empresa tem a lógica oposta, quer solucionar, resolver. Trata-se da superação da lógica do protagonismo estatal pela do protagonismo do indivíduo.

Fim do Estado grande? 

Quase. Michel Temer tirou do bolso do colete o programa Uma Ponte para o Futuro, um esqueleto de plano de governo de inspiração claramente liberam num momento em que todos esperavam que qualquer projeto político liberalizante fosse um natimorto. Ainda estavam na lógica do eleitor súdito.

Esse foi um processo pensado ou o governo Temer seguiu esse caminho simplesmente porque o dinheiro acabou? 

Ambos. Essa mudança, mesmo que não houvesse a quebra do Estado, seria o caminho natural. E é interessante pontuar que isso foi confirmado nas urnas agora, em 2016. Vale lembrar aqui. também, do (presidente Maurício) Macri, que foi uma confirmação desse mesmo processo na Argentina. Quem poderia dizer que um projeto liberal poderia ganhar na Argentina? Hoje, no lugar dos conflitos “nós contra eles” se caracteriza e se enraíza aqui o grande conflito do momento: os produtivos contra o parasitismo.

Então esse é o real conflito? 

Veja, por que o parasitismo chegou a esse ponto e a carruagem estatal duplicou de tamanho? Porque existia uma casta minoritária, mas extremamente organizada, que se apoderou do Estado e o afastou totalmente do seu propósito de servir. E existia uma maioria que puxava a carruagem que era desorganizada e até alienada. Em linhas gerais, era aquele cenário em que você tinha um Estado que era 22% do PIB, nos anos 90, a formalização da economia – que, por um lado, apresentou um ganho de produtividade com a revolução do varejo, com a transformação da cadeia empurrada pela indústria que era puxada por um varejo…

O varejo emprega hoje quanto do total, na iniciativa privada? 

O varejo é o maior empregador do Brasil, com parcos 7,5 milhões de pessoas. O que é muito pouco e mostra que esse processo ainda é incipiente. Nos Estados Unidos, um país apenas 50% maior que o nosso, o varejo representa, acredite se quiser, 42 milhões de empregos. Proporcionalmente, é como se o Brasil tivesse 30 milhões.

O que falta? 

O processo ainda está em desenvolvimento. E tem também a questão da lei trabalhista com um DNA industrial que não atende à realidade atual de uma economia de varejo e serviços. A lei tem ainda aquela lógica industrial.

De que forma a Lava Jato influi nas pretensões e expectativas da iniciativa privada? 

Ela está tendo um efeito direto sobre um outro subproduto do Estado inchado: o capitalismo de conchavo. Que é aquele Estado que não pensa no mercado. Que não tem compromisso com produtividade, com eficiência, com a ideia de fazer mais com menos. Esse Estado cresceu muito, essa parcela, esse tumor que é um apêndice do Estado inchado. E sempre que o Estado cresce, o capitalismo de Estado cresce junto.

O Estado cresceu muito nos últimos tempos e isso aprofundou a corrupção, né? 

Sim. A corrupção atua como areia nas engrenagens da economia e a Lava Jato vai limpar essas engrenagens e devolver as decisões econômicas e empresariais à lógica da eficiência, à lógica do mercado.

A Lava Jato por si só fará essa limpeza ou precisa mais?

 É suficiente, junto com a guinada de visão, de condução do Estado. A lógica de decisão industrial deixa de ser “para quem eu devo dar a propina para ganhar espaço no mercado”. E passa a ser “como eu faço para deixar a dona Maria feliz?” A dona Maria, aqui no caso da Riachuelo, é o nosso cliente. O propósito do Estado deve ser servir. Servir ao cliente da rede pública, do hospital público, servir ao aluno da rede pública. Entretanto, durante todo esse período de estatismo o Estado passou a ter como propósito o seu umbigo e seus privilégios.

Isso acabou? 

Acabou, porque os mais de 50% que puxam a carruagem são numericamente superiores à casta que viaja em cima da carruagem e que se apropriou do Estado. Eles acordaram. O político que quiser ganhar a eleição tem que perguntar: o que eu faço para atender ao aluno? Faz sentido estabilidade de emprego como professor público? É claro que só faz se você estiver olhando os privilégios dos que se apoderaram da carruagem estatal. Na hora em que, por exemplo, a proposta passa a ser melhor qualidade de ensino, é lógico que não faz mais sentido existir um professor estável; porque um professor incompetente, preguiçoso, tem que ser demitido.

E o exemplo se estende a todas as outras 

Sim, para todos os serviços públicos. O eleitor cidadão passou a ver o Estado como um prestador de serviços. E quer que ele seja eficiente.

Tem gente que diz que a PEC dos Gastos vai se tornar a PEC da Previdência se esta não for aprovada, porque aí o setor vai consumir tudo o que o Estado arrecada. 

Vai, sem dúvida. A PEC da Previdência é absolutamente fundamental. Pelos privilégios que tem essa casta que se apoderou da carruagem estatal – impostos, muitas vezes, na calada da noite – somos hoje um país que investe no passado. Quatro milhões de pensionistas e de aposentados e funcionários públicos recebem mais recursos públicos do que 37 milhões de jovens. Essa relação em outros países é inversa. Ou seja, você gasta quase dez vezes mais no aposentado do que no jovem que é o futuro do país. Isso é uma deformação enorme.

Há segurança jurídica, hoje, para investimento no País? 

A decorrência da excessiva judicialização é uma insegurança jurídica enorme. Nós tivemos aqui um episódio muito polêmico no negócio do apartamento lá de Salvador que realmente mostrou várias feridas. Mas tem um ponto que nunca vi ser abordado e, quando li sobre esse episódio, me caiu a ficha. Que é o seguinte: como um órgão em nível estadual concede uma autorização para se construir uma obra e, quando essa obra chega ao quarto andar, vem esse mesmo órgão, em uma instância superior, e suspende a autorização? Esse é um claro exemplo de insegurança jurídica – independentemente do mérito da questão ou de quem esteja envolvido.

O senso comum é que a retomada da economia vai demorar porque também vai demorar muito para se corrigir o estrago que foi feito no Estado brasileiro. Você concorda? 

Não se trata de consertar o estrago que foi feito no Estado, simplesmente porque ele passa a ser irrelevante nesse novo ciclo. O novo ciclo é do protagonista individual e este só está observando com muito interesse, com muita ansiedade e muita expectativa se o Brasil criou ou não juízo, se o Brasil vai virar um país normal guiado pelo binômio da prosperidade que é democracia e livre mercado. Dada essa sinalização – acho que ela está prestes a ser dada, com a aprovação da PEC do Gasto e provável aprovação da PEC da Previdência –, a retomada se dará muito rapidamente. Por quê? Porque existem US$ 7 trilhões aplicados a juro zero loucos para encontrar um destino. Só precisamos ter a garantia de que o Brasil criou juízo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A semana - Lula 4 vezez réu, Dilma irritada, e a Lava Jato continua...




Por Zé Carlos

Os sinos já bimbalham pelo Natal, enquanto o humor político nesta terra de Vera Cruz continua à solta. E, sem sombra de dúvida, esta semana que entra foi abrilhantada pela, e muito, pela a Lava Jato...

Lula, nosso colaborador eterno, já havia pedido música no Fantástico ao ser condecorado com o terceiro título de “réu”. Agora ele já foi condecorado pela Ordem de Curitiba se tornando quatro vezes réu. E ainda por cima levou o seu filho, mais conhecido como Luleco para ver a solenidade de condecoração. Pois é. O juiz Vallisney Oliveira, de Brasília, aceitou a denúncia do Ministério Público contra o Luleco. Eles são acusados de crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No entanto,  dizem que o mais grave crime foi o do Luleco. Pasmem, ele copiou a Wikipedia e colou no relatório pelo qual recebeu mais de 2 milhões de reais. Quanta injustiça. Eu mesmo uso a ferramenta virtual como minha memória junto com o Google. Talvez, seja porque ele é jovem e deveria ter memória boa. (Vejam vídeo lá embaixo)

Entretanto, foi o Lula que se internacionalizou com esta quarta denúncia,  com a compra de aviões suecos. Isto só pode ter sido influência do Chávez que de cada avião que comprava ficava com metade de um e mandava a outra metade para Cuba.

Já consta na mídia que até hoje, o Sérgio Moro, aquele juiz sisudo, abrirá uma quinta ação penal contra nosso colaborador e conterrâneo de Zezinho de Caetés. Eu, no momento em que escrevo não sei ainda o porquê, mas, motivos não faltam. O Lula tem tantos bens que não são seus que ele cansou de tentar de dizer “eu não tenho nada” ou “eu não sabia”. Agora, sua defesa é o ataque e resolveu atacar, logo quem, o Moro. Dizem que os advogados dele já chegam na audiência fazendo careta e dando língua para o juiz sisudo  e xingando-o de perseguidor. Se eu fosse o juiz responderia na lata como meus netos fazem: “Quem chama é quem é, limpa a bunda de Pelé!”. Todos já sabem que o Lula já fez tanta graça no Brasil e seu humor foi tão apreciado que está esgotando o repertório. Agora ele está partindo para o martírio internacional. Quem sabe alguém de fora do Brasil dar risada e arranjo asilo para ele!? O Mujica o está esperando no Fusca lá no Uruguai e o Madura já reservou outra gaiola ao lado da do Chávez para ele.

E sua última foi processor por danos morais o procurador Deltan Dallagnol. Vai cobrar 1 milhão de reais de indenização. Eu fiquei possessom como a minha amiga Lucinha Peixoto ficava, porque me lembrei que fui processado também por danos morais e só me cobraram 5 mil de indenização. Fiquei me perguntando o que o Deltan tem que eu não tenho? Talvez seja a falta de senso de humor ou maior número de advogados. Aliás, para ser justo, como sempre tento ser, devo dizer que acho que tanto o Deltan como eu tínhamos razão. Será que a justiça será justa?

E lembram da Dilma, nossa musa? Quanta falta estão fazendo suas piadas aqui nesta coluna. Ela agora só estava fazendo shows intimistas para os netos lá no Sul. Todavia, vendo-se cair no esquecimento, e sendo ameaçada por esta coluna de rescindir seu contrato, e colocar o Temer em seu lugar, resolveu dar um show internacional, com uma entrevista à emissora de TV Al Jazeera, lá do Catar, no qual terminou mandando o entrevistador se “catar”. Motivo? O cara insinuou que se houve tantos petistas presos e que participaram do governo dela, “ou ela fora cúmplice ou fora incompetente”. Todos aqui no Brasil sabemos que ambas alternativas são verdadeiras, mas, isto dito internacionalmente, foi um verdadeiro desbunde. E o hilário da entrevista é que ela falava em “dilmês” e o cara em inglês.

Quando ela foi indagada sobre o fato que era amiga de Temer desde criancinha ela ficou possessa, e disse: “Eu jamais imaginei que ele fosse um traidor e ele é um traidor”. Ou seja, a Dilma continua curta de imaginação. E ao responder ao entrevistador sobre a pergunta se ela era incompetente ou cúmplice ela respondeu: “Bom, meu querido, esta é o tipo da ‘escolha de Sofia’ que eu não entro nela. Não é isso que acontece”. E disparou a explicar em “dilmês” o que estava querendo dizer, enquanto a plateia ria sabendo que não era uma “escolha de Sofia” e sim uma “escolha de Janete”. Ela declarou: “Há uma diferença - e há no mundo inteiro - entre um conselho e uma diretoria executiva. Nem todos os membros da diretoria sabiam que aqueles diretores da Petrobras tinham mecanismos de corrupção e estavam enriquecendo de forma indevida”. Ou seja, a grande “escolha de Janete” foi entre a Graça Foster e alguém que pudesse lhe contar o que estava se passando. Quanta injustiça! (Vejam vídeo lá embaixo)

E a Lava Jato continuou a proporcionar as melhores cenas de humor semanal. E vejam esta: O Eduardo Cunha, o nosso Cunhão, mudou de residência em Curitiba. Dizem que ele se sentia muito sozinho e pediu para o Moro arranjar uns coleguinhas para, pelo menos, brincar nas horas vagas. E o sisudo Moro atendeu tirando-o da carceragem que já não cabe mais ninguém e mandando-o para o presídio onde está o Zé Dirceu, André Vargas e João Vaccari Neto. Com este time vai ser difícil ele não se tornar petista de vez. Isto se ele não quiser comandar a tropa. Dizem quem manda lá é o Zé Dirceu que teve aulas com Che Guevara tempos atrás, e mais recentemente com o Marcola.

E a Lava Jato não envolveu somente Executivo e Legislativo. O Ministro do STF, Luiz Fux, resolveu entrar no humor, como já havia feito o Marco Aurélio, semana passada, e o Gilmar Mendes, todos os dias, e decidiu que o que a Câmara de Deputados havia aprovado, naquele show de hilariância da madrugada em que eles transformaram 10 medidas contra corrupção em 10 medidas em prol dela, não valia nada. Tem que começar o show do início. Ou seja, para quem, pelo horário avançado perdeu o show das 10 medidas, poderá vê-lo em 2017. Alvíssaras! Já temos humor prometido para o próximo ano. O Gilmar Mendes declarou que o ato de Fux foi o AI-5 do Judiciário. Para quem não lembra de humor antigo, o AI-5 (Ato Institucional nº 5) foi um documento assinado pelo general Arthur da Costa e Silva, de quem os humoristas da época diziam que usava óculos escuros para não comer a farda, que suspendeu a maioria de direitos, não permitindo, pasmem, nem shows de humor. Ou seja, dificilmente esta coluna sairia naquela época sem ser censurada. Já pensou a perda para nossos 15 e meio leitores!? No entanto, a fala do Gilmar Mendes foi apenas mais uma piada do ministro, que vem se revelando um bom humorista. Quem sabe eu lhe convide para a coluna? O Lewandowsky já é dos nossos quadros, desde que ele deixou a Dilma livre para continuar fazendo humor no processo do impeachment.

E imaginem os senhores que a Odebrecht já acabou  sua delação premiada, inclusive o pai, Emílio Odebrecht, o filho, Marcelho Odebrecht os espíritos santos de orelha, que são mais 77 executivos que participaram do departamento de propina da empresa. Eu diria que se pode dizer tudo desta nossa empresa, menos que ela não era organizada. Vocês viram, na última coluna, os apelidos dados aos propineiros, com muita organização e carinho. Agora só falta o vazamento. Dizem que as delações só valem depois de STF homologá-la. E a constatação óbvia desta coluna é: “E para que homologação?”. O que importa é o vazamento nas revistas semanais. Tanto que o Temer, que foi vazado pelo Marcelo Odebrecht, dizem, que quando ele acorda, não diz nem mais bom dia a sua bela e recatada esposa. As primeiras palavras são: “Houve vazamento, hoje?”. Ao que ela responde: “Só o do Michelzinho! Tomou muita água antes de dormir!”.

Aliás, hoje já não se pode dizer que a culpada pelo nervoso congressual onde até o rei Renan perdeu votações, é mais a Lava Jato e sim o “Vazamento a Jato”. O que se prevê é que a política entrará em recesso na próxima semana, e esta coluna já está se preparando também para entrar, mas, os vazamentos continuarão. Portanto, esta coluna  manter-se-á, como diria o Temer, intacta em seu humor para alegria de nossos supremos leitores. Talvez, com um tamanho menor, mas, como todos os homens e mulheres sabem: Tamanho não é documento!


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