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sexta-feira, 29 de março de 2019

Falta meio grama de coragem





“Falta meio grama de coragem

Por Fernão Lara Mesquita

A da previdência, mais que uma reforma, é uma manobra de ressuscitação, pra ver se o coração de uma economia que está morta volta a bater. A colheita do seu efeito financeiro pleno é esperada em 12 anos. Nos primeiros dois deste governo de quatro que já teria comido 6 meses “vendendo” a proposta ao Congresso se se dispusesse a tanto e ela fosse aprovada no prazo previsto, não deixaria de sair nenhum tostão do caixa. Só depois é que, pouco a pouco, a velocidade com que o dinheiro público vaza para o bolso da privilegiatura começaria a diminuir de fato.

A expectativa mais otimista era, portanto, de que se aprovada a reforma trouxesse “a valor presente”, na forma de ânimo para voltar a investir, uma parte do seu resultado futuro. O governo Bolsonaro teria, então, 1 ano e seis meses de redução da velocidade da hemorragia fiscal que pôs a União, os estados e os municípios à beira da incapacidade de manter os serviços básicos, antes de chegar ao fim. É por isso que Paulo Guedes, a voz que fala pelo Brasil Real neste governo, precisa tão desesperadamente de outras ações que ponham “comida” na mesa do ajuste das contas públicas já. Ele repete isso toda hora de medo do dinheiro que já está faltando nos estados e municípios para pagar polícia e hospital e não por falta de traquejo em “estratégia de tramitação no congresso” que é luxo de quem não precisa fazer contas.

Mas com o núcleo delirante que cerca o presidente ralando a confiança em que a expectativa de recuperação da economia se baseia por todos os flancos, nem que dê certo dá certo. A situação é francamente surrealista pois Jair Bolsonaro recebeu o país com a guerra ganha. A oposição estava esmagada e inerte. A única dificuldade dos primeiros dias era, na verdade, convencer o próprio presidente da profundidade que o resto do país inteiro já sabia que a reforma da previdência teria de ter. Se não fizesse nada ganhava fácil a batalha que definirá se haverá ou não outras batalhas. Mas em vez disso, em 85 dias, sem que haja rigorosamente nenhuma questão específica em torno da qual subsista qualquer controvérsia real, todos estão engalfinhados contra todos e o país está à beira de um ataque de nervos.

Os subversivos que tanto excitam a imaginação desse bolsonarismo pavloviano da internet não têm tido, porém, a menor chance. Os três “zeros” se têm encarregado espontaneamente de 100% dos tiros que o governo dá nos próprios pés. E quando não basta, sempre há o João de Deus da filosofia para adicionar, lá da Virgínia, a sua colherada de cizânia em meio a tentativas de estupro das normas de convivência civilizada. Os alarmes e ultimatos são sempre em torno de nada que eles próprios consigam definir o que seja. O que pode existir, afinal, mais “velha política” que manter a ordenha do estado pelas corporações que o presidente Bolsonaro vive dizendo que adoraria poder ver continuar para sempre? São vaidades em ebulição, nada mais.

O governo eleito em função da crise de hierarquia vai jogando a pá de cal no pouco que restava dela. Do aviltamento do critério de seleção de juízes para a Suprema Corte; das disputas de poder entre os que, entre eles, acendem e apagam a Lei da Ficha Limpa a gosto; da produção de armações ilimitadas no Ministério Público para abortar votações contra seus privilégios; do embaralhamento da ordem cronológica criminalizando, no presente, expedientes eleitorais que eram legais no passado para provar que Lula “só é” porque todos também “seriam”; da “legalização” monocrática de modos criminosos das corporações amigas assaltarem o Tesouro Nacional, saltamos para algo ainda mais desinstitucionalizado e desprovido de qualquer sentido de prioridade. Como o piloto não assume nada, cada passageiros do governo se vai transformando num governo em si mesmo, com suas próprias prioridades definidas pela vaidade e, seguindo o padrão do chefe, denunciando como “traição ao povo” qualquer forma de contraditório.

Cada parente próximo, cada “guru”, cada ministro e cada poder da republica faz a sua lei e a submete “à sua rede”. E quem pode mais chora menos. Juízes mandam prender ex-presidentes se e quando acordam com essa boa ideia. O incitamento ao linchamento do contraditório salta, então, das convocações explícitas das redes sociais para as incitações veladas das redes de televisão empenhadas nos “justiçamentos” lá delas. Os tribunais atacados por afirmar o que está escrito na lei se arrogam o poder de investigar e punir os seus críticos. E o governo que se elegeu afirmando o direito à legitima defesa conclama o linchamento do representante eleito do povo que, acuado nesses termos, ousa pedir o debate democrático de uma legislação de abuso de autoridade.

Para as questões de momento há um remédio fulminante. Basta o comandante comandar. Meio grama de coragem…

Mas para fazer tudo isso ir voltando ao devido lugar o Brasil tem de incluir democracia representativa na sua ideia de democracia representativa. Sem essa providência elementar, água mole em pedra dura … SEMPRE refluirá como tem refluído. A Lei de Responsabilidade Fiscal já era. O “teto” do funcionalismo tá mais furado que “tauba de tiro ao álvaro”. A prisão após a 2ª Instância está por um triz. E quem duvida de que mesmo passando a Previdência, os tribunais, lá adiante, não transformem isto em mais uma das suas minas de ouro com ressarcimentos retroativos de “direitos adquiridos” violados com juros e correções estratosféricas como aconteceu com todas as outras reformas que pegaram de raspão na privilegiatura?

Se quisermos ter uma democracia, um dia, teremos antes de definir com precisão quem representa quem na nossa – o que só é possível com voto distrital puro – e atrelar todas as lealdades ao povo dando a cada representado o direito de demitir o representante traíra. Tentar mudar o Brasil sem isso será sempre, como tem sido, um esforço tão recompensador quanto tentar produzir ciência moderna a partir da crença de que o Sol é que gira em torno da Terra e não a Terra em torno do Sol.”

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quinta-feira, 28 de março de 2019

O momento da Lava-Jato





“O momento da Lava-Jato

Por Fernando Gabeira

Aqui no alto da Serra de Ibitipoca, uma bela região de Minas, chove e faz frio. Na minha cabeça, tentava organizar um artigo sobre uma possível intervenção militar na Venezuela. Rememorava a Guerra do Iraque e os grandes debates da época. Achava uma visão idealista tentar impor, numa sociedade singular, a democracia liberal à ponta do fuzil.

Continuo achando. Lembro-me de que, num debate em Paraty, o escritor Christopher Hitchens ficou bravo com meus argumentos. Nada grave. Semanas depois, escreveu um artigo simpático sobre aquela noite. Hitchens, ao lado de outros intelectuais como Richard Dawkins, dedicava-se muito ao combate da religião. Mas não percebeu como suas ideias sobre a invasão do Iraque, como observou John Gray, tinham uma ponta de religiosidade.

Esse era meu plano. No alto do morro, o único lugar onde isso era possível, o telefone deu sinal da mensagem: Temer foi preso. Moreira Franco também. A possibilidade da prisão de Temer sempre esteve no ar. Na última entrevista, lembrei a ele que ia experimentar a vida na planície.

Aqui neste pedaço da Mata Atlântica, não é o melhor lugar para se informar em detalhes. No meio da semana, tinha escrito um artigo sobre a derrota da Lava-Jato no STF, que deslocou o caixa 2 e crimes conexos para a Justiça Eleitoral.

Lembrava que o grupo de ministros que se opõem à Lava-Jato aproveitou um momento de desequilíbrio. Foi o escorregão dos procuradores ao tentar destinar R$ 2,3 bilhões, oriundos do escândalo da Petrobras, para uma fundação. Eles recuaram para uma alternativa mais democrática, um uso do dinheiro através de avaliação mais ampla das necessidades do país.

Distante dos detalhes da prisão de Temer, tento analisar este novo momento da Lava-Jato. Até que ponto vai fortalecê-la ou ampliar o leque de forças que se opõem a ela, apesar de sua popularidade? Diante da prisão do ex-presidente, que é do MDB, certamente vai surgir uma tendência de opor as reformas econômicas à Lava-Jato.

É uma situação nova, que ainda tento avaliar. O ministro Sergio Moro tem um pacote de leis contra o crime que já está sendo colocado em segundo plano, em nome da reforma da Previdência. É possível que avance junto ao governo uma nova tese, a de que a Lava-Jato prejudica as reformas, reduzindo suas chances de aprovação. Além disso, há o mercado, sempre expressando seu nível de pessimismo.

As acusações contra Temer eram conhecidas. Como diz um analista estrangeiro, ele gastou grande parte da energia e do tempo de seu governo para tentar escapar delas. Por essas razões, será necessário deixar bem claras as razões que levaram Temer à cadeia. É apenas mais um ex-presidente; mas, no caso de Lula, só houve prisão depois de condenado em segunda instância. Essa diferença desloca o debate técnico para a causa da prisão. Daí a importância de bons argumentos.

A ideia geral é de que a Lava-Jato deve seguir seu curso independentemente de análises políticas. Mas ele depende do apoio da opinião pública. Qualquer momento de fragilidade é usado pelos lobos no Supremo que querem devorá-la.

Numa análise mais geral, as eleições fortaleceram a Lava-Jato. A própria ida de Moro para o governo era o sinal de que agora ela teria o Executivo como aliado. Mas as coisas não são simples assim. A escolha de Moro por Bolsonaro foi um gesto político.

A renovação no Parlamento pode ter ampliado o apoio à Lava-Jato. Mas ainda é bastante nebuloso prever que leis contra o crime, especialmente o do colarinho branco, tenham um trânsito fácil, maioria tranquila.

O governo perde prestígio, segundo as pesquisas. Está dependendo da reforma da Previdência. Pode haver uma convergência momentânea para empurrar com a barriga as leis contra a corrupção.

Houve maioria no Supremo para mandar processos para uma Justiça Eleitoral sem condições de investigá-los com rigor. A mesma maioria de um voto pode derrubar a prisão em segunda instância.

Nesse momento, não adiantará aquele velho argumento: perdemos uma batalha, mas venceremos no final. Uma sucessão de derrotas precisa acender o sinal de alarme. Somente uma interação entre a opinião pública e a parte do Congresso que entendeu a mensagem das urnas pode reverter essa tendência. Haverá força para isso?”

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quarta-feira, 27 de março de 2019

Ganhos e perdas da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos





“Ganhos e perdas da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos

Por Eliane Cantanhêde

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem a versão de que nunca antes neste País uma viagem do presidente brasileiro aos Estados Unidos teve tantos resultados maravilhosos, nem a crítica de que a primeira visita bilateral do presidente Jair Bolsonaro foi um fiasco marcado por um entreguismo humilhante.

Objetivamente, a visita a Donald Trump rendeu decisões importantes no médio e longo prazos e o que chocou foi o excesso de ideologia e o esforço inédito do presidente brasileiro em agradar ao americano, afinando o discurso em praticamente todas as áreas.

Bolsonaro levou anúncios e apoios concretos, mas trouxe de volta alguns acordos fechados e acenos a serem materializados.

Ele dispensou americanos (além de canadenses, australianos e japoneses) de vistos, sem contrapartida, e apoiou o muro entre os EUA e o México, que equivale a um muro entre a potência EUA e uma América Latina incômoda. De que lado desse muro o Brasil está? Não é mais latino-americano?

Também na linha de agradar a Donald Trump, Bolsonaro foi para cima dos imigrantes ilegais brasileiros nos EUA. A maioria deles, acusou, “tem más intenções”. Pegou tão mal que Bolsonaro teve de pedir desculpas em público e o Planalto mandou retirar e depois “editar” a entrevista no site oficial.

O pior, porém, foi Bolsonaro apoiar a reeleição de Trump em 2020. Nada poderia ser tão antidiplomático, tão surpreendente. E se Trump não disputar? E se sofrer impeachment? E se perder para os democratas? A posição do presidente brasileiro configura ingerência em assuntos internos e pode custar caro ao Brasil mais adiante.

Curioso fazer o cruzamento entre as manifestações do presidente e do seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro. Foi ele, Eduardo, quem primeiro meteu na cabeça um boné com a inscrição “Trump 2020” e disse que os pobres imigrantes brasileiros – que, aliás, votaram em massa em Bolsonaro – são “uma vergonha”. E também foi Eduardo quem declarou que “o Brasil” apoia a decisão (ou obsessão) de Trump de construir um muro entre o seu país e o México. Que “Brasil”, cara pálida?

Se Eduardo Bolsonaro brilhou, ofuscou o chanceler Ernesto Araújo e deixou o Itamaraty de lado, a filha e o genro de Trump, Ivanka e Jared Kushner, assim como o secretário de Estado, Mike Pompeo, não deram o ar da presença. Se a visita de Bolsonaro era tão importante, como eles sumiram e o secretário de Estado viajou?

A ausência de Pompeo foi pretexto para excluir Araújo da reunião de Trump e Bolsonaro no Salão Oval, da qual só Eduardo participou. Nesse tipo de reunião, participam pelo menos chanceleres, ministros da Economia, embaixador em Washington, subsecretário para o Hemisfério Ocidental, tomadores de notas. Virou um tête-à-tête, com Eduardo de quebra.

Bolsonaro também ajustou o tom brasileiro sobre a Venezuela ao gosto de Trump. Enquanto generais e diplomatas brasileiros são veementes ao dizer “não” para uma ação militar, Bolsonaro foi vago, falou que discussões secretas não são reveladas e, mais tarde, acrescentou: “diplomacia em primeiro lugar, até as últimas consequências”. Ficou claro que a possibilidade, por mais absurda, está “on the table”.

Bolsonaro tem de enfrentar uma negociação duríssima para obter o maior troféu da viagem: o aval dos EUA para entrar na OCDE. Trump condicionou o apoio à decisão do Brasil de abrir mão dos privilégios que a OMC concede a países emergentes. Ou seja: o Brasil vai ter de renunciar à condição de emergente e se arvorar desenvolvido.

A única coisa que não pode acontecer é o Brasil abdicar já da condição preferencial da OMC e ficar esperando dois ou três anos para entrar, se entrar, na OCDE. As duas medidas têm de ser, no mínimo, simultâneas. Quanto ao reconhecimento do Brasil como aliado extra-Otan dos EUA, é basicamente um título honorífico. A Argentina já o ostenta desde 1998. E daí?

Bem, o acordo de salvaguardas para o uso comercial da Base de Alcântara (MA), negociado por 20 anos, é um bom negócio para ambos. Uma enorme economia para eles, como admitiu Trump. Uma janela de oportunidades para nós, como todos reconhecem. E houve acordos importantes nas áreas de energia, defesa e segurança, além de promessas de abertura comercial e conversas sobre agricultura.

Logo, foi bom, como sempre foi bom. FHC trouxe US$ 40 bilhões do FMI para enfrentar a crise do Brasil do início dos anos 2000. Lula acertou uma grande reestruturação das relações bilaterais, com impacto muito positivo para o Brasil. A diferença é que nunca antes neste País o presidente se esforçou tanto para dizer amém a tudo que Washington quer.

A viagem seguinte do presidente foi ao Chile, onde os países da América do Sul descartaram a Unasul e começaram a construir o Prosul. A Unasul foi uma ideia megalomaníaca do venezuelano Hugo Chávez, até com banco e agência de notícias comuns, na era do “bolivarianismo”. Chávez morreu, a Venezuela afundou e houve a forte guinada da esquerda para a direita na região. O Prosul reflete isso. Trata-se de um fórum de debates e de desenvolvimento com nítido carimbo liberal.

A próxima parada de Bolsonaro é Israel, um dos focos da política externa brasileira na “nova era”. Há um problema de oportunidade, já que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, aliado de Bolsonaro, foi indiciado por corrupção. Mas, antes mesmo da viagem, o Brasil já revê sua posição histórica na ONU e votou ontem, em Genebra, contra uma resolução que pede o fim da ocupação israelense nas Colinas do Golan, a libertação de sírios presos em complexos israelenses e condena violações de direitos humanos. O Brasil, portanto, votou do jeitinho que Trump gosta.”
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terça-feira, 26 de março de 2019

Você tem vergonha de ser brasileiro?





“Você tem vergonha de ser brasileiro?

POR RUTH DE AQUINO

Pode ser um mês. Pode ser um ano ou uma década. Estar fora não faz o Brasil sair da gente. Nossas belezas e mazelas vão na mala de rodinhas e no celular. Nosso sotaque nos acompanha, e junto vai a saudade da família, vai o jeito criativo e caloroso. Pode estar na Islândia, em Paris, na Patagônia, em Nova York, o brasileiro compartilha freneticamente memes, verdades e mentiras por WhatsApp.

É um choque ver sucessivas prisões de ex-presidentes ou ex-governadores por corrupção na Lava-Jato. A cada tragédia criminosa como as de Brumadinho e do Ninho do Urubu, a cada assalto com fuzil, bala perdida, inundação na sua esquina, feminicídio com rostos destroçados de mulher... a cada agressão covarde de PMs ou crime da milícia sem-vergonha... a cada “ato falho” da família Bolsonaro que transforma migrantes carentes em “vergonha nossa”, ou a cada besteirol de ministros e secretários ungidos por Deus acima de todos, a gente pensa: tenho vergonha de ser brasileiro?

Gosto de ser brasileira e carioca. Sou daqui, desse mar e dessas montanhas. O Rio de Janeiro, mesmo castigado, é deslumbrante. Há resistência cultural, moral e cívica em cada canto do país. É só olhar para o outro lado do espelho e vamos encontrar talento, alegria e solidariedade. Não podemos deixar uma maré de ignorância básica e cosmovisão cristã ou um discurso de esfola-e-mata nos subjugar ou derrotar nossa autoestima.

Por que a gente teima em voltar para o Brasil? Como morei cinco vezes na Europa, ouvi bastante essa pergunta. Desde os anos 1970. Voltar por quê, tá louca? O Brasil está numa crise imensa! Já vivemos temporadas obscuras. E jamais pensei em não voltar. Não tenho vocação para emigrar definitivamente para outro país. Teria uma vida mais sossegada. Mas seria mais triste.

O vento de intolerância sopra por todo lado. França, Holanda, Alemanha, Espanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos. Há terror, ânsia de separatismo, preconceito, temor da extrema-direita. Falta empatia e sobram muros. Nem falo de China, Rússia e África. Vemos êxodos de crianças famintas. Déspotas populistas, ditadores.

No Brasil, temos chance de contribuir para mudar. O que me envergonha é ver meu país expulsando o povo por falta de dois direitos fundamentais: Educação e Saúde. Em quase toda família que conheço, um casal jovem tenta emigrar porque não consegue manter filhos em escolas particulares e não há rede pública de qualidade. Idosos não conseguem um plano de saúde digno e e acessível. Buscam no exterior menos sobressaltos, mais civilidade e retorno para os impostos que pagam.

Esse foi um verão calorento que culminou num massacre em escola de São Paulo. A overdose no noticiário não ajudou. Estamos sensacionalistas demais. Nesse pós-carnaval e pós-tuite escatológico, não suportei o massacre de vídeos chocantes e depoimentos lacrimejantes sobre Suzano, que se repetiam ad nauseam por falta de informação nova. Desliguei. Não dá para banalizar o sofrimento ou espetacularizar atos de ódio. Precisamos de uma cota de boas notícias, uma injeção de esperança, arte e cultura. Nesse Brasil brasileiro, a gente esconde o que tem de bom.”

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segunda-feira, 25 de março de 2019

Bolsonaro à luz da ciência comportamental





“Bolsonaro à luz da ciência comportamental
        
POR ROBERTO MACEDO

A ciência comportamental cobre várias disciplinas que estudam as ações humanas, como a sociologia e a psicologia. E também o comportamento do ser humano no contexto de outras disciplinas, como economia e biologia. Como economista, vi que nas duas últimas décadas a economia comportamental ganhou grande espaço na análise econômica. Com ajuda da psicologia, analisa as decisões econômicas e, especificamente, as financeiras.

Entre as evidências desse avanço, destaco um manual de economia comportamental publicado este ano pela North-Holland, Handbook of Behavioral Economics – Foundations and Applications. Tem dois volumes, 1.241 páginas e foi escrito por 24 autores, vários deles de universidades famosas, como Yale, Harvard, Cornell, MIT e a London School of Economics. No prefácio é dito que Daniel Kahneman, Richard Thaler, George Akerlof, Tom Schelling, Robert Shiller e Jean Tirole, todos premiados com o Nobel de Economia desde 2000, o foram “em parte, ou no todo, por suas contribuições seminais à economia comportamental”.

Na sua essência, a economia comportamental contesta o axioma da racionalidade do ser humano, que por muito tempo pautou a análise econômica de suas decisões. Argumenta que essa racionalidade é limitada e muitas vezes leva a decisões equivocadas.

Na economia comportamental destaco Daniel Kahneman, um psicólogo. Suas análises têm aplicação ampla, como às ações do presidente Bolsonaro. Os artigos científicos que deram prestígio a Kahneman são de difícil leitura para o público em geral, mas ele também publicou um livro mais acessível, já traduzido para o português, Rápido e Devagar: duas formas de pensar (São Paulo: Objetiva, 2012). Nele argumenta que o processo decisório do ser humano recorre a dois sistemas. O sistema 1, automático e rápido, essencialmente intuitivo, influenciado por instintos, emoções e vieses comportamentais, muitas vezes não se mostra racional. O sistema 2 pensa de forma mais elaborada e controlada, toma mais tempo e nele a racionalidade é mais presente. Nas decisões, a mensagem é se informar bem sobre o objeto delas, submetê-las ao sistema 2, e que o recurso a este se torne um hábito.

As decisões de Bolsonaro ficam mais por conta do sistema 1. São impulsivas e às vezes causam perplexidade, como ao divulgar um vídeo obsceno recentemente. Passando a um exemplo de sua gestão, após enviar ao Congresso seu projeto de reforma da Previdência Social, objeto de dificílimas negociações, num encontro com jornalistas abordou a idade mínima de 62 anos proposta para a aposentadoria de mulheres e o valor de R$ 400 por mês previsto para antecipar aos 60 anos o Benefício de Prestação Continuada, devido a idosos carentes. Então admitiu que a idade mínima feminina poderia ficar mais próxima de 60 anos e o referido valor poderia ser ampliado.

Ou seja, já cedeu antes de a negociação avançar, a ponto de um líder oposicionista, Paulinho da Força, ironicamente agradecer essa concessão em mensagem a parlamentares, nestes termos: “Nós que lutamos por uma reforma mais amena podemos dizer que temos um aliado de peso: o amigo Jair Messias Bolsonaro”. Houvesse o presidente recorrido ao sistema 2, uma resposta racional seria que a proposta do governo é a que foi encaminhada ao Congresso e lá será discutida.

Na economia, reconhecendo não entender do assunto, racionalmente decidiu pelo sistema 2 ao delegá-lo ao ministro Paulo Guedes, mas mesmo assim costuma dar seus pitacos pelo sistema 1, como nessa reunião com os jornalistas.

Bolsonaro também se descuida na busca de informações, agravando seu despreparo em vários assuntos. Não se espera que um presidente entenda de tudo, e racionalmente deve sempre se aconselhar com especialistas de sua confiança. Mas ele valoriza muito o aconselhamento de pessoas como Olavo de Carvalho, um filósofo que também parece operar pelo sistema 1, e seus três filhos, mais inexperientes do que ele. Estes deveriam mesmo é cuidar dos próprios mandatos, pois é para isso que foram eleitos.

Bolsonaro tem também vieses comportamentais que não se coadunam com seu cargo. Demonstra não gostar dos políticos brasileiros e do jogo político indispensável para aprovar matérias no Congresso, jogo esse que requer um compartilhamento de poder que Bolsonaro recusa até mesmo a seu próprio partido. Pensando noutra disciplina, a política comportamental, também aí ele está operando pelo sistema 1.

O que fazer? Usando termo antigo aplicado a automóveis, que não vinham tão bem ajustados como os modernos, pode-se dizer que o presidente ainda está amaciando como tal. Aliás, então era comum colocar nos carros novos uma placa com o termo amaciando, para advertir pedestres e motoristas quanto a riscos ligados à baixa velocidade com que os veículos eram amaciados, a paradas súbitas e a outros contratempos. Assim, ainda nesta fase Bolsonaro deveria habituar-se ao sistema 2, para refletir sobre decisões, ir devagar, buscar bons assessores, evitar discursos improvisados mediante textos escritos revisados por assessores e desviar-se em situações de maior risco.

Como penso no Brasil, continuo a desejar sucesso ao presidente, mas vale apontar o risco de que isso não aconteça – e sobrevir um desastre. Seus desacertos são um dos ingredientes da deterioração das expectativas de crescimento do produto interno bruto (PIB) em 2019, que, segundo o Boletim Focus, do Banco Central (de expectativas do mercado financeiro), começaram o ano com uma taxa de 2,5%, mas de umas quatro semanas para cá essa previsão caiu para 2%. Contudo esse mesmo mercado ampliou de 2,6% para 2,8% sua previsão de aumento do PIB em 2020. Ou seja, parece acreditar que o sucesso do presidente foi adiado, o que já é uma deterioração das expectativas quanto ao seu desempenho.”

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sexta-feira, 22 de março de 2019

O mínimo de preparo





“O mínimo de preparo
        
Por William Waack

Se o presidente Jair Bolsonaro tem um mínimo de informação sobre o estado das Forças Armadas brasileiras, ele sabe que elas ainda não estão em condições de enfrentar sequer duas greves simultâneas de PMs, quanto mais se meter numa intervenção em país vizinho.

Se o presidente Jair Bolsonaro tem um mínimo de informação sobre o que pensam os vários quatro estrelas com os quais ele trabalha diretamente no governo ou interage inclusive por redes sociais, ele sabe que não há da parte desses profissionais a menor intenção de embarcar numa aventura militar contra um vizinho brasileiro – no caso, a Venezuela – e isso nada tem a ver com a capacidade operacional das Forças Armadas.

Se o presidente Jair Bolsonaro tem um mínimo de informação sobre o que o próprio estabelecimento militar americano pensa sobre “regime change” com o emprego de uma invasão (seria o caso na Venezuela, com “boots on the ground”), especialmente à luz de Afeganistão (2001) e Iraque (2003), sabe que uma invasão da Venezuela só existe, eventualmente, na cabeça de um falastrão como Donald Trump.

Então qual a razão de o chefe de Estado brasileiro deixar no ar, como o fez em pelo menos três ocasiões, em Washington, a hipótese de que uma intervenção militar americana na Venezuela tenha sido discutida sigilosamente com Trump? E, nesse mesmo raciocínio, que tivesse deixado aberta a possibilidade de o Brasil participar como coadjuvante (alguns talvez digam “lacaio”, mas, gente, vamos com calma, tá?) numa aventura absurda desse tipo?

Talvez o presidente, convicto de que há um comunista embaixo de cada cama, acredite (como os comunistas acreditavam) que a CIA, à qual prestou o especial tributo de uma visita, tenha um manual de “como derrubar um ditador socialista”. A CIA previa dois anos antes do colapso da União Soviética que o império de Moscou duraria para sempre, pouco antes do 11 de Setembro não tinha tradutores suficientes para ler as mensagens trocadas pela rede de Osama bin Laden e não conseguiu lidar com um ditador como Saddam Hussein.

Talvez fascinado pela exuberante personalidade de Trump, cujo maior temor é o de que alguém não esteja incessantemente falando dele, Bolsonaro acredite que o “maior negociador do mundo” (Trump sobre Trump) empregue com êxito contra o ditador Nicolás Maduro a mesma tática de compra e venda de imóveis, que inclui o blefe. Mas parece que outro alvo, o gordinho ditador da Coreia do Norte, é bom de negociação também, e continua abraçado aos seus mísseis e bombas apesar de toda “arte de fazer negócio” (título de best-seller escrito por Trump) criada pelo presidente americano.

Talvez o presidente brasileiro esteja convencido de que Trump seja um gênio das relações internacionais ao trocar o frio cálculo estratégico pela impetuosidade do Twitter. Não importa que, ao contrário das promessas de campanha de Trump, o tratado com o Irã continue de pé (culpa dos aliados), que o muro com o México não esteja de pé (culpa dos democratas) e que, em vez de diminuir, o déficit comercial dos EUA com a China tivesse aumentado (culpa dos chineses).

Talvez tenha sido essa extraordinária comunhão de valores ocidentais, que Trump considera ameaçados por hordas de imigrantes infiéis, que levou Bolsonaro a incluir milhões de brasileiros que foram para os EUA em busca de vida melhor na categoria de “mal-intencionados” em relação ao país que os acolheu, num “ato falho” que o presidente brasileiro reconheceu e pelo qual pediu perdão – mas o fato político estava criado.

Talvez nada disso. Talvez faltou, simplesmente, preparo.”

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quinta-feira, 21 de março de 2019

Tuitar e governar





“Tuitar e governar
        
Por Denis Lerrer Rosenfield

O risco de identificar tuitar com governar tem uma alta carga explosiva. Ações e ataques se multiplicam numa guerra cujo armamento principal reside nas redes sociais. O pensamento tende a desaparecer em proveito de ações imediatas que se utilizam de meios de expressão limitados, até pelo número de caracteres. Em tal contexto, a concisão toma a forma de acusações, em que vale somente o valor retórico ou demagógico do que é transmitido, sem a necessária atenção à verdade do que foi comunicado.

Tuitar, como o exibiu a campanha do atual presidente, tornou-se um elemento imprescindível em eleições, em que prevalecem acusações e denúncias, sem que se estabeleça nenhum diálogo e, por consequência, nenhum debate ou troca de pensamento. Ganha quem souber transmitir uma mensagem, independentemente de sua coerência, falsidade ou consistência. É bem verdade que o contexto da vitória era propício a tal tipo de campanha, pois a sociedade brasileira estava farta da corrupção e dos governos petistas, clamando por mudanças. Logo, chamando alguém capaz de personificá-las. A hábil estratégia de comunicação da equipe do candidato Bolsonaro foi exímia ao alcançar tal objetivo.

Acontece, porém, que as demandas de governar são de outro tipo, exigindo um pensamento de outra espécie, mais elaborado, caracterizado pela consideração do outro como adversário, e não como inimigo, e por propostas de quais serão os programas de governo para uma transformação do Estado. Aqui intervém o tempo de elaboração de ideias, suas formas de implementação e seus instrumentos mais adequados. O twitter eleitoral, tornado twitter presidencial, pode ser de valia, sempre e quando acompanhado por uma comunicação digital institucional e uma atenção particular para a mídia tradicional, em particular a impressa.

O recente episódio envolvendo uma jornalista do Estadão e a imediata reação presidencial é uma amostra do que não deve ser feito, um exemplo da identificação indevida entre tuitar e governar. A jornalista Constança Rezende terminou sendo envolvida numa rede de fake news, voltada para desacreditá-la e “denunciar” o próprio jornal, tornado, então, “inimigo”. A jogada do suposto blogueiro é nada mais do que pueril, própria de pessoa de má-fé, ideologicamente guiada. Chegou a ser desautorizado pelo próprio site.

Note-se, a propósito, que o Estadão é um jornal de longa tradição liberal, não se encaixa minimamente no perfil de esquerdista ou petista, sua característica principal é a adesão à liberdade como princípio. Soube se opor a regimes autoritários no transcurso de sua história, tampouco se curvou à hegemonia petista. Não poderia haver alvo mais inadequado.

Ganhou, no entanto, dimensão global (sendo originário da França) ao ser tomado por verdadeiro pelo presidente da República, que se apressou a considerar tal falsidade como se fizesse parte de uma conspiração contra o atual governo. A cautela deveria ter sido de rigor, exigindo, portanto, uma averiguação preliminar de se tal “notícia” era ou não verdadeira. Houve um problema de assessoria, o presidente não se pode arriscar indevidamente. Há toda uma liturgia do cargo que deve ser observada.

Quando se parte de uma suposta doutrina da conspiração, seu perigo maior consiste em que qualquer opinião divergente é tomada como se fosse inimiga. A divergência e a crítica fazem parte de qualquer sociedade democrática e como tal devem ser consideradas. A mídia tradicional não é inimiga, mas uma espécie de poder social independente, seu comprometimento maior é com a notícia verdadeira, editoriais responsáveis e artigos analíticos. Ora, para preencher essa sua função é primordial que tenha independência e rigor em suas fontes investigativas.

A mídia impressa, da qual este jornal é um exemplo, não perde sua importância num mundo de comunicação digital. É ela que se torna um bastião para a averiguação das fake news e do que se propaga, sem nenhuma regra ou controle, no mundo virtual. É ela também que subsidia as redes sociais, que tomam dela boa parte de suas “matérias” e “notícias”. Atrever-me-ia a dizer que a mídia impressa é cada vez mais importante numa sociedade digital, servindo-lhe como referência e âncora da verdade e da análise, lugar do pensamento. O problema está em que a publicidade não leva em conta esse fator central, fazendo a mídia impressa viver uma crise financeira atrás da outra. O paradoxo consiste em que a mídia impressa é cada vez mais necessária num mundo virtual e suas condições de existência são progressivamente mais precárias.

Do ponto de vista governamental, pode haver total sintonia entre uma comunicação digital presidencial, uma comunicação digital institucional e uma comunicação de mídia tradicional. O que não convém é identificá-las e confundi-las. O próprio presidente da República, por intermédio de seu porta-voz, general Rêgo Barros, e de seu secretário de Comunicação Social, Floriano Amorim, sinalizou uma correção de rota ao convidar jornalistas para dois cafés da manhã. O que conta, aqui, é o fato de o presidente ter aberto essa forma de comunicação ao reconhecer a mídia impressa e a televisiva como interlocutoras. Faltava, evidentemente, esse tipo de interlocução, agora é ampliá-la.

O Brasil vive uma oportunidade única de mudança. O presidente Bolsonaro foi eleito por personificar a luta contra a corrupção, por suas firmes posições antipetistas e por sua contestação frontal do politicamente correto. Tem a sorte de o PT estar completamente desorientado, agindo como biruta de aeroporto. A rigor, não tem oposição, salvo a que parece estar fazendo a si mesmo, com uso abusivo de tuítes e divergências internas, de cunho ideológico, completamente desnecessárias.

Urge a mudança e para tal o bom senso deveria prevalecer.”

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quarta-feira, 20 de março de 2019

Como criança na Disney





"Como criança na Disney

POR MERVAL PEREIRA

Diz-se de uma pessoa feliz em uma situação que está "como pinto no lixo". Pois Bolsonaro parecia uma criança feliz na Disney. A visita aos Estados Unidos pode ser considerada um sucesso, com o apoio de Trump à entrada do Brasil na OCDE, o aceno para que nos associemos à OTAN,  a possibilidade de reduzir o déficit na balança comercial com os Estados Unidos, a utilização da Base de Alcântara pelos americanos, que pode trazer tecnologia e intercâmbio. Mas a política externa brasileira está sendo tocada por uma dupla assimétrica: o deputado Eduardo Bolsonaro indicou o chanceler Ernesto Araujo, mas faz questão de mostrar que quem manda é ele. Ontem, submeteu seu apadrinhado a uma humilhação pública, ao substituí-lo na audiência com o presidente Trump na Casa Branca.

 Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o 03 na hierarquia familiar reforçou a ideia de que é o 01 da política externa. Muito parecido com os governos petistas, que tinham dois chanceleres: Celso Amorim, e a eminência parda do petismo, Marco Aurélio Garcia. Amorim conseguiu impor-se com o tempo e se transformou em um petista de cúpula. Mas Garcia tinha gabinete no Palácio do Planalto e uma influência indiscutível na formulação da política externa.

Como agora, não havia discordâncias ideológicas entre os dois, mas dificilmente o chanceler neófito Ernesto Araujo terá voz própria na política externa de Bolsonaro. As medidas radicalizadas que o governo abraça, como mudança da embaixada brasileira para Jerusalém; disputa com a China, que ainda veem como comunista, uma atuação mais radical na Venezuela, todas saem da cabeça de Eduardo Bolsonaro, cujo papel nas relações internacionais foi elogiado por Trump: “Vejo o filho do presidente, que tem sido fantástico”.

Os dois, Eduardo e Araujo, são discípulos do ideólogo da radicalização de direita Olavo de Carvalho.      Os esquerdistas veem golpes sempre que perdem, os direitistas têm mania de ver comunista em qualquer lugar. Por isso o presidente Bolsonaro disse nos Estados Unidos que “nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”.

No que foi seguido pelo presidente americano Donald Trump, que disse que pensa de forma semelhante a Jair Bolsonaro. “A última coisa que queremos nos EUA é socialismo”. Assim como o PT tem o socialismo só em seu programa, também o socialismo que Trump rejeita, na última eleição foi representado pelo veterano Bernie Sanders, que se diz liberal progressista.

Nos Estados Unidos, a social-democracia europeia é sinal de comunismo. Não foi Bolsonaro quem impediu que o país se tornasse comunista, simplesmente porque nunca houve essa ameaça. Nem há, entre os bolivarianos que o PT financiou com o dinheiro da corrupção, um país comunista. Todos se dizem de esquerda, mas são mesmo cleptocracias ditatoriais.

Se o PT conseguisse permanecer no poder, tentaria implantar não o socialismo no Brasil, mas um governo autoritário, como a Venezuela de Chaves, ou a Nicarágua de Ortega. No máximo, o que chamam de socialismo do século XXI, que mascara com populismo a rapina dos tesouros nacionais.

Quem interrompeu a caminhada do PT não foi Bolsonaro, foi Dilma, cujo governo desastroso, e falcatruas no orçamento, deram espaço para seu impeachment. Quem governou o país nos últimos três anos foi Michel Temer, que de comunista ou socialista não tem nada.

Se eventualmente houvesse uma maquinação petista para assumir o poder sem contraposições institucionais, e tentaram várias vezes abrir atalhos para isso, o MDB velho de guerra é que inviabilizou a pretextada aventura abandonando a parceria com o PT e aderindo à oposição.

 A aliança com os Estados Unidos, que é um ativo importante para o Brasil, foi tratada pelos Bolsonaros como uma benção dos céus. Até o ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos pilares do governo, que foi muito claro no apoio à relação comercial com a China, caiu na esparrela e disse a certa altura que temos um presidente que adora os Estados Unidos, jeans, Disneylândia e Coca-Cola.

Para completar a sequência de embaraços, Bolsonaro, seguindo um twitter do filho 02, disse em uma entrevista na Fox que a maioria dos imigrantes não têm boas intenções quando vão para os Estados Unidos. Eduardo havia dito que os brasileiros ilegais nos Estados Unidos eram “uma vergonha” para o Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas mais tarde, alegando que cometera um equívoco, queria se referir à “menor parte”. O chanceler de facto passou batido. “

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terça-feira, 19 de março de 2019

Movimento ambientalista é de esquerda ou de direita?





“Movimento ambientalista é de esquerda ou direita?
        
Por José Goldemberg

Preocupações com a preservação do meio ambiente datam da mais remota Antiguidade. Platão, há 2.500 anos, comparou o desmatamento na Grécia do seu tempo com “o esqueleto de um homem doente: toda a gordura e a carne tenra se foram, deixando apenas a moldura nua da Terra”.

Alguns governantes, ao longo da História, se deram conta das consequências negativas da destruição das florestas. Os antigos egípcios penalizavam quem cortasse árvores e na civilização inca essa prática era punível com a morte.

Apesar disso, a expansão do Império Romano varreu as florestas de quase toda a Europa e da Inglaterra. O mesmo foi feito pelos colonizadores portugueses, que devastaram a Mata Atlântica até esgotar a produção de pau-brasil.

A situação começou a mudar no século 16, por diversas razões: em alguns países, como a Áustria, um reflorestamento foi feito por questões econômicas; em outros, pelo interesse dos aristocratas europeus em preservar as florestas em torno dos seus castelos para garantirem espaço para suas caçadas. Aliás, essa é a razão pela qual Londres tem hoje tantos parques. Na enorme expansão da conquista do território da América do Norte, reservas naturais foram criadas até por motivos estéticos, sob a influência de intelectuais como Thoreau.

Surgiram no século 19 as primeiras associações ambientalistas do mundo, como a Open Society, na Inglaterra, em 1865, o Sierra Club, nos Estados Unidos, em 1892, e a Audubon Society, também dos Estados Unidos, em 1905.

O caráter básico delas era a conservação da natureza, o que levou à criação, em 1952, da União Internacional para a Conservação da Natureza.

No fundo, eram todas elas organizações inspiradas em nobres propósitos, bem aceitos pelo establishment e próximas da “direita”, mas pouco eficazes em evitar a degradação ambiental decorrente da industrialização selvagem do século 19, devida à utilização de carvão em grande escala. Nos países menos desenvolvidos, a expansão colonial dos séculos 19 e 20 levou a degradação ambiental ao resto do mundo.

Foi só a partir da metade do século 20 que surgiram na Europa e nos Estados Unidos movimentos sociais e organizações que começaram a questionar seriamente os modelos de desenvolvimento econômico que levavam à degradação ambiental. Esses movimentos, que se organizaram em parte pela repulsão à Guerra do Vietnã, acabaram se expandindo para a luta contra o apartheid na África do Sul, a discriminação racial nos Estados Unidos, a cruzada contra o uso da energia nuclear, depois do acidente de Chernobyl, e a emancipação feminina, que a pílula anticoncepcional acelerou.

Algumas dessas organizações, como o Greenpeace, introduziram um tipo de ativismo que não existia no movimento ambientalista do início do século 20, que era até então tolerado pela “direita”. Por essa razão a revolução cultural dos anos 1970 ganhou aspectos mais próximos do que se rotula como “esquerda” do movimento ambientalista, crítico da economia capitalista dos países do Ocidente e da economia dos países da área socialista, uma vez que a União Soviética não revelou preocupações maiores com a preservação ambiental do que seus adversários ocidentais na guerra fria.

O que estamos presenciando agora neste início do século 21 é um movimento de “contracultura” ao que se poderia considerar exageros da revolução cultural dos anos 70. Ele se manifesta no renascimento da valorização da família, no nacionalismo e nas restrições à entrada de imigrantes de Estados islâmicos e africanos, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. Neste país em particular, a eleição de Donald Trump tem sido interpretada como uma reação ao “politicamente correto” dos anos de Bill Clinton e Barack Obama.

Ele se manifesta também por meio de ideologias evangélicas cristãs (não católicas), baseadas na sua interpretação pessoal dos Evangelhos, e atrai também grupos de protestantes, mórmons e judeus. Eles têm em comum um forte apoio à economia de mercado (sem controle governamental), questionam a Teoria da Evolução, são contrários à manipulação genética, eutanásia, homossexualidade, educação sexual, ao aborto; e são céticos em relação ao aquecimento global, além de terem uma forte suspeita das elites científicas que questionam as interpretações literais da Bíblia.

Uma vítima dessa descrença no conhecimento científico é a recusa em aceitar o fato notório de que a atividade humana é a causa principal do aquecimento global, o que favorece grupos econômicos importantes nos países produtores de combustíveis fósseis e, principalmente, empresas de petróleo e de carvão.

Existe, porém, um elemento novo que surgiu nesse debate, com o trabalho dos cientistas de grandes universidades americanas como Princeton, Universidade da Califórnia, e também de alguns pesquisadores brasileiros. Esses cientistas analisaram as causas da degradação ambiental, como certos tipos de tecnologias – comuns a todos os países industrializados, capitalistas ou comunistas – e o uso de combustíveis fósseis. E identificaram os verdadeiros vilões, os responsáveis pelos problemas.

Esses trabalhos tiveram o mérito de “despolitizar” o debate e abrir caminho para a adoção de tecnologias limpas, como o uso de energias renováveis. Exemplo de sucesso nessa área foi a melhora da qualidade do ar, da água e a disposição do lixo, cujas consequências positivas são visíveis a olho nu.

Contudo o aquecimento global é mais difícil de explicar, porque não é visível, seus impactos não são imediatos – somente se dão no longo prazo – e combatê-lo tem custos elevados. É por essa razão que é preciso, nesse caso, um esforço redobrado dos cientistas para evitar que o tema do aquecimento global seja novamente “politizado” e deixar muito claro que não é sensato adiar as medidas que poderão resolvê-lo.”

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segunda-feira, 18 de março de 2019

Menos Brasília?





“Menos Brasília?
        
Por Zeina Latif

As políticas públicas da União, Estados e municípios não são independentes entre si; umas impactam as outras. Sem a devida coordenação, geram desperdícios, ineficiências e perda de bem-estar da sociedade. A ação dos entes da federação necessita de regras que definam a divisão de poder, direitos e obrigações, visando o bem comum. É disso que trata o chamado pacto federativo.

O debate sobre a revisão do pacto federativo é antigo, e gira em torno, sobretudo, de questões fiscais.

A Constituição de 1988 promoveu significativa descentralização da arrecadação federal em favor de Estados e municípios, via transferência de recursos, mas sem redistribuir simultaneamente a responsabilidade sobre os serviços públicos. Com despesas e obrigações crescentes geradas pela Carta, a União reagiu com o aumento da carga tributária. Além disso, ao longo dos anos, promoveu-se o aumento das obrigações estaduais e municipais em gastos sociais, apertando o orçamento destes entes.

Outro sério problema foi que as regras de repasses estimularam a criação de municípios via emancipação de distritos. O resultado foi uma pior alocação de recursos públicos. Atualmente, a principal fonte de recursos de 60% das prefeituras é o Fundo de Participação dos Municípios, segundo a Confederação Nacional dos Municípios.

A posição dos Estados é bastante vulnerável, em parte por decisões equivocadas, em parte por fatores estruturais. O ICMS tornou-se um imposto obsoleto, como ensina José Roberto Afonso. Sua capacidade de arrecadação é decrescente devido às mudanças no setor produtivo, como o maior peso do setor de serviços. Um sério agravante é a chamada guerra fiscal entre os Estados – redução do ICMS para atrair investimentos produtivos. A arrecadação cai há décadas. Uma reforma tributária mudando o regime do ICMS (cobrar no destino sobre o valor agregado) é urgente e essencial na discussão do pacto federativo. Como está hoje, todos perdem.

Esse quadro se agravou na gestão Dilma. O governo federal, equivocadamente, promoveu renúncias tributárias em impostos compartilhados, para estimular a economia. Além disso, estimulou a leniências fiscal dos entes ao autorizar o aumento do endividamento com aval da União e reduzir exigências para receber os repasses. Ainda que deletérios, esses fatores não são a real razão da crise dos Estados, que decorre de decisões equivocadas na contratação de servidores e aumentos de salários acima dos ajustes no setor privado. O maior endividamento não resultou em aumento de investimentos, mas sim em gastos com a folha.

Em grave crise, a maioria dos governos estaduais pressionam por ajuda do Tesouro Nacional.

Não há espaço para transferir mais recursos tributários aos entes, por conta do rombo fiscal da União. Tampouco seria uma decisão sábia até que reformas estruturais mudem a dinâmica dos gastos nos Estados e municípios. Seria água no ralo.

O governo acena com outro tipo de ajuda: garantias da União para novos empréstimos aos Estados, mesmo sem contarem com nota de crédito suficiente para ter direito ao aval. Não parece medida adequada antes de ações concretas para cortes de despesas e aprovação da reforma da Previdência.

Além disso, propõe-se reduzir a rigidez orçamentária eliminando regras constitucionais que regem o orçamento, o que impactaria basicamente gastos com saúde e educação. O debate é necessário, mas o impacto da medida é limitado, não vai salvar ninguém, pois o grande peso no orçamento é a folha de ativos e inativos. O tema é polêmico e será difícil o Congresso aprovar sem um amplo debate.

Acredito que um outro debate deveria ser o de inserir meritocracia nos repasses aos entes. Estados e municípios que fazem boa gestão e têm bons resultados em termos de qualidade do serviço público deveriam ser premiados.

Rever o pacto federativo não é sinônimo de socorrer Estados. Se o lema é “menos Brasília e mais Brasil”, os Estados precisam fazer sua parte, adotando medidas para elevar a arrecadação e conter despesas. Sem isso, vamos continuar a assistir as visitas periódicas dos entes subnacionais à Brasília pedindo ajuda.”

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sexta-feira, 15 de março de 2019

Incertezas seguram economia






“Incertezas seguram economia

Por Carlos Alberto Sardenberg

A inflação acelerou mais do que se esperava em fevereiro, mas os culpados do mês foram rapidamente identificados. O feijão, por exemplo, com alta de mais de 50%, conforme a medida do IPCA, índice do IBGE. Mas não só. Alimentos em geral tiveram alta forte. Também a energia elétrica, mais matrículas e mensalidades escolares, neste caso eventos exclusivos de fevereiro.

E daí?

Daí que nada. Todos os demais itens mostram uma inflação mais do que comportada, rodando há vários meses abaixo da meta do Banco Central. Para este ano, a meta é de 4,25%. Em fevereiro, o IPCA acumulado em 12 meses bateu 3,89%, sendo um pouquinho menor (3,85%) a previsão do mercado para o ano todo.

Tudo muito bem, portanto?

Mais ou menos. O problema é que, assim como a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) também está encolhendo. Cresceu apenas 1,1% no ano passado, e as previsões para 2019 vêm caindo há semanas, estando agora em 2,28% — muito baixo.

Acrescente-se ao cenário a taxa de desemprego (12%), e se verifica que a inflação baixinha — em si, um dado positivo — reflete também a fraqueza geral da economia. É por isso que muitos analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária do BC, o Copom, deverá voltar a reduzir a taxa básica de juros, fixada em 6,5% desde março do ano passado. É um recorde de baixa e de baixa prolongada no regime de metas de inflação.

Faz sentido. Quanto menor a taxa de juros, maior o incentivo para que consumidores e investidores tomem empréstimos e gastem em alguma coisa. Mais PIB, portanto.

Ocorre que a economia brasileira tem muitos outros problemas que desestimulam e/ou adiam investimento e consumo com dinheiro emprestado. Em outras palavras, o pessoal não anda muito animado para tomar compromissos a longo prazo, sequer a médio.

Poderia dizer que a dúvida principal está na situação das contas públicas — ou seja, se haverá ou não a reforma da Previdência, já que, sem a contenção do déficit previdenciário, o governo federal e os estaduais quebram em poucos meses.

É por aí, mas vai além. Há um mal-estar crescente em relação à capacidade das instituições (incluindo o governo executivo, Congresso e Judiciário) em arbitrar e desfazer os impasses que bloqueiam a atividade econômica.

Nem chega, ainda, a ser algo formulado. Mas uma sensação de que pode não dar certo. Fatos em si pequenos, incidentes que passariam despercebidos vão se acumulando e deixando uma má impressão.

O governo Bolsonaro, que assumiu sob expectativa de que faria deslanchar as reformas, a cada dia oferece uma confusão em torno de assuntos que nada têm a ver com as boas propostas (os pacotes Guedes e Moro, por exemplo). As demissões e contrademissões no Ministério da Educação, por causa de rixas entre facções, levantam a dúvida mais que razoável: é esse pessoal que vai reformar o ensino?

O Congresso parece passar o seguinte recado: pode-se votar a reforma da Previdência, desde que se restabeleça algum “toma lá dá cá”.

O Supremo Tribunal Federal parece não perceber o tamanho da crise financeira do Estado. Há pouco, por exemplo, decidiu que o governo de Minas não precisa pagar o que deve ao governo federal, nem fazer um programa de ajuste fiscal. (A posição do ministro Paulo Guedes, correta, é condicionar a ajuda federal ao ajuste estadual).

Ok, trata-se de um caso aqui outro ali, mas a sucessão de pequenos incidentes vai criando um baita problema.

Por outro lado, não desapareceram as esperanças de alguma boa reforma. Ontem, por exemplo, a Bolsa bateu recorde de alta. Ligou o modo “agora vai”, acreditando que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vai sustentar a tramitação da reforma da Previdência. Mas outro dia mesmo, o pessoal estava apreensivo com as ressalvas do próprio Maia à capacidade de articulação do governo.

Nesse vai e vem, comprar ações, num dia bom, é fácil. Pode-se vender amanhã. Mas iniciar um novo negócio, comprar em várias prestações, é outra coisa.”

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quinta-feira, 14 de março de 2019

O Fim da Idade da Pedra





“O Fim da Idade da Pedra

 Por Silvio Meira

O fundo soberano da Noruega é o maior do mundo e gerencia US$1,03 trilhões. Depois de anunciar sua saída da indústria carvoeira, avisa que vai desinvestir os US$37 bilhões que estão em petróleo e gás. É importante notar que o setor responde por 22% no PIB do país e 67% de suas exportações; a Noruega é um dos cinco maiores exportadores de petróleo. Cerca de metade de todo petróleo do planeta se torna gasolina e é queimado em carros. Hoje, são perto de 100 mil litros por segundo. Aqui entra outro detalhe: a Noruega é o quinto mercado para veículos elétricos, com mais de 300 mil em circulação; a China é o primeiro, com mais de 2,2 milhões. Considerando veículos elétricos por mil pessoas, a Noruega lidera o mundo, com 56, e a China é o quinto, com 1,6.

A função essencial de um fundo soberano é estabilizar a economia de seu país frente às oscilações e crises locais e globais, ao mesmo tempo em que gera riqueza para as futuras gerações. Os fundos soberanos não são uma inovação recente; o primeiro foi o do Kuwait, em 1953, quarto maior do planeta, hoje. Até o Brasil já teve um, criado em 2008 e encerrado o ano passado. Mas isso é uma outra história, longa e confusa.

Quando um destes fundos desiste de um tipo de investimento é porque deixa de ver, nele, seu futuro. Essa é a mensagem que os noruegueses passam. Petróleo ainda tem um presente, que pode até ser longo, de décadas, mas não tem um futuro de muitas décadas ou séculos. E por muitas razões. A principal delas é que nosso uso de energias fósseis não é sustentável. Nunca foi, e é cada vez menos. Mas não só: agora, há alternativas.

Até dezembro de 2017, Shenzhen [12,5 milhões de habitantes] eletrificou todos os seus 16.359  ônibus. Dos mais de 21 mil táxis, 99% são elétricos, deixando de emitir 856 mil toneladas de CO2 por ano. É claro que não aconteceu de repente, Shenzhen começou em a tratar disso em 2010. No Brasil, perdemos uma inovação que já tivemos, o tempo para projetos de longo prazo e alto impacto.

A China viu o tempo e a oportunidade, está liderando a eletrificação da mobilidade e tem 99% dos 385 mil ônibus elétricos do planeta. A cada 2 meses, adiciona uma São Paulo inteira (mais de 15 mil ônibus) só de elétricos. A frota global de ônibus elétricos economizou 233 mil barris de petróleo por dia em 2018.

Mas não é só a China: enquanto continuamos a marchar ao tom do brado retumbante do "petróleo é nosso" a BP, oitava maior do petróleo, apostando que o número de veículos elétricos no Reino Unido sairá dos 135 mil de 2018 para 12 milhões em 2040 e 26 milhões em 2050, comprou a maior rede de recarga de veículos elétricos do país, a ChargeMaster. Em 2017, a Shell. sexta maior do setor, havia comprado outra rede de recarga, a NewMotion, que opera em 25 países na Europa.

Claro que petróleo tem outros -e muito mais nobres- usos além de combustível. Mas a falta de demanda de petróleo para mobilidade decretará o fim da era do petróleo, quase nos mesmos termos que o Sheik Ahmed Zaki Yamani previu: “assim como a Idade da Pedra não terminou por falta de pedra, a Idade do Petróleo não acabará por falta dele”. E a vasta maioria das reservas continuará onde está, enterrada. Ainda bem.”

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