Em manutenção!!!

sábado, 30 de agosto de 2014

As mentiras do PT




Por Zezinho de Caetés

Tempos atrás, mesmo sendo de outra área de estudo, com a qual ganhei a vida, eu fiz um curso de economia, que me ajuda muito, certas horas. Principalmente, nesta fase na qual os candidatos vão à TV, muitas vezes, enrolar o grande público. E, pelo que eu vejo, ao público a que eles se dirigem é facilmente enrolável, por desconhecimento da matéria.

Aprendi naquele curso que economia, esta importante ciência social, trata da escassez de meios para satisfazer as necessidades humanas, pelo menos desde que Adão comeu aquela fatídica maçã no paraíso, infringindo a lei de Deus, e Este o mandando ganhar o pão com o suor do seu rosto. E, quando hoje vejo, nos debates eleitorais, algum candidato falando de economia, parece até que voltamos ao paraíso. Todos prometem que a partir de 2015 tudo será uma maravilha, o Brasil será o Brasil Maravilha. E ai de quem disser o contrário.

O candidato Aécio Neves cometeu a heresia de dizer que pode tomar medidas impopulares para reverter as burradas que o PT cometeu no poder, e isto é motivo de ataque da gerenta presidenta, que diz entender de economia, e promete que, com ela no governo, o salário mínimo vai aumentar tanto, que em 4 anos, todos estarão ganhando apenas ele, e o Brasil será um país com justiça social com todos na classe média. O que todos esquecem de explicar é como isto será feito.

Então, hoje vendo que Economia é para quem entende, eu transcrevo abaixo um texto do talvez futuro Ministro da Fazenda (isto se o Aécio ou a Marina ganhar as eleições, pois esta disse que governará com PSDB, e um candidato melhor ao posto é impossível) o Arminio Fraga, que coloca organização nas mentiras inventadas no PT ao longo do tempo. O texto foi publicado na Folha de São Paulo em 28/08/2014, e se intitula: “Mitos do PT”. Eu não seria tão educado e o intitularia, se tivesse a capacidade de escrevê-lo de “MENTIRAS DO PT”, que é o título que dou a esta postagem para vocês meditarem  fim de semana a dentro. Fiquem com o Arminio.

“Não é de hoje que o PT adota uma retórica agressiva e populista para marcar suas posições. Em tempos de campanha, esta prática se radicaliza, adquirindo tons cada vez mais berrantes, e chegando frequentemente a se desentender com os fatos. Abaixo alguns exemplos.

O primeiro mito, mencionado em entrevista na televisão pela própria presidente Dilma, é que a culpa do baixo crescimento é da economia internacional. Não é verdade. Nos governos FHC e Lula, o Brasil cresceu a taxas médias muito próximas das da América Latina. Para os anos Dilma, o crescimento projetado está 2% ao ano inferior ao da região, o que demonstra que não foi problema externo, foi interno mesmo.

O segundo diz que "basta estimular a demanda e o resto se resolve". Não tem sido bem assim. Falta investimento, vítima de preconceitos ideológicos e má gestão. A produção e a importação de bens de capital afundaram nos últimos meses. A infraestrutura virou uma barreira ao crescimento. O investimento está flutuando em torno de 18% do PIB há anos, valor insuficiente para acelerar o ritmo de crescimento. É preciso elevar esse porcentual a 24% até 2018, que é a nossa meta.

O terceiro é que os problemas da indústria serão resolvidos com medidas pontuais. Na verdade, a indústria nunca esteve tão mal. As taxas de juros estão para cima e o câmbio para baixo. O complexo sistema tributário é custoso e cumulativo, prejudicando as exportações e o investimento. A logística não está à altura das necessidades do país.

O quarto é o "querem fazer um arrocho", em resposta à posição honesta de que (para voltar a crescer) o país necessita corrigir muitas de suas políticas. A verdade é que a economia está devagar quase parando, amarrada por uma enorme e crescente incerteza sobre seu futuro. As perspectivas para o ano que vem são sombrias, como mostram todos os indicadores de confiança disponíveis. O arrocho, com dispensas e suspensões de contrato de trabalho, já chegou, vamos cair na real.

O quinto é o estridente "vão fazer um tarifaço". Aqui cabe perguntar, antes de mais nada, que situação é essa e como chegamos nela. Falo do irresponsável represamento dos preços de combustíveis e de energia, e da taxa de câmbio. No campo dos combustíveis, sofre a Petrobras asfixiada em seu fluxo de caixa, sofre o setor de etanol, onde as falências crescem, e sofre o meio ambiente, com o absurdo subsídio implícito a combustíveis fósseis. No setor elétrico, um movimento voluntarista de redução de tarifas saiu pela culatra, e vem gerando uma dívida bilionária com as distribuidoras de energia. Por último, a repressão da taxa de câmbio desestimula as exportações e pressiona ainda mais o deficit em conta corrente, hoje em 3,5% do PIB.

Em sexto lugar, há a acusação de que "o governo FHC sempre cortou o gasto social". Acusação falsa, como demonstra Samuel Pessôa em artigo recente nesta Folha. Medido como a soma de INSS, Lei Orgânica da Assistência Social, abono salarial, seguro-desemprego e bolsas, o gasto social cresceu cerca de 1,5 ponto do PIB em cada um dos governos Itamar/Collor, FHC, Lula e Dilma (esta em cerca de 1 ponto até agora). Na verdade, o governo FHC representou uma guinada no foco do gasto público na direção da educação e da saúde, ponto nunca reconhecido pelo PT.

Finalmente, o governo diz que "quebraram o país e nós pagamos o FMI". Em 2002, o Brasil quase quebrou, sim, em função do medo do que faria o PT no poder (e que Lula resolveu, para seu eterno mérito). No segundo semestre de 2002 o governo FHC (com anuência da oposição) tomou um empréstimo com o FMI de US$ 30 bilhões. Cerca de 80% do empréstimo foram reservados para o próximo governo, sendo 20% desembolsados (e não gastos) em dezembro de 2002 e o restante já durante o governo Lula. Portanto os recursos ficaram, na prática, à disposição do governo Lula.

O populismo e a mentira são inimigos da democracia e da boa política. Temos que melhorar a qualidade do debate público, que deve ser baseado em fatos e dados.”

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A outra eleição e o mesmo avião




Por Zezinho de Caetés

Ontem vi o debate, o primeiro na TV, entre os candidatos a presidente. Confesso, dormi na terceira fala de Dilma. Eu não consigo mais aguentar aquilo acordado. Já que é para enganar o eleitor que, pelo menos, inove na enganação. Quando ela bate naquela tecla de que a economia vai mal porque ela não quis que o povo ficasse desempregado nem tivesse desconto na conta do Bolsa Família, o tédio me leva ao sono.

O que vimos foi um único candidato com capacidade de levar este país a uma melhor situação, embora com as dificuldades que a herança maldita de Dilma trará: o Aécio Neves. Só ainda não me decidi votar nele, a partir deste debate, porque senti que à Marina deve ser dada outras oportunidades para mostrar a que veio como “viúva” do Eduardo. Até ontem só vi enganação e frases de efeito e a tentativa de fazer um governo com todos os brasileiros. Esta história eu já vi antes e terminou com o protagonista indo à televisão e dizendo: “Não me deixem só!”. E realmente não deixaram. Ele saiu junto com a mulher do Palácio do Planalto, para nunca mais voltar.

No entanto, o que me traz aqui, é transcrever para vocês um texto do imortal Merval Pereira que saiu em seu blog no último dia 27. E ele trata do que o seu título diz: “A outra eleição”. E é difícil discordar dele quando ele diz que a morte do ex-governador de Pernambuco nos garantiu uma nova eleição. E isto não se aplica só à eleição para Presidente de República, mas, passa, principalmente, pela eleição em nosso Estado, como mostra a última pesquisa do IBOPE que faz o candidato de Eduardo, o Paulo Câmara, ter condições de vencer as eleições o que era praticamente impossível de deduzir das pesquisas anteriores. Posso dizer que o quase “showmício” do enterro está funcionando, até agora. E eu acho isto bom, para ver se o PT vai embora de uma vez do nosso Estado. Não. Não estou sendo injusto com meu conterrâneo Lula, porque gostaria que ele voltasse a Pernambuco, embora não para ser político mas para ser um acadêmico na Academia Caeteense de Letras, que ainda é o meu sonho criar, e a cadeira 13 é dele, pelo conjunto da “obra”.

No plano nacional, a ideia que estamos vivendo uma nova eleição é até mais evidente. Quem, em sã consciência imaginaria que hoje tivéssemos certeza de segundo turno e que, assim sendo, a Marina possa ganhar as eleições?  O que o Merval chama atenção, com muita propriedade, é que para os velhos candidatos ainda não caiu a ficha que o alvo agora é a Marina e não a velha rivalidade entre PSDB e PT que, dizem, o Lula quis trazer de volta, pensando que era uma grande estratégia eleitoral. Claro que não era estratégia nenhuma. Todos sabemos que o FHC foi quem deu, não tendo qualquer culpa, as três eleições do PT. Ou seja, o discurso do PT do “nós contra eles” elegeu Lula duas vezes e a Dilma uma. E não era estratégia do Lula não. É que ele só sabe fazer isto, como um disco arranhado. Agora, com Marina, sua ex-discípula, a coisa mudou, e muito. Agora tem que ser o “nós contra ela”.

Urge, portanto, que o Aécio Neves demonstre para o eleitorado que, com Marina ou com Dilma, teremos mais do mesmo. Um pouquinho menos com a Marina se ela conseguir chamar o Serra, como prometeu, e quem sabe o Fernando Henrique para o Itamarati? Então estamos numa situação, onde temos uma nova eleição, e que tudo pode acontecer. Inclusive nada. O que seria o pior dos mundos que seria o PT continuar no poder. Que Deus nos livre e guarde.

Fiquem com o imortal, que eu vou agora me preparar para ver o Jornal Nacional onde a Marina se apresentará para ser triturada pelo avião  de prefixo WB-PP da Globo.  E pasmem, o assunto, provalvelmente, será outra vez o avião do Eduardo. A Providência Divina a impediu, segundo ela, de entrar nele naquele fatídico 13 de agosto, mas, pode matá-la agora, politicamente, por falta de documentos.

“Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial.

Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de indecisos, outros 3 pontos.

A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.

Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Câmara em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.

Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo.

Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.

Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.

Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.

A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.

Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno — e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope —, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.

Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.

É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma “onda que vem e vai” para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.


Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.”

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Paz de Espírito




Por Carlos Sena (*)

Felicidade é paz de espírito. Mas, como se faz para deixar o espírito em paz? Sendo caPAZ de ser o mínimo nas coisas graúdas. E, sendo o que te cerca só coisas grandes, sê pequeno se queres ser grande. A paz de espírito talvez esteja um pouco dessa dinastia. A felicidade pode estar num frasco de perfume seco. Um frasco de perfume seco pra muitos é pra se jogar no lixo, mas para alguém pode representar muito. Porque pra quem não é o dono do frasco seco, também não o foi da essência que nele continha. Ser feliz com pouco não seria o princípio da paz de espírito?

Houve um tempo, na minha terra, que o cheiro de terra molhada me deixava quieto, tranquilo, feliz, em paz. Também lá houve um tempo em que ouvir as beatas cantarem na igreja me deixava calmo e também em paz. Hoje, relembro um trechinho que dizia assim: "No céu, no céu, com minha mãe estarei"... Ou das vozes desafinadas e descompassadas das mulheres rezando o terço, como me recordo e como me trazem paz...

A paz de espírito neutraliza guerras que o cotidiano nos oferta. Independente de crer no espírito, há uma paz que transcende o ser mesmo os agnósticos. Porque a paz que os homens precisam não é a que as religiões professam, mas a que os cristãos tem que praticar. Afinal, somos todos caminheiros e a estrada tem que ser palmilhada serenamente.

Acreditar que é possível viver em paz é descobri-la por dentro, independente dos valores lá de fora, "onde a falsidade vigora" é o que nos traz essa paz de espírito. Simples, como a água da fonte. Fonte de água benta que arrebenta os altares do egoísmo e do desamor.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 12/08/2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira




Por Zezinho de Caetés

No momento em que escrevo, estou ansiosamente esperando uma pesquisa do Ibope. Eu, de longe, observo o comportamento do mercado financeiro. Pela sua subida ontem, a Dilma deve ter ido para um local mais fundo do brejo. Dizem que também sobrou para o Aécio e ele agora além de estar na rabeira no primeiro turno, ficou ainda mais longe de Marina. O grande problema da política neste país, e nem sei mesmo se é um problema ou uma solução, é a sua imprevisibilidade.

Ora, como tudo está uma bagunça danada, por que não transcrever um texto do dia 23 (Blog do Noblat), em que o jornalista Ruy Fabiano analisa a política, pelo menos, com um título interessante: “A política da antipolítica”. Nele, ele procura analisar o que é a política de Marina Silva, que diz que quer adotar a “nova política” ou o que ele chama de antipolítica.

Isto, para mim, que já quase fui petista um dia, e graças a Deus, me livrei deste mal, amém, não é novidade. Vocês se lembram que o PT era um grande defensor da nova política, onde existe moral e participação popular, e blá, blá, blá... Lula, perdeu 3 vezes as eleições presidenciais com este discurso, até lançar a Carta aos Brasileiros, que podemos resumir o conteúdo como: Pronto, a partir de agora vamos praticar a “velha política” e vamos que vamos. E venceu as eleições. O que aconteceu desde então?

Com o PT no poder a política se tornou tão velha e tão esclerosada que o Lula disse que Sarney era um homem incomum e deveria ter tratamento VIP, como hoje ele quer este tratamento para ele mesmo, considerando a si próprio o grande deus salvador da nação brasileira, desde antes de Pedro Álvares Cabral, ou, mesmo antes, pois ele deve ter aconselhado aos índios qual a primeira parte do bispo Sardinha que eles deveriam comer.

Até o dia 13, influenciado pela Marina, o Eduardo Campos adotou o discurso da “quase nova política”, até os últimos instantes de vida. Com a tragédia sobrou a Marina para manter o discurso. Só que ela passou muito tempo com o Lula e como pessoa protegida pela providência divina não poderia esquecer seus ensinamentos. E agora está lançando, aos poucos, sua Carta aos Brasileiros. E é disto que o texto do Ruy Fabiano trata.

Mas, mesmo segundo ele, ela ainda tem muito o que explicar ao povo, pois de Cartas ele já está cheio. Não adianta mandar dizer que tem uma banqueira na sua equipe, e também um ambientalista para fazer o contraponto. É necessário que ela venha a público e convença o eleitorado de que é assim. Ou seja, se ela convencer o povo de que desistiu da nova política, ela poderá ter sucesso na empreitada de se eleger e propor uma reforma política na qual esteja embutida melhorias da democracia no Brasil. Se não conseguir, não me venha com chorumelas. Infelizmente, o povo ainda adora a velha política.

E hoje, parece que nossa política vai ser definida pelo andar dos aviões. E no caso da Marina ela tem que apelar para providência divina outra vez, para que ela, que a defendeu de entrar no avião de Campos, sopre no seu ouvido de quem era aquela máquina diabólica. Se não conseguir, os aviões com que o Aécio pousava no Aeroporto de Claúdio vão tomar a sua frente. E ai tem que se perguntar: Será o AeroDilma seguro?

Agora fiquem com o Ruy Fabiano que eu vou ficar olhando para o céu olhando os aviões de carreira.

“Num país de política degradada, falar mal dos políticos dá ibope e prestígio, embora não necessariamente rumo. Esse é o filão, até aqui, explorado por Marina Silva, candidata do PSB (melhor dizendo, da Rede) à Presidência da República.

Delicadeza nem sempre é sinônimo de ponderação, e Marina não apenas sucede Campos, mas lança, em tom sempre suave, tropas de ocupação sobre o PSB para colocá-lo à margem do comando da campanha.

A tragédia de Eduardo Campos colocou o partido numa encruzilhada: ou abdicava da campanha, como queria seu presidente Roberto Amaral, ou entregava-se a uma interventora, com votos, mas sem compromissos com a legenda. Optou pela segunda e tornou-se órfão de si mesmo.

A “nova política” vem revestida dos traços da velha: quebra de compromissos (os compromissos de Eduardo Campos), imposição da vontade monocrática da candidata, ausência de diálogo, oportunismo em seu sentido mais amplo.

Para acalmar o setor financeiro, há uma banqueira, Maria Alice Setúbal, do Banco Itaú; para agradar os ambientalistas, o ex-tucano Walter Feldman; para atrair as esquerdas, há a sigla PSB; e para confundir a todos, a candidata, Marina Silva, com seus novos (e desconhecidos) “paradigmas civilizatórios”.

Já se sabe que Marina defenderá a independência do Banco Central, embora tenha incumbido uma banqueira de dizê-lo, sem levar em conta o conflito de interesses em tê-la como porta-voz numa questão em que é parte interessada. Coisas da nova política.

Sabe-se também que é favorável ao decreto 8.243, que coloca os “movimentos sociais” como co-gestores do Estado, transformando o Congresso numa instância meramente homologatória. O que o mercado financeiro acha disso? E o que os movimentos sociais acham da independência do Banco Central?

Marina anda com os dois a tiracolo, mas não explica como os conciliará. É possível que na nova política isso não seja necessário. Todos serão compreensivos e abdicarão de seus interesses.

Quer o desenvolvimento sustentável, em que o progresso não agrida o meio ambiente, mas até aqui não incluiu um único representante do setor produtivo rural em seu staff.

Ao contrário, ao chegar ao PSB, fez questão de desfazer as alianças rurais que Eduardo Campos vinha construindo, expulsando da campanha o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Se chegar à Presidência, fará o mesmo com o agronegócio, que é hoje o sustentáculo da combalida economia nacional?

E as alianças eleitorais que Campos articulou, em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro? O que fará com elas, já que as condenou desde o nascedouro, absorvendo-as por imposição do PSB? Agora, sem Campos, quem manda é ela, não o partido.

Não são poucas as indagações que a candidata terá que responder – e ainda não deu sinais de que irá fazê-lo. O ativismo, dentro do qual se projetou para a política, admite e requer o uso intensivo de adjetivos e slogans. Mas a política, sobretudo quando se postula a Presidência da República, requer substantivos.

É necessária uma visão universalista dos problemas. Elege-se por um partido (ou por uma Rede), mas governa-se para todos. O ativismo elege vilões para ressaltar os heróis, mas a política é feita por heróis e vilões, sendo que não se sabe exatamente quem é quem: os vilões de uns são os heróis de outros.

Marina cunhou a expressão “sonháticos”, aqueles que querem romper velhos padrões e introduzir o novo não apenas no país, mas na própria humanidade. Nem isso é novo: Hitler, Stalin, Mao Tsé-Tung e outros “sonháticos” também queriam forjar um “novo Adão”. Deu no que deu.


Política é pé no chão e cabeça nas nuvens, como já disse alguém de que não me lembro. Falta a Marina os pés no chão. Restam ainda dois meses de campanha, tempo mais que suficiente para que aterrisse os seus e explique o que há de novo e factível em sua política.”

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A Crônica e o Artigo




Por Carlos Sena. (*)

"Escrevo para não passar a vida em brancas nuvens." João Ubaldo Ribeiro é o autor desta frase. Perfeita. Porque o cronista não precisa escrever sobre o excêntrico, o sobrenatural. O que difere o cronista de outros estilos é a capacidade de transformar o cotidiano num motivo para "não passar a vida em brancas nuvens", conforme nos disse o balde. O balde? Não. Ubaldo. Debalde. Mas nunca em vão na qualidade do mote, do tema, no prosear com clareza e com substância para prender o leitor até o fim. Talvez por isso muitos vejam no gênero "crônica" um estilo menor da literatura, mas está provado que não é. Talvez porque esse seja o diferencial: fotografar o cotidiano com criatividade e retirar dele o que muitos não observam diante de sua obviandade. Ou não? Penso que sim. O cronista não busca no dia-a-dia um fato diferenciado, como o fazem os jornalistas. Só que a estes o fato tem que ser extraordinário. Se um cachorro morde um homem, um cronista bom poderá retirar desse episódio um texto leve, cômico. Ou sério e irônico desde que conduza o leitor para um desfecho inesperado ou nem tanto, desde que contenha pitadas diferenciadas de ver o fato criativamente. Para um jornalista pouco importa se o cachorro mordeu o homem. Mas, se o homem mordeu o cachorro, aí sim, o jornalista terá pano pras mangas para fazer um bom artigo. Como se percebe, o mundo do cronista permite mesmo que ele viva intensamente. E faça de cada folha que cai, de cada dia que amanhece ou anoitece, de cada cada gesto nobre ou brega, enfim, de qualquer acontecimento, motivos de sobra para não "passar a vida em brancas nuvens", mesmo que as nuvens um dia mudem de cor. Mesmo que as cores se mudem em si, mesmo que  o "si" sibile apenas uma nota musical. Assim, debalde nunca seria a existência do balde, perdão. Do Ubaldo, do João, daquele que está nas nuvens vendo e constatando o "porquê" de nunca tê-las passado em branco.

Para José F. Costa.

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 (*) Publicado no Recanto de Letras em 11/08/2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A semana - A Dilma cozinha, Aécio come coxinha e Marina só pensa na Rede


Cozinheiras do Brasil, uni-vos. O que tendes a perder são os vossos aventais.


Por Zé Carlos

Bem, passou-se a semana de luto e já estamos aqui no batente para levar a sério nosso lema: “Não vamos desistir do humor”. O pior é que, passada pouco mais de uma semana da morte do Eduardo, parece que voltaram o seu  lema às avessas. Não há como ver algum dos vídeos que aparecem no horário eleitoral sem gritar, mesmo que seja por dentro, em sinal de respeito ao falecido, o que deles retiramos como lição: “Vamos esquecer o Brasil”.

E confesso, passei a semana quase toda rindo, desde a manifestação alegre que foi feita pelos correligionários no enterro do ex-governador, inclusive de sua família, quando quase meu ouvido estoura com quase 20 minutos de fogos de artifício. A última vez que vi soltarem fogos em enterro foi em Bom Conselho, quando o Getúlio morreu, a mando do Coronel Zé Abílio. Tinha apenas 6 anos de idade e lembro do Zé Pelo Sinal soltando os fogos e fiquei alegre também. Se hoje o meu neto, quase com a mesma idade me visse naquele momento, diria o que ele aprendeu das propagandas de televisão: “Não sabe de nada, o inocente!”.

E o riso foi maior ainda ao começar a propaganda eleitoral. Hoje, já está sendo considerado o maior programa de humor da televisão brasileira, pelo menos em tamanho porque é diário e tem 100 minutos de duração, nos dois horários. Eu rio, e penso que também todos os brasileiros, pelo mesmo motivo: A renovação da esperança no Brasil, pela impressão que nos dar é que, não importa o partido, não importa o candidato em quem votarmos, a partir de janeiro, o Brasil começará a ser a “nação maravilha”. Como já não temos mais pobres, pois hoje todos foram para a classe média, finalmente, chegará a vez de também não termos ricos e atingirmos a meta de nossa presidente: Todos seremos classe média.

Obviamente, existem alguns candidatos mais engraçados do que outros, há alguns que até temos que desligar a TV para não morrermos de rir. E não pensem que é só o Tiririca imitando Roberto Carlos e dizendo: “Se você odeia a política, vote no Tiririca!”. Não. Há outros com a candidata Dilma Roussef que apareceu cozinhando um macarrão (seria ao alho e olho ou à carbonária?) que foi notícia até no Financial Times, um jornal inglês. Mostrando que a propaganda eleitoral no Brasil é para “inglês ver”.

Vejam meus senhores, alegres brasileiros, o que disse o grande jornal inglês sobre nossa candidata a reeleição, com alguns trechos da sua reportagem do último dia 21:

“Dilma Rousseff é uma mulher impressionante. Durante o período ditatorial do Brasil ela passou dois anos na prisão, onde foi torturada por muito tempo. Após reconstruir sua vida, ela foi eleita a primeira presidente mulher do país, servindo de exemplo para as próximas gerações. Contudo, no vídeo oficial de sua campanha à reeleição, Dilma aparece encarnando a….dona de casa”

O jornal ilustra a reportagem com uma parte do vídeo em que, segundo o texto, Dilma aparece de terninho, servindo um espaguete supostamente feito por ela. “Uma situação bastante desconfortável”, diz o jornal. Eu me lembro muito bem da cena, e enquanto os ingleses achavam desconfortável eu rebolava de tanto rir. Depois de gerente e faxineira agora é cozinheira. “Que forma melhor de atrair as massas do que mostrar aos brasileiros que Dilma é igual a eles, ou às suas mulheres? Além disso, qual a melhor forma de apelar aos brasileiros que não têm renda para contratar uma empregada doméstica para cozinhar para eles?” perguntam os ingleses e eu respondo que há ainda outra utilidade que é o riso meu e de todos os meus leitores. Por falar nisso, os meus leitores aumentaram em número, passou de 5 para 6, pois soube que o meu neto já está lendo, quase igual ao Lula.

E para encerar esta parte com humor inglês eu cito o Financial Time outra vez: “Só o tempo dirá se os brasileiros gostaram da ‘Dilma dona de casa’. Se não gostarem, ela terá todo o tempo do mundo para aperfeiçoar suas omeletes”. Eu mesmo espero que a Dilma inaugure no próximo ano um restaurante lá no Planalto Central, e se o Lula quiser deixar de ser torneiro mecânico para se tornar garçon, vai ser um sucesso.

Bem, agora vamos ao filme. E, como não poderia deixar de ser todo o roteiro gira em torno do horário eleitoral gratuito. O importante nele é que, com os recursos do UOL, eles conseguiram resumir numa peça hilariante um resumo da semana, como ela se passou dentro do guia eleitoral, que dizem ser gratuito, mas, todos sabem que pagamos uma soma imensa, através da renúncia de impostos para mostrar os candidatos. Mas, não sejamos duros com nossa democracia, afinal estamos pagando para rir durante muitos dias. Não chega a ser comparado a uma Escola do Professor Raimundo ou ao Viva o Gordo, mas, é uma Zorra Total.

E vejam o filme porque ele traz coisas de outros estados e não só do nosso. Ou seja, o potencial de riso é ainda maior. Vejam Maluf, Collor, Eduardo Suplicy, e até o Paulo Skaf. Este último diz que o Alckmin governa sem “tesão”. No passado, eu lembro, ele (o Alckmin) era chamado de “candidato chuchu”, o que agora não é mais usado depois que os torcedores mandaram a Dilma comer a leguminosa nos estádios. Por falar em Dilma, o filme mostra a entrevista que ela deu à TV Globo de uma forma bem humorada. O seja, fazem humor negro, pois aquilo, como diz meu amigo Zezinho, foi um verdadeiro desastre.

E, até onde eu aguentei, sem morrer de rir, ainda tem os outros presidenciáveis, entre eles o Aécio comendo coxinha, e a Marina querendo ir para a Rede enquanto o PSB tenta impedir. E, como sempre, o que todos prometem é “sombra e água fresca”, ou, “Rede e água fresca”, para os mesmos.

Infelizmente, os autores do filme não colocaram a cena da Dilma na cozinha (vejam no Financial Times). Foi uma grande falha, pois  deixaram de mostrar que ela vai para cozinha sem avental e com uma roupa chiquérrima e dizendo: Isto só acontece agora, depois do governo Lula e Dilma. O tal de avental é coisa de pobre, que é uma figura inexistente no Brasil das Maravilhas.

Bem, tenho que parar para que vocês leiam, logo abaixo o longo resumo do roteiro feitos pelos produtores do filme, tão longo que eu os aconselho a pulá-lo e irem direto para o ele. Divirtam-se se puderem.

“A semana marcou o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, quase sempre um balde de água fria para o eleitor. Por coincidência, o desafio do balde de gelo virou uma onda na internet com a adesão de personalidades. Políticos como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) aproveitaram a ocasião e já aderiram à campanha.

As eleições apresentam, mais uma vez, candidatos e propagandas inusitadas. Em busca de outro mandato, o deputado federal Tiririca (PR-SP) chamou a atenção. Ele tomou conta do horário de seu partido na TV e levou ao ar uma paródia de Roberto Carlos, o que deve lhe render um processo do cantor.

Em Alagoas, o senador Fernando Collor (PTB) afirmou na propaganda eleitoral que foi vítima de um golpe parlamentar quando sofreu o impeachment em 1992.

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, foi entrevistada no Jornal Nacional, da TV Globo. Questionada e interrompida várias vezes pelo jornalista Willian Bonner, ela evitou opinar sobre o processo do mensalão. As participações de Bonner nas entrevistas com os presidenciáveis renderam críticas e brincadeiras, como a de que ele pretende lançar sua candidatura.

O PSB oficializou Marina Silva como candidata a presidente. A decisão já provocou um atrito no partido. Carlos Siqueira deixou a coordenação da campanha do partido e criticou a ex-senadora, dizendo que ela quer mandar na legenda.

Pesquisa Datafolha divulgada na última segunda-feira (18) mostrou Marina com 21% das intenções de voto, contra 20% do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Diante da preocupação dos aliados com o potencial eleitoral da ex-senadora, o tucano pediu a eles que mantenham a calma. Em campanha em São Paulo, o candidato não perdeu a chance de pousar para fotos comendo coxinhas.

Na disputa pelo governo paulista, o empresário Paulo Skaf, candidato pelo PMDB e dono de seis cachorros, afirmou no horário eleitoral gratuito que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que busca a reeleição, administra o Estado sem garra e sem tesão.

E a semana também teve "Bate-Rebate Eleitoral", promovido pelo UOL Eleições. No debate inusitado, o ator pornô Kid Bengala, candidato a deputado estadual em São Paulo, fez uma proposta picante para a funkeira Mulher Pera, candidata a deputada federal pelo Estado.”


sábado, 23 de agosto de 2014

O Mural é político, mas, tem também poesia




Por Zezinho de Caetés

Na última quinta-feira ao fazer, minha primeira atividade, que é ler os meus blogs preferidos, eu encontrei nesta AGD, no seu Mural de Recados, três recados que me chamaram mais atenção (todos do dia 20/08/2014). Um deles tocava diretamente no meu nome, e de forma elogiosa. O outro era uma bela poesia, que eu classifiquei como erótico/sensual, e que eu gostei bastante.

A poesia é do Sr. José Fernandes Costa, com quem mantive um debate sobre a reforma ortográfica que acho até que ele ganhou, penso que ainda quando existia o Blog da CIT e eu nem usava pseudônimo. Tenho acompanhado seus recados e alguns dos seus textos e só posso reverenciar sua expertise na língua portuguesa, embora não comungue hoje com suas ideias políticas. E cheguei até a dizer [vejam abaixo] parafraseando o que o Romário disse de Pelé: Ele, quando não fala sobre política, é um poeta, e acrescento, dos bons.

O outro recado é do Altamir Pinheiro, o blogueiro de Garanhuns, e cujo blog eu leio sempre, e que tem ideias políticas parecidas com as minhas, sendo a principal aquela, que hoje eu e mais milhões de brasileiros concordam, que diz ser o PT o pior mal que já aconteceu ao Brasil e que merece ser apeado do poder, sem dó nem piedade. Infelizmente, não concordamos em tudo. Por exemplo, ele já tem candidato a presidente e eu não. Ele vai votar em Marina e eu ainda não decidi a respeito.

Depois dos recados, já se passou algum tempo e agora eu quero apenas reafirmar que se tudo continuar como está, no momento em que escrevo, a crítica que fiz a Marina no Mural de falta de transparência, só tende a crescer com algumas de suas atitudes.

Quando da comoção do desastre e velório do Eduardo, e talvez por isso mesmo, ela declarou, ou pelo menos saiu na imprensa que ela concordava com todos os acordos feitos com Eduardo, e já agora, diz que não é bem assim. Só para ilustrar o ponto cito aqui o Reinaldo Azevedo que escreveu:

1: Marina disse há quatro dias que acataria os acordos regionais feitos por Eduardo Campos. Isso não vale mais: ela só vai subir em palanques em que todos os partidos pertençam à coligação nacional. Isso exclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio.

2: O comando do PSB afirmou que Marina assinaria uma carta de compromisso mantendo os fundamentos do programa que Campos queria para o país. Marina já deixou claro que não assina nada.

3: O PSB tinha o comando da campanha de Eduardo Campos, que estava a cargo de Carlos Siqueira. Marina resolveu dividir a função com o deputado federal marineiro Walter Feldman (SP). Na prática, todo mundo sabe, Siqueira foi destituído.

Ainda é cedo para saber se o jornalista noticia um fato ou uma opinião, mas, já me deixa com um pulga atrás da orelha, e ainda mais em dúvida em minha intenção de não votar em branco, como digo abaixo, para não se enquadrado na Lei Afonso Arinos.

Reproduzo, a seguir a bela poesia do Sr. José Fernandes Costa (sem permissão, pois não tive tempo de pedir, desculpe) e os recados que me deram a ideia de escrever esta postagem, que não sei quando será publicada. Aproveito o ensejo para pedir que o autor da poesia a batize. Eu sugiro “Noite enluarada”.

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(Por José Fernandes Costa)

 A noite me acaricia
 uma mulher me abraçando
 a lua é quem me alumia
 é o amor principiando.
 E nessa noite sem chuva
 uma caixinha molhada
 elástica como uma luva
 que desabrocha agitada.
 Agitada em frenesi
 pode ficar ressecada
 logo se agita por si
 e volta a ficar molhada.
 Nessa noite enluarada
 tudo nos leva ao amor
 varando a madrugada
 na maciez de uma flor.
 Por que o tempo é tão pouco
 quando a gente está amando?
 O que nos deixa mais louco
 é ver o tempo passando.
 Isso é que nos desaponta
 por ver o tempo minguar
 vamos refazer a conta
 e fazer o tempo parar.

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(Por Altamir Pinheiro)

PASSEANDO NA LEITURA DE ZEZINHO DE CAETÉS, GOSTEI À BESSA DAS SUAS TIRADAS NESSAS DUAS PASTILHAS QUE ELE ESCREVEU COM UM INVEJÁVEL SENSO DE BOM HUMOR. NO TOCANTE AS "GREIAS" SOBRE MARINA É PRECISO QUE O ELEITOR TENHA CONSCIÊNCIA AO FALAR DELA QUE, A CRÍTICA MAIS FORTE ESTÁ LIGADA AO AGRONEGÓCIO, DESMATAMENTOS, CÓDIGO FLORESTAL, NA VERDADE NÃO SE TRATA DE IMPEDIR A EXPANSÃO DA ÁREA A SER PLANTADA, TRATA-SE DE REGULAR DESMATAMENTOS EM BUSCA DA PRODUTIVIDADE. ISSO SE FAZ NA EUROPA E NA PRÓPRIA ARGENTINA COM POUCA ÁREA PLANTADA APRESENTA UMA PRODUTIVIDADE MAIOR QUE O BRASIL.

 NA VERDADE, O QUE NORTEIA MARINA, DENTRO DA LÓGICA E DA RAZÃO, NÃO IMPORTA SE AGRADA OU NÃO, É POR ELA SER SINCERA, TRANSPARENTE. COMO MARINEIRO DE VELHOS CARNAVAIS, VOU ENCARCAR O DEDO NO NÚMERO 40 NA URNA ELETRÔNICA EM RAZÃO DE MEU VOTO NÃO SER SENTIMENTAL, MAS RACIONAL!!! BASEANDO-ME NAS ESCRITURAS, ACHO QUE DEUS ESCOLHEU MESMO MARINA EM DETRIMENTO DO EDUARDO CAMPOS (APÓSTOLO JOÃO 66:6). POR ISSO, TEIMOSAMENTE VENHO AFIRMANDO OU RELIGIOSAMENTE FALANDO E SÓ TENHO A DIZER: MARINA SILVA É A APÓSTOLA DO MEIO AMBIENTE, A PASTORA DA SUSTENTABILIDADE, A PAPISA QUE VAI SALVAR O BRASIL DESSA LADROAGEM DESENFREADA DO PT.

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(Por mim)

Hoje eu vejo que o Mural entrou no campo da poesia erótico/sensual. Eu gostei e diria que o autor, quando não escreve sobre política, é um poeta, e dos bons. Que continue fazendo poesia. E vejo também que o Altamir Pinheiro fala sobre meus recados e só tenho a agradecer por ler-me e por elogiar o meu senso de humor. Neste ponto eu concordo com o Zé Carlos que diz ser o humor a coisa mais séria que o homem inventou. Sem ele, como aguentaríamos 12 anos de PT? Ele defende a Marina, batendo numa tecla que também me deixa muito sensível que é sua sinceridade e transparência, e, eu acrescentaria até honestidade. Mas não concordo que ela tenha sido tão transparente assim. Muito pelo contrário, até agora não sei quem é Marina, politicamente, e o que ela quer ao certo para o Brasil. Eu tenho medo que ela seja nosso novo Gandhi, que depois de expulsar os ingleses da Índia, quase leva o país à miséria porque pregava que cada um fizesse sua própria roupa.


 Tenho medo que, se Marina presidente, me obrigue a voltar para Caetés para comer da agricultura familiar. E não podemos comparar sustentabilidade na Europa e na Argentina, pela suas dimensões territoriais. Até ela concordaria que a Divina Providência nos deu mais terras do que aos outros e ainda não as exploramos devidamente. Mas, eu não tenho candidato ainda a presidente. Me recuso a votar em branco, para não correr o risco de ser acusado de racista e enquadrado na Lei Afonso Arinos. Quem sabe votarei em Marina? Tinha alguma esperança no Pastor Everaldo, mas, o avião do Bonner passou por cima dele. Em suma, porque estou num mural que me leva a editar os recados de 1000 em 1000 toques, eu diria que o certo mesmo é não votar na Dilma, não porque ela seja mulher, e sim porque ela anda o tempo todo com o cachorro do Zé Dirceu. E devo citar o Zé Carlos outra vez para que ele não censure meus recados: “Não vamos desistir do humor”. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O desastre de Dilma: Encontrada a Caixa-Preta




Por Zezinho de Caetés

Eu, esta semana, como sempre o faço, agora que o Zé Carlos está liberando lá meus recados, no Mural de Recados deste blog, escrevi o seguinte:

“O mês de agosto é realmente o mês do desgosto, para os políticos. Ontem, por volta das 8:30, a candidata Dilma foi atropelada por um avião da Globo (GloboCop) de prefixo JN-WB-PP, tendo morte político/cerebral em menos de 15 minutos. Eu presenciei a cena do atropelamento e fiquei chocado, porque além de atropelá-la os pilotos do avião não pararam para prestar socorro à vítima. Pelo contrário, cortaram-lhe as últimas palavras. Eu as entendi por leitura labial: LULA, ASSUMA! E deu o último suspiro. Eu não creio que alguém, em sã consciência ainda acredite em sua ressurreição, a não ser os SEBATIANISTAS nordestinos, que hoje são os bolsistas familiares, que hoje devem sair com bandeiras e estandartes clamando pela volta de Dona Sebastiana. Será que o nosso Dom Sebastião de Caetés assumirá o lugar de sua criatura? Se assumir, tenho certeza, o GloboCop fará mais uma vítima, porque ele adora ficar no meio da pista esperando que os outros sejam atropelados.”

Recebi um e-mail com quase o mesmo teor de um recado do Mural que dizia que não devíamos falar de política sem antes enterrar o Eduardo Campos. Só que o e-mail era mais incisivo e me critica “por está brincando com a vida das pessoas”. Longe de mim tal intento, e várias outras mensagem apenas me elogiam pelo que escrevi sobre o provável encontro de Ariano Suassuna com nosso ex-governador, depois da lastimável tragédia.

O que fiz no recado transcrito aqui escrever sobre a morte política da Dilma, atropelada na entrevista do Jornal Nacional na TV Globo. Alguns podem até achar que ela ressuscitará pela força da fé dos bolsistas familiares e até com a ajuda do meu conterrâneo, o Lula, que eu chamei, em homenagem à cidade onde nascemos, de Dom Sebastião de Caetés. Quem sabe, ele que a criou, não fará o milagre, talvez, com respiração boca a boca?

Mas, eu também digo que presenciei o desastre e, graças a Deus, os aviões modernos sempre têm uma Caixa-Preta, que grava tudo que o avião faz, e que nos mostra realmente o que se passou. Sendo assim eu transcrevo aqui o que foi dito na hora do desastre pelos ocupantes do avião prefixo JN-WB-PP, para que vocês mesmos vejam se a candidata Dilma poderia sobreviver a este desastre político/cerebral. Chamei-o assim porque todos sabem que ela já vinha há algum tempo com problemas neuronais, onde os últimos dois neurônios restantes estavam sempre brigando; e morte política porque não há um candidato que possa resistir ao desastre que vai abaixo apresentado.

Eu pensei em comentar o passo a passo do desastre mas como podem me acusar de não deixar nem o corpo baixar à sepultura, eu o deixarei para fazer depois. Fiquem com o desastre como apresentado pelo Portal G1 da Globo fabricante do indigitado avião. Vocês ficarão sabendo, como eu, porque o prefixo era JN-WB-PP:

“William Bonner: Candidata, boa noite.
Dilma Rousseff: Boa noite, Bonner. Boa noite, Patrícia Poeta. Boa noite, telespectadores.

William Bonner: O tempo total da entrevista é de 15 minutos, como foi o dos demais candidatos. E a gente procura reservar um minuto e meio, um minuto no fim, para que o candidato possa expor aqueles projetos que ele considera prioritários para o governo no caso de ser eleito, ou no caso de ser reeleita, no caso de hoje. O tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, no seu governo houve uma série de escândalos de corrupção e de desvios éticos. Houve escândalo de corrupção no Ministério da Agricultura, houve escândalo de corrupção no Ministério das Cidades, no Ministério dos Esportes, houve escândalo de corrupção no Ministério da Saúde, no Ministério dos Transportes, houve escândalo de corrupção no Ministério do Turismo, no Ministério do Trabalho. A Petrobras acabou se tornando objeto de duas CPIs no Congresso. A senhora sempre diz que todos esses escândalos foram revelados pela Polícia Federal e estão sendo investigados pela Polícia Federal, que é um órgão do governo federal. A questão que eu lhe faço é a seguinte: qual é a dificuldade de, desde o início, se cercar de pessoas honestas, que lhe permitam formar uma equipe de governo honesta e que evite esta situação que nós vimos de repetidos casos de corrupção? Não há uma sensação, não pode haver uma sensação no ar de que o PT descuida da questão ética ou da questão da corrupção?

Dilma Rousseff: Bonner, não pode, não. Sabe por quê? Porque nós, justamente, fomos aquele governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, à irregularidade e maus feitos. Por exemplo, a Polícia Federal, no meu governo e no do presidente Lula, ganhou imensa autonomia. Para investigar, para descobrir, para prender. Além disso, nós tivemos uma relação muito respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador-geral da República foi chamado, no meu governo ou no do presidente Lula, de engavetador-geral da República. Por quê? Porque também escolhemos, com absoluta isenção, os procuradores. Outra coisa: fomos nós que criamos a Controladoria-Geral da União, que se transformou num órgão forte e também que investigou e descobriu muitos casos. Terceiro, aliás, eu já estou no quarto. Nós criamos a Lei de Acesso à Informação. Criamos, no governo, um portal da transparência. Mas eu quero te dizer uma coisa: nem todas as denúncias de escândalo, Bonner, resultaram em, realmente, a constatação que a pessoa tinha de ser punida e seria condenada. Pelo contrário. Muitos daqueles que foram identificados como tendo, pela mídia, como tendo praticado atos indevidos, foram posteriormente inocentados. Eu quero te dizer o seguinte, eu nunca...

William Bonner: Correto. Mas, a candidata, eu deveria só dizer à senhora o seguinte: a senhora listou aqui uma série de medidas que foram providenciadas depois de ocorridos os escândalos.

Dilma Rousseff: Não. Isso tudo foi antes.

William Bonner: Bom, entre as medidas que a senhora providenciou depois dos escândalos esteve o afastamento de alguns ministros. Em quatro casos, a senhora trocou um ministro por alguém que era do mesmo partido dele e do mesmo grupo político dele. E que frequentava o mesmo círculo. Essa situação, a senhora considera que não foi trocar seis por meia dúzia? A senhora considera que foi uma atitude prudente, como presidente, substituir nessas circunstâncias? Foi uma medida eficaz da sua parte, candidata?

Dilma Rousseff: Eu, continuando o que eu estava dizendo, Bonner, nem todos as pessoas denunciadas foram punidas pelo Judiciário e tiveram comprovadamente culpa. Muitas pessoas, inclusive, se afastaram porque é muito difícil resistir à pressão da família ou à apresentação da pessoa como tendo praticado um crime.

William Bonner: Mas a senhora manteve gente do mesmo grupo político nos casos.

Dilma Rousseff: Agora, na segunda, respondendo a segunda pergunta, por exemplo, recentemente eu fui muito criticada por ter substituído o César Borges pelo Paulo Sérgio. Ora, o Paulo Sérgio foi meu ministro e foi ministro do presidente Lula. Quando saiu do governo, ele ficou dentro do governo no cargo importante, que é da Empresa de Planejamento Logístico. O Cesar Borges o substituiu. Posteriormente, eu troquei o César Borges novamente aí pelo Paulo Sérgio. Fiz a troca ao contrário. O César Borges também ficou dentro do governo, na Secretaria de Portos. Os dois são pessoas que eu escolhi, nas quais eu confio, acho que são pessoas bastante...

William Bonner: Mas não foi exigência do partido, candidata?

Dilma Rousseff: Os partidos podem fazer exigências. Agora, eu só aceito quando eu considero que ambos, e é isso que eu queria concluir, ambos são pessoas íntegras, e não só íntegras, são competentes, têm tradição na área. E são pessoas da minha confiança. Então, eu troquei porque eu tinha confiança nessas pessoas.
William Bonner: Então, me deixa agora perguntar à senhora. E em relação a seu partido? O seu partido teve um grupo de elite de pessoas corruptas, comprovadamente corruptas, eu digo isso porque foram julgadas, condenadas e mandadas para a prisão pela mais alta corte do Judiciário brasileiro. Eram corruptos. E o seu partido tratou esses condenados por corrupção como guerreiros, como vítimas, como pessoas que não mereciam esse tratamento, vítimas de injustiça. A pergunta que eu lhe faço: isso não é ser condescendente com a corrupção, candidata?

Dilma Rousseff: Eu vou te falar uma coisa, Bonner, eu sou presidente da República. Eu não faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados pelo Supremo Tribunal, por um motivo muito simples: sabe por que, Bonner? Porque a Constituição ela exige que o presidente da República, como exige dos demais chefes de Poder, que nós respeitemos e consideremos a importância da autonomia dos outros órgãos.

William Bonner: Então a senhora condena a postura do PT nesse caso?

Dilma Rousseff: Eu não julgo ações do Supremo. Eu tenho as minhas opiniões pessoais.

William Bonner: Mas e a ação do seu partido, a senhora condena essa ação?

Dilma Rousseff: Enquanto eu for presidente, eu não externo opinião a respeito de julgamento do Supremo. E vou te dizer, Bonner, não é a primeira vez que eu respondo isso. Eu, durante o processo inteiro, não manifestei nenhuma opinião sobre o julgamento. Até porque respeito o julgamento.

William Bonner: Mas candidata, a pergunta que eu lhe fiz foi sobre a postura do seu partido. Qual sua posição a respeito da postura do seu partido?

Dilma Rousseff: Eu não vou tomar nenhuma posição que me coloque em confronto, conflito, ou aceitando ou não. Eu respeito a decisão da Suprema Corte brasileira. Isso não é uma questão subjetiva. Para mim exercer o cargo de presidência, eu tenho de fazer isso.

Patrícia Poeta: Corrupção não é o único problema. O seu governo diz que sempre investiu muito na área de saúde. E essa continua sendo exatamente a maior preocupação dos brasileiros, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha. Isso depois de 12 anos de governos do PT, ou seja, mais de uma década, candidata. Não foi tempo suficiente para colocar esses problemas nos trilhos, não?

Dilma Rousseff: Olha, Patrícia, nós tivemos, e ainda temos muitos problemas a enfrentar e desafios a enfrentar na Saúde. Eu acredito que nós enfrentamos um dos mais graves desafios que há na Saúde. Porque na Saúde você precisa de ter médicos. Pode ter tudo, se não tiver médicos, não tem atendimento à saúde. Também é possível a gente olhar a população e ver nas pesquisas que ela reclama, sempre reclamou, da falta de médicos. Nós tivemos uma atitude muito corajosa. O Brasil tem uma das menores taxas de médicos por mil habitantes, 1,8. E isso levou a uma carência imensa de médicos da atenção básica – são os postos de saúde. É sabido que 80% dos problemas de saúde da população você consegue resolver na atenção básica. Então qual foi a providência que nós tomamos, com muita resistência, mas muita resistência? Nós, primeiro, chamamos médicos brasileiros para atender.  O número? Precisávamos em torno de 14 mil médicos. O número veio insuficiente, não tinha médicos suficientes formados no Brasil com condições de atender. Depois, chamamos médicos, brasileiros ou não, formados no interior individualmente. Na sequência, também não chegou a um número suficiente. Na sequência, chamamos médicos cubanos, através da OPS, e aí conseguimos chegar a 14.462 médicos, que, pelos dados da OMS, correspondem a uma capacidade de atendimento de 50 milhões de brasileiros.

Patrícia Poeta: Deixa eu fazer só um adendo aqui.

Dilma Rousseff: Cinquenta milhões de brasileiros não tinham atendimento médico, hoje têm. Agora nós estamos em uma segunda etapa.
Patrícia Poeta: Deixa eu só fazer um adendo que eu acho que é importante para os nossos telespectadores.

Dilma Rousseff: Perfeitamente, Patrícia.

Patrícia Poeta: A senhora diria que, então, diante dos nossos telespectadores, que hoje enfrentam filas e filas nos hospitais, muitas vezes são atendidos em macas, que muitas vezes não conseguem fazer um exame de diagnóstico, que a situação da Saúde no nosso país hoje é minimamente razoável, depois de 12 anos?

Dilma Rousseff: Não. Não acho, não acho, até porque, Patrícia, o Brasil precisa também de uma reforma federativa, porque há responsabilidades federais, estaduais e municipais. Nós assumimos, no caso dos Mais Médicos, o atendimento aos postos de saúde como uma responsabilidade basicamente, nós assumimos como federal. Ela é uma responsabilidade compartilhada. Mas assumimos como federal porque temos mais recursos. Agora veja o resto do raciocínio, Patrícia.

William Bonner: Nós vamos falar de economia.

Dilma Rousseff: Não. Vou falar de economia, tenho o maior prazer, Bonner. Veja só qual é a sequência disso. Agora nós consideramos que é muito importante duas coisas: primeira, tratar das especialidades; criar as condições para o Brasil dar atendimento de especialidades, que são aquelas que nós sabemos – o ortopedista, o ginecologista, o cardiologista –,  com exames mais rápidos. Assim como nós enfrentamos...

William Bonner: Candidata, desculpe a senhora disse...

Dilma Rousseff:  E resolvemos o problema dos 14 milhões, aliás dos 50 milhões de brasileiros e dos 14 mil médicos, hoje nós temos já condição de resolver isso, porque diminuímos a pressão, porque todo mundo que não era atendido num posto de saúde ia para uma UPA ou para um hospital.

William Bonner: Nós entendemos. Entendemos. Vamos à economia.

Patrícia Poeta: É que a colocação, candidata, era 12 anos, 12 anos de governos, três mandatos. Mas o Bonner quer falar sobre economia.

William Bonner: Vamos falar de economia porque é um tema importantíssimo.

Dilma Rousseff: Nestes três mandatos, a gente teve, não vamos esquecer, teve o Samu, que atende 149 milhões de brasileiros, e que não existia.

William Bonner: A senhora já respondeu à Patrícia que não, não é minimamente razoável. A senhora disse isso.  Então, vamos em frente.

Dilma Rousseff: Eu acho que nós temos que melhorar a saúde, não tenho dúvida disso. Nenhuma.

William Bonner: Vamos em frente: economia. A inflação, neste momento, a inflação anual está no teto daquela meta estabelecida pelo governo, está em 6,5%. A economia encolheu 1,2% no segundo trimestre desse ano e tem uma projeção de crescimento baixíssima para esse ano, menor do que 1%. O superávit do primeiro semestre desse ano foi o pior dos últimos 14 anos. Quando a senhora é confrontada com estes números ruins, a senhora diz que eles são produto, são resultado de uma crise internacional, aliás, a senhora diz até que eles nem são tão ruins assim, porque a senhora lembra o caso das demissões de milhões na Europa e o fato de o Brasil ter hoje uma situação, praticamente, de pleno emprego. Aí quando os analistas dizem que 2015, ano que vem, vai se um ano difícil, um ano de acertos de casa, que é preciso arrumar a economia brasileira e portanto isso vai impor algum sacrifício, vai ser um ano duro, a senhora diz que isso é pessimismo. E aí eu lhe pergunto: a senhora considera justo ora, olhando para os números da economia, ora culpar o pessimismo, ora culpar a crise internacional pelos problemas? O seu governo não tem nenhum papel, nenhuma responsabilidade nos resultados que estão aí?

Dilma Rousseff: Bonner, primeiro, nós enfrentamos a crise, pela primeira vez no Brasil, não desempregando, não arrochando os salários, não aumentando os tributos, pelo contrário, diminuímos, reduzimos e desoneramos a folha. Reduzimos a incidência de tributos sobre a cesta básica. Nós enfrentamos a crise, também, sem demitir. Qual era o padrão anterior...

William Bonner: Mas o resultado, no momento, é muito ruim, candidata.

Dilma Rousseff: Não, o resultado no momento, veja bem...

William Bonner: Inflação alta, indústrias com estoques elevados, ameaça de desemprego ali na frente.

Dilma Rousseff: Veja bem, Bonner. Eu não sei, eu não sei da onde que estão seus dados, mas nós estamos...

William Bonner: Da indústria, candidata.

Dilma Rousseff: Só um pouquinho. Nós temos duas coisas acontecendo. Nós temos uma melhoria prevista no segundo semestre. Vou te dizer por quê. Primeiro.

William Bonner: Isso não é ser otimista em contrapartida ao pessimismo que a senhora critica?

Dilma Rousseff: Não. Não. Você sabe, Bonner, tem uma coisa em economia que chama os índices antecedentes e os índices que evidenciam como é que é a situação atual.  O que que são os índices antecedentes, por exemplo? A quantidade de papelão que é comprada, a quantidade de energia elétrica consumida, a quantidade de carros que são vendidos. Todos esses índices indicam uma recuperação no segundo semestre, vis-à-vis ao primeiro. Além disso, a inflação, Bonner, cai desde abril, e agora, ela atinge, hoje, se você não olhar pelo retrovisor e olhar pelo que está acontecendo hoje, ela atinge 0%. Zero. O último dado do IPC-S que saiu, se não me engano hoje ou ontem, chegou a 0,08%. O que eu estou dizendo, é o seguinte, o Brasil...

William Bonner: Candidata, nosso tempo...

Patrícia Poeta: O tempo está acabando, candidata.

Dilma Rousseff: Acabou?

William Bonner: É.

Dilma Rousseff: Desculpa.

William Bonner: É que nós temos... Eu quero garantir a senhora o seu tempo de 1 minuto e meio.

Dilma Rousseff: O meu 1 minuto?

William Bonner: Exato.

Patrícia Poeta: Que agora já diminuiu.

William Bonner: Os seus projetos prioritários.

Dilma Rousseff: Eu só estou querendo dizer que, pra mim, nós estamos superando a dificuldade de enfrentar uma crise sem demitir, gerando emprego e renda.
William Bonner: Seus projetos prioritários.

Dilma Rousseff: Olha, Bonner, eu fui eleita para dar continuidade aos avanços do governo Lula. Ao mesmo tempo nós preparamos o Brasil para um novo ciclo de crescimento. O Brasil moderno, mais inclusivo, mais produtivo, mais competitivo. Nós criamos as condições para o país dar um salto, colocando a educação no centro de tudo. E isso significa, Bonner, que nós queremos continuar a ser um país de classe média. Cada vez maior a participação da classe média, mais oportunidades para todos.

William Bonner: O tempo, 15 minutos e meio.

Patrícia Poeta: Para concluir candidata, nosso tempo já esgotou.

Dilma Rousseff: Queria concluir dizendo o seguinte: eu acredito no Brasil. Acho que, mais do que nunca, todos nós precisamos acreditar no Brasil e diminuir o pessimismo. E...
Patrícia Poeta: OK, obrigada candidata.

Dilma Rousseff: E peço o voto dos telespectadores e...

William Bonner: E nós agradecemos a compreensão. A compreensão por ter que interromper.
Dilma Rousseff: Peço o voto para o Brasil continuar avançando. Também compreendo e suspendo a minha fala.

Patrícia Poeta: Nós temos que encerrar.

Dilma Rousseff: Muito obrigado.


William Bonner: Eu que agradeço a sua presença no Jornal Nacional.”

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

HONRAS DE POVO NO CÉU




Por Carlos Sena (*)

Num dia como o de hoje, certamente o céu está em festa. Ariano chegando, trombetas trinando, bumba-meu boi, reisado, pastoril, maracatu e maraca-eu. Eu? Não. Ainda não. Porque tudo tem seu tempo e todos temos o nosso para o encontro com as entidade que acreditamos nos esperem depois da morte. Fico pensando nuns caba que tão vivo e que a gente tem certeza quesatanás está por lá, tridente na mão para cutucar e fazer churrasquinho. Não. Não pensei que falo de Sarney e até poderia ser. Talvez os políticos sejam os menos merecedores dos seus nomes nesta croniqueta. Porque quem os elege somos nós e pelos mais diversos motivos. Dos mais nobres aos mais espúrios. Por isso, eu peço e torço para, diferente de Ariano que está sendo recebido no céu com "honras de povo", esses filhos das putas que se escondem no anonimado se lasquem, sifo. Porque nós precisamos de gente que tenha amor, não ódio. Que não jogue lixo nas ruas. Que não dê propina. Que não fure fila. Que respeite os idosos e os professores. Que...
Assim, talvez a gente pudesse fazer justiça com o Capiroto - mandando pra ele um bando de almas sebosas, mas regando o céu e mandando pra ele mais demoradamente pessoas como Ariano, Dom Hélder, João Paulo II, Madre Tereza, Frei Damião. Padim Ciço? Há controvérsias, mas também sim.

Voltando ao céu em festa, deixo a pergunta: Ariano irá encontrar no céu mais Chicó ou mais João Grilo?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 31/07/2014

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A morte de Eduardo e os enigmas eleitorais




Por Zezinho de Caetés

Depois de ter ido às exéquias do Eduardo Campos, e voltado quase exclusivamente para esmiuçar o que acontecerá com a próxima eleição, diante do fatídico acontecimento, hoje volto e transcrevo para vocês um artigo do Ruy Fabiano, porque ele trata mais do futuro do que do presente. E talvez por isso ele o intitulou de “Enigmas eleitorais” (Blog do Noblat – 16/08/2014).

Na hora e dia que escrevo eu já tenho outras informações que apenas complementam o texto mas não tiram a validade do que ele diz, a não ser a dúvida que ele tinha de Marina ser a candidata ou não no lugar do neto do Miguel Arraes. E não poderia, como pensei, chamá-lo de herdeiro político do avô, a não ser pelos chapéus de palha que seus filhos usaram durante a cerimônia de seu enterro, a qual estive presente, embora não seguisse o coro de “Eduardo, guerreiro, do povo brasileiro”, porque achei muito petista para meu gosto, e já o ouvi cantado tanto para Zé Dirceu quanto para o Genoino e Delúbio, que não o mereciam.

O Eduardo era um hábil político e vai fazer falta neste país onde os bons políticos como o meu conterrâneo Lula estão desgastados que não sabem mais nem chorar, com convicção, nos enterros. Precisamos renovar nossos quadros e isto não pode ser feito com postes, principalmente, como a Dilma, que só chora na hora do rir e vice-versa. Tirando o exagero de terem aproveitado o seu enterro para um quase “showmício” para lançamento da candidatura de Marina, a sua família parece unida para entregar a ela (Marina) o espólio do Eduardo.

E este espólio incluía certamente alcançar a presidência da república, e eleger o candidato que ele indicou para sucedê-lo no governo do Estado, além da tarefa de eleger também o Senador que substituirá o Jarbas Vasconcelos. É um espolio difícil de roer, engolir e metabolizar de modo certo, embora, eu ache que ele estava na direção correta quanto a sua posição ultimamente de que o PT é o problema deste país. E nisto ele foi coerente e seu objetivo era não eleger mais nenhum petista aqui em Pernambuco e fazer o máximo para evitar que acontecesse no Brasil.

Mesmo, o que eu hoje acho razoável, que por motivos sentimentais, ele quisesse poupar o Lula de sua fúria anti-petista, sua morte pode ter cooperado para que seus desejos políticos sejam alcançados. Pelo menos na última pesquisa eleitoral, já há a possibilidade de que a Marina, com o já certo segundo turno, consiga desbancar a gerenta presidenta do poder. Eu nunca tive simpatia pela Marina devido suas ideias malucas de que é melhor preservar o meio ambiente do que comer, e suas atitudes que não me parecem sinceras pela incoerência no pensar e no agir. Mas, o que gostaria mesmo seria que o PT caísse fora seja lá qual for o candidato, fora é claro aqueles candidatos de partidos que são apenas filiais do PT, como PCO, PSOL, e outros que lançaram candidatos só aparecer. Entre os aceitáveis está o Pastor Everaldo e o Aécio Neves, este mais do que o primeiro pela sua capacidade de compor com os liberais.

Mas, o jogo está apenas começando, enquanto o Eduardo Campos está como sonhei no artigo anterior (aqui) no maior papo com o Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro. Fiquem então com o texto do Ruy Fabiano e meditem sobre o futuro.

“Eduardo Campos e Marina Silva nunca foram vinhos da mesma pipa. Estavam juntos, mas não misturados. Portanto, a substituição do candidato falecido por sua vice, embora obedeça a um ritual quase sumário, não é tão simples assim.

Campos era um político na acepção da palavra: negociador, flexível, disposto a fazer um governo conciliador, com um viés de esquerda, mas sem assustar o setor produtivo e financeiro.

Marina, nem tanto. Pouco afeita a negociações, cultiva certezas e procura impor um tom quase místico a suas convicções. Não receia (nem esconde) a inflexibilidade. Daí sua biografia conflituosa, que a fez sair ressentida do PT e do governo Lula.

A junção de ambos foi obra de Eduardo Campos, que obviamente não previu a circunstância presente. Provocou controvérsias no partido, cujo agora presidente, Roberto Amaral, ex-ministro de Lula, preferia apoiar a candidatura Dilma a lançar candidato próprio. Cabe-lhe agora presidir o imbróglio partidário.

A agenda de Marina Silva é confusa. De um lado, sustenta os mais ortodoxos princípios do ambientalismo; de outro, admite manter fundamentos da economia de mercado. Só não explica como conciliá-los – o que não é impossível, mas requer esclarecimentos, até hoje não fornecidos.

Por isso, é criticada tanto pela esquerda quanto pelos liberais, não inspirando confiança a nenhum dos dois. Sua atuação quando da votação do Código Florestal causou espanto: queria reduzir a área agrícola do país e causar óbices ao agronegócio.

Sua chegada ao PSB foi marcada por um conflito: exigiu a cabeça do deputado e candidato a senador por Goiás, Ronaldo Caiado, liderança do agronegócio, por meio de quem Eduardo Campos buscava uma aproximação com um setor que tem sido vital ao desempenho da economia nacional.

Campos cedeu, não sem prejuízo para alianças que já construíra em alguns estados de economia rural, como Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Bancava Marina por ver nela um braço a inseri-lo nos meios intelectuais urbanos, sobretudo no Sul-Sudeste, em que era pouco conhecido. Tinha por ela um encanto pessoal, não compartilhado por amplos setores de seu partido, que, além das divergências doutrinárias, nela viam (veem) alguém sem compromisso partidário, já que em momento algum escondeu que seu projeto é viabilizar sua própria legenda, a Rede de Sustentabilidade, que não obteve a tempo o indispensável registro na Justiça Eleitoral.

A súbita morte de Campos não altera o quadro interno de conflitos que deixou; deixa-o sem mediador. Ele era o único elo entre Marina e o partido, que agora vive um dilema: o destino oferece-lhe uma candidata competitiva – mais ainda que o falecido titular -, mas não os meios de tê-la sob controle. É um produto de qualidade, mas sem garantia e sem prazo de validade.

Nenhum partido rejeita a perspectiva de poder. Marina pode não ganhar a eleição, mas sem dúvida, confirmada como candidata, há de ter condições especiais de barganha sobre o vencedor – mais talvez que Campos, que, apesar de um currículo mais denso, não alcançou em vida a condição de liderança nacional.

A campanha presidencial fica, nesses termos, praticamente zerada. O jogo recomeça, com novas peças no tabuleiro de xadrez. As pesquisas iniciais – e aguarda-se neste fim de semana a do Datafolha -, por mais rigorosas e criteriosas, hão de refletir um eleitorado ainda confuso, sob o impacto da tragédia que vitimou Campos e da incerteza quanto à sua substituição.


Será preciso mais tempo para a decantação do quadro e a reacomodação das alianças. O país está confuso – e o PT se mobiliza para que prevaleça o ponto de vista de Amaral: abdicar de candidatura própria e apoiar Dilma.”