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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A semana - Sem filme, mas, com Renan...




Por Zé Carlos

Até a hora em que escrevo, o UOL ainda não havia publicado nenhum filme sobre a semana que passou, e que comento aqui no início da semana seguinte. Então, como estou de viagem marcada, resolvi não evitar o prazer de escrever, e relembrar alguns dos episódios que ocorreram na semana que passou, mesmo sem tentar fazer, como o filme faz, as pessoas rirem.

Houve eventos que não são para rir, jamais. Entre eles estão, mais uma vez, os estragos feitos pelas chuvas, tanto no norte como no sul, deixando o nordeste de lado. Logo nossa região que tanto precisa de chuva ficou de fora dos “presentes” que a natureza ofereceu às outras regiões. No caso foi um “presente de grego”. O que me faz dar um sorriso chocho é a imprevidência dos governos e das pessoas envolvidas, pois no ano passado, no ano retrasado e em outros anos anteriores aconteceram as mesmas coisas, com, talvez, menos vítimas do que no presente ano.

Ainda relativo aos desastres, não tão naturais assim, um filme da semana teria que abordar a participação de nossa presidenta no evento. Ela andou de helicóptero e viu todo o desastre, e se penalizou junto aos outros que a acompanhavam, o que no próximo ano, se for reeleita, fará tudo de novo. A única novidade e risível é o que vi numa charge, na qual aparece a presidenta jogando caixas com ajuda aos desabrigados, e quando um deles abre a caixa, está um panfleto dizendo: Dilma 2014. É claro que o fato não ocorreu, mas, estava implícito nestas visitas.

No plano internacional, sempre caberia mais uma piada do Obama, que não descansará enquanto os Estados Unidos não o reconhecerem como o “cara” de lá. Aqui, como todos sabem, é o Roberto Carlos. O Lula, com tantos títulos de doutor, não é mais o “cara”, e sim o “cara pálida”.

Mas, é no plano interno que aconteceu o fato mais marcante da semana. Foi o Renan, diante do espelho, dizendo: “Meu comportamento continua o mesmo, mas, os meus cabelos...”. O presidente do Congresso resolveu, mais uma vez, utilizar um bem público, para fins privados. A não ser que implante de cabelo e aparência tenham se tornado um bem público, e eu não tenha visto o Decreto Lei que ordenou isto recentemente. Havia alguma coisa deste tipo no tempo de Pedro Álvares Cabral.

O que impedirá então a Marta Suplicy de pegar um avião da FAB e ir a São Paulo fazer as unhas? Ou o Sarney fazer o mesmo para ir pintar o bigode em São Luís no Maranhão?

Esta viagem do Renan é um caso típico de um mal que nos assola desde o descobrimento: O patrimonialismo. Isto é, a indistinção entre o que é público e o que é privado. Qualquer pessoa, seguindo os padrões históricos, mesmo sendo eleito para zelar pelo público, que numa república pertence ao público e não ao “rei”, acha ser absolutamente normal que os bens públicos, que não pertencem a ninguém, mas a todos, sejam usados a seu bel prazer. É o ranço de coronelismo que fustigam as administrações públicas do país.

Isto acontece, desde o mais simples funcionário, por exemplo, o policial que estaciona em local proibido, por ser policial, até o mais graduado que usa um avião do governo para fazer farras com amigos. No caso do Renan, o filme do UOL, se depois abordar o tema, vai ser de morrer de rir. É patrimonialismo em estado puro.

E vejam a importância de uma imprensa livre. Se a imprensa não tivesse descoberto, o Renan apareceria como na foto que ilustra esta matéria, da qual ri tanto quanto no filme, e que circula por aí nas redes sociais. E vem mais, tenho certeza.

Neste fim de ano, correndo pelas festas, eu talvez não escrevesse mais se houvesse o filme, mas, se até o dia em que eu puder programar esta postagem o filme sair, eu o colocarei abaixo, e vocês que riam, sem os meus comentários, para começarem 2014 rindo. Pelo menos é isto que espero.

Tenham todos um Feliz Ano Novo!

P.S: Quando já havia terminado o texto acima o UOL liberou o verdadeiro filme desta semana. Não tem quase nada a ver com o que escrevi. É uma retrospectiva do ano 2013, centrado no mensalão. Teria muito o que comentar mas, infelizmente, vou ter que deixar para depois. Mas, vejam o filme, porque se não riram até agora rirão com ele. E continua com os votos de um Feliz Ano Novo.


sábado, 28 de dezembro de 2013

Renan e a imprensa chinesa




Por Zezinho de Caetés

Eu já estava me preparando para ir a Boa Viagem ver a queima de fogos do réveillon, e já havia desejado um feliz ano novo aos meus poucos leitores, quando vi passar sobre mim, um avião, levando um careca, gastando meu dinheirinho suado, e poluindo mais nosso planeta, para implantar 10.000 fios de cabelos, aqui em Recife. Nada demais se este careca fosse Magalhães Pinto (que Deus o tenha) e o avião fosse fretado por ele. Mas, tinha que ser logo o Renan, para me tirar de meu ócio de festas de final de ano.

Não, vocês não estão sonhando, o Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional, quarto na linha de sucessão ao “trono”, usou um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para vir aqui, e executar um procedimento capilar, talvez, com a desculpa de embelezar o Senado, enquanto ele se senta na cadeira suprema. E logo em seguida eu vi um vídeo institucional do Senado, na TV, ele, o Renan, ainda careca, mostrava as realizações do Senado, e entre elas colocava a “transparência das ações” daquela casa. E tem gente que acredita.

Eu, transcrevo abaixo um texto do Sandro Vaia, publicado no Blog do Noblat, que tem um título enorme: “Sonhos de uma noite de inverno” (27/12/2013). Quem o ler talvez pergunte, o que tem a ver o implante do Renan com este texto, que fala sobre a situação da China? E eu já respondo: Tudo.

Tudo, porque ele fala sobre a maneira que a imprensa chinesa se comporta que o “sonho de uma noite de verão” do PT, e de todos aqueles que querem cometer maracutaias com a “coisa pública”, e esperar que a imprensa não veja. O que seria o Brasil hoje sem a imprensa livre?

Haveria o mensalão? O Demóstenes teria sido cassado? O Renan teria renunciado uma vez? O Lula estaria brigado com a Rosemary? E tantos outros casos que vieram à tona, pela simples existência de uma imprensa livre. O Zé Dirceu, o Lula e o PT deve sonhar com o modelo chinês, todos as noites, e quando acordam logo propõem o “controle social da mídia”. Como seria bom para o PT!

No caso do Renan, eu nunca vi tanta desfaçatez, de uma vez só. Imagine se fosse o Marcos Valério. E olhando bem, este precisa de mais de 10.000 fios de cabelo. Por que ele não usa um avião da FAB? Afinal, todos são iguais perante a Lei. Isto pelo menos seria o que o presidente do Congresso, deveria ter como norma de conduta, e como exemplo.

Fiquem com o texto do Vaia, e vejam porque o modelo chinês seria o paraíso petista e de aliados. E esperem, como eu o faço, que no próximo ano, a imprensa livre nos ajude a ficar livre de vez da ameaça do “controle social da mídia”, para que meus votos de feliz ano novo não sejam em vão.

“Sonho de uma noite de inverno: os jornalistas chineses terão que ler 700 páginas de um manual que ensina como devem comportar-se perante o governo e o partido. Ocioso dizer que lá partido e governo são a mesma coisa.

Deverão dedicar-se pelo menos 18 horas ao estudo do calhamaço para poder prestar o seu exame em janeiro e fevereiro. É como o exame da ordem para os advogados brasileiros: não passou, não tem licença para ser jornalista.

A notícia, segundo o enviado especial da Folha de S.Paulo a Shaoshan, Marcelo Ninio, foi publicada pelo jornal estatal “Global Times”(e há algum que não seja estatal lá?), diz que pelo menos 250 mil jornalistas deverão submeter-se ao exame.

As 700 páginas não contém muitas sutilezas confucianas e vão direto ao assunto: ‘É absolutamente proibido publicar reportagens ou comentários que vão contra a linha do partido”. Ou ainda: “A relação entre o partido e a mídia é a de líder e liderado".

Bem como ensinava Deng Xiaoping: pouco importa a cor do gato desde que ele cace ratos.

Segundo o jornalista, o manual ainda inclui temas como “socialismo com características chinesas” e “perspectiva marxista do jornalismo”.

Os potenciais controladores da imprensa aqui no Brasil, aqueles que não se cansam de sugerir, propor e defender formas de estabelecer diretrizes para impor suas formas de ver o mundo e de como as notícias devem ser publicadas, esfregaram as mãos de alegria. Todo “controlador social” sonha com um manual desses.

 Por uma feliz - ou para eles infeliz - coincidência, no mesmo dia em que essa noticia foi divulgada, o Estadão publicava na sua página de opinião um artigo do professor Eugenio Bucci, que foi presidente da Radiobrás num dos governos Lula, falando “dos que tanto amam odiar a imprensa”.

Insuspeito de reacionarismo ou fascismo, o professor Bucci provocou celeuma na ala petista que sobrepõe os interesses da militância à informação independente. Um desses jornalistas militantes confessou “certo desconforto” ao ler um texto “com essa alteridade impossível” de “alguém que, como ele, foi militante do PT a vida toda e alto funcionário do governo Lula”, como se isso dispensasse alguém de exercer o senso crítico com a honestidade intelectual que Bucci achou que cabia no caso.

Ele escreveu que a acusação de que a imprensa é “um partido de oposição” incomodou pouca gente. “A acusação era tão absurda que não poderia colar. Numa sociedade democrática, relativamente estável e minimamente livre, os jornais vão bem quando são capazes de fiscalizar, vigiar e criticar o poder. O protocolo é esse. Logo, o bom jornalismo pende mais para a oposição do que para a situação”.


O protocolo é esse, mas convenhamos: as 700 páginas do manual chinês resumem o modelo ideal de imprensa de muitos petistas e suas regras povoarão os sonhos de suas noites de inverno.”

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Espiritismo na prática cotidiana.




Por Carlos Sena (*)
  
A gente, no afã de compreender certas situações a respeito de pessoas que nos fizeram algum mal, ou nos proporcionaram desconforto, costuma dizer coisas mais ou menos assim:

O mal por si destrói.
Nada como um dia atrás do outro.
Quem planta vento colhe sempre tempestade.
Quem cospe para cima corre o risco de receber cuspe no próprio rosto.
Vingança é um prato que se come frio.
Enquanto meus males forem velhos os seus serão novos.
Espero a lei do retorno.
Não se sabe o dia de amanhã.
Etc.

Fato é que a humanidade, diante das tentações e das seduções proporcionadas pela sociedade de consumo, pelo capitalismo especialmente, tem deixado de compreender como deve, os princípios doutrinários espiritista. Não defendemos que alguém seja espirita ou que deixe sua religião pra sê-lo. Religião é uma coisa, espiritualidade outra, e espiritismo mais outra. No nosso entendimento, uma pessoa que se diga espirita Cardecista (principalmente), contém em si princípios espirituais e espiritistas. Contudo, independente de qualquer segmento de crença, estar ligado com DEUS (com aspas ou sem) é fundamental para conviver num mundo tão cheio de provas e contraprovas. Um mundo em que o dinheiro dá as ordens e subverte a ética das pessoas em casa, na rua e na vida. No fundo, todos sabem que não há na terra vida eterna. Mas, pode haver vida terna. Vida com solidariedade e dentro dos princípios cristãos que tanto o espiritismo quando outras religiões praticam. Nesse bojo de evidencias, o mundo vem, muitas vezes maltratando pessoas sob diversas formas, via assédio moral, humilhações, etc.

Gradativamente as pessoas vão vendo que “caixão não tem gavetas” e, aos poucos, já há quem se preocupe mais com o outro e com os processos de melhoria interiores. Perdoar é um dos principais fatores que denotam quando um ser humano está se melhorando. Penso que o ato do PERDÃO pode ser esse diapasão que mede o grau de evolução interior de alguém diante da vida. Assim, enquanto a grande maioria ainda não se desprende das convicções mais imediatistas, normalmente se alimentam dos ditados populares acima enumerados. Certamente que há razão de sobra neles e que eles, de fato, são uma resposta. Mas, o principal é saber que são respostas da emanadas da lágica CAUSA E EFEITO que a energia cósmica espiritual libera e coordena e emana para que nós, humanos possamos compreender. Uns compreendem-nas com mais rapidez que outros. Mas, todos, certamente um dia irão ter a certeza de que a LEI DO RETORNO existe, não por conta do mal que nos fizeram certas pessoas, mas do mal que elas próprias fizeram a si mesmas, utilizando outras pessoas nesse fim.

O espiritismo é uma doutrina quieta, silenciosa. Não faz alarde. Não vive na mídia, não faz corrente disso nem daquilo. Não faz ação que a divulgue como salvadora ou como verdade absoluta. A doutrina espírita mostra o homem como caminheiro. Como passageiro da mesma caminhada da vida. Do mesmo “trem” do existir que tem inicio, meio e fim em si mesmo. Só nos resta descobrir o caminho, pois afinal, “a casa do Pai tem várias moradas”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 21/10/2013

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Esperança para o Brasil?




Por Zezinho de Caetés

Hoje comento um texto do imortal Merval Pereira (“Valores para mudanças”, 17.12.2013, no Globo), em que ele trata do lançamento de um documento do PSDB, tido pelo partido como ponto de partida para elaboração de um programa de governo, e ajudar à candidatura do senador Aécio Neves à presidência.

Ontem eu li, que, até que enfim, o Serra desistiu de sua candidatura à presidência. Eu não nego que o achava um candidato melhor do que Aécio para o cargo em foco, mas, neste ano realmente não daria mais para repetir o Lula x Serra que já vimos antes. Seria mais do mesmo.

O que sinto é que, para angariar votos dos bolsistas familiares e outros do mesmo jaez, tente-se institucionalizar o papel do Estado que cada dia mais se amplia, ao ponto de durante 10 anos, sufocar o capitalismo brasileiro. Para mim, esta foi a principal contribuição do PT ao não desenvolvimento do Brasil.

No momento em que o Merval escrevia, o documento ainda não havia sido publicado, e não posso dizer o que ele contém sobre vários temas, como, privatizações e ordenamento dos programas sociais, que ouvi ontem que até uruguaio recebe o Bolsa Família, e anteriormente que os imóveis do Minha Casa Minha Vida, estão dissolvendo igual a Sonrisal, com as chuvas no Rio de Janeiro.

Nós brasileiros, já merecíamos um candidato que não tivesse medo de dizer que o Estado, ao invés de aumentar sua participação para fazer “justiça social” (que não sei bem o que significa), deveria diminuir sua ingerência e deixar que os indivíduos tivessem liberdade de empreender, fugindo do capitalismo de Estado, que já nos levou um dia quase ao desastre. Quem não lembra do Tudo pelo Social do Sarney, que terminou na hiperinflação que tanto nos causou mal?

Mas, estamos ainda longe das eleições, e quem sabe, apareça um candidato assim, ou o próprio Aécio caia em si e veja que o que ele está propondo é o mesmo que o PT prometia antes de entrar no poder, e se volte um pouco para a direita, dando um choque de capitalismo de que tanto este país necessita. Hoje, já está provado que foi o sistema capitalista que conseguiu fazer o que todos chamam de justiça social, pelo aumento da produtividade e riqueza, ao ponto de países ditos socialistas no passado serem hoje fanáticos defensores do sistema (vejam quase toda a Ásia), porque, simplesmente o socialismo só hoje resiste em Cuba e na Coreia do Norte, terríveis ditaduras, que não servem nem para implantar mudanças mínimas em direção ao modelo chinês, que da miséria partiu, com a liberdade de empreender, em seu território, para o espaço e já mandou uma sonda à lua.

Fiquem com imortal Merval, que eu vou curtir o meu Natal e Ano Novo, já desejando aos meus leitores uma feliz passagem e até 2014, espero, com novos candidatos e novas esperanças para o Brasil.

“O documento que o PSDB lança hoje, como ponto de partida para a elaboração do programa de governo que apresentará à sociedade no começo do próximo ano para lastrear a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República, parte do princípio de que “há um sentimento de inquietação e frustração comum a todos. Há um sonho e um desejo de mudança comuns a muitos brasileiros”.

O PSDB acredita que, ao contrário de 2010, quando o sentimento predominante no país era o de continuidade, hoje há uma vontade de mudança que permite vislumbrar uma possibilidade maior de vitória para a oposição. Por isso, Aécio Neves vem dizendo que quem chegar ao segundo turno contra a presidente Dilma tem grande chance de ganhar a eleição presidencial.

Os movimentos de aproximação com o governador Eduardo Campos, o outro candidato oposicionista bem posicionado nas pesquisas, têm o objetivo principal de criar ambiente de união entre as oposições, que nunca houve nas eleições anteriores em que o PT venceu, sempre no segundo turno, mas deixando um patrimônio eleitoral considerável para a oposição, entre 40% e 43% dos votos, fosse candidato Serra ou Alckmin.

Considerando que o PSDB é um partido mais abrangente do que o PSB, com mais tradição de oposição, Aécio acredita que será ele o candidato a estar no segundo turno e pretende agregar ao eleitorado oposicionista os eleitores que, não sendo cativos do PT, acabam votando no candidato petista por falta de opções.

Com o documento que apresentará hoje, o PSDB pretende começar a discutir os valores em que se fundamenta a candidatura de Aécio, “valores que vêm sendo aviltados no país nos últimos anos”. A crítica a um ambiente econômico “fechado em ideologias” tem como objeto a intervenção estatal e propõe “um ambiente econômico estável, competitivo e sustentável, (...) livre de dogmas do passado que não funcionam mais”.

Para evitar a acusação de ser liberal, ou neoliberal, o documento dos tucanos defende “uma visão social libertadora, que defende a atuação do Estado na proteção e na garantia dos direitos de cada cidadão, acredita na força transformadora de cada pessoa e na obrigação dos governos de criar condições para que ela floresça”.

A definição do papel do Estado de assegurar “melhor ambiente para o investimento e o desenvolvimento” e garantia de igualdade de oportunidades é clara, para garantir a confiança “na sociedade que construímos, no ambiente em que vivemos e produzimos”.

Para restabelecer a confiança da sociedade no Estado, o PSDB anuncia seu “compromisso com o combate intransigente à corrupção, com a democracia, com a restauração da ética, com o respeito às instituições, com a recuperação da credibilidade perdida e com a construção de um ambiente econômico adequado para o desenvolvimento do país”.

A eficiência do Estado a serviço dos cidadãos é um compromisso do documento que tem a ver com as manifestações populares de junho, reconhecidas como expressões legítimas dos “direitos dos cidadãos”. O poder público, dirá o documento, deve estar integralmente a serviço de todos os brasileiros, por meio de ações eficientes em segurança, transporte público, saúde e, em especial, educação.

A defesa da gestão pública eficiente, uma das principais bandeiras da candidatura tucana em 2014, está assumida no documento, que diz que “só um Estado eficiente, justo e transparente é capaz de perseguir estes objetivos, devolvendo em forma de melhores serviços o que os cidadãos recolhem em tributos”.

Ao falar da prosperidade, um dos valores básicos, juntamente com confiança e cidadania, o documento do PSDB dá sua definição sobre a política de desenvolvimento que pretende adotar: “(...) o bem-estar das famílias brasileiras deve ser o principal objetivo de uma política de desenvolvimento”.

O documento define uma visão social com objetivo de “resgatar a enorme dívida social que o país ainda tem com milhões de cidadãos e garantir às novas gerações as condições para viver num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido, onde riquezas que pertencem a todos estejam a serviço de todos”.


E não se esquece de que é preciso organizar um país “em que o conhecimento, a renda e as oportunidades sejam distribuídos com justiça”, ao mesmo tempo uma crítica ao modelo atual e um compromisso de futuro.”

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Beleza ou Fealdade?




Por Carlos Sena (*)

Vinicius, o poetinha (lembro que no Recife se chama o Santa Cruz de “Santinha”), imortalizou o conceito de beleza nas relações homem e mulher. Eu completo: nas relações gente com gente, para ser fiel à diversidade. “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental” – mais ou menos assim é a frase cunhada pelo poeta que o mundo inteiro reverencia, a despeito das discussões acerca do feio e do bonito, inclusive acerca da beleza interior. Em todas as rodas opiniões se multiplicavam acerca do que “beleza” teria se referido o poeta: se a de dento ou a de fora. Não tenho dúvidas que foi acerca da beleza mesma que instiga o tesão, a vontade de partir pra cima e “comer” viva a pessoa que se descortina aos nossos olhos e mexe com todos os sentidos. Há quem julgue certo preconceito na poesia Viniciana ao enaltecer as belas contra as feias, mas não concordamos. Porque aos poetas se confere a difícil arte de interpretar para os outros o seu mundo em forma e matiz variado. Não tenho dúvidas de que Vinicius tenha cunhado essa “frase” diante de uma bela moça. Bela pra ele, certamente, mas isso poucos interpretam no bojo desse pensamento. A visão poética tem esse poder e isso sempre foi o grande viés desse poeta que completaria cem anos se vivo fosse. O seu “Soneto da Fidelidade” lhe traduz a relação consigo mesmo e com as mulheres e, como pano de fundo, com o seu inseparável uísque. Ele também imortalizou “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”... Querendo ser petulante, a gente pode, muito bem, fazer uma conexão entre “as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”, para que “Eu possa me dizer do amor que tive: que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”... Estaria o amor, então, subordinado à beleza que permite o amor durar? Considerando que os amantes envelhecem, o poema perderia a validade? Claro que não, mas é assim que muitos querem insinuar quando dizer “beleza é fundamental”. O ponto central dessa frase está sublinhado no pensamento do poeta. Porque todo poeta sabe que seu universo é a intersubjetividade das emoções humanas. Desse jeito, certamente (e esse é o meu entendimento), BELEZA CONTINUA SENDO O FUNDAMENTAL. Por um simples fato: “quem ama o feio bonito lhe parece”. Vê-se, pois que o “poetinha” estava correto na sua vernácula, pois ele estava falando de si, como cada um diante de uma pessoa bonita fala também por si. Quantas vezes alguns amigos nos falam de uma bela mulher e que, quando a gente conhece, não acha? Porque a beleza em sendo fundamental é relativa. Nesse prisma a fealdade inexistiria? Talvez sim, talvez não. Porque o belo se referencia no feio e este na beleza se dimensiona. E entre o belo e o feio está o que vê, o que se apaixona, o que é movido pela emoção de ter amor ou tesão por outrem sem que isso tenha explicação.

Portanto, o poetinha estava coberto de razão: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”... Roberto Freire – autor de “Sem tesão não há solução”, certamente teria concordado e vivenciado Vinicius de Morais... O popular também não se exclui dessa contextualização, pois afinal, “não fata sapato velho para pé doente”... Quem ama o feio, bonito lhe parece.


Soneto da Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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Publicado no Recanto das Letras em 20/10/2013

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A Semana - Agora é só festa




Por Zé Carlos

Confesso que até agradeço aos elaboradores do filme do UOL, mostrado abaixo, me ajudaram esta semana, pela pouca extensão dele e pela falta de assuntos que assola o fim de ano na mídia eletrônica. É Natal e quase chegamos a 2014, e agora com a certeza que não teremos José Serra como candidato a presidência. Estou viajando e também as palavras aqui serão curtas, embora espere, não grossas.

Para mim, penso que o José Serra já estava passando dos limites, em querer forçar sua candidatura. Não dava mais. Agora é deixar para os mais jovens o osso, duro de roer, que teremos em 2014, seja quem for o presidente. O motivo de riso seria se continuasse sua tentativa em ser candidato.

O filme, se traz um assunto que gostei, foi a canção “Garçom”, do Reginaldo Rossi, que nos deixou nesta semana. No fundo, fundo todos nós somos garçons. Eu até descobri que sou brega e não chique porque gostava do cantor e senti sua morte.

Ri um pouco com a “dobradinha” Eduardo x Dilma em SUAPE. Só faltou a Marina.

Como já disse hoje o texto é curto, porque estou viajando. Que todos tenham um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Fiquem com o resumo do roteiro do UOL e depois vejam o filme. Se tiverem tempo entre uma comida e outra das festas.

“No Escuta Essa! dessa semana, José Serra é “forçado” pelo próprio partido a desistir da candidatura à presidência em 2014 e deixar o caminho livre para o colega Aécio Neves. Enquanto isso, os outros prováveis adversários nas eleições Dilma e Eduardo Campos trocam afagos em evento.”


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Testemunhos do Vovô Zé - Agruras, alegrias e o torneio de Davi


Davi no torneio


Por Zé Carlos

Quando estou muito triste sempre me travisto de Vovô Zé e escrevo para os meus netos. Num futuro, nem tão distante, porque o Davi (o mais velho) já está começando a ler, e, brevemente o Miguel (o mais novo, irá no mesmo caminho). Portanto, não tardará o Vovô Zé terá leitores e se aproveita para ficar um pouco mais alegre, neste mar de tristeza.

Esta ano a vida aprontou poucas e boas para mim. Primeiro, tive a maior gripe, que virou bronquite, dos últimos 50 anos. Segundo, fiz uma cirurgia, em que foi tudo bem, mas, deixou sequelas do ponto de vista psicológico, pelo estresse que passei. E quando o Vovô Zé foi se recuperando, alguém o processa, acusando-o por danos morais, por haver um anônimo publicado aqui no blog, algo a respeito dele. Logo o Vovô Zé que a última vez que causou danos morais a alguém foi, talvez, na outra reencarnação. Pelo menos, de forma consciente ou proposital. Não sei se é o número 13 do ano ou se havia mesmo de acontecer. Nos últimos tempos eu tenho me tornado quase um místico e acreditando no azar.

Mas, deixo de lado as agruras, que se vão todas quando vejo meus netos participando (o mais novo só olhando) de um torneio de futebol em Caruaru, onde foi tirada a foto que ilustra esta matéria. De início deu vontade de publicar só a foto, o que já seria uma postagem válida para eles no futuro. No entanto, como gosto de teclar e ao mesmo tempo tenho histórias para contar, eu resolvi escrever mais umas mal traçadas linhas.

Eu lembro quando despertei para o futebol. No Brasil, hoje tanto entre as meninas (embora menos) quanto nos meninos, sempre há um certo tempo em suas vidas que isto ocorre. Seja rico seja pobre a boa bolinha sempre vem, como Papai Noel. Comigo, este momento se deu na Copa do Mundo de 1958, na qual o Brasil ergueu a taça Jules Rimet pela primeira vez, ao sagrar-se campeão do mundo. Tinha 10 anos, mas, antes já corria atrás da bola de meia de frente da Maçonaria ou da Cadeia.

Lembro como se fosse hoje, o aumento do interesse da meninada pelo futebol. Lembro das disputas entre as ruas e até recordo muito bem o time em que eu joguei, como o Davi hoje, pela primeira vez. Na Rua do Caborje foi formado um time, se não me engano, o Ateniense, que arranjou um padrão (um conjunto de camisas de futebol, para os não iniciados ou muito jovens como meus netos) com um dos candidatos a deputado que apareciam lá pedindo voto e tentavam conquistar os votos dos pais dando presentes aos filhos.

Na Rua da Cadeia, onde morei uma boa parte de minha vida, os peladeiros de rua, de bola de meia ou de borracha (as bolas de couro eram uma raridade nas ruas, enquanto hoje meus netos já têm até a Cafusa e a brevemente terão a Brazuca, bolas das Copas recentes no Brasil), estavam excitados, olhando as revistas (O Cruzeiro por exemplo) e cada um querendo ser um dos jogadores daquela conquista. Eu quis ser o Gilmar, mas, Zezinho de Anália, me convenceu de que quando fôssemos jogar no campo maior, eu ainda era muito pequeno para ser goleiro. Então foi aí que o Vovô Zé foi ser o Garrincha, mesmo não tendo as pernas tortas, porém, com o espírito de que se alguém me prometesse fazer-me jogar igual a ele, eu até entortaria as pernas.

Foi aí que resolvemos formar um time para competir com o Ateniense. E formamos o União Futebol Clube. Não me lembro mais quem comprou as camisas brancas, mas me lembro que Dona Irene, mãe de Carlinhos Mouco (onde estará?), a pedido do Zé Praxedes, bordou as camisas em azul, com a sigla UFC. Hoje isto é nome de torneio de luta livre e as comparações com a época de hoje, são quase impossíveis.

Naquela época aprendíamos o futebol na rua. Quando íamos a campo, com plateia era uma raridade. Hoje, os meus netos vão para escolinha e já compram os padrões prontos. E com os meios de comunicação a que eles tem acesso, meu neto Davi, já não quer ser o Neymar, e sim o Messi, mesmo que eu tente dizer que seu estilo é igual ao do Newton Santos. Aliás, o Vovô Zé, quando já um pouco crescido, jogou de lateral-esquerdo, lembrando deste grande jogador. Hoje, meu neto seria um ala.

Tudo é diferente, menos para mim e para o Davi, a alegria de participar do primeiro torneio. Não estava lá, e não vi se o time dele perdeu ou ganhou, só sei que o União quando jogou com o Ateniense, perdeu, e para mim foi uma tristeza. Não me lembro se chegamos a ganhar deles um dia.

Quando estou com eles, aqui na minha casa ou na casa deles, a grande brincadeira ainda é o futebol e para o Davi, o da foto, se Vovô Zé aguentasse, jogaria o dia inteiro. Na minha época pensava já em ser jogador da seleção brasileira. Não o fui, mas, vendo a ginga do Davi já espero que ele seja o melhor do mundo na próxima década. Na certa irá jogar na Espanha, condição sine qua non para que isto aconteça.

Só escrevendo, o Vovô Zé voltou a sonhar e esqueceu momentaneamente suas agruras. Não perderei o próximo torneio por nada neste mundo. Enquanto não chega o dia, continuo, chorando pelo Náutico, e, sendo educado e alegre com o Sport e com o Santa Cruz, principalmente, pelo Flávio Caça-Rato. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Dona Darci, Dona Rosália e Dona Laura: feliz dia dos professores!




Por Carlos Sena (*)

Todo mundo teve um professor ou professora marcantes. Eu tive, no primário, mais de uma: dona Darci, Dona Rosália, Dona Laura. Dona Darci morava perto da casa de Zé Abílio e teria se casado e tido filhos. Se mais não soube é porque a vida separa as pessoas, mas não consegue apagar nossas mais legítima lembranças. Lembro que ela era doce, sabida, e vocacionada para o ensino. Todo dia olhava, inclusive se nossas unhas estavam limpas e cortadinhas . Dona Rosália era tão sabida quanto Dona Darci. Só que era mais durona e de pouca graça conosco, embora seu coração por dentro só tivesse amor e dedicação em tudo que fazia com seus pivetes. Vez por outra ela mandava um bilhetinho por nós e para os nossos pais. E recomendava: "ai de quem lê esse bilhete antes dos pais"... Dona Rosália era esposa de seu Afranio e mãe de Concinha e de Fátima.  Morávamos na mesma rua - a Siqueira Campos, mas nada de frege com ela, porque ela era a nossa PROFESSORA, não nossa "tia" com se dizem hoje. Finalmente Dona Laura. Minha mãe nos colocou com ela para "desarnar" pois era assim que se chamava na época um certo tipo de REFORÇO. Ela era linha dura. Tinha palmatória e tinha caroço de milho, mas tinha aprendizado no seu método hoje condenado. Tabuada? Tinha que estar na ponta da língua. Soletrar? Era Na ponta da língua e no fim do quengo. De dona Laura lembro pouco, mas sei que morava na rua de Águas Belas, nas imediações da Praça da Bandeira. Hoje, certamente, seria condenada pelo seu método, mas eu só sei que aprendi soletrar e contar com ela. Das palmatórias eu também me lembro, mas não tenho frescura de trauma por conta delas. Dona Laura morreu faz tempo. Dona Rosália, faz pouco. Dona Darci, não sei por onde anda, mas, certamente deve estar aposentada criando netos.

Pois é. O tempo passa. A gente cresce. Os professores seguem seus destinos de nos encaminhar pra vida sem, sequer, saberem se demos pra gente, como nossos pais costumavam dizer. Hoje, no dia dos Professores eu lhes digo mesmo sem saber direito onde devam estar. Pelo sim pelo não, em que dimensão espiritual estiveram, lhes digo que "dei pra gente", até me chamam de dotô. Ensinei na Federal, na Católica, no Esuda, até na UNB de Brasília já palestrei. Tão vendo fressoras? Tudo começou no grupo escolar Mestre Laurindo Seabra que continua de pé do mesmo jeitinho quando criança lá eu estudava.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 15/10/2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Procurando Estadistas




Por Zezinho de Caetés

Semana passada se foi um dosmaiors homens de todos os tempos: O Nelson Mandela. Modernamente, não tem aparecido homens como ele em nosso planeta. Corajoso, coerente, inteligente e acima de tudo um estadista. Via seu país e não seu partido. Chega me dá um arrepio quando tento compará-lo com um político brasileiro. Faz muito tempo que não temos um estadista por estas bandas. Talvez, o último tenha sido D. Pedro II, e mesmo assim, contemporizou com a escravidão, deixando à sua filha a tarefa de aboli-la.

O texto do Sandro Vaia, abaixo transcrito (Blog do Noblat em 13/12/2013), começa reclamando que a palavra “estadista” nunca foi tanto usada. E com razão. Seu, título “Palavras, gestos e atos”, também nos lembra quanto, aqui em nosso berço esplêndido do futuro, estas três coisas divergem.

Enquanto a presidenta Dilma diz que não está na presidência para fazer “muquifos” para população, no Rio de Janeiro a água leva os “muquifos” por ela construídos, no Minha Casa, Minha Vida. Enquanto o presidente Lula cerra os punhos para homenagear os seus colegas bandidos presos, já disse um dia até que o mensalão nunca existiu, depois de dizer que se sentia envergonhado com o evento. O mesmo Lula, no programa gratuito do PT na TV elogia o Bolsa Família pela passagem dos seus 10 anos (pelo, menos nos moldes eleitoreiros), há filmes e mais filmes, gravações e mais gravações mostrando que ele era um dos principais críticos do programa, ainda na fase FHC.

E no enterro do Mandela, num gesto orientado pelo seu marqueteiro, a presidenta convida todos os ex-presidentes para o funeral, e lá vão todos juntos nossos mais recentes projetos de estadista. Seria cômico ou trágico dizer que o único estadista foi o Sarney? Sei lá. Penso que nenhum, mesmo que reconheça que, pelo Plano Real e as privatizações (agora, tardiamente adotadas pela presidenta), o que chegou mais perto foi o FHC. Mas, se os compararmos com o Nelson Mandela, a medida é em anos-luz.

Mas, fiquem com o texto do Vaia, que conta mais sobre o evento da morte do Mandela, que eu  vou, pegar minha lanterna, igual ao Demóstenes (não o da cachoeira, o outro, grego) e sair por aí procurando um estadista. Vai ser um procura difícil, mas, quem sabe? A esperança é a última que morre.

“A palavra “estadista” nunca foi tão usada e abusada quanto nesta semana em que o mundo parou para lembrar, dançar, chorar e enterrar Nelson Mandela.

E a civilização do espetáculo, em que a cultura foi substituída pelo culto ao entretenimento, para simplificar a tese do Nobel Vargas Llosa, teve alguns momentos de culminância: o show Obama-Michelle-Cameron na sessão “selfie” com a loira dinamarquesa; o aperto de mão de Obama e o ditador cubano Raul Castro; o engodo universal do falso intérprete de sinais para deficientes auditivos, com seu irônico espetáculo cheio de gestos e vazio de conteúdo.

A presidente Dilma também reservou para si um cantinho do palco. Escalada para ser um dos oradores oficiais das exéquias, contribuiu para o espetáculo não só com seu modorrento discurso, mas também com seu voo ecumênico, onde inclui como passageiros todos os ex-presidentes vivos do País -- entre os quais um que foi obrigado a renunciar para não sofrer impeachment por corrupção.

Se Obama levou os Bush pai e filho, Clinton e Carter, por que Dilma não podia dar a sua lição de tolerância carregando seus antecessores, mesmo aqueles que, segundo declarações que deu num seminário antes da viagem, contribuíram para “aumentar as desigualdades do país”, que ela pretende extinguir?

Um gesto espontâneo de grandeza. Tão espontâneo que foi cantado em prosa e verso pela máquina de propaganda do Planalto e alardeada pela própria presidente em seu twitter oficial, como lição de convivência democrática. Uma convivência mercadologicamente conveniente.

Enquanto o tamanho de Mandela ficava em discussão, com a grande maioria convergindo para a tese do estadista, alguns intolerantes preferiam classificá-lo como “terrorista”, como se a luta contra a infâmia do apartheid pudesse ser comparada à delicadeza e arte de uma competição de florete.

O colunista Thomas L. Friedan, do The New York Times, escreveu sobre a “reserva moral” que Mandela acumulou ao longo de sua vida. E cita como exemplo singelo uma cena do filme “Invictus”, de Clint Eastwood, onde o presidente sul-africano (interpretado por Morgan Freeman) se manifesta contra a mudança das cores da seleção nacional de rúgbi, que durante anos foram símbolo da suposta supremacia branca. “Isto não serve à nação. Temos de surpreendê-los (referindo-se aos brancos) com moderação e grandiosidade”.

“Há muitas grandes lições nessa cena curta” -- escreveu Friedan. “A primeira é que, uma maneira de os líderes criarem autoridade moral é estarem dispostos a desafiar as suas próprias bases, às vezes -- e não somente o outro lado. É fácil liderar dizendo à sua própria base o que ela quer ouvir. É fácil liderar quando se está dando coisas. É fácil liderar quando as coisas vão bem. No entanto, é realmente complicado conseguir que sua sociedade faça algo grande e difícil”.


Tão complicado quanto juntar palavras, gestos e atos num mesmo significado.”

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Não me chame de brega que não sou de briga




Por Carlos Sena (*)

"Carne e unha, alma gêmea, bate coração"... Essa música tocava no meu caro e, para minha surpresa, uma amiga que tava de carona se insurge e diz fazendo beicinho: você gosta de brega? Aff!  E tu, MULÉ, com tua cara brega não gosta? (respondi). Pois eu gosto, retruquei aumentando o volume e acrescentei que Fábio Jr, na minha opinião nem é tão brega assim. Porque eu gosto mesmo é do Reginaldo - daquele que dizem ser família do Padre Marcelo. Misturei tudo de propósito, porque brega é a pior tradução para quem gosta de dividir gosto musical nessa forma tão perversa. Música é gosto que pode ser bom ou mau. Mesmo um mal gosto musical não credencia outrem a se colocar em posição de superioridade nesse quesito. Porque música, diferente de perfume  "TOCA". E ela, a música pode nos tocar, inclusive quando a gente se encontra à flor da pele com as nossas emoções. Música, mal ou bem comparada, é feito fome. Há dias que eu tenho fome de, por exemplo, hot-dog. Há outros dias que tenho fome de feijão com arroz e bife, ou mesmo fome de um casulè ou de uma torta alemã. De uma tripa assada, por que não dizer?

Certo dia me acordei com "Ne me qui te pás" na cabeça e fiquei o dia todo com essa canção francesa no quengo. Mas, noutros dias (e foram tantos) eu só cantava boleros de Valdick Soriano alternando com o Reiginaldo Rossi. Lino Julião! Adoro. Como, vez por outra os Cantos Gregorianos me encantam no contracanto da sala embalando minhalma católica.

Minha amiga desceu do carro e eu fiquei pensando: ela se surpreendeu comigo e eu com ela. Ela porque pelo visto ela achava que não tinha cara de quem gostasse de "brega" e eu porque pelo não visto tinha certeza que ela não só tinha cara, mas alma de brega. Como se vê "macaco não olha pro rabo", a despeito de ter certeza de que brega em seu sentido pejorativo é um tremendo provincianismo cultural. Porque nada do que se pode sentir com legitimidade pode ser locado como BREGA. Brega é briga. É lombriga. É certo tipo de embriagues que leva a se confundir gosto com agonia. O melhor dessa minha história é que a caroneira que me chamou de brega nesse quesito dá de dez em mim... Mas ela não assume. Porque pensem num caba que levou a vida toda se assumindo com suas verdades! Pensaram? Esse caba sou eu! Ainda hoje pago o preço mas seguirei assim: sendo brega, se esse for o entendimento. Sendo CHIC se esse for o sentimento. Imaginem se  minha amiga me visse cantando um pupurri de Adilson Ramos, emendando com outros de Noite Ilustrada, Ataulfo Alves, Roberto e tantos outros. Ela ia estourar pelas costas feito cigarra. Cigarra? Essa, então, não seria brega? "Porque a formiga é a melhor amiga da cigarra"... Então me lembro da eterna Simone e seus lindos hits de SUELI Costa. Fazer o quê? Deus me deu a fonte pra beber: foi no rio Papacacinha. Poderia ter sido no Piracicaba. Nunca seria num Avião, ou numa Asa sua, nem num Calypso. Que sorte minha!

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 18/10/2013

O SOFRESSOR E O CELULAR: ZEFINI




Por Carlos Sena (*)

O dia do Professor um dia será. Porque por enquanto ele funciona mesmo como reflexão acerca dele, como mentor do conhecimento e acerca do que poderia ser ele, se o país lhe desse o devido valor. Por isso, prefiro dizer que hoje é dia do SOFRESSOR. Nesse diapasão de inversões de papeis nunca será demais, neste dia, relembrar e refletir. Primeiro acerca daqueles que, vestidos de professor, são travestidos disso, porque por não encontrarem emprego em outra área vão fazer “bico” na educação, principalmente na de ensino fundamental e médio. Isso é péssimo porque a pior educação é aquela que se processa às avessas, ou seja, deseduca quando passa para os alunos preconceito, desamor, ingratidão, revolta, etc. Outro foco dessa insatisfação é a questão salarial que reduz os bons professores ao desespero que é viver sem a dignidade de, no mínimo pagar suas contas para poder viver com dignidade e, assim, passar dignidade para os alunos. Como se não bastasse, certos pais funcionam como problemas para os professores, pois entregam a eles, na escola, o papel que em casa deixa de ser feito por eles na condição de pais e mães. Dentre tantos, há ainda o CELULAR. Ser professor nestes tempos infestados pela praga do celular é, com certeza, agudizar o termo SOFRESSOR. Administrar celular em sala de aula, possivelmente, será mais uma matéria curricular nos centros de formação acadêmica de professor, alguém duvida? Porque os pais e as escolas não encontram formula de disciplinar isso sem que melindre os pais que, pelas incompetências deles, mantêm os filhos com celular no papel de “coleira eletrônica”. Ao pobre “sofressor” – aquele que já fica de goela seca pedindo silencio em sala de aula, agora vivem pajeando celular, pois quando o aluno não está passando mensagem, está cochichando nele, ou está jogando nele, ou simplesmente está... Nele! Não no assunto que o “sofressor” esteja ministrando em sala. Qualquer atitude do mestre em desacordo, logo vem o pai, ou a mãe ou os dois e ameaçam o coitado do mestre: “quem paga seu salário sou eu” (no caso de escola privada); “vou falar com fulano ou sicrano pra lhe transferir daqui” (no caso de escola pública) e por aí vão as ameaças, sem contar com as violências diárias dentro e fora da sala.

Nunca será demais, neste dia, refletir. Porque apesar dos pesares, ser professor é uma das mais dignas profissões do mundo, porque só ela (salvo engano) poderá levar as pessoas a desenvolver um pensamento libertador. Não bastassem tantos obstáculos, ainda temos a controvertida dicotomia entre pedagogia moderna e antiga que, a rigor, não se justificam. Temos também o mundo lá de fora cheio de valores frouxos definidos pelos veículos de comunicação sociais, principalmente a TV.

Para finalizar, uma experiência vivida por uma professora de francês no Recife, vale a pena ser lembrada: de repente uma conceituada professora de francês se vê chamada atenção pelo seu próprio filho. A criança, diante de sua mãe que sempre utilizava a expressão C’est fini lhe disse: “mamãe, não é C’est fini, mas ZEFINI” – referencia a um antigo bordão do professor Raimundo em sua escolinha, lembram? E a coitada de professora, até onde sabemos, não conseguiu convencer seu filho que o errado era o "Professor" Raimundo, não ela, pode?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 15/10/2013

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A semana - Nelson Mandela




Por Zé Carlos

Como não poderia deixar de ser, durante a semana que passou quase tudo girou em torno da morte da grande pessoa humana que foi o Nelson Mandela, homem que com sua coragem e determinação acabou com o apartheid em seu país, a África do Sul, e influenciou o mundo com seu espírito conciliador e firme.

O filme do UOL que retrata, com o humor, o funeral do Mandela, o faz com maestria e com muito mais seriedade do que alguns medalhões presentes ao evento.  E, como vocês podem ver, o humor é uma coisa muito séria, assim como o canto e a dança. Nunca os sul-africanos dançaram e cantaram tanto como na semana passada. Talvez todos tenham entrado neste clima, sem perder o respeito pelo morto.

Num gesto bonito da presidente Dilma Roussef, convidando todos os ex-presidentes vivos, para acompanhá-la no avião presidencial, ela gerou o que nos leva a rir com o filme, ou seja: O que se conversou durante o voo, para a África do Sul, entre os presidentes presentes e passados, vivos?

Dei boas risadas, com muita seriedade, com a criação de uma possível conversa entre aqueles que passaram pela presidência do Brasil. Um bom resumo, não da semana, mas da década, é a disputa entre Lula x FHC de quem fez o que pelo Brasil. As intervenções da presidente são hilariantes, assim como suas falas de improviso. Realmente, quando ela abre a boca, sem estar lendo, é uma tragédia, que vira comédia de imediato.

E já no final do filme é que ri, como dizem os cultos, a bandeiras despregadas, com a comparação que o mensaleiro João Paulo Cunha faz de sua prisão com a do Nelson Mandela. Talvez fosse mais adequado comparar-se a pessoas conhecidas do nosso meio político, também envolvidas em falcatruas e que continuam com o mandato parlamentar. Será que foi esta a piada de salão a que um dos seus colegas se referia para dizer em que o mensalão iria se transformar? O Delúbio também diria que quando sair da prisão não seria menos digno do que Mandela. Não é para rir?

Fugindo dos brasileiros, mas ficando no funeral do Mandela, o filme aborda o episódio envolvendo Barack Obama, presidente americano e uma governante dinamarquesa, fazendo “selfie”. Eu confesso, que só comecei a rir, quando, no próprio filme uma garota explica o significado do termo. Vejam lá, e isto apenas prova quanto eu sou ignorante ainda quanto ao uso de celulares. Bem pelo menos, ele não quis tirar uma selfie com o próprio Mandela, ou, com o bispo Tutu, que não aparece no filme.

Falei do bispo Tutu porque ele é muito conhecido por mim, desde o tempo em que morei fora do país, época na qual todo telejornal abordava o problema da África do Sul, quanto à discriminação racial, e o bispo sempre estava lá nos noticiários. No país onde eu estava (Inglaterra), o Nelson Mandela se tornou inesquecível, pelo menos para mim, que passava todos os dias de frente do Diretório dos Estudantes Nelson Mandela, da universidade onde estudava. Lia o nome de Mandela durante o dia e via o bispo Tutu à noite. Acho que o UOL deveria tê-lo colocado no filme. Ele mereceria a homenagem.

E agora vejam o resumo dos roteiristas do filme do UOL, e vejam o filme. Desta vez não sei se vocês começarão a semana rindo ou chorando. Eu preferi rir, e se tivesse espaço, cantaria e dançaria como o fez a população da África do Sul. Mas, não tocaria uma vuvuzela, pois humor é uma coisa séria.

“No Escuta Essa! desta semana, o destaque é para a viagem de Dilma com os ex-presidentes Lula, FHC, Sarney e Collor para homenagear o líder sul-africano Nelson Mandela. Todos viajaram juntos para representar o Brasil na África do Sul. Mas quem roubou a cena foi o presidente americano Barack Obama que tirou uma selfie com a prêmiê dinamarquesa em pleno funeral de Mandela.”


sábado, 14 de dezembro de 2013

Triênio para lembrar




Por Zezinho de Caetés

Semana passada escrevi sobre um livro do Marco Antonio Villa, que ainda não encontrei nas livrarias daqui, que se chama “A Década Perdida – Dez Anos de Governo do PT”. Talvez ele tenha tirado do livro um resumo do que foi o último triênio, e o publicou em seu blog. Este texto é transcrito abaixo e é imperdível. Ele foi publicado em 10/12/2013, com o título de “Triênio para esquecer”.

Eu, depois de lê-lo, e vendo toda a verdade do que ele escreve, eu o intitularia de “Triênio para lembrar”, quando for votar em 2014. Eu ainda não acredito que a Dilma seja a candidata, penso que o Lula vai sair para seu quarto mandato, se quiser que o PT continue. Fica claro em todas as notícias e atos da presidenta que quem governa é o Lula, e ela é apenas uma rainha da Inglaterra sem pompa e sem circunstância.

Neste governo só funcionam o departamento de propaganda e o bolsa família. Vi a propaganda “gratuita” do PT na TV. É mesmo de morrer de rir de tantas mentiras, para iludir os incautos ou dar aos petistas perpétuos o que conversar. Dizem que o país mudou. E eu acredito que sim, pois institucionalizou a pobreza através dos programas sociais que foram criados no governo FHC, e que apenas se transformaram no nome, para angariar votos. Hoje, por incrível que pareça, há um blogueiro da região que comemora o aumento do número de inscritos no bolsa família, como se fosse a redenção do Brasil. Quando, na realidade, por falta de fiscalização e fuga dos propósitos iniciais, hoje, as mais variadas pessoas, de todos os níveis de renda, estão inscritas no programa.

E está acabando, por vencimento do prazo de validade, o discurso de culpar o passado, da herança maldita, e de outros cacoetes que Lula tanto usou, mentindo, quando usava as políticas do governo anterior. Infelizmente, não temos uma oposição à altura para mostrar, a herança maldita que vier para quem for eleito em 2014, mesmo que seja o Lula.  E talvez continuemos nosso calvário sem cruz de aguentar o PT por mais tempo.

Só nos resta, enquanto deixarem funcionar uma imprensa independente, informar e avisar o que pode advir de uma vitória do PT em 2014. Só esta possibilidade já me dá dó do povo brasileiro no futuro. Além disto, me assalta o medo de voltar aos anos 80, em que não sabíamos qual o preço de um ovo, no mesmo dia, no mesmo local, duas horas depois de comprar um. Só as maquininhas de reajuste de preços funcionavam.

Mas, deixemos agora vocês com texto do Villa, e esperando comprar o seu livro, para completar o conhecimento sobre a década do PT. Eu vou voltar a ler “Esquerda Caviar” do Rodrigo Constantino, e vendo como é que as esquerdas fazem “para tapar o sol com uma peneira”.

“É muito difícil encontrar na história brasileira um triênio presidencial com resultados tão pífios como o da presidente Dilma Rousseff. Desde a redemocratização de 1985, o único paralelo possível é com o triênio de Fernando Collor, que conseguiu ser pior que o da presidente. Em dois dos três anos houve recessão (1990 e 1992).

Mas Collor encontrou um país destroçado. Recebeu o governo com uma inflação anual de 1.782%, as contas públicas em situação caótica e uma absoluta desorganização econômica.

Dilma assumiu a presidência com um crescimento do PIB de 7,5%. Claro que o dado puro é enganoso. Em 2009 o país viveu uma recessão. Mas o poder de comunicação de Lula foi tão eficaz que a taxa negativa de 0,2%, deu a impressão de crescimento ao ritmo chinês — naquele ano, a China cresceu 8,7%.

No campo da ética, o triênio foi decepcionante. Nos dois primeiros anos, a presidente bem que tentou assumir um discurso moralizador. Seus epígonos até cunharam a expressão “faxineira”. Ela iria, sem desagradar a seu criador, limpar o governo de auxiliares corruptos, supostamente herdados de Lula.

Fez algumas demissões. Chegou até a entusiasmar alguns ingênuos. Logo interrompeu as ações de limpeza e, mais importante, não apurou nenhuma das denúncias que levaram às demissões dos seus auxiliares. Todos — sem exceção — continuaram livres, leves e soltos. E mais: alguns passaram a ser consultores de fornecedores do Estado. Afinal, como conheciam tão bem o caminho das pedras….

Sem carisma e liderança, restou a Dilma um instrumento poderoso: o de abrir as burras do Tesouro para seus aliados. E o fez sem qualquer constrangimento. As contas públicas foram dilaceradas e haja contabilidade criativa para dar algum ar de normalidade.

Todos os programas do seu triênio fracassaram. Nenhum deles conseguiu atingir as metas. Passou três anos e não inaugurou nenhuma obra importante como um aeroporto, um porto, uma estrada, uma usina hidrelétrica. Nada, absolutamente nada.

O método petista de justificar a incompetência sempre foi de atribuir ao antecessor a culpa pelos problemas. É construído um discurso que sataniza o passado. Mas, no caso da presidente, como atribuir ao antecessor os problemas? A saída foi identificar os velhos espectros que rondam a história brasileira: os Estados Unidos, o capitalismo internacional, o livre mercado.

A política externa diminuiu o tom panfletário, que caracterizou a gestão Celso Amorim. Mas a essência permaneceu a mesma. O sentido antiamericano — cheirando a naftalina — esteve presente em diversas ocasiões. Em termos comerciais continuamos amarrados ao Mercosul, caudatários da Argentina e, quando Chávez vivia, da Venezuela (basta recordar a suspensão do Paraguai). Insistimos numa diplomacia Sul-Sul fadada ao fracasso. No triênio não foi assinado sequer um acordo bilateral de comércio.

A política de formar grandes grupos econômicos — as empresas “campeãs nacionais” — teve um fabuloso custo para o país: 20 bilhões de reais. E o BNDES patrocinou esta farra, associado aos fundos de pensão das empresas e bancos públicos. Frente à burguesia petista, J.J. Abdalla, o famoso mau patrão, seria considerado um exemplo de honorabilidade e eficiência.

A política de energia ficou restrita à manipulação dos preços dos combustíveis fornecidos pela Petrobras. Enquanto diversos países estão alterando a matriz energética, o Brasil ficou restrito ao petróleo e apostando na exploração do pré-sal, que poderá se transformar em uma grande armadilha econômica para o futuro do país.

A desindustrialização foi evidente. Nos últimos três anos o país continuou sem uma eficaz política industrial. Permaneceu dependente da matriz exportadora neocolonial, que gerou bons saldos na balança comercial, porém desperdiçando bilhões de reais que poderiam ser agregados ao valor das mercadorias exportadas.

O Ministério da Defesa sumiu do noticiário. Celso Amorim, tão falante quando estava à frente do ministério das Relações Exteriores, é uma espécie de titular fantasma. Pior, continuamos sem política de defesa, e as Forças Armadas estão muito distante do cumprimento das suas atribuições constitucionais. Sem recursos, sem treinamento, sem equipamento — sempre aguardando o recebimento da última sucata descartada pelos europeus e americanos.

A equipe ministerial ajuda a explicar a mediocridade do governo. Quem se arriscaria citar o nome de cinco ministros? Quem é o ministro dos Portos? E o da Integração Nacional? Alguém sabe quem é o ministro da Agricultura?

A presidente recebeu o governo com 38 ministérios. Não satisfeita com o inchaço administrativo, criou mais: o da micro e pequena empresa, tão inexpressivo que sequer possui um site.

Se as realizações do triênio são pífias, é inegável a eficiência da máquina de propaganda. O DIP petista deixou seu homônimo varguista no chinelo. De uma hora para outra, segundo o governo, o Brasil passou a ter mais 20 milhões de pessoas na classe média. Como? Tal movimento é impossível de ter ocorrido em tão curto espaço de tempo e, mais importante, com uma taxa de crescimento medíocre. Mas a repetição do “feito” transformou a fantasia estatística em realidade econômica.


Dilma Rousseff encerra seu triênio governamental melancolicamente. Em 2012, o crescimento médio mundial foi de 3,2% e o dos países emergentes de 5,1%. E o Brasil? A taxa de crescimento não estava correta. A “gerentona” exigiu a revisão dos cálculos. O PIB não cresceu 0,9%. O número correto é 1%! Fantástico.”

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Félix: a Bicha Má




Por Carlos Sena (*)

Sempre achei que novela não é produto para ser consumido no formato de CULTURA. Novela é passa tempo. É como olhar da janela do prédio do decimo andar e ver as pessoas passando lá em baixo com suas histórias, com suas neuras, com suas vidas. A TV é um pouco dessa janela e nós por dentro delas vemos novelas, ou não. A vida real nem sempre a novela mostra sem que altere o ritmo, o movimento, para que possa prender nossa atenção, dosando de inverossimilhança suas tramas. Assim, embora novela não sendo produto cultural, tem tratado alguns temas interessantes, reais, bombásticos, como é o caso da homossexualidade de Félix. Ou como o caso da gorda que sofre preconceito, bulling, por ser gorda, por contrariar a estética estabelecida pela sociedade de consumo, pela academia, pela moda do corpo sarado. Ou ainda como o problema do autismo. Ou mais uma vez (ainda) o caso do casal gay que quer ter um filho via inseminação artificial, mas que, por conta de uma traição, o filho nasceu porque um dos gays transou com a mulher candidata a ser mãe de aluguel. Por isso acho que de todo a novela não é fútil. Pode não ser útil no formato cultura, mas ela dá um certo choque de realidade via ficção, diante de temas polêmicos como os que a novela Amor à Vida vem mostrando em horário nobre. Contudo, o personagem FELIX tem sido emblemático na quebra de certos paradigmas: ele é gay, mas é casado com mulher e tem um filho. Também é rico, branco, bonito (os machões diriam boa pinta, presença). O personagem faz um tipo gay do mal e isso chocou muita gente. Porque o estereótipo de bicha está calcado na caricatura que delineia um homossexual ligado diretamente a trejeitos, à fala mansa e pausada e delicada, bem como “incapaz” de fazer maldade ou cometer grosserias ou mesmo não “fazer filho” nem gostar de mulher. Félix dá um chute no balde dessa compreensão equivocada. Certo que Félix é uma bicha má. Mas não por ser viado! É que há viado brabo, como há manso, como há mal caráter, como há bom caráter. Tudo que um ser humano dito “normal” possa ser, um gay também poderá ser, inclusive com maior, ou melhor talento, ou sem talento algum. Porque o problema de Feliz ser um cara mal, não está no fato de ser um gay que viveu muito tempo preso dentro do armário. Na verdade,  Félix não é apenas mauzinho, mas, e acima de tudo, ardiloso, desonesto, maquiavélico e infeliz. Assim, esse personagem ajuda a desmistificar o estereótipo da bichinha fraca, molinha, molenga! Porque igual a Felix o mundo tá cheio, principalmente cheio de gente hetero que é igualzinha a ele ou pior...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/10/2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ivan Crespo


(Foto do Blog O Argonauta)


Por Zé Carlos

Hoje, por volta das 10 horas da manhã alguém me liga e me avisa que Ivan Crespo morreu. Isto foi passado, a quem me avisou, pelas redes sociais. É a modernidade.

Na época em que convivi com Ivan, um dos melhores amigos que tive em minha infância e adolescência, mesmo sendo ele mais velho, esta notícia era dada pelo autofalante de matriz, tocando uma música fúnebre, geralmente a Ave Maria, e que despertava nossos ouvidos, e ficávamos atentos, porque minha mãe sempre perguntava:

- Quem morreu?!

Hoje sabemos pela internet. E descobri que isto não diminui o sentimento que tive ao saber da morte de Ivan.

Se eu fosse contar todos os episódios envolvendo o nosso eterno farmacêutico, escreveria um livro. Não o farei. Apenas relembrarei de alguns casos desta amizade, que normalmente começou na dor, e depois continuava na cura. Quando lá em casa se precisava de tomar injeção e não podia se deslocar até a Farmácia Crespo, era o Ivan que vinha aplicar, era a dor, mas, depois vinha a cura.

Minha amizade se estreitou muito com o Ivan devido à amizade que tinha com o Ives, seu irmão mais novo e colega de Ginásio São Geraldo. Quis Deus que eu, na última vez que fui a Bom Conselho, encontrasse os dois. O Ives com quem conversei no meio da rua e com o Ivan em sua posição quase fixa na farmácia durante mais de 50 anos. Sempre era uma alegria revê-los.

Ele estava bem disposto e alegre, mas não tanto como era liderando a Turma do Funil, durante o carnaval, todo melado de roxo rei, com um menino sentado no funil. Mas, alegre. E isto, penso eu, foi sua vida toda, de dedicação ao trabalho e à cidade. Foi vereador e era um político atuante, embora eu não tenha acompanhado, por ter saído de lá, toda sua trajetória política.

Apenas citarei alguns casos que o envolvem e que me vêm à memória neste momento de tristeza, mas, para que ele não seja lembrado por ela, sim por sua alegria de viver.

Lembro, na Copa de 1962, Ivan e uma turma, assistindo ao jogo, se não me engano Chile x Brasil, lá naquele local que se chamava Rodoviária, pela alegria da vitória, todas as mesas e cadeiras do bar foram quebradas. E não foi por causa de brigas e sim da alegria. E ele avisava ao dono: Não se incomode que a gente cobre o prejuízo.

Ainda lembro que um prefeito da cidade colocou arame farpado para proteger os jardins da Praça Pedro II, e por ter este arame rasgado a roupa de um seu amigo, ele simplesmente cortou os arames. Penso que foi uma solução para incoerência do jardim com arame farpado, feito cercado.

Um episódio que nos marcou a ambos foi o suicídio de Milton, filho de seu Marçal, porque eu estava na farmácia quando ele chegou da casa do nosso amigo comum, o Milton, e começou a contar o que acontecera e como foi o caso. Sempre o Ivan era chamado nestas horas para ajudar, e vi em seus olhos as lágrimas descerem, e os meus marejarem.

Por ser tímido, coisa que nunca deixei de ser, ele era habituado a me arranjar namoradas, e me deixar com vergonha dizendo que eu estava gostando de alguma garota, quando ela entrava na farmácia. Como eu normalmente corria, ele me chamava de “brocha”, o que não me ofendia porque sabia do seu espírito brincalhão.

E foi relembrando fatos como este que o encontrei pela última vez, e quando falamos de Ives, ele disse que agora o que ele estava fazendo era colecionar miniaturas de carros. Ambos rimos do fato, e talvez ele tenha relembrado de nossa infância, quando, eu e Ives colocávamos uma barraca de frente à farmácia, nas festas de final de ano, para tomar o dinheiro dos festeiros, ao tentar derrubar umas latas, que cada vez colocávamos mais longe.

Neste ano, as festas de Natal e Ano Novo não serão tão alegres, pelo menos para mim, pois, se for a Bom Conselho, como pretendo, não encontrarei mais o Ivan na Farmácia Crespo, de que tanto lembro.


Que descanse em paz, grande amigo!

O LIVRO BOMBA




Por Zezinho de Caetés

Vem aí um novo best-seller da literatura política nacional. É o livro do Romeu Tuma Jr. “Assassinato de Reputações – Um crime de Estado”. Eu lembro bem do pai do autor, que foi parlamentar e era considerado, inclusive pelo o Lula, como um homem sério e competente. E agora, seu filho, que foi Secretário Nacional da Justiça no governo Lula, lança, o que estão chamando de O Livro Bomba.

E, pelo que vi nos resumos, principalmente vindos da revista Veja, se existe ali mesmo meia verdade, se eu fosse o Lula, me dirigiria à Papuda, provavelmente, seguido por uma fila de petistas elaboradores de dossiês apócrifos. No cargo assumido pelo o autor, era sua função, ouvir confidências e segredos que agora tenta revelar, com provas, em seu livro, que eu farei um esforço financeiro para comprar. Ainda bem que economizei não comprando o lixo do Privataria Tucana.

E ele foi lançado num momento onde o governo, através do seu Ministro da Justiça, se vê às voltas com acusações sobre vazamentos de conteúdo de processos de uma forma totalmente partidária e injusta.

O principal que ele revela no livro é a “fábrica de dossiês” em que se tornou o PT para se manter no poder. Isto envolveu, segundo o Tuma Jr., até a Ruth Cardoso, que foi a última primeira dama que sabia ler um livro. Diz o Tuma, segundo a Veja: “O PT usava o meu laboratório para fazer dossiês. A ex-ministra Erenice Guerra foi inocentada, em 2012, desse tipo de acusação. Mas eu sustento, com o nome que herdei do meu pai: havia sim, uma fábrica de dossiês em via de ser normatizada, que inviabilizei com a mudança do laboratório para a estrutura da secretaria. Estavam usando o meu laboratório para fazer um dossiê contra a finada Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente FHC, e obviamente contra o governo de seu marido”.

E entraram nesta dança o Marconi Perillo, depois que ele falou que tinha avisado a Lula sobre o esquema do mensalão, e Tasso Jereissati, tendo o Tuma Jr. recebido um pen drive do Aluisio Mercadante para destruir a reputação do senador que fazia oposição ao governo. E ainda diz o Tuma Jr.: “Em maio de 2006, VEJA publicou que José Dirceu, entre outros , teria conta em paraíso fiscal das Ilhas Cayman. Eu, como secretário Nacional de Justiça, já investigava casos engavetados, relativos ao Oppotunity. Mas, nesse esforço, recebo um retorno diverso: Daniel Dantas aparecia como denunciante, e não com réu. Embora tivesse cargo executivo no governo petista, eu suspeitava da existência de tal conta. E mais: que essa conta era a lavanderia do mensalão no exterior. (...) Mandei cópia para o ministro Tarso Genro apurar isso, e espero a resposta até hoje... Será que fui defenestrado por ter chegado à conta caribenha do mensalão?”

Como vocês podem ver, o mensalão está no centro de tudo e deve pesar muito na consciência do Lula, pelas suas atitudes ambíguas em relação ao evento, que hoje, graças ao Joaquim Barbosa, levou alguns para cadeia. E está esperando os outros. E haja verba para construir presídios se o Ministro da Justiça mandar investigar o conteúdo do livro, como todo brasileiro honesto espera.

E vi nos blogs a declaração do Jorge Hage, ministro da Controladoria Geral da União: “É importante sim (o julgamento do mensalão), que mostra que as instituições, quando querem, funcionam, mas eu diria que está muito longe de termos condenado os símbolos da corrupção no Brasil. Na minha opinião, os símbolos da corrupção no Brasil, os emblemáticos, continuam soltos.” Quem sou eu para duvidar do ministro.


E tem muito mais no Livro Bomba, inclusive a afirmação de que o Lula era um informante do DOPS. Sim, aquele mesmo organismo que prendia e arrebentava. Pelo que sei do Lula, ele não mudou nada. Se algo lhe mantém no poder ele faz, nem que seja, pisar no pescoço da mãe, como ele acusava o Brizola de fazer. E pensar que propuseram uma estátua para ele em Garanhuns. Ainda bem que não foi em Caetés. Agora, seria melhor representá-lo como um “santo dos pés de barro”, mas, lá em São Bernardo.