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quarta-feira, 31 de julho de 2013

O BNDES e a bebedeira da política econômica




Por Zezinho de Caetés

Dias atrás li um texto que gostei muito e queria transcrevê-lo aqui, mas, outras matérias foram tidas como prioritárias. Ele foi publicado no Blog do Noblat em 19/07/2013, com o título de “Desacertos do BNDES”, do Rogério Werneck, e mostra um dos grandes problemas da política econômica lulo/petista/dilmista. O que o nobre economista diz é de uma clareza meridiana.

Todos sabem que a farra gastadeira do governo vem desde 2009 para eleger a Dilma e continua até hoje para reelegê-la. Os maus resultados já estão aparecendo em termos de pressões inflacionárias e baixo crescimento, pois os incentivos dados foram mais dirigidos ao consumo do que aos investimentos. E nesta dança entrou até o BNDES com o desvirtuamento de suas funções de banco de investimento para servir à política de poder do governo petista.

O que foi feito foi mais um engodo econômico onde se diz que se faz uma coisa e se faz outra. O grande problema é que vivemos numa economia mista, onde o governo ainda não controla todas as variáveis e não reconhece isto. E o povo está sentindo na pele, pela dificuldade cada vez maior de se mover nas grandes cidades, de receber tratamento médico, de educar os filhos com algum padrão de qualidade, etc. quando se alardeia, através de uma propaganda deslavada, um Brasil maravilha que só existe na cabeça dos marqueteiros do Planalto.

Tudo se passa como aquele dono de casa que tomou cachaça a noite toda, e gastou seu dinheiro na esbórnia, e para ter que dar maiores explicações à família, passa no vizinho, toma dinheiro emprestado e entrega para a mulher fazer a feira. Ainda se gaba de ser pontual no mensalão caseiro. Com o tempo e com a repetição do gesto, os gastos com juros aumentam e as quantias emprestadas aumentam para ele manter o padrão de vida. Até que o vizinho começa a desconfiar de sua capacidade de pagamento e não o empresta mais. Agora, ou ele diz a família a verdade ou vai para a África fazer conferências. O mais provável é que a família passe fome.

E assim, continuamos, com os gastos, pois não queremos dizer nada à família porque temos que eleger outra vez a Dilma. E o vizinho, no caso o BNDES, já está tomando dinheiro emprestado à própria família para suprir o marido gastão. E o ciclo continua até que o povo vá às ruas pedindo explicações e exigindo transparência de onde vem o dinheiro.

No entanto, fiquem com o economista, que explica tudo, tim-tim por tim-tim, que eu vou pedir um empréstimo para pagar uma geladeira que comprei, financiada pelo BNDES. Sinto-me o próprio Eike Batista.

“Com o governo ainda aturdido com os protestos de junho, voltaram a ganhar destaque na mídia más notícias sobre o BNDES. Tendo em conta o teor das insatisfações que afloraram nas ruas e o retumbante fracasso da “nova matriz de política econômica”, o mais provável é que a atuação do BNDES seja objeto de críticas cada vez mais contundentes nos próximos meses.

É preciso ter em mente que a instituição se converteu em ponto de confluência de vários dos piores desacertos da política econômica.

Para entender como se chegou a isso, vale a pena relembrar a paradoxal estratégia de financiamento do crescimento proposta pelo ministro Guido Mantega, em entrevista ao “Financial Times”, quando assumiu a pasta da Fazenda em 2006: como o governo não contava com recursos para investir, a solução seria recorrer ao investimento privado financiado com recursos do governo. Dito assim, parecia ser apenas uma contradição em termos.

Mas a verdade é que, com a operosa ajuda do BNDES, essa ideia despropositada seria afinal posta em prática, dando lugar a um enorme programa de financiamento de investimentos bancado com dinheiro público, não obstante a inegável carência de recursos do governo.

Se o Tesouro não dispunha de recursos, que então se endividasse para fazer empréstimos subsidiados de longo prazo ao Banco. Estabeleceu-se, por fora do Orçamento, uma ligação direta entre o Tesouro e o BNDES, através da qual recursos provenientes da emissão de dívida pública passaram a ser transferidos ao Banco, sem contabilização no resultado primário e sem que a dívida líquida do setor público fosse afetada.

Desde 2007, cerca de R$ 370 bilhões foram transferidos do Tesouro ao BNDES. E isso permitiu a montagem de gigantesco orçamento paralelo no BNDES. Embora todos os recursos proviessem do Tesouro, passaram a conviver no Governo Federal dois mundos completamente distintos.

De um lado, a dura realidade do Orçamento da União, em que se contavam centavos. De outro, a Ilha da Fantasia do BNDES, nutrida com emissões de dívida pública, em que parecia haver dinheiro para tudo.

Não chegou a ser uma surpresa que tanta fartura tenha dado lugar a um clima de megalomania e dissipação no Banco, propício ao surgimento de agendas próprias, missões inadiáveis e projetos de investimento grandiosos e voluntaristas. Que têm abarcado desde programas de cerceamento deliberado da concorrência para a formação de “campeões nacionais” ao desajuizado projeto do trem-bala.

Como era de se esperar, as contas de muitas decisões impensadas já começaram a chegar. E o Banco vem tendo de se desdobrar para explicar o inexplicável. O maior desgaste político, contudo, ainda está por vir.

A decodificação dos protestos que tomaram as ruas do país, em junho, continuará a ser, por muito tempo, matéria altamente controvertida. Mas, em meio às insatisfações difusas que parecem ter inspirado as manifestações, foi possível distinguir clara irritação com as deficiências dos serviços públicos e a carência de investimentos em infraestrutura urbana, especialmente em transporte de massa.

Vistos dessa perspectiva, os vultosos investimentos que vêm recebendo financiamento subsidiado do BNDES, com dinheiro público advindo da emissão de dívida pelo Tesouro, mostram notável descompasso com as prioridades populares.

Pouco ou nada dos 370 bilhões mobilizados desde 2007 foi efetivamente canalizado para a redução das carências de investimento denunciadas nos protestos de junho.

Boa parte foi destinada ao financiamento de investimentos no setor elétrico e no setor petróleo. Em grande medida, a projetos da própria Petrobras.


Apesar das carências vergonhosas que o país continua exibindo em saneamento básico, transporte de massa, saúde, segurança e educação, o governo, por capricho ideológico, vem concentrando os financiamentos do BNDES, bancados com recursos do Tesouro, em projetos de investimento estatal em áreas nas quais o setor privado está interessado em investir. Um desacerto lamentável que, agora, pode lhe custar caro.”

terça-feira, 30 de julho de 2013

FAFÁ, a mandona.




Por Carlos Sena. (*)

 Lembro-me de uma colega chamada Fafá. Fafá era dessas pessoas muito queridas pela sua capacidade de mandar. Mandava em tudo e em todos, inclusive tomar no “fiofó” se fosse o caso. Diziam que Fafá não se casara porque macho nenhum se submetia aos seus mandos... E desmandos. A última história de Fafá que eu me lembro se deu quando ela mandou sua empregada doméstica olhar se ela estava no barzinho da esquina. Pior: a empregada foi e teve a pachorra de dizer a sua patroa: “a senhora não tava lá”. E não tava mesmo, porque Fafá queria ver até onde não ia a capacidade de sua empregada para não entender muita coisa. Essa empregada lembrava MACABÉIA – um personagem de “A Hora da Estrela” – livro de Clarice Lispector. Não que Macabéia fosse assim meio burrinha, mas era tão desligada quanto, pois foi pra vida sem sequer saber que vivia, digamos assim. Pois bem. A vida de Fafá existia entre o mandar e mandar. Ela adorava dizer que nasceu pra isso e, como se não bastasse, desmandava como que se “achando a rainha da cocada preta”. O pior desse vício de mandar é que ela sempre se dava bem. Mas ela sabia “qual a formiga que come o raçado”, como se diz na gíria. Ou seja, quando a pessoa era graúda, tinha cargo importante, ela mandava com mais discrição, mas quando pegava um coitadinho então ela deitava e rolava. Mais rolava do que deitava, porque parece que não tinha homem para deitar com ela, pois todos fugiam na primeira conversa.

Na repartição onde trabalhava – isso nos anos setenta – Fafá cismou com um funcionário novato que cuidava da limpeza. O problema não estava no que o rapaz fazia em seu trabalho, mas o que ele deixava de fazer com Fafá. Acontece que Fafá se sentiu atraída pelo novo funcionário – terceirizado é bem verdade, mas bonitão e meio bronco em que pese ter forma sensível de se dirigir às pessoas. O grande dilema de Fafá era se sentir atraída por uma pessoa meio “macabeia”, mas extremamente bela e que já estava provocando frisson em algumas dondocas importantes do setor, inclusive médicas. Quando dava a hora do novo funcionário largar do trabalho, sempre Fafá inventava uma sujeira aqui outra ali para que o rapaz demorasse mais no local de trabalho. Com isso, imaginava ela, aumentava as possibilidades de ficar mais próxima ao rapaz sem que os demais servidores presenciassem, pois seria o fim que soubessem estar ela apaixonada por um, digamos assim, serviçal. O rapaz, por outro lado, logo se apercebeu qual era a da sua “chefa”.  Pensava ele: “ela me massacra me mandando fazer tudo e até fora do meu horário de trabalho, mas eu vou dar um troco nessa puta pra ela aprender”... E não demorou muito. Certo dia no final do expediente, eis que Fafá suja um ambiente limpo só para ver o rapaz fazer tudo novamente. Ele foi lá e limpou. Ela novamente sujou. Quando ele estava no meio da terceira limpeza inventada por Fafá ela entra na sala e diz que vai embora, mas quer que no dia seguinte tudo esteja um “brinco”. Bateu a porta e nem sequer deu até logo ao pobre rapaz. Já tinha passado das seis da tarde e o prédio estava meio vazio. Os elevadores já velhos sempre enguiçavam e foi aí que o simplório rapaz fez sua vingança “malígrina”: sua chefa ficou presa no elevador! Atonita, Fafá ligou a sirena do elevador, mas já não tinha mais ninguém da guarda do prédio por perto para socorrê-la. Imediatamente ela se lembrou de que seu “algoz” estava lá, coitado, retrabalhando a seu mando e sob suas ordens. Ligou pra ele pelo telefone convencional e foi logo dizendo: “venha até o oitavo andar e tente abrir a porta do elevador que eu estou presa”... – Quem está falando, perguntou o rapaz. – Sou eu, sua chefa, tá esquecido? – Que chefa? – Eu estou lhe dando uma ordem, você não está entendendo? – Tô, mas não vou não senhora. Agora quem vai lhe dar as ordens sou eu: fique aí quietinha. Deite e durma tranquilamente que amanhã, assim que eu chegar chamarei a segurança para lhe tirar daí, pois não sou pago para ser bombeiro nem socorrista de madame metida a bosta. Fafá entrou em desespero. Gritou o quanto pode, mas nada pode fazer, pois nessa época não havia celular e ela ficou presinha da silva no elevador. Passou a noite toda até que no dia seguinte a guarda do prédio quando percebeu foi lá e a soltou. Ela pegou um táxi e foi pra casa se recuperar da lição. O empregado da limpeza foi a sua firma e pediu para ser transferido daquela instituição pública.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/06/2013

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A semana - Água no feijão, que chegou mais um....




Por Zé Carlos

Como não poderia deixar de ser, o filme da UOL, quase todo, mostra a passagem do Papa Francisco pelo Brasil. Alguns podem dizer que este assunto não é motivo para humor. Engano completo, podendo-se comprovar isto pelo sorriso permanente do Papa, diante das várias situações pelas quais passou no Brasil.

Depois de um Brasil conturbado do qual se dizia que “acordou” enfim, e acordou para mostrar a situação de pesadelo em que vivemos na saúde, na educação, na segurança pública, no saneamento básico, etc. o Papa parece ter unido uma multidão em torno do seu sorriso e de sua mansidão de pastor. E como sempre, a melhor da semana não entrou no filme: A entrevista que ele deu ontem à Rede Globo.

Nela, até a porção mais humorística da figura papal, que é sua nacionalidade argentina, foi superada com graça e sabedoria. Diante da pergunta do jornalista de como ele lidava com esta animosidade entre brasileiros e argentinos, vinda, principalmente, do futebol, ele foi de uma diplomacia que nosso Itamarati deveria ser seu aluno. Disse, com outras palavras, que a animosidade já foi superada, através da negociação porque “agora temos um Papa argentino, mas, Deus é brasileiro”. Um dito humorístico não tão original, mas, usado no momento oportuno tornou-se uma espécie de símbolo de sua visita.

Ontem, mais de três milhões de pessoas o acompanhavam em Copacabana. Não tive notícias de nem um saque, e talvez nem de uma carteira batida. O que prova que as divisões e batalhões do Papa são mais poderosos dos que muitos policiais com gás e balas de borracha. E hoje, depois do sonho, viveremos outra realidade, sem o sorriso do Francisco que nos encantou, e de volta ao sorriso de nossos políticos que não nos encanta mais.

Eu, com muito esforço, posso dizer que sou católico. Nasci católico e continuo sendo, e até visito o Zé Basílio quando vou a Bom Conselho. Mas, não sou um católico praticante. Vivo bem assim e não sei se morrerei tão bem nesta condição de ficar mais perto de César do que de Deus. O Papa Francisco não me demoveu desta posição, mas, confesso, que continuarei católico até o próximo Papa, e mais, tentando sempre botar água no feijão para cumprir seus conselhos sobre solidariedade.

E o grande espetáculo, mostrado no filme, foi a multidão de políticos a cometer asneiras e falar  besteiras, não necessariamente nesta ordem. Nossa presidenta, mais uma vez, mostrou que não se preparou bem para o cargo que exerce, e nem sei se pode haver preparo para este fim, quando não se tem vocação. Já está virando uma piada nacional e a liturgia do cargo indo para escanteio. Não dá para saber se ela errou o nome do prefeito do Rio, da mulher dele ou até o cargo, mas, já rimos com a crença de ela errou os três, dando razão ao presidente do STF em não cumprimentá-la sem também sabermos os motivos para tal. Diante do alarido que foi feito com a cena, ele tentou explicar que usou o olhar para o cumprimento, pois já o teria feito antes. Não colou, porque, se fosse verdade, estariam todos em casa.

Um dos temas abordados pelo filme não nos leva ao riso, mas, ao espanto. Os problemas de segurança e organização do evento. Foi, realmente, por obra e graça do Espírito Santo e, talvez, do Papa Francisco que não houve maiores problemas. E quando o filme coloca repetidas vezes a frase do Papa: “rezem por mim”, está apenas querendo fazer o que todos os brasileiros, e o mundo, fizeram para por ele, quando viram as pessoas de celulares em punho disputando a melhor foto do papa dentre de um carro simples com os vidros abaixados. Ainda bem que as armas eram os celulares.

Para não dizer que não foi abordada só a viagem do Papa, o filme revela outro acontecimento, de repercussão mundial que foi o nascimento de mais um herdeiro ao trono inglês, o terceiro. Esta eu ri porque, quando lá morei um dia, só existia um herdeiro e já diziam que a rainha iria passar a coroa para ele, que era o Príncipe Charles, que é de minha idade, e deve estar caducando como eu, por estar comentando bobagens.

Fiquem com o resumo do filme, dos produtores da UOL, e logo abaixo vejam o filme, e riam, pois o Papa Francisco já chegou são e salvo a Roma.

“O Escuta Essa! desta semana traz um resumo da vinda do papa Francisco ao Brasil e os problemas no Rio que o líder religioso encontrou durante o evento. Além disso, veja como os políticos se portaram diante do Sumo Pontífice.”


sábado, 27 de julho de 2013

"Ou não", como diria Caetano.




Por Carlos Sena. (*)

Hoje em Gravatá esgravatando os dentes. Um friozinho mixuruca, mas um sossego tão bom que mais se parece com aquela musica de Rita “nada melhor do que não fazer nada”... Rita – vejam a intimidade. Mas, é assim mesmo que a gente se sente com os ídolos. Porque eles fazem parte da nossa vida embora nós não façamos parte da deles. Ou não? “Ou não”: é a mais perfeita tradução de Caetano fora Sampa. Sempre que a gente fala dele, logo vem um “ou não?”. E eu acho isso muito digno neste tear de esbórnia nestas paragens agrestinas donde esgravato os dentes, “ou não?”. Por que nestes tempos em que tudo pode ser contestado, tudo pode ser politicamente incorreto, a gente fica buscando termos que nos livrem da falação, ou do “metimento do pau” porque a gente se expressou dessa ou daquela forma, “ou não?”.

Um domingo é um pouco disso. Joga-se conversa fora, porque conversa dentro dá stress, permite a gente se candidatar a um infarto no miocárdio. Melhor jogar conversa fora e tecer ilusões que nos mantém vivos enquanto o sonho da vida não descerra o ultimo ato, “ou não?”. Nesse limiar de sentimentos matinais, sentir que “de longe somos todos normais” e de perto ninguém é igual se torna maravilhoso. Novidade? Nenhuma. Mas a vida precisa que a gente se repita em cada dia que “de perto não somos normais” porque a gente com isso vai aprendendo que o exercício da vida com o outro não morre nunca, “ou não?” Será que um dia a gente vai ter experiência acumulada que não nos permita erros, equívocos, desamor? Talvez não. Mas, no decorrer da vida digna – se há dignidade, a gente vai vivendo nossas verdades até descobrir que vivemos algumas mentiras. Ou viver algumas mentiras até ter certezas que elas eram as nossas maiores verdades, “ou não?”. Porque seguro morreu de velho, mas a gente não sabe a idade que “seguro” morreu. Ora, se Tá-deu, Ama-deu, o ladrão de Bagdá-deu, que direi eu, neste meu inventar de mim mesmo em busca do outro que, atormentado dorme em mim sem tempo pra acordar. “Acorda Alice” – certamente a Tati Brusky poderia me dizer. Logo ela que me lê e que me escreve e que me entende, “ou não?”. Pelo sim pelo não, vocês me entendem também porque da vida o entendimento não vem a galope, mas a reboque. Reboque do sentir, reboque que o “sem-ti” deixa, reboque que o reboco proporciona em nossa “casa de taipa”...

Fazer o quê? Que hoje não é domingo e que não tem cachimbo e que o cachimbo não é de ouro e que o touro não é valente?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 16/06/2013

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O PT e a democracia




Por Zezinho de Caetés

Quem me acompanha, ou seja, quem me lê, desde o Blog da CIT, quando ainda nem adotava o meu pseudônimo, sabe, que, por um triz, eu não fui do PT. Só não digo que participei de sua formação porque não estava em São Paulo, mas, apoiei muito meu conterrâneo Lula em suas ações para criar o PT.

Graças a Deus, eu fui mais esperto do que Heloísa Helena, e nem me filiei ao partido, como esta jovem fez e saiu escorraçada pelo que em política chamam de “núcleo duro” do partido. Eu diria o núcleo “troglodita” e stalinista que ainda hoje comanda seus destinos, com as defecções forçadas dos mensaleiros condenados, que já foram devidamente abandonados, pelo Lula, como sempre ocorre. É aquilo que falei no texto anterior, relembrando nossa criancice em Caetés: Se a rolinha apareceu morta e está boa para comer, quem matou foi ele. Se deu indigestão em alguém, ele não sabia de nada.

E é sobre esta caminhada sobre mortos e feridos que o historiador Marco Antonio Villa escreve abaixo, num texto publicado, ainda em maio passado que tem como título: “O PT não gosta de democracia.” E eu repito, não gosta e nunca gostou, a não ser da chamada “democracia popular” com que o socialismo real (de não saudosa memória na maioria dos países, e nos estertores em Cuba e cuidando de um criança na Coreia do Norte) tentava enganar aqueles que acreditavam (e há muitos até hoje que acreditam) que o Estado pudesse mudar o homem para que ele melhorasse, quando esta tarefa está em cada um de nós e não no aparato institucional que nos cerca, e que não dá atenção à liberdade individual.

Hoje, estamos vendo um episódio de autoritarismo stalinista explícito nesta tentativa de Dilma e seu governo petista de lidar com as manifestações populares em busca de um vida melhor. Meu conterrâneo, o Lula, em artigo que ditou para alguém escrever, chegou ao ponto de dizer que isto tudo está acontecendo porque o Brasil é sucesso de crítica e de público. E isto pode até ser verdade, a partir da imprensa dos outros países que não sabe o que está acontecendo aqui dentro. Então no The New York Times cabe tudo, inclusive mais esta “lulice”.

O programa Mais Médicos mostrou, de forma clara e precisa, como o PT e este governo não liga em nada para nossa Constituição de 88 (que não é perfeita, mas, a que temos, e que ele se recusou a assinar) e simplesmente, leva os médicos a agirem como escravos modernos, sem nenhum respeito pela sua individualidade, porque o importante é oferecer seus serviços aos pobres do SUS, quando Lula e Dilma vão se tratar no Sírio-Libanês.

Foi assim que fizeram todos os “socialismo” que até agora existiram. Alguém escolhe os beneficiários e tudo é permitido de bom ou de ruim para que eles melhores de vida. E não veem que o grande problema é “quem” escolhe os beneficiários, e que terminam sendo os únicos. E no caso do PT, o partido se ungiu como o grande deus e faz todas as falcatruas para ser o “quem”, mesmo ferindo todos os princípios de um Estado Democrático de Direito, que nos sacrificamos para conquistar, enquanto eles queriam implantar uma ditadura do proleteriado.

Mas, agora, fiquem com o historiador, que, melhor do eu, narra a saga petista, para tornar este país uma imensa Venezuela, com um Chávez vivo. O Chávez morto sofreu a carência de médicos em Cuba, que estão todos, em outros países, pegando dólares para Fidel.

“O PT não gosta da democracia. E não é de hoje. Desde sua fundação foi predominante no partido a concepção de que a democracia não passava de mero instrumento para a tomada do poder. Deve ser recordado que o partido votou contra a aprovação da Constituição de 1988 – e alguns dos seus parlamentares não queriam sequer assinar a Carta. Depois, com a conquista das primeiras prefeituras, a democracia passou a significar a possibilidade de ter acesso aos orçamentos municipais. E o PT usou e abusou do dinheiro público, organizando eficazes esquemas de corrupção. O caso mais conhecido – e sombrio – foi o de Santo André, no ABC paulista. Lá montaram um esquema de caixa 2 que serviu, inclusive, para ajudar a financiar a campanha presidencial de Lula em 2002. Deve ser recordado, que auxiliares do prefeito Celso Daniel, assassinado em condições não esclarecidas, hoje ocupam posições importantíssimas no governo (como Gilberto Carvalho e Míriam Belchior).

Antes da vitória eleitoral de 2002, os petistas já gozavam das benesses do capitalismo, controlando fundos de pensão de empresas e bancos estatais; e tendo participação no conselho gestor do milionário Fundo de Amparo ao Trabalhador. Os cifrões foram cada vez mais sendo determinantes para o PT. Mesmo assim, consideravam que a “corrupção companheira” tinha o papel de enfrentar o “poder burguês” e era o único meio de vencê-lo. Em outras palavras, continuavam a menosprezar a democracia e suas instâncias.

Chegaram ao poder em janeiro de 2003. Buscaram uma aliança com o que, no passado, era chamado de burguesia nacional. Mas não tinham mudado em nada sua forma de ação. Basta recordar que ocuparam mais de 20 mil cargos de confiança para o partido. E da noite para o dia teve um enorme crescimento da arrecadação partidária com o desconto obrigatório dos salários dos assessores. Foi a forma petista, muito peculiar, de financiamento público, mas só para o PT, claro.

Não satisfeitos, a liderança partidária – com a ativa participação do presidente Lula – organizou o esquema do mensalão, de compra de uma maioria parlamentar na Câmara dos Deputados. Afinal, para um partido que nunca gostou da democracia era desnecessário buscar o debate. Sendo coerente, através do mensalão foi governando tranquilamente e aprovando tudo o que era do seu interesse.

O exercício do governo permitiu ao PT ter contato com os velhos oligarcas, que também, tão qual os petistas, nunca tiveram qualquer afinidade com a democracia. São aqueles políticos que se locupletaram no exercício de funções públicas e que sempre se colocaram frontalmente contrários ao pleno funcionamento do Estado democrático de Direito. A maior parte deles, inclusive, foram fieis aliados do regime militar. Houve então a fusão diabólica do marxismo cheirando a naftalina com o reacionarismo oligárquico. Rapidamente viram que eram almas gêmeas. E deste enlace nasceu o atual bloco anti-democrático e que pretende se perpetuar para todo o sempre.

As manifestações de desprezo à democracia, só neste ano, foram muito preocupantes. E não foram acidentais. Muito pelo contrário. Seguiram e seguem um plano desenhado pela liderança petista – e ainda com as digitais do sentenciado José Dirceu. Quando Gilberto Carvalho disse, às vésperas do Natal do ano passado, que em 2013 o bicho ia pegar, não era simplesmente uma frase vulgar. Não. O ex-seminarista publicizava a ordem de que qualquer opositor deveria ser destruído. Não importava se fosse um simples cidadão ou algum poder do Estado. Os stalinistas não fazem distinção. Para eles, quem seu opõem às suas determinações, não é adversário, mas inimigo e com esse não se convive, se elimina.

As humilhações sofridas por Yoani Sánchez foram somente o começo. Logo iniciaram a desmoralização do Supremo Tribunal Federal. Atacaram violentamente Joaquim Barbosa e depois centraram fogo no ministro Luiz Fux. Não se conformaram com as condenações. Afinal, o PT está acostumado com os tribunais stalinistas ou com seus homólogos cubanos. E mais, a condenação de Dirceu como quadrilheiro – era o chefe, de acordo com o STF – e corrupto foi considerado uma provocação para o projeto de poder petista. Onde já se viu um tribunal condenar com base em provas, transmitindo ao vivo às sessões e com amplo direito de defesa? Na União Soviética não era assim. Em Cuba não é assim. E farão de tudo – e de tudo para o PT tem um significado o mais amplo possível – para impedir que as condenações sejam cumpridas.

Assim, não foi um ato impensado, de um obscuro deputado, a apresentação de um projeto com o objetivo de emparedar o STF. Absolutamente não. A inspiração foi o artigo 96 da Constituição de 1937, imposta pela ditadura do Estado Novo, honrando a tradição anti-democrática do PT. E o mais grave foi que a Comissão de Constituição e Justiça que aprovou a proposta tem a participação de dois condenados no mensalão e de um procurado pela Interpol, com ordem de prisão em mais de cem países.

A tentativa de criar dificuldades ao surgimento de novos partidos (com reflexos no tempo de rádio e televisão para a próxima eleição) faz parte da mesma estratégia. É a versão macunaímica do bolivarianismo presente na Venezuela, Equador e Bolívia. E os próximos passos deverão ser o controle popular do Judiciário e o controle (os petistas adoram controlar) social da mídia, ambos impostos na Argentina.


O PT tem plena consciência que sua permanência no poder exigirá explicitar cada vez mais sua veia anti-democrática.”

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Uns gostam dos zóio e outros da remela.




Por Carlos Sena (*)

Tem bobo pra tudo – eis um refrão de uma canção popular. E parece que tem mesmo. Gosto pra fumar maconha e cheirar cocaína e se “colar”. Gosto para andar de asa delta, saltar de paraquedas, subir picos altíssimos nas geleiras do mundo e nas serras íngremes. Gosto pra ficar se esgoelando atrás de artista famoso e jogador de futebol. Gosto para escutar baboseira tipo lek, lek, lelek. Gosto para saltar de bung junp. Gosto para eteceteras e alhures mil. Talvez desgosto, mas tudo é passível de ângulo de visão, porque dizem que gosto é como “fiofó” que cada um tem o seu. Nesse contragosto em nome do prazer e defendendo a relativa liberdade, esbarramos no ócio nem sempre criativo, com a licença de Domenico De Demasi. Voltando ao gosto relativo não poderia deixar de mencionar o horror que é gostar de briga de galo e de canário, de vaquejada e outros do gênero.

Há bobo pra tudo? Talvez sim. Mas, pelo sim pelo não, talvez. Este cabe e não nos torna descabido par o gosto que está mais para agonia, mas que em gosto se transforma pelo principio do prazer. Prazer meio revestrés? Pois é, mas prazer dentro da configuração de que “fiofó” cada qual tem o seu, digo não o “meu”, mas o seu mesmo. Mas, há sempre um “mas” que nos permite misturar gosto com agonia, fantasma com fantasia, cu com cotia, tia com cu e cu sem dono ou até “or concour”.  Afinal é o princípio do prazer ou o prazer sem princípio? Talvez o prazer por princípio, posto ser a vida tão rápida em tempos corridos que mesmo uma partida de futebol em dois tempos parece ser maior que ela. Então a história do “tem bobo pra tudo” parece que se perde nas evidencias do gosto. Porque vale o prazer mesmo que fora da ortodoxia dos princípios moralistas que a moda do politicamente correto nos assevera. Desde que entre os valores se consolidem o respeito àqueles que não gostam dos mesmos gostares gostam inclusive no santo ofício das práticas da cama.

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(*) Publicado no Recando de Letras em 14/06/2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A rouquidão das ruas foi ao SUS?




Por Zezinho de Caetés

Eu transcrevo abaixo um texto do Sandro Vaia chamado de: “Um ruidoso silêncio” (Blog do Noblat em 10/07/2013) onde ele comenta sobre o recuo ou refluxo da onda popular nas ruas brasileiras. Eu sempre fui cético em relação a estas manifestações pelo embaralhamento de seus objetivos. Deram suas cartas bem embaralhadas, a mão que a Dilma recebeu foi péssima para ela e boa para o Brasil, levando a ninguém mais apostar em sua candidatura a presidência, mas, e daí?

Semana passada vi, boquiaberto, uns arruaceiros quebrando tudo, lá no Rio de Janeiro, enfurecidos como touros em arenas,  e sem escolha de alvos. Tudo que havia pela frente era quebrado de forma terrível. Juro que fiquei temeroso pela visita do nosso Papa, e o que acontecerá lá por nossa antiga capital.

O que penso é que, a nossa presidenta deveria ficar afastada da festa religiosa, porque, para ela, o mar não está para peixe, em termos de suas aparições públicas. Ela deveria se manter falando para os seus 39 ministros, que já é um bom público, e aplaudem tudo que ela fala. Aliás, eu fico ruborizado, quando vejo a claque que se assenta diante da presidenta a aplaudir tanta bobagem por ela dita. Quando escrevem por ela, e ela lê, as frase saem erradas, mas, completas, porém, quando ela fala de improviso, não sai frase nenhuma que faça sentido.

Fiquem com o jornalista, que como eu, ainda não sabe o que as ruas querem dizer, e meditem para ver se vocês descobrem. Espero que sua rouquidão não seja algo pior, como aconteceu com a rouquidão de Lula. Elas não teriam como se tratar no Sírio-Libanês, e no SUS, certamente, se calarão para sempre.

“A voz das ruas às vezes é tão rouca que fica difícil entendê-la.

Com exceção dos últimos atos de vandalismo no Leblon, perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral, o resto do Brasil parece ter entrado numa espécie de compasso de espera, entre o rumor da conquista da Copa das Confederações e a expectativa da visita do papa.

O resultado prático das manifestações foi manter o preço das passagens do transporte coletivo paradas por mais algum tempo (o que segundo alguns prefeitos ameaça cidades de falência, mas ninguém se comove com isso) e mostrar que o País das Maravilhas de Alice só existia na cabeça de João Santana e sua trupe de animadores de auditório.

A verdade é que o país permanece essencialmente o mesmo, ainda que vitimado por algumas gritantes barbeiragens gerenciais, mas a percepção sobre ele mudou do dia para a noite, sem que ninguém consiga avançar sobre a essência do problema.

Ontem estávamos às portas do Paraíso, hoje vislumbramos o inferno cada vez mais próximo.

As condições econômicas objetivas do mundo mudaram bastante, em nosso prejuízo, e não existe ninguém disposto a bancar a ideia de que tudo não passa de uma “marolinha”, pois quem fez isso no passado sabe muito bem que hoje estamos sofrendo as consequências da irresponsabilidade e da leviandade de ontem.

Num texto escrito para o jornal “Valor Econômico” e debatido na Feira Literária de Paraty, o economista André Lara Rezende, um dos pais do Plano Real, resumiu com uma frase aquilo que estamos sentindo, mas não sabemos explicitar com clareza: o “mal estar contemporâneo”.

Ele deixa claro que esse mal estar não é o mesmo das praças árabes, nem do Occupy Wall Street, nem dos desempregados da crise europeia.

É alguma coisa especificamente brasileira e que a classe política que nos dirige, com sua rudimentar insensibilidade e seu primarismo pragmático, não soube nem de longe decifrar ou traduzir e menos ainda administrar.

As tentativas de solução que apareceram, como um arremedo ridículo de reforma política, a proposta de reforma constitucional exclusiva ou de plebiscito limitado, não tangenciam nem de longe os problemas do mal estar.

O governo, em sua turrona insistência em dizer que tudo vai bem quando tudo ameaça desandar, mostra sua falta de grandeza e a sua miopia estratégica, guiada exclusivamente pelo faro das urnas, deixando claro que seu projeto de transformação da sociedade não passa de um projeto de manter-se no poder a qualquer custo.

A oposição não é muito melhor do que isso. A diferença é que seu projeto envolve outros nomes.

No intervalo entre o clamor da vitória no futebol e a visita do papa, há um estranho silêncio pairando no ar, quebrado apenas pelo fragor dos vândalos do Leblon.


As ruas parecem ter mais algo a dizer. O que será?”

terça-feira, 23 de julho de 2013

MOMENTO DE DECISÃO




Por Carlos Sena (*)

Tomar decisão, eis uma coisa aparentemente fácil dependendo do quê se toma decisão. Decidir sobre coisas de fora não é tão difícil quanto decidirmos sobre questões de dentro que envolve não só o corpo, mas, também, a alma. Independente, o ato de “DECIDIR” tem que ser vivenciado muitas vezes no transcurso da vida. O grande diferencial que nos deixa mais “em cima do muro” do que o necessário é quando precisamos decidir sobre sentimentos. Sentimentos que podem ser traduzidos no partir ou no ficar, no ser ou no estar.

A consciência de que é preciso viver tomando decisões não nos isenta do conflito de decidir sobre sentimentos. Como disse, de partir ou de ficar, de ser ou de estar. Mas seguir em frente é lei humana, independente de tomarmos decisões certas ou erradas. Porque talvez o que nos atormente mais seja o “mais ou menos” das nossas decisões. Decidir acerca de ficar ou não numa relação afetiva é complexo. Mais complexo se transforma quando ela é regada pelo amor e esse amor é recíproco. Nesse caso, certamente a decisão não se dará em torno de separação consentida apenas, mas por conta de elementos externos aos dois parceiros. Decidir, muitas vezes, requer de nós apenas a crença de que “seja o que Deus quiser” – diante da eterna dúvida que muitas vezes no atormenta para tomar decisões.

Como a vida é um eterno perder e ganhar vale a pena nunca se esquecer dessa assertiva. Porque muitas das nossas decisões só puderam ser avaliadas como certas a posteriori. Neste caso, o tempo (sempre o tempo) é quem nos vai dar a medida certa das nossas atitudes. Independente de certas ou erradas, decidir é preciso. A vida no grosso é processo de decisão, embora no varejo seja processo de concisão. Objetividade! Esse é o grande dilema nosso neste emaranhado de estímulos nem sempre positivos que a sociedade de consumo nos faculta.

Compreender os tempos da vida nem sempre nos são permitidos. Talvez por isso a gente se encontre em dilemas diante de ter que tomar decisões. Tomar decisões acerca do que nos rege por dentro é o que nos deixa atônitos, conforme nos referimos. Tomar um comprimido para dor de cabeça é simples, embora nem sempre a dor passe. Tomar uma decisão acerca de valores, eis que tudo muda de figura. Diferente do comprimido, a atitude correta pode nos livrar de “dores de cabeça”, ou não. Como não se faz “omelete sem quebrar os ovos”; “como o ultimo pingo é sempre na cueca”; “como não se pode ir pro céu sem morrer”, melhor tomar a decisão necessária, mesmo que no futuro isso implique perdas... Mas há a possibilidade concreta de ganhos...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/05/2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A semana - A Revolução Francesa. Precisaremos de guilhotina?




Por Zé Carlos

Ao ver o filme da UOL, abaixo reproduzido, que tenta resumir o que se passou durante a última semana, de forma humorística, eu me lembrei do Ginásio São Geraldo. Pois foi lá que, sob a batuta do Professor Waldemar, eu travei os primeiros contactos com a Revolução Francesa. Seria, no entanto, uma mentira (que poderia até passar como um recurso literário) dizer que o que me lembro deste episódio importante na história universal veio das aulas do meu querido professor.

Depois de ter assistido tantos filmes e lido tantos livros que tratavam do evento, que é, muitas vezes, mostrado como um episódio em que povo se revoltou contra o governo, a associação do evento com o que se passou num casamento milionário, na cidade maravilhosa, vem a calhar. Enquanto a Maria Antonieta, rainha da época, esnobava seu povo ao dizer-lhe que se não tivessem pão, comessem brioche (e eu até hoje não sei o que é brioche, na fala da rainha, e nem importa ir saber, para o presente caso) um filho de um empresário, um parente da noiva dizia algo similar ao jogar notas de 20 reais para o povo que criticava a suntuosidade e esbanjamento na cerimônia. A Maria Antonieta perdeu a cabeça na guilhotina. Já com o jogador de dinheiro, ainda não se sabe o que irá acontecer. Talvez não um guilhotina, mas, um boa palmadas do pai, não seria em vão.

Porém, o mais importante deste curto filme (talvez a equipe tenha ficado presa em mais um engarrafamento natural ou gerado pelas manifestações, e não teve tempo de aumentá-lo) foi o que fez o Congresso, sob o comando do Renan, para iludir a opinião pública, mais uma vez.

Eu achei extremamente estranha a reação dos parlamentares ao clamor das ruas, votando tantas matérias de interesse do país em tão pouco  tempo. Confesso que não esperava. Fiquei alegre, como quase todo brasileiro. Mas, como diziam muito lá em Bom Conselho: “Alegria de pobre dura pouco”. E durou menos de um mês. Cansados do esforço de cumprirem suas obrigações, eles capitularam no final. Imaginem, que no último mês houve semanas que os parlamentares trabalharam de segunda a sexta-feira. Sim, senhores e senhoras, deram expediente, de quase 6 horas por dia, por 5 dias inteiros por seman para satisfazer os pedidos da população.

Para quem só trabalhava na terça e na quarta-feira, foi um imenso esforço, ao ponto do Presidente do Congresso suspender as sessões por 15 dias para que eles pudessem tomar fôlego em suas bases eleitorais. Como não podiam entrar em recesso, porque a Constituição não permite que se faça isto antes de votar a LDO, que poderia ser uma sigla para Lei Dos Otários, embora seja Lei de Diretrizes Orçamentárias,  eles bolaram, mesmo dentro do quadro de cansaço, o artifício do “recesso branco”.

O que faltou no filme, além do nariz de palhaço colocado em Renan, foi vestir toda a população brasileira também de palhaço, pedindo desculpas a esta classe tão mal comparada, a dos palhaços. Tudo pelo descanso dos nossos parlamentares. Que descansem em paz.

A parte internacional fugiu da espionagem americana para cair no “collorismo” do presidente Russo, o Vladimir Putin. Só lembrei do Rambo, que foi o herói que me introduziu nos jogos eletrônicos, ao ponto de, em certo estágio da vida, tentar construir joguinhos através da computação gráfica, o que, como todos viam, não poderia dar certo, e não deu. Mudei para o blog e até agora, não tenho de que me queixar, pois continuo vendo o Rambo/Putin e me divertindo.

Eu fico aqui pensando, a que ponto chegam hoje os governantes, para angariarem a simpatia dos eleitores. Vejam o filme e saberão um pouco. É difícil até de imaginar a nossa presidenta de roupa de ginástica e malhando num esteira, mas, quem sabe? A coisa parece que está feia e tudo pode acontecer. Eu gostaria mesmo era de ver o Aécio e o Eduardo Campos disputando corrida de 100 metros como eu fazia com meus colegas lá na Rua da Cadeia, em Bom Conselho.

Mas fiquem com o resumo do roteiro da equipe da UOL, e depois com o filme, que é curto, mas, não é grosso e pode render algum riso para começar bem a semana.

“Beatriz Barata - neta do empresário Jacob Barata, conhecido como o 'rei do ônibus' – se casou em uma cerimônia estimada em milhões de reais no Rio de Janeiro, no mesmo dia em que a França comemora a queda da Bastilha, um dos principais eventos da Revolução Francesa, que derrubou a nobreza corrupta do país. E a ‘agenda positiva’, imposta ao Congresso pelas manifestações de rua que tomaram o país em junho, não durou nem um mês: o recesso parlamentar vai atrasar a votação das leis contra a corrupção e a reforma política. Enquanto isso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou de mais uma aventura: dessa vez explorou um naufrágio a bordo de um mini-submarino.”


sábado, 20 de julho de 2013

A GAZETA DIGITAL chegou a 1000




Por Zé Carlos

Estou administrando A GAZETA DIGITAL (AGD) por muito tempo. Agora estou sozinho nesta tarefa que exerci com a ajuda da Eliúde Villela por um bom período de tempo, antes dela sair para voos mais altos. Algumas vezes, mais recentemente, conto com ajuda do meu mestre Zezinho de Caetés.

A solidão, neste caso, tem suas vantagens e desvantagens, como qualquer coisa nesta vida onde nos tiraram o paraíso, desde que fomos criados. Uma das vantagens é que nos sentimos mais livres para decidir, o que implica a desvantagem de ser responsável pela decisão. Antes que alguém pare de ler este texto pelo excesso de cera deste introito vamos ao ponto.

Poucos dias atrás ao acessar as estatísticas da AGD, descobri que publicamos a milésima postagem (1000ª) no último dia 17. Não houve escolha de minha parte, mas, gostei da escolha do destino. Foi um texto do Zezinho de Caetés no qual ele escreve sobre os problemas da Saúde no Brasil e as soluções recentemente propostas pelo governo. Fiquei feliz pela escolha do destino, porque tenho um médico na família, e ele concordaria com o que o nosso mestre de Caetés escreveu. Ele não quer que seu filho (meu neto), se decidir seguir a carreira do pai, seja condenado a trabalho forçado, quando poderia ser levado a fazer o mesmo trabalho, por educação doméstica.

No entanto, o que mais me alegrou foi o número 1000 de postagens. Eu perguntei: Já? Começamos há tão pouco tempo. Parece que foi ontem. Foi quase uma brincadeira que foi crescendo, crescendo e me envolvendo, quase ás raias do vício. Sei que isto não aconteceria se não fôssemos lidos (a AGD e todos os colaboradores), mas, com uma média diária de quase 500 acessos, e caminhando para os 300.000 no total, tenho tudo para ficar feliz e continuar.

Eu sei que a mídia eletrônica contribuiu para que Bom Conselho, a sempre Cidade das Escolas, se tornasse uma cidade que lê mais. E para mim isto é importante. Hoje, já não considero a mídia eletrônica como uma alternativa ruim aos livros de papel, nem aos jornais escritos. Ela hoje é essencial para informação. E este é o futuro. Como um saudosista juramentado ainda leio A GAZETA do amigo Luís Clério, que já poderia ter seu braço digital (e não foi por falta de convite), como soe ocorrer com todos os veículos de informação tradicionais. Mas, ainda teremos este braço. É o velho destino que nos leva ao digital inexoravelmente.

Durante todo este período fomos patrocinados por Jesus, Maria e José, que não nos pagam em reais, mas, numa moeda celestial. E, nos últimos tempos, eles nos têm pressionado, cada vez mais, para sempre melhorar nossa comunicação com nosso querido município. E temos feito tudo que é possível fazer com moeda usada por eles.

No entanto, algumas de suas críticas aceitamos e apenas não podemos acatá-las por alguns motivos simples. Algumas páginas do blog estão paradas há muito tempo e outras um pouco desatualizadas. Tentamos compensar isto atualizando nossas páginas mais dinâmicas e lidas como Deu nos Blogs, nossa campeã de audiência, seguida pela página de Notícias, onde sempre há coisas interessantíssimas sobre Deus e o mundo. E assim vamos levando a AGD.

O nosso ponto alto, nosso Mural, no entanto é o que nos dá mais problemas. É um espaço importante de comunicação, onde as pessoas podem se expressar livremente, inclusive, se quiser usando o anonimato. E, muitas vezes, os nossos usuários abusam deste seu direito, sendo anônimos ou não. E temos que agir de alguma forma. Tanto por pressões da consciência como por pressões externas mesmo, igual ao nosso Congresso.

Houve períodos em que tivemos de manter o mural restrito (ou seja, nos tendo como moderadores, ou como censores prévios), mesmo contra nossa vontade, pois alguém nos enviou um e-mail dizendo que foi à delegacia porque achava ter sido atacada demais no Mural. No caso, minha consciência cooperou e concordei com a pessoa, embora, devo confessar tive medo que a AGD se tornasse um caso de polícia. Apaguei os recados e tornei o Mural restrito. Descobri que ser censor não é a minha praia, e diante de pedidos tornei novamente o Mural livre. Espero que ele continue assim. Até agora, só as pessoas e os animais costumeiros o estão usando e não parece que houve motivo ainda para alguém voltar à delegacia, para dar parte do nosso Mural.

Eu aproveitei este momento em que completamos 1000 postagens para fazer este relatório, que é de agradecimento aos nossos leitores e aos nossos colaboradores. E gostaria de dizer que estamos abertos para publicações de pessoas de Bom Conselho que queiram se expressar sobre sua terra, ou sobre outros assuntos,  bastando para isto nos enviar os textos. Será sempre um prazer publicá-los e ajudar Bom Conselho a lê-los. Se não querem enviar textos, podem nos enviar notícias sobre a terra que publicaremos, e como jornalista bissexto saberemos, como sempre fizemos, manter o sigilo das fontes, se não quiserem se identificar.


As pessoas que têm conosco colaborado, até agora não reclamaram de nada. Recebem religiosamente seus cachês em dia, assim que a quantia é repassada pelos nossos patrocinadores. Alguns reclamaram que a moeda em que eles pagam, a moeda celestial, se desvalorizou muito diante do real, mas, agora vem retomando o seu valor, principalmente, com a vinda do Papa ao Brasil. Não temam os de outra religião, pois a moeda celestial, tem o mesmo valor para cada uma delas, com apenas um ágio de 10% para ateus.  No plano político, a moeda tem o mesmo valor para todos. Quando é muito extremada cobramos um ágio também, mas, não interferimos na publicação. Neste mundo, nada é perfeito.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Lula vai voltar. E daí?




Por Zezinho de Caetés

Pelo meu pseudônimo, todos sabem que eu e o Lula somos conterrâneos e fomos colegas de infância. Se ele puxasse pela memória deveria se lembrar de mim. Eu não preciso nem puxar pela minha para me lembrar dele. E confesso, ele não mudou muito, até hoje. Sempre inteligente e catando e comendo a rolinha morta pelos colegas.

Transcrevo hoje um texto do Guilherme Fiuza (Revista ÉPOCA), que tem como título: “Surge, enfim, o nome da mudança”, onde ele descreve Lula como o predestinado para colocar o Brasil nos eixos, pela vontade do povo (suprema ironia, é claro). Todas as pesquisas de opinião, mesmo depois de todas estas manifestações, deixam intacta a popularidade do meu conterrâneo. Mais uma vez ele consegue colocar a culpa em alguém, quando se descobre o roubo das frutas, igualzinho ao que acontecia em nossa infância.

E o jornalista, vai ao ponto, com a sutileza de um hipopótamo tomando champanhe num cálice de cristal, de quanto o Lula tem que se transformar para que ele consiga enfrentar sua própria herança maldita.

Todos sabemos que quase tudo que se fez no Brasil nos últimos 10 anos, de bom, já estava feito antes de Lula entrar no governo, cabendo a ele apenas módicas modificações. Aproveitou o bom momento da economia mundial para surfar nas ondas do tudo pelo social (diga-se que o Sarney já havia tentado), tentando fazer redistribuição de renda inexistente e fazendo o Brasil crescer menos do que o que poderia. Gastou o que podia e o que não podia, dos nossos recursos para eleger um poste, e ele ficar com o interruptor na mão. E agora o povo quer trazê-lo de volta.

Se isto acontecer, é evidente que as oposições, que já não funcionam, se acabem de vez. E partiremos para atingir o objetivo fundamental da corja petista: A venezualização do Brasil. Talvez o Lula chame o sistema que emergirá dos escombros de “socialismo cabralino” para ser original, e pelo fato de que o Brasil nasceu à sombra da Carta de Pero Vaz de Caminha, o primeiro fisiologista de que se fala em nossa história. Ou poderia ser, como sugere o jornalista, no texto abaixo, o “socialismo valeriano”, elevando á categoria histórica o mineiro que tanto ajudou o PT, para o bem e para o mal, o Marcos Valério.

Enfim, teremos o nosso chavismo tupiniquim, pois para isto já temos todas as condições, juntas no nosso grande futuro líder. O Lula será tão igual ao Chávez que para completar a identidade basta que ele vá se tratar em Cuba e não no Sírio-Libanês. Eu preferia que ele voltasse para Caetés e assumisse sua cadeira em nossa Academia de Letras, mas...

Durante a escrita deste texto me deparei com um texto do historiador Marco Antonia Villa, de 2010, reproduzido em seu blog, que nos dá uma pista para esta persistência do Lula no imaginário popular:

“A vontade pessoal, fortalecida pelo culto da personalidade, fomentado desde os anos 70 pelos intelectuais, se transformou em obsessão. O processo se agravou ainda mais após a vitória de 2002. Afinal, não só o Brasil, mas o mundo se curvou frente ao presidente operário. Seus defeitos foram ainda mais transformados em qualidades. Qualquer crítica virou um crime de lesa-majestade. O desejo de eliminar as vozes discordantes acabou como política de Estado.

Quem não louvava o presidente era considerado um inimigo.

Os conservadores brasileiros — conservadores não no sentido político, mas como defensores da manutenção de privilégios antirrepublicanos — logo entenderam o funcionamento da personalidade do presidente.

Começaram a louvar suas realizações, suas palavras, seus mínimos gestos. Enfim, o que o presidente falava ou agia passou a ser considerado algo genial. Não é preciso dizer que Lula transformou os antigos “picaretas” em aliados incondicionais.

Afinal, eles reconheciam publicamente seus feitos, suas qualidades. E mereceram benesses como nunca tiveram em outros governos.


É só esta obsessão pelo poder e pelo mando sem qualquer questionamento que pode ser uma das chaves explicativas da escolha de Dilma Rousseff como sua candidata.”

O Lula, já começou a enrolar novamente os intelectuais a respeito das manifestações populares de junho. E lá da África. Dizendo, e enganando que não quer ser mais presidente, louva a inteligência da Dilma em conduzir a crise. Quando chegar aqui o nó no pingo d'água já estará dado, com o nível de oposição que temos.

Agora fiquem com o texto do Fiuza, que eu vou dar uma volta pelo Recife, que melhorará muito depois que o Geraldo Júlio colocou o Orçamento Participativo onde ele merece: Nos arquivos mortos. Não digo outro lugar por hoje estou muito educada.

“A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias.

O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva.

A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno. O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro!

A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante. A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica.

Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.

Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira).

Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.

O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas?

Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.

Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central.

Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.)

A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.

O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.)


Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.”

quinta-feira, 18 de julho de 2013

GAIA, PONTA, CHIFRE - um cardápio secular




Por Carlos Sena (*)

 Fico matutando, como de costume, em cada final de noite. Por isto este meu matutar: “o que é que mais mexe com todos, independentes de tempo, de espaço, de ser jovem ou ser velho, de ser de geração moderna ou nem tanto”? Algo como: que tema mexe mais com as pessoas nas suas vidas privadas? Chego à conclusão que a “GAIA” ganha de dez sobre outros aspectos da vida, como disse privada. Porque “gaia” – assim mesma com o português truncado, mas é assim que tem graça falar de “galha”. Porque essa expressão é creditada ao veado – aquele animalzinho cheio de simbologias e que parece servir para todas as variáveis humanas de conduta a dois. Haja vista “viado” – aquele garoto que tem trejeitos de efeminados ser chamado de “viado” agora com “i” porque parece perder a graça chamar veado. Pois bem, o mesmo veado também sugere as “gaias” que tanto terror provoca aos humanos. Isso, naturalmente acontece por conta das galhas do pobre do veado que, não bastando ser cheio de galhas ainda anda e pula elegantemente.  Outro forte concorrente da “gaia” é “ponta” ou “chifre”. Ou seja, a gente pode dizer que fulano levou ponta ou levou gaia da mulher ou vice versa. Esses designativos são também democráticos: homem leva gaia e bota. Mulher, gay masculino e feminino, transexual, hermafrodita, enfim, todos levam gaia ou poderão colocá-la nos seus parceiros...

Dizem que a ponta ou a gaia tem origem portuguesa. Um pouco de cultura inútil? Pode ser, mas vale a pena tergiversar: falam que quando um português chegava à casa da amante, era combinado que ela botasse um chifre na porta para ele saber se o marido estava em casa. Ou vice versa. Mas, faz sentido, porque senão daria muito na vista, por exemplo, se fosse colocada uma toalha vermelha ou coisa do gênero, independente da história que elegeu o símbolo gaia ou chifre ou ponta como tal. Fato é que ser chifrado doi pra cacete! As histórias de chifre são todas cheias de muito humor, mas há muito ardor nalgumas delas, inclusive levando pessoas à morte afetiva e até física. Os motivos que levam as pessoas a chifrarem são diversos e fogem, certamente ao nosso crivo objetivo. Porque poucos dizem, de fato, os motivos que os levaram a trair os seus parceiros/as. O componente de caráter e personalidade certamente é importante. Contudo, há componentes do inconsciente que poderão levar alguém a trair pela própria traição. Algo com “dar pelo prazer de ver entrar”, somente.

Nelson Rodrigues escreveu uma das suas melhores peças de teatro convertida para o cinema, cujo título cai bem a propósito do que estamos dizendo: “Perdoa-me por me traires”... No primeiro momento a gente não entende muito bem, mas depois do filme tudo fica bem esclarecido. Isto porque o marido que já era idoso e casado com uma bela jovem achava que era o direito dela traí-lo, pois ele não dava mais “conta do recado”, digamos assim. Há outras variáveis no filme, mas esse é o principal fundamento da gaia que o coitado do marido leva e fica satisfeito e ainda pede perdão à esposa. Algo como: “você é tão jovem e tão bela” que adquiriu o direito de me trair – ou coisa do gênero. Afora Nelson, há inúmeras outras histórias da vida privada, mais da privada do que da vida, mas que são bem a tônica da ponta, do chifre, da gaia, que a tantas pessoas deixam tontos e desesperados, ou não?

Imagino que a história da gaia seja secular. Aparece até junto de Jesus no episódio de Maria Madalena. Alguém duvida que ela, como boa pecadora e sabendo que ficaria famosa no mundo inteiro, não iria ser gaieira? Há quem diga que talvez esse tenha sido seu menor pecado, mas, pecado é pecado independente do tamanho. Madalena até hoje se mantém como exemplo de pecadora que se arrependeu e virou santa. Sorte que não virou evangélica. Se ainda muitas Madalenas existem e não viram santas não podemos garantir nem temos como saber. Fato é que independente da história ou da Sociologia da gaia, gaia dói, mata, faz sofrer e leva muita gente a loucura. Não fosse a gaia muitas novelas não tinham Ibope, muitos livros não teriam sido escritos, muitas histórias de amor não teriam sido vividas. Em função da gaia parece que a vida a dois circula. Se não no grosso, mas no varejo das relações isso é muito presente em nossos dias. Pensar que desde que o homem é homem na face da terra que ele fica querendo uma pessoa só pra si é preocupante. Ou não? Porque tudo indica mesmo é que o homem não nasceu para a monogamia, mas é assim que ele quer que o parceiro seja, independente de que seja homem ou mulher ou derivados.

Gaia é tão produto de consumo que  na internet os diversos tipos de cornos não se cansam de serem repassados. Muitas dessas listas já com novas terminologias. No rol delas, corno manso é comum. Corno cuscuz também. Corno peixe, corno de todo tipo e com rima ou sem rima. Há no Recife, inclusive um bar dos cornos que até já saiu no Fantástico. Reginaldo Rossi tem sua carreira devida quase que completamente por conta do tema CORNO. Garçom seu principal hit é, no fundo, uma ode a cornice, bem como uma melodia que começa com “hoje é dia do corno” que faz muito sucesso no país inteiro. Como uma coisa leva a outra, no rol da cornice mora o controvertido ritmo musical BREGA. Para muitos um estilo, mas, para outros uma subcategoria de música com a qual não concordamos. Dor de corno é dor de corno e, como não se vende remédio na farmácia, tem que ser curada de alguma forma numa mesa de bar, no ombro de um amigo ou com um garçom no final de noite...

Vê-se, pois, que ser corno parece que não é mais privilégio de ninguém, pois além do corno assumido há os que não assumem nunca. São aqueles que sempre respondem na base do clichê: “se fui não sei, mas devo ter sido”. Já vi muitos desses me dizerem isso sabendo que eu sabia que eles levaram um chifre roxo e quase morreram e até nem se recuperaram nunca. Neste sentido o “poeta” Tiririca se imortalizou com  uma frase “gaia é coisa que botaram na nossa cabeça”... De fato, gaia, ponta, chifre, que são subnomes de traição nunca sairão do cardápio das relações em todos os tempos. A grande contradição é que todos os seres humanos têm dentro de si os princípios básicos da gaia. A maioria dos homens adora chifrar as esposas, mas morrem quando descobrem que são traídos. Diferente das mulheres gaieiras. Estas quando chifram o fazem sem peso na consciência, pois fazem bem feito e com o dom de iludir tão comum delas e isso é positivo. Gaia é coisa tão doida que já conheci um gay que deixou a mulher após saber que ela o chifrava. Acho que foi desculpa esfarrapada dele, mas foi o que nos disse. Por outro lado, conheci também mulheres que, decepcionadas com o marido traidor foram felizes com outras mulheres e por aí vai.

Certo ou errado, justo ou injusto, dolorido ou suave, gaia é gaia e já faz parte do nosso “calendário afetivo”. Talvez por isso as pessoas fiquem tão preocupadas em saber tim tim por tim tim da vida do parceiro. Muitas até botam detetive particular para saber se os maridos ou mulheres são traidores. Alguns resultados da traição podem ser trágicos como o caso de um nordestino que matou a esposa e a retalhou depois de morta colocando-a numa mala e a deixando na rodoviária do Rio de Janeiro. Nas cidades grandes e pequenas crimes de traição acontecem independentes de tempo ou de evolução ou de tamanho das cidades. Gaia também não depende muito de formação intelectual, embora saibamos que as pessoas mais esclarecidas não partem para a violência após descobrir uma traição. O que não significa que não matem, pois as questões do comportamento, da cultura, transcendem a racionalidade. Portanto, vemos que é esse um tema inesgotável e que certamente carecerá de mais enfoques no seu desenvolvimento. Porque, afinal, gaia é gaia e é uma coisa que botaram na nossa cabeça, mas esqueceram de tirar...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 26/05/2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O caos na saúde e o programa Mais Médicos




Por Zezinho de Caetés

Eu ainda não havia comentado a penúltima besteira do governo da presidenta Dilma, que é o programa Mais Médicos. Pelo que leio, é muito difícil dizer mais alguma coisa que seja original sobre este programa, a não ser que alguém tente elogiá-lo, mas, isto só se for o Aloizio Mercadante ou Alexandre Padilha, seus autores, por motivos óbvios.

Pega até mal ficar batendo nesta surrada tecla, mas, o que se há de fazer, como comentarista político em nosso país? Mudar de assunto não pode, pois só quem está interessada nisto é a presidente. E ela apareceu com a história da espionagem americana como tábua de salvação para as mancadas que vem dando, uma atrás da outra. No entanto, nos telejornais, são dedicados 2 minutos ao caso de espionagem e 20 minutos às outras besteiras. Por isso chamam a imprensa que dá as notícias ruins para o governo de a “grande imprensa”. Vai terminar pegando no sentido positivo, em contraposição à “pequena imprensa” que é aquela vendida aos cofres públicos.

No texto abaixo, de autoria do Elio Gaspari em o Globo (“Mercadante, o articulador do caos”), no último domingo, ele tenta ser original, mostrando o despudorado caso de interferência do setor público no setor privado, quando a MP dos Médicos coloca estudantes de medicina das universidades públicas e das universidades privadas dentro das mesmas condições, para mexer com suas vidas. Isto, para mim, é apropriação indébita da pior espécie, de algo obtido no mercado e confiscado, durante dois anos. Só se vê isto em tempo de guerra.

Se a presidenta considera uma “guerra” a política de levar médicos à população, é preciso consultar “os russos” se estamos realmente em guerra, ou se estamos apenas diante do governo mais ineficiente da história do país. E não estou falando só do dela, e sim dos últimos 10 anos.

Eu fiz um curso universitário, o de Letras, em uma universidade pública, e fico me colocando no lugar do estudante de medicina, sobre o que faria se antes de entrar na universidade, alguém me dissesse: Olha, José, você vai ter que pagar seus estudos, ensinando lá no interior durante um ano (coloco um ano, embora ache que Letras seja quase tão importante quanto Medicina, pois não se vive também sem informação, ou, pelo menos se vive muito mal) para pagar o que o governo gastou com você. Eu não faria tanta questão, se fossem claras as regras para pagar o meu curso, embora defendesse que minha faculdade devesse ser paga. Mas, e se meu pai, que Deus o tenha, tivesse custeado meu curso, eu me sentiria lesado. Estaria pagando duas vezes, e é isto que vai ocorrer com os estudantes de medicina formados em escolas privadas.

Mas, os absurdos, em termos de Brasil, onde temos um presidente do Senado que agora atende ao clamor das ruas gerado pela internet e alguns meses atrás nem ligou para um abaixo assinado, pela própria internet, com mais de um milhão de assinaturas pedindo sua saída do cargo, não param aí. Eu duvido-d-dó que uma filho de uma “autoridade” vá para o SUS lá para Caetés, por exemplo. No final, na hora da escolha, o jabá vai comer solto e os pobres vão para o interior e os ricos ficarão no litoral, comendo seus caranguejos na praia.

Bem, não há como ser original, com este assunto. Esperemos a próxima penúltima besteira da Dilma. Fiquem com o Elio Gaspari, que eu vou na UPA. Será que há médico lá? O Lula não encontrou, foi para o Hospital Português.

“Na condição de articulador de iniciativas da doutora Dilma, o comissário Aloizio Mercadante patrocinou três lances de gênio. A saber:

1) A convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer uma reforma política. Durou 24 horas.

2) A convocação de um plebiscito para que o eleitorado definisse os marcos da reforma. Durou duas semanas.

3) Com o copatrocínio do ministro Alexandre Padilha, da Saúde, propôs a reorganização do ensino médico, aumentando-o de seis para oito anos.

Na semana passada, informou-se aqui que as burocracias do MEC e das universidades federais faziam uma exigência maluca para médicos formados no exterior que quisessem revalidar seus diplomas.

Caso queira trabalhar no Brasil, um doutor que se formou em Harvard e trabalha na clínica de Cleveland é obrigado a atestar que mora em Pindorama, mesmo tendo nascido aqui. Sem isso, não pode pedir a revalidação, que demora até um ano. Até lá, vive de quê?

A exigência será eliminada, tudo bem, mas havia coisa pior. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Inep, não sabe dizer quem pôs o jabuti na forquilha do programa Revalida, muito menos por quê.

Essa mesma condição é exigida na rotina das revalidações de universidades federais. Puro obstáculo para blindar o mercado. Produto da onipotência dos educatecas.

Agora Mercadante e Padilha querem que os estudantes de Medicina trabalhem no SUS por dois anos. Novamente, trata-se de um exercício de onipotência.

Ele se esconde atrás do argumento do aperfeiçoamento dos médicos. Trata-se de uma lorota, pois o Brasil tem Medicina há séculos e suas deficiências não derivam da formação dos doutores, mas do desperdício de dinheiro público e da ganância dos interesses privados, inclusive de médicos.

Imaginem-se dois estudantes. Aloizio é filho de um banqueiro, estudou em bons colégios e entrou para uma das melhores faculdades de Medicina. Como são todas públicas, fará o curso sem desembolsar um tostão.

Alexandre é filho de um bancário que trabalha para o pai de Aloizio. Não teve boas escolas, mas foi aprovado numa instituição privada. A família cacifou algo como R$ 300 mil, só em anuidades.

Seria razoável que Aloizio devolvesse em serviços para o SUS os seis anos de faculdade gratuita. Essa é uma antiga proposta de médicos do setor público.

Alexandre, contudo, precisa trabalhar para aliviar o orçamento do pai bancário. Tem 26 anos, estudá há 18 e agora querem obrigá-lo a ir para um regime de liberdade condicional trabalhando no SUS por mais dois, ganhando entre R$ 3 mil e R 8 mil (só os mandarins de Brasília acham que essas duas quantias são similares).

Se os comissários fossem menos onipotentes, os dois anos de serviço ao SUS seriam opcionais para quem estudou Medicina em faculdade privada.


Quem entende do assunto jura que essa iniciativa, que começaria a valer em 2015, terá o mesmo destino que a Constituinte e o plebiscito, pois é mais fácil mudar um cemitério de lugar do que alterar os currículos das faculdades de Medicina.”