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quarta-feira, 24 de julho de 2013

A rouquidão das ruas foi ao SUS?




Por Zezinho de Caetés

Eu transcrevo abaixo um texto do Sandro Vaia chamado de: “Um ruidoso silêncio” (Blog do Noblat em 10/07/2013) onde ele comenta sobre o recuo ou refluxo da onda popular nas ruas brasileiras. Eu sempre fui cético em relação a estas manifestações pelo embaralhamento de seus objetivos. Deram suas cartas bem embaralhadas, a mão que a Dilma recebeu foi péssima para ela e boa para o Brasil, levando a ninguém mais apostar em sua candidatura a presidência, mas, e daí?

Semana passada vi, boquiaberto, uns arruaceiros quebrando tudo, lá no Rio de Janeiro, enfurecidos como touros em arenas,  e sem escolha de alvos. Tudo que havia pela frente era quebrado de forma terrível. Juro que fiquei temeroso pela visita do nosso Papa, e o que acontecerá lá por nossa antiga capital.

O que penso é que, a nossa presidenta deveria ficar afastada da festa religiosa, porque, para ela, o mar não está para peixe, em termos de suas aparições públicas. Ela deveria se manter falando para os seus 39 ministros, que já é um bom público, e aplaudem tudo que ela fala. Aliás, eu fico ruborizado, quando vejo a claque que se assenta diante da presidenta a aplaudir tanta bobagem por ela dita. Quando escrevem por ela, e ela lê, as frase saem erradas, mas, completas, porém, quando ela fala de improviso, não sai frase nenhuma que faça sentido.

Fiquem com o jornalista, que como eu, ainda não sabe o que as ruas querem dizer, e meditem para ver se vocês descobrem. Espero que sua rouquidão não seja algo pior, como aconteceu com a rouquidão de Lula. Elas não teriam como se tratar no Sírio-Libanês, e no SUS, certamente, se calarão para sempre.

“A voz das ruas às vezes é tão rouca que fica difícil entendê-la.

Com exceção dos últimos atos de vandalismo no Leblon, perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral, o resto do Brasil parece ter entrado numa espécie de compasso de espera, entre o rumor da conquista da Copa das Confederações e a expectativa da visita do papa.

O resultado prático das manifestações foi manter o preço das passagens do transporte coletivo paradas por mais algum tempo (o que segundo alguns prefeitos ameaça cidades de falência, mas ninguém se comove com isso) e mostrar que o País das Maravilhas de Alice só existia na cabeça de João Santana e sua trupe de animadores de auditório.

A verdade é que o país permanece essencialmente o mesmo, ainda que vitimado por algumas gritantes barbeiragens gerenciais, mas a percepção sobre ele mudou do dia para a noite, sem que ninguém consiga avançar sobre a essência do problema.

Ontem estávamos às portas do Paraíso, hoje vislumbramos o inferno cada vez mais próximo.

As condições econômicas objetivas do mundo mudaram bastante, em nosso prejuízo, e não existe ninguém disposto a bancar a ideia de que tudo não passa de uma “marolinha”, pois quem fez isso no passado sabe muito bem que hoje estamos sofrendo as consequências da irresponsabilidade e da leviandade de ontem.

Num texto escrito para o jornal “Valor Econômico” e debatido na Feira Literária de Paraty, o economista André Lara Rezende, um dos pais do Plano Real, resumiu com uma frase aquilo que estamos sentindo, mas não sabemos explicitar com clareza: o “mal estar contemporâneo”.

Ele deixa claro que esse mal estar não é o mesmo das praças árabes, nem do Occupy Wall Street, nem dos desempregados da crise europeia.

É alguma coisa especificamente brasileira e que a classe política que nos dirige, com sua rudimentar insensibilidade e seu primarismo pragmático, não soube nem de longe decifrar ou traduzir e menos ainda administrar.

As tentativas de solução que apareceram, como um arremedo ridículo de reforma política, a proposta de reforma constitucional exclusiva ou de plebiscito limitado, não tangenciam nem de longe os problemas do mal estar.

O governo, em sua turrona insistência em dizer que tudo vai bem quando tudo ameaça desandar, mostra sua falta de grandeza e a sua miopia estratégica, guiada exclusivamente pelo faro das urnas, deixando claro que seu projeto de transformação da sociedade não passa de um projeto de manter-se no poder a qualquer custo.

A oposição não é muito melhor do que isso. A diferença é que seu projeto envolve outros nomes.

No intervalo entre o clamor da vitória no futebol e a visita do papa, há um estranho silêncio pairando no ar, quebrado apenas pelo fragor dos vândalos do Leblon.


As ruas parecem ter mais algo a dizer. O que será?”

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