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sexta-feira, 26 de julho de 2013

O PT e a democracia




Por Zezinho de Caetés

Quem me acompanha, ou seja, quem me lê, desde o Blog da CIT, quando ainda nem adotava o meu pseudônimo, sabe, que, por um triz, eu não fui do PT. Só não digo que participei de sua formação porque não estava em São Paulo, mas, apoiei muito meu conterrâneo Lula em suas ações para criar o PT.

Graças a Deus, eu fui mais esperto do que Heloísa Helena, e nem me filiei ao partido, como esta jovem fez e saiu escorraçada pelo que em política chamam de “núcleo duro” do partido. Eu diria o núcleo “troglodita” e stalinista que ainda hoje comanda seus destinos, com as defecções forçadas dos mensaleiros condenados, que já foram devidamente abandonados, pelo Lula, como sempre ocorre. É aquilo que falei no texto anterior, relembrando nossa criancice em Caetés: Se a rolinha apareceu morta e está boa para comer, quem matou foi ele. Se deu indigestão em alguém, ele não sabia de nada.

E é sobre esta caminhada sobre mortos e feridos que o historiador Marco Antonio Villa escreve abaixo, num texto publicado, ainda em maio passado que tem como título: “O PT não gosta de democracia.” E eu repito, não gosta e nunca gostou, a não ser da chamada “democracia popular” com que o socialismo real (de não saudosa memória na maioria dos países, e nos estertores em Cuba e cuidando de um criança na Coreia do Norte) tentava enganar aqueles que acreditavam (e há muitos até hoje que acreditam) que o Estado pudesse mudar o homem para que ele melhorasse, quando esta tarefa está em cada um de nós e não no aparato institucional que nos cerca, e que não dá atenção à liberdade individual.

Hoje, estamos vendo um episódio de autoritarismo stalinista explícito nesta tentativa de Dilma e seu governo petista de lidar com as manifestações populares em busca de um vida melhor. Meu conterrâneo, o Lula, em artigo que ditou para alguém escrever, chegou ao ponto de dizer que isto tudo está acontecendo porque o Brasil é sucesso de crítica e de público. E isto pode até ser verdade, a partir da imprensa dos outros países que não sabe o que está acontecendo aqui dentro. Então no The New York Times cabe tudo, inclusive mais esta “lulice”.

O programa Mais Médicos mostrou, de forma clara e precisa, como o PT e este governo não liga em nada para nossa Constituição de 88 (que não é perfeita, mas, a que temos, e que ele se recusou a assinar) e simplesmente, leva os médicos a agirem como escravos modernos, sem nenhum respeito pela sua individualidade, porque o importante é oferecer seus serviços aos pobres do SUS, quando Lula e Dilma vão se tratar no Sírio-Libanês.

Foi assim que fizeram todos os “socialismo” que até agora existiram. Alguém escolhe os beneficiários e tudo é permitido de bom ou de ruim para que eles melhores de vida. E não veem que o grande problema é “quem” escolhe os beneficiários, e que terminam sendo os únicos. E no caso do PT, o partido se ungiu como o grande deus e faz todas as falcatruas para ser o “quem”, mesmo ferindo todos os princípios de um Estado Democrático de Direito, que nos sacrificamos para conquistar, enquanto eles queriam implantar uma ditadura do proleteriado.

Mas, agora, fiquem com o historiador, que, melhor do eu, narra a saga petista, para tornar este país uma imensa Venezuela, com um Chávez vivo. O Chávez morto sofreu a carência de médicos em Cuba, que estão todos, em outros países, pegando dólares para Fidel.

“O PT não gosta da democracia. E não é de hoje. Desde sua fundação foi predominante no partido a concepção de que a democracia não passava de mero instrumento para a tomada do poder. Deve ser recordado que o partido votou contra a aprovação da Constituição de 1988 – e alguns dos seus parlamentares não queriam sequer assinar a Carta. Depois, com a conquista das primeiras prefeituras, a democracia passou a significar a possibilidade de ter acesso aos orçamentos municipais. E o PT usou e abusou do dinheiro público, organizando eficazes esquemas de corrupção. O caso mais conhecido – e sombrio – foi o de Santo André, no ABC paulista. Lá montaram um esquema de caixa 2 que serviu, inclusive, para ajudar a financiar a campanha presidencial de Lula em 2002. Deve ser recordado, que auxiliares do prefeito Celso Daniel, assassinado em condições não esclarecidas, hoje ocupam posições importantíssimas no governo (como Gilberto Carvalho e Míriam Belchior).

Antes da vitória eleitoral de 2002, os petistas já gozavam das benesses do capitalismo, controlando fundos de pensão de empresas e bancos estatais; e tendo participação no conselho gestor do milionário Fundo de Amparo ao Trabalhador. Os cifrões foram cada vez mais sendo determinantes para o PT. Mesmo assim, consideravam que a “corrupção companheira” tinha o papel de enfrentar o “poder burguês” e era o único meio de vencê-lo. Em outras palavras, continuavam a menosprezar a democracia e suas instâncias.

Chegaram ao poder em janeiro de 2003. Buscaram uma aliança com o que, no passado, era chamado de burguesia nacional. Mas não tinham mudado em nada sua forma de ação. Basta recordar que ocuparam mais de 20 mil cargos de confiança para o partido. E da noite para o dia teve um enorme crescimento da arrecadação partidária com o desconto obrigatório dos salários dos assessores. Foi a forma petista, muito peculiar, de financiamento público, mas só para o PT, claro.

Não satisfeitos, a liderança partidária – com a ativa participação do presidente Lula – organizou o esquema do mensalão, de compra de uma maioria parlamentar na Câmara dos Deputados. Afinal, para um partido que nunca gostou da democracia era desnecessário buscar o debate. Sendo coerente, através do mensalão foi governando tranquilamente e aprovando tudo o que era do seu interesse.

O exercício do governo permitiu ao PT ter contato com os velhos oligarcas, que também, tão qual os petistas, nunca tiveram qualquer afinidade com a democracia. São aqueles políticos que se locupletaram no exercício de funções públicas e que sempre se colocaram frontalmente contrários ao pleno funcionamento do Estado democrático de Direito. A maior parte deles, inclusive, foram fieis aliados do regime militar. Houve então a fusão diabólica do marxismo cheirando a naftalina com o reacionarismo oligárquico. Rapidamente viram que eram almas gêmeas. E deste enlace nasceu o atual bloco anti-democrático e que pretende se perpetuar para todo o sempre.

As manifestações de desprezo à democracia, só neste ano, foram muito preocupantes. E não foram acidentais. Muito pelo contrário. Seguiram e seguem um plano desenhado pela liderança petista – e ainda com as digitais do sentenciado José Dirceu. Quando Gilberto Carvalho disse, às vésperas do Natal do ano passado, que em 2013 o bicho ia pegar, não era simplesmente uma frase vulgar. Não. O ex-seminarista publicizava a ordem de que qualquer opositor deveria ser destruído. Não importava se fosse um simples cidadão ou algum poder do Estado. Os stalinistas não fazem distinção. Para eles, quem seu opõem às suas determinações, não é adversário, mas inimigo e com esse não se convive, se elimina.

As humilhações sofridas por Yoani Sánchez foram somente o começo. Logo iniciaram a desmoralização do Supremo Tribunal Federal. Atacaram violentamente Joaquim Barbosa e depois centraram fogo no ministro Luiz Fux. Não se conformaram com as condenações. Afinal, o PT está acostumado com os tribunais stalinistas ou com seus homólogos cubanos. E mais, a condenação de Dirceu como quadrilheiro – era o chefe, de acordo com o STF – e corrupto foi considerado uma provocação para o projeto de poder petista. Onde já se viu um tribunal condenar com base em provas, transmitindo ao vivo às sessões e com amplo direito de defesa? Na União Soviética não era assim. Em Cuba não é assim. E farão de tudo – e de tudo para o PT tem um significado o mais amplo possível – para impedir que as condenações sejam cumpridas.

Assim, não foi um ato impensado, de um obscuro deputado, a apresentação de um projeto com o objetivo de emparedar o STF. Absolutamente não. A inspiração foi o artigo 96 da Constituição de 1937, imposta pela ditadura do Estado Novo, honrando a tradição anti-democrática do PT. E o mais grave foi que a Comissão de Constituição e Justiça que aprovou a proposta tem a participação de dois condenados no mensalão e de um procurado pela Interpol, com ordem de prisão em mais de cem países.

A tentativa de criar dificuldades ao surgimento de novos partidos (com reflexos no tempo de rádio e televisão para a próxima eleição) faz parte da mesma estratégia. É a versão macunaímica do bolivarianismo presente na Venezuela, Equador e Bolívia. E os próximos passos deverão ser o controle popular do Judiciário e o controle (os petistas adoram controlar) social da mídia, ambos impostos na Argentina.


O PT tem plena consciência que sua permanência no poder exigirá explicitar cada vez mais sua veia anti-democrática.”

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