Em manutenção!!!

domingo, 31 de julho de 2011

Outra semana da pesada...




Por Zé Carlos

Vejam o que se passou nesta semana de ameaças de calote americano ainda não concretizado mas que deixou muitos com a barba de molho. Abaixo a descrição do vídeo da UOL e o curtam em seguida.

A semana política teve clima de romance. O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) participou do programa “Todo Seu”, de Ronnie Von, e deu dicas amorosas para a diversão de seu apresentador. Por seu lado, Vladimir Putin recebeu apoio de um grupo de jovens atraentes para as próximas eleições na Rússia. As beldades se intitulam “O Exército de Putin” e começaram o movimento pela internet. A rede mundial de computador também recebeu atenção dos ex-presidentes Lula e FHC, que postaram vídeos em suas páginas. Outros dois episódios marcaram os últimos dias: o motoqueiro que tentou subir a rampa do palácio, e o ministro de Dilma que declarou que votou em José Serra nas últimas eleições (Nelson Jobim, da Defesa).

sábado, 30 de julho de 2011

ANONIMATO (Textos II)




Por Zé Carlos

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“O pensamento pode ser expressado por várias formas. Uma delas é a de expressar-se para pessoas indeterminadas, o que pode ser feito através de livros, jornais, rádio e televisão. É fácil imaginar que esse direito exercido irresponsavelmente tornar-se uma fonte de insegurança para a sociedade. Entre outras coisas, a veiculação de informações inverídicas, inevitavelmente causaria danos morais e patrimoniais às pessoas referidas. Por isso mesmo, a Constituição estabelece um sistema de responsabilidade e o faz, proibindo o anonimato, que é a forma mais torpe e vil de emitir-se o pensamento. Lembre-se que o anonimato pode consistir, inclusive, em artigo assinado por pseudônimo desconhecido. A Lei de Imprensa cuida disso no §4, do art. 7° A proibição do anonimato não significa necessariamente que debaixo de cada texto, figure o nome do autor, pois isso acabaria com a prática da edição de editoriais. A Constituição demanda a existência de um responsável pela matéria veiculada, não exigindo a correspondência deste nome com a do autor real do comentário. A Lei de Imprensa, no mesmo sentido, prescreve: o escrito que não trouxer o nome do autor será tido como redigido por uma das pessoas responsáveis enunciadas no art. 28.
Sigilo quanto às fontes ou origem de informações A Constituição assegura o sigilo da fonte com relação à informação divulgada por jornalista, rádio-repórter ou comentarista. Nem a lei nem a administração nem os particulares podem compelir qualquer desses profissionais a denunciar a pessoa ou o órgão que obteve a informação. Com o asseguramento do sigilo qualquer pessoa que tenha algo interessante a revelar poderá fazê-lo em segredo com a certeza de que seu nome não será publicado como autor da informação e, sequer, revelado em Juízo. A lei n. 5.250/67 (Lei de Imprensa), no art. 7°, prescreve que será assegurado e respeitado o sigilo quanto às fontes... Portanto, a revelação da fonte ou a origem da notícia divulgada só pode ser feita pelo jornalista, rádio-repórter ou comentarista com a anuência do informante, sob pena de violação do segredo profissional, crime previsto no art. 154 do Código Penal. Concluindo, a lei proíbe o escrito anônimo, mas quem informa tem o direito de manter-se no anonimato.”

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“Aquilo que Thomas Jefferson chamou, na Declaração de Independência, de "longo trem de abusos e usurpações", começa em geral — no que se refere à censura — pela proibição ao anonimato.  O anonimato protege o autor de eventuais perseguições, de chantagens e de ataques maliciosos de ordem pessoal, e mantém o foco nas ideias.  Os fundadores dos Estados Unidos sabiam da importância do anonimato, e o consagraram na Constituição.  Alexander Hamilton e James Madison escreveram os "Federalist Papers" sob o pseudônimo "Publius", e vários outros fundadores utilizaram pseudônimos diversos de tempos em tempos.  Recentemente, em 1995, a Suprema Corte, declarou: "A proteção de discursos anônimos é vital para a democracia. Permitir que dissidentes protejam sua identidade os libera para expressar visões críticas defendidas por minorias. O anonimato é a proteção contra a tirania da maioria".

Adicionalmente, o anonimato on-line protege aqueles que desejam reportar abusos e ilegalidades cometidos pelo governo ou companhias,  protege defensores de direitos humanos contra governos repressores e auxilia vítimas de violência doméstica a reconstruírem suas vidas em um ambiente ao qual seus violadores não cheguem.”

sexta-feira, 29 de julho de 2011

CASAGRANDE, WILZA CARLA E A SOLIDÃO




Por Carlos Sena (*)

Domingão do Faustão, algumas vezes acerta. Hoje, dessecou o comentarista CASAGRANDE em sua difícil fase de recuperação como dependente químico de cocaína. O “Casa”, como é carinhosamente chamado por muitos se diluiu em lágrimas. Expôs sua fragilidade, assumiu que foi vencido pelas drogas. Reconheceu que tirou apenas um pé do buraco, mas há outro que tem que ser retirado no dia-a-dia. Foi “réu confesso” de si mesmo. Pelo que vimos, ficou claro que se separou da mulher por conta das drogas, mas a família e, principalmente o filho mais velho, foram determinantes na sua retomada da vida, antes que o fundo do posso fosse definitivamente alcançado. Faustão cutucou tudo, ao seu jeito meio intrometido, mas cheio das melhores intenções no sentido de divulgar tão rico depoimento sobre dependência química às milhares de famílias brasileiras. Às pessoas que viram a entrevista e estiverem com problemas de drogas semelhantes em casa, não sabemos se, de fato ajudará.

Do meu canto, fiquei raciocinando em cima exatamente do que não foi perguntado pelo apresentador. Nem foi dito pelos pais nem pelos filhos nem pelos colegas da Globo. Casagrande, jogador famoso com passagens pelos melhores times do Brasil e do mundo, ao que tudo indica, entrou em CRISE EXISTENCIAL SÉRIA. Aos trinta e um anos deixou o futebol e, milionário, talvez tenha se perdido em si mesmo. Convidado pela Globo, há quatorze anos é comentarista esportivo ao lado de Galvão Bueno e... De novo ele: salário alto, prestígio de jogador e depois de excelente comentarista! Tudo que a grande maioria de simples mortais certamente gostaria de alcançar, mas ele... Reticência passou a fazer parte da sua vida! Dinheiro, prestígio, filhos, família estruturada, mulheres (certamente), mas sem ele mesmo consigo – essa é a idéia que ficou nas entrelinhas. Talvez seja essa situação a responsável pela grande maioria de casos de dependência química. Uns ficam assim por excesso de dinheiro, de prestígio, pela impressão de que tudo foi conseguido; outros pela falta do dinheiro, pela falta do prestígio e pela certeza de que nada será conseguido na vida; outros pelos diversos motivos que norteiam os mistérios existenciais dos que, fracos, enveredam no mundo das drogas.

Casagrande não falou da esposa. Tudo indica que mora com o filho mais velho, ou seja, sua área afetiva certamente está comprometida pelas drogas. À sua serventia, três psicólogas e uma psiquiatra. Afinal, o dinheiro estava lhe devolvendo a vida, pela forma avessa, mas importante. Certamente um drogado liso, pobre, morreria mais cedo. Casagrande sabe que se não tivesse muito dinheiro no banco já estaria morto como tantos. São uma fortuna os internamentos em clínicas especializadas e, não menos fortuna, os tratamentos paralelos que se fazem necessários.

Diante do que vimos emocionados, restou-nos algumas perguntas:

a)      Por que o dinheiro cega tanto as pessoas?
b)      Por que a grande maioria de famosos ricos geralmente recorre às drogas?
c)       Por que não se aprende na escola que dinheiro não compra felicidade?
d)      Não haverá na maioria dos drogados falta de Deus?
e)      Será que o mundo moderno não se perdeu em si mesmo diante das drogas?
f)       Será que virar rico do dia pra noite não tira dos ídolos o sentido da vida?
g)      Será que a família não falhou na orientação da maioria dos dependentes químicos?

Tudo pode ser e acontecer, inclusive nada. A droga há pouco tempo foi vista pelos lideres do mundo, inclusive pelo nosso ex-presidente FHC, como um problema insolúvel. “O mundo perdeu a luta contra as drogas”, disseram todos. Insisto mesmo que creio nessa derrota do mundo moderno contra as drogas. Mas insisto em que as famílias que mantiveram seus filhos na “rédea curta” dos limites, em sua maioria, não têm esse tipo de problemas. Se fizermos uma pesquisa, não será difícil confirmar as seguintes hipóteses: a) “Os atuais cidadãos que beiram os sessenta anos, dificilmente são dependentes químicos de drogas?”; b) “O atual modelo de escola e educação vigentes – permissivos em sua pedagogia, não teriam falhado, junto com os pais, na disseminação de valores mais sólidos aos jovens”?

Julgamentos a parte, fato é que Faustão acertou ao mostrar o CASAGRANDE em processo de recuperação. O ponto alto de sua fala foi quando se emocionou com o filho mais novo dizendo que queria voltar a ter o pai como amigo. Mas esta tarefa seria o próprio pai quem tinha que executar. O filho se declarou enganado pelo próprio pai que dizia a ele todo dia que tivesse cuidado com as drogas, ou seja, o pai usava o velho ditado popular do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”...

De tudo que vimos e sabemos, fica a lição que nem sempre aprendemos de cor. Afinal, ser famoso a esse preço vale a pena? O que vale a pena mesmo é ser feliz com os valores que cada um estabeleça pra si, pois os da sociedade de consumo só levam pro buraco; para a despersonalização do ser humano; para a angÚstia, para a solidão, mesmo com a conta bancária recheada de Euros, Reais e Dólares!

Neste contexto, reflitamos num outro viés: Wilza Carla morreu pobre, sozinha, diabética, feia, velha, um “trapo humano”, como costumamos dizer. Em torno de dez pessoas foram ao seu enterro. Ironia de quem um dia foi famosidade, freqüentou os salões presidenciais, teve os homens mais belos e ricos do Brasil aos seus pés... Quando chegava às cidades, os aeroportos lotavam para vê-la. Agora só nos compete refletir: o que fez com o dinheiro que ganhou? Será que ela não imaginava que glamour tem prazo de validade?

CASAGRANDE desceu à senzala das drogas. WILZA CARLA desceu às drogas sem senzala: drogas para hipertensão, drogas para diabetes, drogas para a pobreza! Mas a droga comum a ambos é a mais devastadora do mundo: A SOLIDÃO.

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(*) Publicado no Recanto das Letras em 10/07/2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

ANONIMATO (Textos I)




Por Zé Carlos

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“Anonimato

 Uma condição em que a verdadeira identidade de um indivíduo é desconhecida.”

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“Pseudônimos: essa é fácil, é o famoso “nick" da internet. Nomes que você escolhe, se intitula, escreve quando, não quer que lhe reconheçam, e por aí vai...”

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Por que Usas Pseudônimo?

Por que és poeta em segredo?
Por que revelar a alma (você) tens medo?
Para ser mais atraente?
Para parecer outra gente?
Talvez mais livre sentir...
Talvez ser mais fácil o coração abrir...

Seja qual for a razão
Medo, receio, mais liberdade, mais atração
Não importa!
Desde que escreva e alivie o coração.

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“Anônimos: Dentro da linha da pergunta do Fórum, é quando você quer dar uma esculhambada em alguém, e não quer assumir por vários motivos e razões (explo. o boçal de seu chefe). Ou mesmo fazer um auto-elogio, cai bem um pseudônimo ou um anônimo no seu comentário.
Tranquilo! Até agora, mas “prepare seu coração”:

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“Heterônimos. Com a palavra o Aurélio meu pai: heterônimo (èt) [De heter(o)- + -ônimo.]
Adjetivo.
1.Diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa.
2.Diz-se de produção literária publicada sob o nome de outra pessoa que não o autor.”

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“Cerebral e retraído, inimigo da expansão ingênua, Fernando Pessoa concebeu o projeto de se ocultar na criação voluntária, fingindo indivíduos independentes dele — os heterônimos —, e inculcando-os como produtos dum imperativo alheio à sua vontade” (Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, p. 9). [Na última acepç., a palavra parece haver começado a circular após o surgimento de Fernando Pessoa (1888-1935), grande poeta português, que, além de usar o próprio nome em diversas produções, muitas assinou com os nomes Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, e outros, poetas, cada um destes, de características bem individuais, tanto nos meios expressivos quanto na substância, e até com biografias, curiosamente inventadas por Fernando Pessoa. Nessa diferença de características entre as obras das criaturas e as do criador é que reside a distinção entre o heterônimo e o pseudônimo.”

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“Ortônimos: Esse criador literário, segundo o dicionário Aurélio seria: o “Nome correto; nome verdadeiro, real”. “O ortônimo de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis é Fernando Pessoa. ”

Vai começar o famoso nó dos neurônios:
Fernando Pessoa, nunca se assumiu como o autor, ou criador dos heterônimos.
Fernando Pessoa colocava que ele Fernando Pessoa era TAMBÉM UM HETERÔNIMO. 

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De quem seriam estes versos?

“Não meu. Não meu é quanto escrevo, a quem devo?
De quem sou arauto nato?
Porque enganado
Julguei ser eu o que era meu
Que outro mo deu? “

“Não sou eu quem escrevo. Eu sou a tela
E oculta mão alguém coloca em mim.”

“ Que tudo isso é pensamento,
Que não senti, afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra que é pensada”

“Vivem em nós inúmeros
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa e sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.”

“Serei eu, porque nada é impossível
vários trazidos de outros mundos, e
No mesmo ponto espacial sensível
Que sou eu, sendo eu por estar aqui?”

“Entre mim e o que em mim
É o que eu suponho
Corre um rio sem fim...”

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(Continua na próxima postagem)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Duque Eduardo e o Socialismo Bovino




Por Zezinho de Caetés

Eu sou um leitor de blogs, na mesma medida em que escrevo para eles. É até injusto, e eu penso ser impossível, escrever para um Blog sem ser os outros. Eu já fazia isto desde que atuava no Blog da CIT, de saudosa memória (com a ajuda do Zé Carlos, Blog morto, Blog posto), agora o faço para escrever para esta AGD.

Li ontem na cada vez melhor página “Deu nos Blogs” duas notas do Blog do Josias de Souza, e em ambas ele falava no nome no nosso Governador, que a Lucinha chama de Conde Eduardo mas eu acho que ele parece mais um duque. Leiam ambas e eu voltarei com todo prazer quando vocês terminarem a produtiva leitura:

“Lula e Campos servem a José Múcio a ‘maçã-abacaxi

Para políticos em fim de carreira, vaga no TCU assemelha-se a um Éden sem serpente. Quem entra, não ousa cair na tentação de sair.
A coluna de Mônica Bergamo revela, na Folha, que Lula e o companheiro Eduardo Campos cogitavam oferecer a José Múcio uma maçã com jeitão de abacaxi.
Informado, Múcio portou-se como um anti-Adão. Apressou-se em refugar o fruto. Leia:

- FILAS: Uma articulação para fazer de José Mucio candidato a prefeito do Recife, com apoio do governador Eduardo Campos (PSB-PE), de Pernambuco, e do ex-presidente Lula começou a ser costurada há alguns dias. Ele renunciaria ao cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) e abriria lugar para Ana Arraes (PSB-PE), mãe do governador.

- FALTOU COMBINAR: Faltou combinar com Mucio. De férias nos EUA, ele desautoriza a ideia. "De jeito nenhum. Nunca me falaram disso. E eu nem aceitaria. Sou muito amigo de Lula e do governador. Mas fico no TCU até me aposentar."”
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“Cevado pelo BNDES, Júnior do Friboi virou ‘socialista’

Sob o comando do governador pernambucano Eduardo Campos (foto), o Partido Socialista Brasileiro está inventando uma ideologia sui generis: o socialismo de direita.
Em São Paulo, Campos abrigara no seu PSB o sem-indústria Paulo Skaff, presidente da Fiesp.  Durou pouco. Socialista em 2010, Skaff já migrou para o PMDB.
Agora, a convite de Campos, aninhou-se no PSB o empresário José Batista Jr., um bilionário cujos negócios foram tonificados pelas verbas companheiras do BNDES.
Conhecido como Júnior do Friboi, o neo-socialista planeja candidatar-se a governador de Goiás em 2014, com o apoio do petismo, de Lula e de Dilma Rousseff.
Será a versão política de uma parceria que, nas arcas do BNDES, revela-se próspera desde 2009.
O bom e velho bancão estatal de fomento borrifou R$ 3,2 bilhões na caixa registradora do Friboi, a casa de carnes da família Batista.
Injetou mais R$ 2,5 bilhões no frigorífico Bertin, adquirido pelo Friboi.
Quando os Batista levaram seus negócios aos EUA, emitiram R$ 3,4 bilhões em debentures. O BNDES comprou 99,9% do papelório.
Natural, como se vê, que Júnior do Friboi opte por uma legenda governista no instante em que tenta empinar seu empreendimento político.
Nova estrela da ala direitista do PSB, o empresário talvez não consiga eleger-se governador. Mas pode resolver o grande drama do socialismo: a falta de capital.”

Eu já havia lido ontem também que há um zum-zum-zum no sentido de levar o João Paulo, ex-prefeito do Recife, para o PSB. Achei uma jogada de mestre da política, como vem se revelando o nosso governador. Ele sabe que o outro João, o da Costa, não tem jeito mesmo. Pode não chover um pingo até outubro de 2012 que ele não se elege prefeito outra vez.

Nem tudo são flores para o nobre habitante do palácio do campo das princesas, pois eu não sei como o PT, e seu mais ilustre representante, o Humberto, o também Costa, reagiria. Pois de uma mesma pancada perderia João Paulo e a eleição em Recife, pois não passa na cabeça de ninguém que ele apoiaria o João Paulo, indo para o PDB. Seria uma briga de foice no escuro, onde o PT teria as mãos atadas.

Agora leio a nota sobre um possível conchavo do Lula com Eduardo para trazer o Zé Múcio, que para mim não se elegeria mais prá nada, e por isso foi cantando e sorrindo para o TCU. Também tenho certeza de que ele não se elegeria prefeito do Recife, mesmo tendo o apoio do governador. Ele pressentiu a tramóia que visa apenas o Eduardo cumprir sua promessa a mãe, Ana Arraes de deixá-la num emprego com estabilidade. Poderia a reação do Zé Múcio ser diferente?

Quanto a outra nota sobre o “socialismo bovino” já era esperada. O socialismo do PSB só enfeita o nome do partido. Aliás, isto acontece com tudo que é partido socialista a partir da última década do século passado. Depois que eu vi o Joaquim Francisco pousando de socialista, e com grandes chances de ir para o Senado, eu já sabia que no socialismo de Eduardo cabe até o Ronald Reagan. Já que o Eduardo está procurando uma pessoa com o perfil do Joaquim Francisco para prefeito do Recife, por que não chamar o Gustavo Krause, que já mostrou sua competência.

Eu até que não desgostei das governanças do Joaquim Francisco aqui em Pernambuco, mas depois que ele virou socialista eu tenho muito medo. Vai que ele se alie ao PT e queira dar a mobilidade dada ao Recife que João Paulo deu à Conde da Boa Vista! Sei não, vou terminar mudando para o Cabo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

ANONIMATO




Por Zé Carlos

Dias atrás o Cláudio André em seu Blog postou texto onde fala do II Encontro de Papacaceiros de Bom Conselho (aqui), que  está sendo organizado por ele para realização no dia 28.08.2011. Eu participei do primeiro encontro, onde, dentre muitas coisas boas que ocorreram, tivemos a palestra do Renato Curvelo, sobre crimes na internet. Eu adoraria poder estar presente neste próximo Encontro, e como disse ontem ao Cláudio André por telefone, não vou medir esforços para lá está. Mesmo não podendo vou tentar dar minha contribuição de longe.

Transcrevo abaixo uma parte do referido texto do Claúdio André, doravante, chamado Poeta.

ANONIMATO: SERÁ O TEMA DA PALESTRA DE RENATO CURVELO

O renomado advogado bonconselhense, Renato Curvelo, estará fazendo uma palestra no II Encontro de Blogueiros de Bom Conselho, que será realizado no dia 28 de agosto, no Educandário Menino Jesus de Praga. O tema da palestra será "O ANONIMATO". Acreditamos que será um tema bastante dicutido. Para aqueles que usam este tipo de expediente, convido-o para o encontro. Renato Curvelo, pela sua experiência advocatícia, focará as discussões explicando até onde o "anonimato" não é crime. Até onde o "anonimato" é correto. Esconder-se num pseudônimo ou usar o título de anonimato é covardia ou não?
Perante a justiça o que "anonimato? Crime? Pois, bem, todas essas dúvida serão tiradas neste evento, que será aberto ao público.”

Penso ser este um tema de crucial importância e que merece ser abordado no referido evento. Eu já disse aqui, e não me lembro quando, que sou a favor do anonimato, em certas ocasiões, embora não tenha nada anônimo nos meus escritos (a não ser o pseudônimo que uso, Zé Carlos, e que grande parte dos blogueiros não sabe quem é, e quero deixar assim). Outros são contra, e muitas vezes se comportam como anônimos tirando proveito do anonimato. É um debate que vem de longe e que envolve principalmente os meios de comunicação modernos, como a internet e é muito interessante que seja abordado no encontro.

Aqui não é lugar, no momento, para defender minhas posições. Eu queria primeiro, num esforço didático, influenciado pela boca torta que ensinar, durante 35 anos, me deixou, lançar o debate, pois sei que seriam necessários vários dias apenas para roçar e acariciar tema tão complexo e espinhoso em todos os sentidos. Então, pensei numa enquete que esquentasse a cabeça das pessoas para um debate mais detalhado antes,  durante e depois do Encontro. Seria obter resposta para uma pergunta muito simples:

Você é a favor ou contra o anonimato?

Quem é contra ou a favor sabe que o assunto não é tão simples, e nem mesmo a definição de anonimato é pacífica, quanto à sua aplicação aos casos dos meios de comunicação. Em  próximas postagens eu transcreverei alguns textos que têm autores e são todos conhecidos. Mas não publicarei os seus nomes, para evitar a politização (não que seja um mal) do povo de minha terra, tentando obter o maior grau de neutralidade possível nas suas interpretações. Estamos numa fase onde se eu disser que um dos textos foi escrito pelo Fernando Henrique Cardoso, alguns nem lêem e já são contra ou a favor. O mesmo aconteceria se dissesse que foi o Lula que escreveu, neste caso, uma grande maioria, mesmo achando que seria mentira, já também tomaria uma posição.

Estamos lançando hoje a nossa enquete e ela durará até o dia 30.08.2011. Exatamente 2 dias depois do II Encontro de Papacaceiros. Como todos já sabem, cada computador pode votar somente uma vez. No entanto, quem quiser poderá mudar seu voto de acordo com as informações que forem lhe chegando à cabeça, até o grande momento do Encontro, onde eu espero todos tenham uma opinião formada sobre o “anonimato”. Para que todos já possam começar a votar com aquelas convicções que já tem, colocamos 3 alternativas de resposta: a favor, contra e ainda estou em dúvida.

Discutam em casa, com os amigos, levem a discussão para rua e votem. Deem sua opinião em nosso Mural, mande e-mails que publicaremos suas opiniões. O Monteiro Lobato dizia que “uma nação se faz com homens e livros”, isto no século passado, agora podemos acrescentar, e com a internet também. Vote.

Friso, enfatizo e brado que os textos que cito, tanto nesta postagens como nas seguintes ( a nãos ser que diga o contrário), não foram escritos por mim. Aqueles que lidam com o tema já reconhecerão seus autores e desculpem-me se os faço reler. Aqueles que são leigos nele, espero que os leiam e espero também que sirvam para esclarecer o assunto. Não percam as minhas próximas postagens para terem acesso aos outros textos, sem esquecer que não fui eu quem os escreveu e de lerem outros sobre o tema.

Por enquanto estamos prevendo três postagens, contando com esta. 

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(Textos)

“Uma das frases marcantes do economista austríaco Ludwig von Mises é "Somente ideias podem suplantar ideias". Ideias, no entanto, não se disseminam no vácuo.  Durante milênios, as ideias disseminaram-se por métodos tradicionais, tais como boca a boca, papiros e pergaminhos.

Os governos, desde sempre, lutam contra a massificação da informação não controlada.  A batalha entre a censura e a livre expressão é milenar.  Sócrates foi condenado à morte por "corromper os jovens", e os governantes, na antiga República Romana, instituíram censores a partir do século V a.C., para regular os "bons costumes".

A partir do século XV, o custo da disseminação de informações no Ocidente diminuiu substancialmente devido à tecnologia da prensa tipográfica e à criação do livro no formato moderno. Nessa época, como resposta às ideias de Lutero e outros, consideradas perigosas, a Igreja Católica baniu e queimou milhares de livros e processou autores por heresia, inclusive condenando vários à fogueira.

À medida que o número de jornais cresceu e a informação passou a ser mais bem difundida na Europa do século XVI e XVII, cresceu também a preocupação dos governantes quanto à sua sustentabilidade no poder.  Os impostos eram coletados presencialmente, sob ameaça de confisco dos bens remanescentes ou prisão, em caso de inadimplência.  E com o crescente número de guerras europeias, os governos aumentaram os impostos, provocando reações da população.  Os jornais serviram de meio para algumas críticas da população, assustando os governantes, que contavam com os jornais como veículos exclusivos de divulgação de propaganda governamental.

O copyright, por exemplo, teve origem nos esforços dos governos europeus de controlar o conteúdo dos livros e jornais. Com o copyright foram estabelecidos "direitos de impressão de cópias", que serviam como controles tanto para a produção quanto para a comercialização de livros, controles esses por meio dos quais o governo conseguia regular o conteúdo e obter espaço importante para a divulgação de propaganda.

Do outro lado do Atlântico, é possível que a Revolução Americana de 1776 não houvesse ocorrido não fosse a crucial participação da imprensa nas décadas que a antecederam. Nesse período, a circulação de jornais cresceu exponencialmente, beneficiada por uma modesta liberalização dos herméticos controles da coroa inglesa à imprensa, especialmente nas colônias.

O panfleto de Thomas Paine — "Common Sense" — dissecou argumentos para a libertação das colônias em uma época em que ainda não havia consenso sobre a independência da Inglaterra. Durante seu primeiro ano de circulação, 500.000 cópias foram vendidas, em numerosas 25 edições. Tal número é ainda mais impressionante se levarmos em conta a população total das colônias à época — apenas 2.400.000 habitantes, incluindo escravos e índios, crianças e idosos. "Common Sense" teve crucial importância para a consolidação das ideias de independência.

Neste século XXI, no entanto, o principal meio de disseminação de ideias — principalmente daquelas ideias antagônicas ao status quo e ao mainstream — tem sido a internet.  Durante o século XX, as ideias eram principalmente difundidas por livros, editoriais em jornais, revistas especializadas e alguns programas selecionados de televisão. De alguns anos para cá, porém, jornais passaram a ser principalmente provedores de serviços, e subsidiariamente provedores de notícias locais, de esportes e de política. Os jornais dotados de conteúdo editorial e análises profundas — veiculadores de ideias no segmento de impressos diários — estão perdendo espaço mundialmente.

Adicionalmente, inclusive no que tange a noticiário sem análise, a internet já supera os jornais. Nos Estados Unidos, desde 2008, a internet supera os jornais como fonte de notícias em geral, e hoje cerca de 41% dos americanos obtêm notícias pela internet, que é superada apenas da televisão, com 66% de participação.  E entre os homens com idade entre 18 e 49 anos, a internet já supera a televisão como fonte de notícias.

E ainda mais recentemente, os livros e jornais estão migrando para formato eletrônico, e são utilizados em dispositivos como o iPad, Kindle e celulares.

O rádio, a televisão e o negócio de livros possuem características muito diferentes das da internet. Nenhum deles viabiliza a divulgação de ideias pela massa de cidadãos comuns. Tampouco são desenhados para comunicação interpessoal em massa. A internet e as novas tecnologias, por outro lado, não só viabilizam a divulgação de ideias pelo cidadão comum como também permitem que os netizens tirem partido de eventuais vulnerabilidades dos sistemas operados por governos ou empresas, agindo à margem do Estado de Direito, como o WikiLeaks tem demonstrado.

Em suma, neste atual cenário, as barreiras à entrada de novos provedores de ideias desapareceram, e a tecnologia permitiu a viabilização de inúmeros nichos formados por produtores e consumidores de ideias questionadoras do conformismo massificante comum à mídia de massa e ao mainstream.  Decerto, a internet não possui uma ideologia nativa, mas sua estrutura e tecnologia favorecem o dinamismo de pensatas, liberais ou não, que outrora não obtinham eco.”

(Continua na próxima postagem, onde serão definidos: anonimato, pseudônimos, heterônimos, ortônimos e outros bichos ligado ao tema)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - Eu sou um bi-avô


Miguel Cordeiro Lima


Como dizia o sambista Billy Blanco, falecido recentemente, “tudo que dá prá rir, dá prá chorar; é só questão de peso e de medida; problema de hora e de lugar; mas, isto são coisas da vida”. Sempre me lembro destes versos em fases como estas onde um único evento nos pega por todos os lados e nos faz rir e chorar, simultaneamente.

Recebi em minha casa, semana passada, minha filha e meus netos. Um, o Davi, já falando como o homem da cobra, e o outro, o Miguel, ainda na barriga da mãe, com vontade de falar, penso eu. No dia 10 deste mês, depois de um conferência médica, pelo seu tamanho, peso e cabeça se resolveu partir para o método, hoje tão simples e eficaz, do parto cesariano, o qual, se em minha época de nascimento existisse com tanta facilidade, minha mãe, certamente, o teria adotado.

Não era fácil parir em Bom Conselho na época em que nasci. Somos da geração que deveríamos amar nossa mães muito mais, senão por outras coisas, mas, pelo sofrimento que elas passaram prá nos botar no mundo. Eu não fiz nada por minha mãe que pudesse compensar seus três dias de sofrimento, enquanto uma parteira esperava pela atividade Divina, fumava cachimbo e guardava suas cinzas para colocar no meu umbigo. Santo remédio contra infecções, dizia.

Hoje não, conferência acabada, decisão tomada, sala de cirurgia e lá estava o Miguel vivo e forte com 4 kg e 53 centímetros, já mostrando que vai ser mais alto do que o Vovô Zé. Este que ficou em casa curtindo o Davi, que, aos 2 anos e meio, não sabia bem o que estava acontecendo, e só repetia de vez em quando, que queria ver sua mãe. Neto bem, filha bem, todos felizes, e eu tentando introduzir o Davi ao Miguel.

A felicidade não chega a ser dobrada, pois ninguém aguentaria tanto, mas aumenta, posso concluir, a cada neto. É como ser bi-campeão nos esportes. Já somos campeões mas, uma conquista a mais sempre é muito bom. Não sei se chegarei a ser hexa-avô, mas se não for, o bi já é muito bom, e sou torcedor do Náutico.

O Miguel já passou alguns dias comigo e já voltou para sua cidade de origem que é Caruaru. Mas, quando ele chegar a ser Senador da República eu farei questão de levá-lo a Bom Conselho e dizer que ele nasceu em Caldeirões dos Guedes, na mesma casa onde nasceu a avó e que já foi também a sede da CIT Ltda. Vai ser uma festa.

O Davi, pela a idade, já sei que não será um político de sucesso, pois com 2 anos e meio, já sabe todas as vogais, com teste na escola e tudo. As outras letras eu fico ensinando em casa com um joguinho que se houvesse na minha época eu não teria sofrido tanto na Carta de ABC. É um quebra cabeça em que cada peça representa uma letra  que se encaixa com uma figura cujo nome começa com a letra correspondente. Por exemplo, A se encaixa com uma Árvore, B se encaixa com Bola, etc. Ele já sabe todas e com grandes variações ensinadas pelos pais e por mim, que me confesso um deseducador de netos.

A brincadeira que mais rendeu foi aquela em que em que ele dizia, por exemplo: “A letrinha C de Carro”, em seu linguajar peculiar. Nas sessões de deseducação, longe dos pais, eu ensinava:

- A letrinha P de Político!

- A letrinha L de Ladrão!

- A letrinha D de Dinheiro!

- A letrinha P de Povão!

E meu neto, mesmo ficando sem entender muita coisa repetia tudo, ficava satisfeito quando eu começava a jogar outra vez e dizia:

- A letrinha P de Político!

- A letrinha B de Bom!

- A letrinha N de Não!

- A letrinha G de Gatuno!

Ele não notou a falta de rima, mas entendeu a solução.

Espero que, até a idade dele “se por de gente”, o nível da política neste país o leve a ter orgulho dele, mais do que eu tenho hoje. Mas, não quero politizar minha felicidade dupla. Já estou com saudade outra vez. Caruaru, me aguarde....

domingo, 24 de julho de 2011

Crime e Castigo




Por Zezinho de Caetés

Nunca na história deste país houve um fim de semana tão rico em fatos já passados e sabidos e que sempre voltam para atormentar os governantes. Mas, também há fatos novos, como os acertos políticos da presidenta ao enfrentar a corrupção, chocando-se de frente com pusilanimidade de Lula no trato destes assuntos.

O que ela não pode fazer é repetir o meu conterrâneo, dizendo que não sabia de nada. Pois se o fizer, ela estará passando um atesta de incompetência administrativa de tal ordem, que jamais alguém acreditará em nada do ela diz, do ponto de vista de uma gerente, assim como já penso dela como política.

Por ora, enquanto o Lula passeia mais uma vez pelo país arrebatando todos os títulos de doutor que ele plantou durante seu governo, e não reage, está tudo bem. No recesso parlamentar nem deputado, nem senador, nem partido funciona. Vamos ver em agosto, mês sempre difícil pela história política que se encaixa nele.

Nem era preciso este nariz de cera para o texto que abaixo apresento do jornalista Ruy Fabiano, que tem como título “A criminalização do Poder”,  mas o Zé Carlos, igual ao Diretor Presidente não quer que simplesmente copiemos e colemos, mas ele só já bastava, leiam e continuem a meditar.

“O que mais surpreende no caso das denúncias que envolvem o Ministério dos Transportes é que alguém ainda se surpreenda com o que lá ocorre. Não há novidade nem no conteúdo, nem na forma, nem muito menos nos personagens que protagonizam o espetáculo.

A novidade talvez esteja no fato de que o governo ensaiou uma devassa, demitiu o ministro, mas, na sequência, investiu apenas contra os escalões inferiores. Manteve no comando Paulo Sérgio Passos, braço direito do ministro demitido.

A seguir, abriu negociações políticas com o chefe da patota, dono do PR (que, pasmem, significa Partido Republicano!), deputado Valdemar da Costa Neto, um dos protagonistas do Mensalão, que renunciou ao mandato para não ser cassado.

De que valem as 16 demissões até aqui havidas se o núcleo do sistema que sustentava as ações dos demitidos continua intacto? Valdemar continua sendo um interlocutor político do governo, que promete manter o seu partido onde está, com as regalias acertadas.

E quem é Valdemar? É preferível que os fatos falem por si. Recapitulemos um deles. Em 15 de agosto de 2005, a revista Época relatava uma reunião ocorrida em junho de 2002, no apartamento do deputado petista Paulo Rocha, em Brasília, em que se negociava a adesão do PL (hoje, PR) à candidatura de Lula.

Presentes, além do anfitrião, de Valdemar e do próprio Lula, José Alencar (que era do PL), José Dirceu e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. As aspas, a seguir, são para o narrador da história (cujo teor dispensa comentários), o próprio Valdemar:

“O Lula e o Alencar ficaram na sala e fomos para o quarto eu, o Delúbio e o Dirceu. Comecei pedindo R$ 20 milhões para levar uns R$ 15 milhões. Daí ficou aquela discussão. Uma hora, o Zé Alencar entrou e falou: “E aí, já resolveram?” (...) Falei: “Vamos acertar por R$ 10 milhões”. Voltamos para a sala e avisamos: ‘Está fechado’”.

A sequência é conhecida: Delúbio apresentou Valdemar a Marcos Valério, que lhe fez os repasses. E, como é comum em “operações financeiras não contabilizadas”, surgiram contratempos: Valdemar diz que recebeu “apenas” R$ 6,5 milhões e não os R$ 10 milhões acertados. Valério diz que pagou tudo. Etc.

Era uma prévia do mensalão. Quando a presidente Dilma acertou o apoio do PR a seu governo, dando-lhe nacos da administração pública, sabia com quem estava falando.

Além dos episódios do Mensalão, houve o segundo governo Lula, em que o PL virou PR e continuou governista, comandando o mesmo Ministério dos Transportes, que, como os demais, estavam sob a supervisão da então ministra-chefe da Casa Civil e mãe do PAC, Dilma Roussef.

Não se pode, pois, alegar desconhecimento de causa. Todos se conhecem perfeitamente bem.

O dado novo, no caso presente, foi justamente o esboço de devassa, que pode ter sido provocada pela imprensa, embora se diga que o próprio Planalto foi a fonte que municiou a revista Veja, que fez as denúncias.

Em todo o caso, mexeu-se na ferida. A assepsia foi interrompida porque houve pressões e intervenções de gente influente. O próprio Lula ponderou que não se deve fustigar os aliados para não criar problemas políticos mais graves.

Volta-se então ao lugar de sempre: é um problema sistêmico, inerente ao presidencialismo de coalizão, que forja maiorias compradas, e por aí afora.

O PR vendeu os seus votos em troca do Ministério dos Transportes, com “porteira fechada”. Tudo ali está sob seu comando.

Se mudar, pegará seus votos de volta, o que será danoso para o governo etc. Se for atendido, a farra continua e o contribuinte paga a conta.

Confiança (necessária até em operações desse tipo) é como um cristal: quando trinca, não tem mais remédio. Dilma começou a devassa e perdeu a confiança dos aliados fisiológicos. Não deve pará-la.

Deve correr todos os riscos, ainda que lhe custe caro. Terá problemas (já está tendo) de qualquer maneira, já que rompeu o padrão vigente nesse tipo de aliança.

Prosseguindo, terá apoio da sociedade, que a verá como a primeira a desafiar a criminalização do poder. Não é pouco: garante seu nome na história.”

E as semanas seguem inglesas e brasileiras...




Por Zé Carlos

Como sempre, apresentamos um resumo da semana feita pelo pessoal da UOL. Temos que rir para não chorar. Abaixo a apresentação do vídeo pela equipe de sua produção e o vídeo. Um bom domingo.

“A semana foi uma tapa na cara dos poderosos. Mas também teve muito afeto, com o deputado Tiririca beijando o nariz de colega, e Lula osculando boca e nariz de uma militante. Enquanto o magnata da mídia Rupert Murdoch sofre nos tribunais da Inglaterra por grampear telefone de dezenas de pessoas, José Sarney anunciou no Maranhão que não mais vai concorrer em eleições. Ou seja, em 2014 ele desaparece da política. Para fechar esta edição do “Escuta Essa!”, mais uma semana com denúncias e demissões no ministério dos Transportes.”

sábado, 23 de julho de 2011

O chefe de quadrilha e o imortal




Por Zezinho de Caetés

É tanto assunto já escrito, que me dá preguiça de escrever. Ontem vi um texto do José Dirceu, acusado de ser o chefe da quadrilha do mensalão, cujo título era muito claro, para quem viveu um pouco a política no Brasil contemporâneo: “A opção da oposição pelo udenismo”, onde ele quer mostrar que os escândalos que pipocaram recentemente na mão da presidente, é intriga da oposição, como fazia a UDN no século passado.

Hoje já li um texto do imortal Merval Pereira com o título de “Dilma e sua Armadilha”, no qual ele procura ver esta tendência da oposição em resumo, citando um frase de Brizola onde ele chama o PT de: “UDN de macacão”.

Eu transcrevo os dois textos abaixo, colocando o do José Dirceu em vermelho e o de Merval Pereira em azul. Nos folguedos do pastoril em sempre torci pelo cordão azul. Julguem os senhores para minorar a modorra deste fim de semana.

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“Nada mais ilustrativo da total ausência de projetos, propostas e alternativas por parte da oposição do que o clima com feições udenistas que se tenta criar com o beneplácito e a estridência de setores da grande mídia.

O momento requer um recado claro em alto e bom som a essas forças do atraso: o Brasil seguirá sua rota de desenvolvimento sustentável com crescimento econômico e distribuição de renda.

O movimento inicial da parceria oposição-mídia se deu nos primeiros meses do governo Dilma Rousseff, quando a tentativa foi de cooptar e mudar as políticas com pressões para a administração mudar o modelo econômico.

O objetivo era fazer Dilma abandonar o ex-presidente Lula e o PT, algo que realmente só faz sentido para quem desconhece a relação profunda entre os dois governos, os dois presidentes, o PT e os demais partidos da base aliada.

Sem conseguir êxito, a ação passou a ser o velho recurso do denuncismo desenfreado, para tentar criar um clima de “mar de lama”. Nesse contexto, a oposição deixa de lado de debater as principais questões políticas e econômicas do país, com as quais poderia contribuir com papel importante. Aliás, são essas questões que preocupam os brasileiros.

O país pede um debate sério e comprometido sobre como superar adequadamente a crise internacional que ainda assola a Europa e os EUA e pode trazer novas ondas negativas à economia mundial.

O que se quer é refletir sobre as conquistas que o governo conseguiu no enfrentamento da primeira onda da crise e buscar as melhores maneiras de nos proteger e fazer valer nossos interesses nacionais.

O problema é que fazer isso pressupõe primeiro o reconhecimento das ações positivas que o governo já tomou, como os extraordinários investimentos públicos e privados na infraestrutura do país. Em seguida, pressupõe apresentar alternativas, o que a oposição não tem.

Resta, assim, o denuncismo, não importando se há comprovação ou não das acusações. Sem o reconhecimento de que o país está preparado hoje para investigar, fiscalizar e punir, pois possui órgãos de controle e fiscalização do Estado —que, inclusive, são a origem da maioria das denúncias.

As instituições democráticas nunca tiveram tanta independência e autonomia como hoje —para se ter uma ideia, nos governos tucanos, o procurador-geral da República ganhou a alcunha de “engavetador-geral da República”.

Ora, o objetivo dos que transformam de novo a questão ética e moral em principal campo de batalha não é a luta contra a corrupção, mas sim golpear o governo Dilma e o PT.

São práticas usadas pela UDN (União Democrática Nacional), existente no país de 1945 a 1965, o mais reacionário e golpista dos partidos na história brasileira. A ação udenista consistia em adotar o denuncismo desenfreado, ainda que sem fundamento, para propagar um falso “mar de lama” e desestabilizar os governos.

Foi assim com Getúlio Vargas, que acabou se suicidando em 1954; foi assim com as conspirações e difusão do medo do comunismo que levaram à derrubada do regime democrático em 1964 e a instalação de 20 anos de governo militar autoritário.

Enquanto oposição e grande mídia jogarem esse jogo, não haverá espaço verdadeiro nesses canais para debatermos a reforma política, a reforma tributária, as melhorias em Educação, os avanços na Saúde, as políticas para a juventude, o equilíbrio cambial e as medidas de fortalecimento da indústria, desenvolvimento tecnológico e inovação.

As forças que apoiam o governo Dilma precisam estar atentas a essas práticas nocivas ao ambiente político profícuo. É preciso difundir o que o governo tem feito via canais democráticos de discussão e transmissão de informações, como a blogosfera.

A opção da oposição pelo udenismo é uma tentativa de nos empurrar uma agenda que não interessa ao país e à sociedade. Cabe a nós intensificar nossa ação política para levar adiante a agenda comprometida com a melhoria do país.”

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“Pesquisas encomendadas pelo Palácio do Planalto mostram que a opinião pública está gostando do termo “faxina”, e o marketing oficial vai investir nesse conceito. Certamente será mais difícil fazer uma campanha publicitária na base da limpeza ética do que foi, por exemplo, nos idos dos anos 1960 para Jânio Quadros, que se elegeu tendo como símbolo uma vassoura para varrer a sujeira que acusava Juscelino Kubitscheck de ter produzido.

Mas Jânio era da UDN, e JK do PSD, um combatia o outro e a polarização era natural. É interessante até notar que os petistas têm mania de acusar os que denunciam as irregularidades no governo de “udenistas”, para transformar as denúncias em meros reflexos de um moralismo hipócrita.

E também é engraçado lembrar que Leonel Brizola colocou no PT o apelido de “UDN de macacão”, justamente por que o PT baseou toda sua luta política, até chegar ao poder, nas denúncias contra os governos do momento, fossem eles quais fossem.

O PT se vendia ao eleitorado como o guardião da ética na política, e hoje se transformou em vidraça, acusando os que o acusam do mesmo moralismo inconseqüente.

Hoje, Dilma está no Palácio do Planalto por obra e graça de Lula, e seu papel é o de realizar um governo de continuidade, para isso foi eleita.

Como então fazer uma faxina geral onde se pressupõe o prosseguimento dos mesmo projetos, dos mesmos planos, que aliás eram coordenados por ela, Dilma, que na Chefia do Gabinete Civil era uma espécie de alter ego de Lula, a se acreditar na campanha eleitoral que a elegeu?

A própria presidente Dilma, em conversa recente, declarou-se um "avatar" de Lula.

As circunstâncias políticas fizeram com que a “faxina” tenha começado pelo Ministério dos Transportes, por coincidência (ou não) um dos muitos ocupados por indicações pessoais do ex-presidente Lula.

E, para azar de seus pecados, um ministério onde as principais obras do PAC estão aninhadas, o que equivale dizer que essa “faxina” deveria ter sido feita lá atrás, quando Dilma despachava quase que diariamente com o então ministro Alfredo Nascimento, responsável por todos os órgãos hoje envolvidos nas denúncias de corrupção.

Na crise do ex-ministro Antonio Palocci (outra indicação pessoal de Lula, por sinal), a presidente Dilma agiu com lentidão, e acabou tendo sua imagem prejudicada junto com a do seu principal ministro, e justamente por isso nessa segunda crise está agindo mais rápido.

E está dando certo, está sendo bem percebida pela opinião pública. É evidente que ela sai dessa crise com maior apoio de setores que provavelmente não votaram nela, uma classe média dos grandes centros urbanos que tende a votar com a oposição justamente devido, entre outras coisas, a valores como a questão da corrupção governamental.

Esses eleitores-cidadãos estão vendo nas atitudes da Dilma uma mudança de posicionamento que lhes agrada, e continuam dando um voto de confiança à presidente para ver se ela está realmente se afirmando nesse combate.

Essa mudança de estilo de governar diz muito, mas ainda não está claro o que surgirá dessa metamorfose. Ela certamente perde apoio no Congresso ao não aceitar que o pragmatismo que marcou o relacionamento de Lula com os aliados prepondere, acima dos valores éticos da atuação política.

Vai ficar muito fragilizada junto à sua base aliada por que além do PR que está na berlinda, todos os demais partidos da base devem estar muito inseguros com essa mudança de ventos, com a nova maneira de a banda governista tocar.

Ainda mais tendo Lula como padrinho, dando palpites sobre a adequação das medidas e insinuando que ös inocentes" têm que ser readmitidos.

Não é por acaso que os parlamentares do PR, e até mesmo do PMDB, já estão ameaçando engrossar as assinaturas para a convocação da CPI do Ministério dos Transportes, uma maneira de pressionar o Palácio do Planalto, pois faltam apenas quatro assinaturas para a oposição conseguir convocar a CPI.

Além do mais, a presidente, se colocando nesse caminho, está armando uma armadilha para si própria, pois vai ter que agir da mesma maneira em qualquer outro ministério em que apareçam acusações de corrupção.

E elas aparecerão, por que o “fogo amigo” vai continuar a atuar firmemente, não há dúvidas de que o PR já está fazendo levantamentos sobre o PT, o PMDB, e outros partidos que porventura estejam envolvidos em tramóias, para criar uma situação de constrangimento generalizado, ou até mesmo exigir isonomia no tratamento dos aliados.

Não foi à toa que o diretor do Dnit indicado pelo PT, Hideraldo Caron, acabou tendo que pedir demissão. Ele estava conseguindo se segurar no cargo às custas de muita pressão do partido, mas acabou tendo que sair quando surgiram denúncias de corrupção na sua área de atuação direta.

Antes mesmo das denúncias, porém, a presidente Dilma já o havia tirado das reuniões do PAC em que ele seria o relator do andamento das obras, ocasião em que pretendia demonstrar seu prestígio junto ao Palácio do Planalto.

A presidente Dilma terá que enfrentar uma rebelião em sua base aliada, mesmo que seja uma rebelião surda, que não se explicite em denúncias como as que, vindas do PTB, que também estava na base aliada de Lula, desencadearam a crise do mensalão. Somente um aliado sabe do papel de cada um nas negociações internas, e pode fazer esse tipo de denúncia.

A presidente Dilma está agindo certo, desde que tenha um Plano B para enfrentar essa rebelião previsível. Se suas atitudes obedecerem apenas a um voluntarismo sem base de sustentação política, certamente temos uma crise institucional grave a caminho.”

Tristes papeis




Por Zezinho de Caetés

Nada como um texto de um imortal para meditar no fim de semana. O Merval Pereira, nosso mais novo imortal, e cada vez mais, escreve “Triste papel” em O Globo, para mostrar a quantas anda as relações entre os poderes em nossa democracia. O meu título é no plural porque eu incluo outros personagens.

Na teoria e constitucionalmente, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, deveriam serem independentes e harmônicos. Aqui no Brasil, eles sempre foram dependentes e desarmônicos. Sempre quem ganhou na briga foi o Executivo. E este triste costume, não fica só no nível federal de governo. Nos estados e municípios, governadores e prefeitos, quase sempre são sinônimos de rei, quando não se colocam no papel de deuses.

Hoje vivemos um triste momento, em grande parte, gerado pela herança maldita que o Lula nos deixou, ao ter sido leniente e omisso nos casos escabrosos de corrupção que começaram em seu governo e que continua no governo atual. Sempre com a promessa de cadeia para os criminosos, mas com a ideia estapafúrdia de que as provas contra cada criminoso sejam tantas que ultrapassam o bom senso e levam à sensação de impunidade. Tivemos os 40 ladrões do mensalão, os aloprados, a Erenice, o Palocci, e agora o PR, já conhecido como o Partido da Roubalheira.

Ora, depois de serem pegos com a mão na botija agora partem para a chantagem com a Presidenta, se apegando ao um princípio ético importante quando bem usado, que resume uma frase bem conhecida: “Ou se restaure a moralidade, ou nos locupletemos todos”. Com outras palavras, ou se coloca o PT para ficar conhecido como o Partido Trambicagem ou calemo-nos e sigamos em frente.

Se este episódio lamentável terminasse aqui, tudo bem. Mas, sabemos que há todo um processo para desestabilizar o governo da presidente, e a cada dia aparecerá um escândolo. Os áulicos dirão que é uma trama da grande imprensa, da elite carcomida, dos vencidos, etc. Quando na realidade, esta é a forma mais adequada embora cruel de fazer do Lula o único que pode arcar com a solução dos problemas. E cada dia mais ele dá as cartas de forma agora muito mais clara.

Eu nunca vi um ajudante inaugurando obras e gastando o dinheiro público para dizer que apoia a presidenta em tudo. Ele está voltando e só a oposição ainda não viu. É uma pena que a primeira mulher presidente, vá sair do governo com a fama de incompetente desta forma. Que ela era incompetente eu sempre previ, mas com atesta passado em cartório e assinado pelo Lula é demais. Eu chego até a ter pena dela. E teria ainda mais se soubesse que ela não estaria por dentro deste complô sórdido. Mas, é difícil acreditar.

Agora fiquem com o imortal, que diz coisas de uma forma melhor do que eu o faço. Eu nem sonho em ser imortal.

“Enquanto a presidente Dilma prossegue na sua ação saneadora no Ministério dos Transportes, para espanto de seus aliados no Congresso e também do próprio ex-presidente Lula, que estaria preocupado com o risco de isolamento que a presidente correria, podemos assistir a um desfile de desfaçatez que exemplifica bem a deterioração das relações políticas nos dias atuais.

O líder do Partido da República, que está no centro do alvo da limpeza ética que se processa sob a orientação da presidente, não se constrange em mais uma vez utilizar a arma da chantagem política para tentar reequilibrar o jogo, a esta altura francamente desfavorável a seu partido.

O deputado Lincoln Portela acha que as demissões a conta-gotas estão desgastando o seu partido diante da opinião pública, e diz que o governo está "demonizando" o PR, lembrando os bons serviços prestados pelo partido, na sua encarnação PL, com a indicação de José Alencar para a vice-presidência de Lula.

Esqueceu-se o nobre deputado que está na origem dessa escolha, numa reunião entre Valdemar da Costa Neto e Delúbio Soares, com a presença de José Dirceu, uma das pontas do mensalão.

Não podendo discordar da decisão da presidente de demitir os envolvidos em corrupção, finge que está apenas querendo equilíbrio nas decisões. "A balança tem de ser uma só", disse ele, pedindo de maneira pouco sutil a cabeça do diretor de infra-estrutura do Dnit, Hideraldo Caron, indicado pelo PT que continua aparentemente firme no cargo.

A ameaça mais ostensiva o deputado deixou para o fim da entrevista, quando fez uma previsão sobre os trabalhos no Congresso no segundo semestre, depois do recesso legislativo: "Se o governo federal não mudar a forma de tratar a base, haverá problemas na condução dos trabalhos legislativos no segundo semestre".

Nesses comentários de fim de expediente estão reunidos vários ingredientes para uma crise institucional grave: a disputa de nacos do poder com o PT; a percepção de que o PR está perdendo terreno dentro do governo e, pior que isso, está sendo desmoralizado perante a opinião pública; e a ameaça de, com seus 41 deputados e sete senadores, dar o troco no governo em alguma votação importante no Congresso.

A facilidade com que os partidos da base ameaçam o governo em busca de melhores posições na sua estrutura, ou simplesmente atrás de liberação de verbas, só se torna aceitável numa democracia que se acostumou com distorções funcionais que vêm de longa data, com o Executivo subjugando o Legislativo e o Judiciário tomando para si a tarefa de legislar ou de interpretar a Constituição mesmo contra o que está escrito na lei.

O auge dessa situação de submissão do Congresso ao Executivo foi atingido no governo Dilma, que controlou a pauta do Legislativo durante esses primeiros seis meses através da emissão de medidas provisórias ou de projetos de lei com urgência, que impediram a votação de outros assuntos que não fossem os considerados prioritários pelo Executivo.

A estranheza da situação, que ocorreu pela primeira vez na história de nossa vida democrática, foi registrada pela reportagem do "Estado de S. Paulo", mas não recebeu dos senhores parlamentares nenhuma referência.

Ao contrário, o presidente da Câmara, o petista Marcos Maia, atuou sempre em consonância com o Palácio do Planalto, legitimando essa forma de controle do Legislativo pelo Executivo.

Nesse ambiente político, sobra para os deputados que se conformam com a impossibilidade de não terem iniciativas próprias as migalhas do poder, disputadas a tapas dentro da coligação governista. Os poucos que não participam desse conluio têm espaço reduzido nos partidos para atuar de maneira independente.

O favor que os partidos aliados podem prestar ao Executivo é barrar iniciativas que, aprovadas por cochilos dos governistas, tentam superar a situação de submissão em que se encontra o Legislativo.

É o caso da mudança na tramitação das medidas provisórias, que o senador Aécio Neves, de posse da relatoria de um projeto oriundo da própria presidência do Senado, tentou transformar em uma afirmação do Legislativo sobre o Executivo, ao que tudo indica sem sucesso.

As medidas provisórias entram em vigor assim que editadas, e o governo quer que essa prerrogativa continue. O senador Aécio Neves propunha que elas só vigorassem depois de serem analisadas por uma comissão mista do Congresso, que teria um prazo mínimo para verificar se a medida se enquadra nas exigências legais, coisa que hoje não é levado em conta pelo Congresso, que aceita medidas provisórias que não têm nem urgência nem relevância, e também as que tratam de diversos assuntos desconexos ao mesmo tempo.

O mais provável é que o Congresso não imponha ao Executivo nenhuma restrição, e que o Senado apenas ganhe mais tempo para analisar as medidas provisórias, ficando cada Casa com um prazo fixo determinado para a análise do conteúdo das emendas, ao contrário de hoje, quando o prazo é conjunto e quase sempre gasto na Câmara, por onde entram as MPs.

À medida que abrem mão de suas prerrogativas, só resta aos parlamentares um papel coadjuvante no exercício do poder, que se torna protagonista quando estoura algum escândalo.

A pressão política que os partidos da base aliada podem exercer sobre o Executivo, quando abrem mão de programas partidários, será sempre fisiológica, o que os transforma em partícipes secundários do poder, ou potenciais promotores de escândalos. Um triste papel.