Em manutenção!!!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Zé Dileu não teve a sorte do Lula




Por Zé Carlos

E lá vem o Jameson Pinheiro com sua arte. Dá-me vontade de publicar suas imagens sozinhas, e talvez fosse menos chato. No entanto, como o nosso blog não é só de imagens, ficaria mais chato ainda. E aqui estou eu novamente para fazer o nariz de cera.

Hoje o nosso conterrâneo procurou retratar o Lula. Eu penso, pela proximidade de onde nascemos, ele em Garanhuns e nós em Bom Conselho, tenhamos alguma afinidades, ou pelo menos tínhamos, antes dele embarcar para São Paulo, como retirante, para ganhar a vida. Isto aconteceu com muitos de minha família.

Quem, da nossa idade, não lembra de Zé Dileu, a melhor jogador de Bom Conselho, e meu primo, que um dia, foi para São Paulo, como se dizia naquela época, para ganhar a vida. Ganhou a morte aos 30 e poucos anos. Ou seja, nem todos tiveram a sorte de Lula.

Sorte? Não sei bem, mas, o Zé Dileu era honesto. Lula, já não sei até onde poderia afirmar isto. Além de não morrer aos 30 anos, hoje é um dos homens mais influentes do país, e tem um filho que é um dos mais ricos também. Hoje, alguns acham que ele teve “sorte” demais.

Falam aí de um tal de mensalão, de um tal de petrolão, dos quais o Zé Dileu não participou, mas dizem que o Lula sim. Será que ele participou mesmo? Como dizíamos lá no Agreste Meridional (para incluir o Lula), “onde há fumaça, há fogo!”. Quem bolou este ditado não conheceu o picolé de coco quadrado da Sorveteria Danúbio que tanto chupei. Dele, saía fumaça, mas não havia fogo. Seria uma exceção à regra?


Eu acho até que este nariz já está grande demais e está se metendo onde não é chamado. Portanto, fiquem com as imagens do Jameson Pinheiro, que falam por si.










quinta-feira, 28 de maio de 2015

DONA SEVERINA




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Mulher sertaneja. Forte e calejada. Mulher para o que der e vier. Nascida e criada no sertão brabo e de sol escaldante, aonde a chuva escassa às vezes vem molhar a terra estorricada por breve tempo. As noites quentes e de céu estrelado com a luz da lua cheia clareando o terreiro. Sentada em um tronco de uma arvore rezando o terço pedindo proteção, o que fazia diariamente.  Meditando dizia sempre – tenho saúde, o resto que importa, sou feliz! Cuida de dois alqueires de terra deixado pelo seu marido Juquinha, morrido de uma congestão depois de um jantar descansando no alpendre em uma noite de luar, quente sem um pouquinho de vento para aliviar o calor, lembrava. A poeira vermelha assola o seu pequeno mocambo. Dois jumentos fuçam a terra a procura de alguma folha verde, e os bodes, ressente a falta de agua, berram. Mora numa casebre de taipa, de dois cômodos, sala com uma mesa e dois bancos e um quarto com uma cama, na parede o crucifixo com fitinhas amarela e azul. Atrás do mocambo, um fogão pregado na parede. Na sala o retrato do Padre Cicero, seu santo e protetor dos pobres e desvalidos e os retratos de Jesus e do outro lado de Nossa Senhora.  São Francisco de Assis faz parte da sua devoção, lá está a sua pequena imagem na cômoda. O candeeiro, dois, um na sala e outro no quarto. Todo o dia sai com a enxada nas mãos indo para o terreno fofar e esperar que São Pedro abra as torneiras do céu para aliviar o sofrimento do sertanejo. Sua pele é seca pelo sol que leva diariamente. Calos nas mãos. Enrola um pano vermelho na cabeça e pega uma lata e vai apanhar agua em açude aos seiscentos metros, do mocambo, quase seco. Agua salobra somente servia para cozinhar alguns caroços de feijão e quando a sede apertava alguns goles da agua, mas nunca lhe ofendeu o intestino. Mora com ela a sua Bastiana, menina, dos seus dezoitos anos, morena, dotada de um corpo invejável, olhos e cabelos pretos compridos que ajuda a mãe na labuta do dia a dia, indo buscar agua no barreiro. Apareceu doente. Dor de cabeça, enjoo, febre, preguiça e o corpo mole só pedindo cama. Pálida e sem cor. Dona Biu seu apelido ficou preocupada com aquele repentino mal. Pensou naqueles males da mulher quando está de bucho ou naqueles dias, mas mudou de ideia pedindo perdão a Deus pelo mau pensamento, fazendo o sinal da cruz. Vadinho, seu namorado era um rapaz digno não ia fazer uma besteira dessas. Seis léguas separavam o sitio da pequena cidade Sertãozinho. De manhã pegou um bigu no carro de boi de Seu Mané, e levou ao medico Doutor Zeferino. Era medico de todo o mal. Examinou e disse é apenas um mal estar, breve passara. Tome este remédio, dando-lhe a receita escrita com letras tronchas. Levou na farmácia e voltou para casa.  Era devota fervorosa do Padim Ciço e por certo ele ajudaria. Rezando pelo caminho de volta no mesmo carro de boi, com o terço nas mãos prometeu que ia até Juazeiro do Padim Ciço pagar uma promessa se a Bastiana ficasse curada. Os dias se passaram e menina moça se curou. Voltou ao normal, buscando agua no barreiro e fazendo os serviços da casa. Dona Severina, esbouço um sorriso olhando para o céu agradecendo a Deus e ao Padre Cicero Romão, meu Padim e protetor. No mês de maio mês de Maria, na sua casa havia a reza do terço e o canto da ladainha chorosa diariamente, A bandeira branca hasteada na frente do mocambo, em um pau cumprido deixado pelo seu marido, tremulava. Todos que passavam pela estrada sabiam que ali havia reza e devoção pela Nossa Senhora do Rosário. . Vinham mulheres, suas vizinhas, acompanhados de seus maridos e filhos rezarem o terço por volta das seis horas da tarde. Promessa é promessa, dizia. Começou a se preparar para viagem a Juazeiro do Padre Cicero Romão. Passou todo ano ajuntando um dinheirinho que recebia deixado pelo seu marido no Banco do Brasil. Guardava num cofrezinho e escondia debaixo da cama. Ali estava sua economia. Depois de um ano, começou a se preparar, colhendo informação aqui e ali como chegaria ao seu destino, que era rezar de joelhos o terço como prometera olhando para imagem do Padre Cicero, agradecendo a cura da sua filha de uma doença que parecia ser grave. Seu Miguel, sempre fazia romaria, todos os anos. Pagou a sua passagem e de sua filha e no dia acertado se montou no pau de arara coberto por uma lona azul e seguiu o seu destino que era pagar a sua promessa. Com Deus não se brinca! Prometeu tem que cumprir, custe o que custar. A estrada era cumprida, o calor e a poeira vermelha castigavam todos ali. Agua trazida em uma quartinha pequena acabou. Quanto mais rodava o caminhão na sua lentidão pela estrada esburacada o sofrimento aumentava, mas no seu intimo o sacrifício valia a pena, com o seu terço na mão rezando as Aves Maria. Um dia e meio chegaram ao seu destino. Quanta alegria quando disseram “estamos na terra do Padre Cicero Romão”, vivas! Viva! Viva! Todos gritavam quando estavam entrando na cidade. Desceram da carroceria, muitos entrevados, outros cansados. Suados sacudindo as saias às mulheres e os homens tirando o chapéu de couro e limpando o suor com um lenço desbotado. Dona Biu seguiu de imediato para a capelinha. Ajoelhou-se na porta e seguiu a até a imagem de joelho, que lhe doía a cada passo, mas promessa é promessa. Acampou embaixo de uma arvore e estendeu as pernas doloridas e ainda dormentes. Bastiana foi numa bodega comprar alguma coisa para comer, chegando com dois sanduiches e uma garrafa de suco de uva. Olhando para o céu azul sem uma nuvem agradeceu a Deus e um viva bem grande em louvor ao Padre Ciço. De volta trouxe uma imagem do seu Santo, Padre Cicero Romão.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Podemos ser otimistas?




Por Zezinho de Caetés

Eu, como aqueles que me leem sabem, sou um otimista profissional. Mas, nesta profissão atualmente, eu estou desempregado e tive que me reciclar para ser pessimista, mesmo sem vocação. O Brasil está numa situação tão ruim, que o meu conterrâneo, o Lula, se tivesse o ginasial completo, deixaria até de ser ex-presidente, e se empregaria como ajudante de caminhão.

E o pior não é só a situação real. Lembram dos meteorologistas, que hoje estão esquecidos porque há moças bonitas para dizer o que eles pensam, na TV? Eles, quando dizem a temperatura, falam também de uma sensação térmica, que não é real, mas é causada por outros fatores que, para os seres humanos, parece mais quente ou mais fria. A pior situação foi a sensação térmica que nos passaram o PT e seu governos e dirigentes desastrados, nos últimos 12 anos, numa atitude completa de enganação.

Vocês viram, por acaso, sair da boca de Mantega alguma previsão má? Lembram da marolinha de Lula e do SUS dando lição ao Obama? Lembram da campanha da Dilma? Se não, leia o texto do Hubert Alquéres (“Universo Pollyana” – 27/05/2015 – Blog do Noblat), aí embaixo, onde ele conta, em maiores detalhes porque hoje nossa sensação térmica em relação a quase tudo neste país, está diferente do real, embora no sentido contrário do que eles diziam.

Parece até castigo de Deus para punir tantas mentiras que foram ditas nos últimos 12 anos. E, nós, pobres, ricos, remediados e até faquires (o prego para fazer a cama está muito caro) estão mal, muito mal, e a tendência é piorar. O estrago foi feio e só o povo brasileiro, este iludido, não viu, e votou outra vez na Dilma.

Eu não digo que estivéssemos em melhor situação com outro presidente, porque foi grande a destruição do país, mas, pelo menos teríamos mais esperança. A que hoje temos se baseia apenas na saída de Dilma (impeachment, renúncia, afastamento, desde que seja legal, não importa), para que se comece o quanto antes a reconstrução.

Hoje estou pessimista, embora não tenha vocação para isto. Leiam abaixo o texto do Hubert e vejam se não é para ficar.

“Pollyana, aquela garota pobre imortalizada por Eleonor Porter num dos maiores clássicos da literatura infantojuvenil, vivia em universo próprio. Desejava receber uma boneca de presente, mas ganhou um par de muletas. Para não vê-la triste, seu pai lhe aconselhou a ficar satisfeita pelo fato de não precisar de muletas.

Desde então a menina passou a praticar e ensinar às pessoas o jogo do contente, que consiste em sempre imaginar um lado bom nas coisas.

Habitam esse universo muitos membros dos últimos três governos petistas. Não estamos aqui nos referindo apenas ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que foi apelidado de “ministro Pollyana” por seus companheiros de governo. Mas aí se incluem nomes como o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e sua mania compulsiva de desempenhar o papel de Alice no País das Maravilhas inventando PIBs inexistentes e negando todas as crises.

O jogo do contente também tem sido um esporte praticado à exaustão por governistas de calibre mais grosso, a começar pelo ex-presidente Lula, autor de uma frase que nem mesmo Pollyana seria capaz de criar: “Lá (nos EUA), ela (a crise econômica) é um tsunami; aqui, se chegar, vai ser uma marolinha que não dá nem para esquiar”. Soma-se ao time a presidente Dilma Rousseff, que vendeu ilusões na campanha eleitoral e agora entrega uma mercadoria trágica, e o próprio “realista” Joaquim Levy, cuja previsão sobre a superação da atual crise, já em 2016, é um ato de fé.

A crise econômica é muito mais grave do que eles falam e nada justifica o otimismo que vendem. Está mais próxima da verdade a avaliação do economista João Manoel Cardoso de Mello, segundo a qual a queda do PIB deve ficar entre 1,5% e 3% e o desemprego entre 10% e 12%.

Não há jogo do contente capaz de esconder a tragédia que está se formando. A face mais visível para os brasileiros é a inflação, que faz cair ainda mais a renda familiar, e o patamar do desemprego. Entre jovens de 18 a 24 anos, ele já bateu a casa de 17% no primeiro trimestre do ano. Esse é o lado mais perverso: jovens abandonam a escola para tentar entrar no mercado de trabalho e não conseguem.

Governante nenhum deveria imitar Pollyana. Todos sabem que a vida das pessoas não muda por meio da venda de otimismo e alegria que não tem relação alguma com o cotidiano. Se ingressam no universo da heroína de Porter é por pura incompetência ou por desfaçatez, com o propósito nítido de esconder do povo a dura e crua realidade.

Só assim pode ser entendida a manobra arquitetada por Lula e Dilma ao tentar criar uma agenda positiva em junho, com o anúncio de programas que certamente não sairão do papel.

Vem aí, portanto, versões recauchutadas do Minha Casa Minha Vida, PAC, Pronatec, Luz para Todos e assim sucessivamente. O governo vai bater o bumbo, fazer oba-oba e tentar criar um clima favorável por meio de bilionárias campanhas publicitárias.

Enquanto isso a incompetência petista está por todo lado, como na falta, em 17 estados do Brasil, da vacina BCG que protege as crianças recém-nascidas contra a tuberculose. Imunização fundamental que tem que ser aplicada nas primeiras horas de vida.

O alto preço da prática ilusionista já começou a chegar para os petistas. E a um custo trágico para a sociedade brasileira.


A obra Pollyana, ficção que atravessa o tempo, é recomendada mesmo para os jovens de hoje, mas sua imitação grotesca por parte de Lula e Dilma é uma interminável história de horror.”

terça-feira, 26 de maio de 2015

RAIMUNDINHO




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Menino nascido no morro de Casa Amarela. Pai alcoólatra e mãe de profissão duvidosa ele vivia perambulando pelas ruas do morro, descendo escadaria ou por rua enlameada e escorregadia. Vivia pedindo alguma coisa para os vizinhos ou na mercearia e nos bares para se alimentar. O pai vivia mais numa barraca se embriagando enquanto a sua mãe saia do barraco pela manhã e voltava à tarde, com algumas migalhas encontradas pela rua. Não estudava, não sabia ler e nem contar ao quatorze anos de idade. O convite de um colega do morro resolveu dar uma volta no centro do Recife. Desceu as escadarias indo apanhar um ônibus na Avenida Norte, saiu pendurado com o colega. Quase caiu, pois nunca tinha feito esta extravagancia. Chegou à Avenida Guararapes, ficou deslumbrado com os prédios e as pessoas passando de um lado para outro. O rio chamou sua atenção olhando do parapeito da Ponte Princesa Izabel, os barcos deslizando pelas aguas turvas. Ao meio dia nada de comer, pois não tinha dinheiro. O colega já feito na rua chamou-o para ir até a Praça do Sebo. Lá tinha variados bares e por certo algum tira gosto o sobrava e ele já acostumado, pois uma garçonete lhe dava o resto em uma lata de doce. A noite não foi para casa. Ir para a casa ver o pai bêbado deitado no sofá esfolado e sua mãe sentada em um tamborete velho pego no lixão com um cigarro no bico, não gostava. Vou começar me acostumar por aqui. A noite junto com outros meninos se agasalhou na calçada dos Correios e Telégrafos. O tempo foi passando e o silencio da noite era somente quebrado por alguns carros que circulava. Os moradores da rua iam se aglomerando, cada um com pedaço de papelão e cobertores rasgado e fedidos. Passou mais ou menos seis meses sem dar a cara em casa. Um dia voltou e encontrou a mesma miséria, pai bêbado e a mãe em lugar ignorada. Voltou para o Recife. Aqui é meu lugar. Os colegas o chamavam para pequenos roubos, fumar maconha e tomar drogas, nunca quis, queria sim ter uma vida melhor e nunca como à dos seus pais. Em uma batida policial foi agarrado com outros meninos recebeu uma advertência. Saiu da Avenida Guararapes, atravessou a ponte de ferro e seguiu pela Rua Imperatriz até a Praça Maciel Pinheiro. Comprou uma caixa de engraxate e começou a engraxar nas imediações da Rua do Hospício, Aragão e Imperatriz. Seu ponto era a Praça, sentado esperando algum freguês. Com o dinheiro que ia ganhando com o trabalho, arranjou um cantinho para dormir por trás do Hotel Avenida, pela caridade do Seu Osvaldo. Todo o dia ali estava ele com a sua caixa de engraxate. Certa tarde, em um sábado, ali sentado um carro grã-fino estacionou. Uma bela senhora, rica e cheia de joias, desceu com a bolsa aberta. Não sentiu que uma carteira tinha caído no meio fio. Ele viu. Não pensou duas vezes, chamou à senhora. Ela olhou com desprezo e medo daquele menino. Ia correr mais ele chamou duas vezes – Moça aqui esta sua carteira ela caiu quando a senhora desceu do carro. A mulher olhou e pegou a carteira com todos os documentos e dinheiro. Abriu a carteira deu-lhe uma nota e enquanto caminhava para assistir a missa na Matriz da Boa Vista. Olhou e sorriu para ele. No termino da missa caminhou de volta para apanhar o carro que já se encontrava parado e ele sentado no seu banco. Ela chegou para ele, e disse quer limpar o terreno da minha casa? Vou senhora! Onde é? Lá em Boa Viagem. Tome o dinheiro e segunda feira vá à Rua Domingos Ferreira. Deu-lhe o endereço. Ele ficou alegre com o convite. Já estava estudando no colégio Municipal à noite e já sabia ler escrever um pouco. Chegou por volta das oito horas com a caixa de engraxate nas costas. Desceu do ônibus e encontrou logo a casa. Muito grande. Terreiro cheio de flores e arvores. O mato tomava conta de quase toda área. As folhas voavam de um lado para outro. Bateu e um senhor veio lhe atender. Não sabia o nome da senhora, mas o atendente já sabia do acontecido. Mandou entrar e perguntou se já tinha tomado café. Claro que não, respondeu. Venha tome café aqui. A mesa cheia de bolos, queijo, frutas, sucos e leite coisa que ele nunca viu e não sabia por onde começar com aquela mesa farta enquanto ele no dia a dia tomava um cafezinho dado pelo garçom Elias na Rua do Hospício, resto de fregueses que deixavam em seus pratos. A senhora rica Dona Estelita entrou e disse – tome a vassoura esta pá e o enxadão a vá para o terreiro limpar. Terás todo o dia para realizar este serviço. Limpou tudo deixando um brinco, sem nenhum a folha, graveto no chão colocando tudo em um saco dado pelo empregado mais velho. À tarde a senhora pagou-lhe e contratou para toda semana ir fazer a limpeza. O trabalho de Raimundinho agradou a bela e generosa senhora. Viu naquele rapazinho que ele tinha bons costumes. Certo dia ele já com algum dinheiro foi ate o morro visitar a família, pois fazia tempo que isto não acontecia. Tudo do mesmo jeito, apenas a mãe perguntou por onde ele andava. Contou a sua estória e deu-lhe um trocado para comprar algum mantimento.  Pouco a pouco Dona Estelita vendo aquele rapaz trabalhando com honestidade, provou se isto era verdade. Mandou que ele limpasse a sala, deixando algumas notas em cima da mesa. Limpou tudo e deixou tudo do mesmo jeito que estava. A senhora viu aquilo e disse – vou ajudar este rapaz. Chamou-o e perguntou onde se encontrava a sua família. Ele contou tudo sem esconder um pormenor. A Dona Estelita disse – vamos até a sua casa. Chamou o chofer e acompanhado foi ate o morro em Casa Amarela. Chegando lá a mulher ficou impressionada com a pobreza. Fez uma compra e deixou para eles se virarem na semana. O pai sóbrio agradeceu e mãe deu graças a Deus pela caridade. Raimundinho voltou a estudar e fez o vestibular para advogado, no intuito de defender os pobres e necessitados da comunidade. Formou-se graças a Dona Estelita que tinha lhe ajudado e seus pais se regeneraram dos males que vinha acontecendo, transferindo-se para uma casa na Madalena. A mãe começou a trabalhar como faxineira e o pai na limpeza do gramado e jardins da casa. Tudo terminou bem graças ao esforço e a honestidade do Raimundinho, que não se deixou levar para o campo da crueldade. 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A rabeira na Educação e o "fator Lula"




Por Zezinho de Caetés

Deixo-lhes um texto do Hubert Alquéres (Blog do Noblat – 20/05/2015) com o título “Pátria Educadora na lanterna”, onde ele coloca o ponto a que chegamos nos testes de avaliação internacional no ensino básico, perto do fundo do poço. E se só fosse no ensino básico seria muito bom, digo eu. Hoje a educação em nosso país é praticamente ideológica de esquerda em todos os níveis, que olha o mundo ainda como sendo o palco de uma grande revolução. E nossos alunos saem das escolas analfabetos, mas, correndo atrás do Estado para obter facilidades.

Para ser justo, isto não vem dos governos do PT. Isto vem de muito antes, e mesmo que alguns ministros da educação tenham tentado melhorar o quadro, foi um contínuo, desde que os revolucionários se desiludiram com a luta armada e viram que a única saída era fazer uma revolução gramsciana com o controle da mente.

Desde quando eu estudei, no curso de Letras, já havia professores que só usavam tinta vermelha para não ferir os princípios revolucionários, sempre associados a esta cor. Daí para chegar à era do “nós pega os peixe!”, foi um passo. E ficamos na rabeira do mundo, e mesmo na América Latina, onde, pelo nosso tamanho e riquezas naturais deveríamos estar na frente. Mas, cadê o povo educado e produtivo?

Não era para se esperar outra coisa nestes últimos tempos, quando um analfabeto, o meu conterrâneo o Lula chegou a presidência, com complexo de inferioridade, e só ligou para a Universidade para onde ele queria ter ido e não foi porque era um preguiçoso na leitura, como ele mesmo faz questão de frisar. E nossos jovens, seguindo o exemplo, deduziram erroneamente que só o analfabetismo poderia levar à presidência. Este foi o “fator Lula”, que só prejudicou o país, muito mais do que a roubalheira na Petrobrás.

E agora, vamos ao texto do Hubert que apenas mostra as consequências disto. Até quando?

“O Brasil segue colecionando vexames nos rankings mundiais da educação. Não andamos de lado, andamos para trás.

A cada rodada do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Pisa, exame realizado de três em três anos e de responsabilidade da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, ficamos patinando nas últimas posições, quase no final da fila.

Isso aconteceu em 2012, quando o país caiu posições na área de ciências. Naquele ano estávamos em 55º no ranking de leitura, 58º no de matemática e 59º no de ciências, entre 65 países avaliados. Isso voltou a ocorrer no PISA de 2015, que será divulgado nesta semana e traz o Brasil classificado na humilhante 60ª posição em matemática e ciências, entre 76 países avaliados. Dentre os latino-americanos, o Chile é o primeiro da lista, em 48º lugar. Costa Rica, México e Uruguai também estão na frente do Brasil, em 53º, 54º e 55º respectivamente.

E quando se pensa que chegamos ao fundo do poço, vem um vexame maior ainda: o Brasil está na rabeira do ranking do Fórum Econômico Mundial quando se leva em conta o desempenho dos jovens menores de 15 anos. Aí ficamos em 91º lugar!

No ranking geral do Fórum, o país fica atrás da Bolívia e do Paraguai!

Por quê?

Não há muito mistério. Pagamos caríssimo por ser retardatários. O ensino fundamental só foi universalizado na virada deste século, mais precisamente na gestão de Paulo Renato Souza no Ministério da Educação. E até aí não existia qualquer sistema nacional de avaliação do ensino.

Os passos seguintes seriam investir na formação inicial e contínua dos professores, implantar de vez a meritocracia e derrotar o corporativismo - essa força conservadora sempre resistente às mudanças. Além de enfrentar os problemas do fracasso e da evasão escolar no ensino básico.

Não foi o que aconteceu nos doze anos dos governos petistas. Os presidentes Lula e Dilma Rousseff deixaram essa agenda de lado e o país assistiu a uma sucessão de ministros da área (já estamos no oitavo), com prioridades distintas. E com políticas erráticas.

Mais grave: o Ministério da Educação abriu mão formular e articular políticas públicas capazes de mudar a face do ensino básico, de superar suas mazelas, de ingressar no século 21.

Na educação colhe-se o que se planta. Cingapura, Coréia e Hong Kong priorizaram o ensino básico, fizeram sua revolução educacional ainda no século passado. Hoje ocupam os primeiros lugares não só nos exames internacionais, mas na competitividade mundial. São melhores em tudo ou quase tudo.


Enquanto isso, o Brasil come poeira lá atrás.”

quinta-feira, 21 de maio de 2015

MÃE AMOROSA.




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Fui dormir pensando nela. Rezei. Acordei pensando nela. Rezei. Passei o dia pensando nela. Rezando. Assim foi o meu domingo dia das Mães. Recordei passo a passo da minha querida mãe Nedi, desde primeiro tempos na cidade Bom Conselho até a sua ida ao encontro do Pai Eterno. Levitei e fui até ao meu ninho na Rua do Caborje em Bom Conselho, onde nasci. Ali fui criado, mimado, e cheio de alegria por conta da alegria da minha mãe. Amorosa, gentil e carinhosa sempre atenta aos nossos desejos de criança. Lembro-me do seu trabalho diário em casa como mãe família, varrendo o piso de cimento queimado, preparando o almoço, lavando uma louça, lavando e estendo roupas no quintal, abanando as brasas no fogão pregado na parede e nós, eu minha irmã Auxiliadora limpando a cinzas. Limpava o terreiro, o pequeno chiqueiro com dois bacorinhos, limpando a gamela e semeando milho para as galinhas. Cantava, gostava de cantar. Trabalhava cantando que ainda hoje recordo todos os fins de semana pela Radio Capibaribe, através do programa Noite de Saudade suas musicas preferidas que a ouvia solfejar, quanta saudade me trás, desta querida e amada pessoa, minha mãe.  Recordo das nossas visitas à casa de Tia Maria, Joana e Maria Eugenia na Rua das Aguas Belas, sempre à tardinha, descendo e arrodeando o Coreto. Cuidado para não cair, gritava. Cuidado de mãe amorosa. Ao voltar comprávamos o pão crioulo e principalmente o pão sovado amarelinho coberto por açúcar fininho, uma gostosura.  Ouvíamos atenta a Ave Maria, às seis da tarde, ouvido pelo microfone instalado na Praça Pedro II, Ia para a loja de Tio Expedito comprar as roupas para o Natal e Dia de Ano. Visitava a loja do compadre Gabriel, padrinho da minha irmã Ana, com a caneta na orelha e as calças sustentadas por um suspensório, sempre a sorrir.  Das brincadeiras na frente do bangalô de Luisinha Correntão, correndo nas barcas, estrevolim e roda gingante sob o seu cuidado. É muito perigoso Antonio, os meninos ir neste brinquedo, dizia apreensiva.  Lembro-me das noites mal dormidas, no quarto com o candeeiro aceso, com abano na mão abanando-me para recuperar o ar, pois a asma não me deixava dormir nem ela, às vezes recostada na parede dormitando pelo cansaço da noite em vigília. Levava no outro dia ao consultório de Dr. Raul Camboim ou Dr. José de França. Receitava e lá íamos comprar o expectorante ora na farmácia Crespo, ora na farmácia de Manoel Lourenço. Vinha pegado em minha mão agasalhado num pequeno capote cinza.   Ela foi que me mostrou as primeiras letras e números, como professora, na escolinha no Corredor, descendo todos os dias a tarde junto a varias crianças. Cuidado para não cair, quando descia a ladeira do Cinema Rex após olhar os cartazes exposto no saguão. Alegres já comentava o que ia acontecer na matinê do domingo, principalmente, os capítulos dos seriados Capitão Marvel, Super Homem, A Deusa de Jova e os filmes nos fazia vibrar com John Wayne, Zorro, Rock Lane, Tarzan o Rei da Selva. Abria a porta corrida da escolinha pintada de verde, e duas mesas onde colocava o livro de chamada, comprido e uma capa dura amarela, como nome dos pequenos alunos, chamando um por um, respondendo “presente” com a nossa voz de criança. O livro depois do ano terminado servia para eu colecionar fotos dos artistas de cinema. Comprava gibi em Garanhuns, quando ia visitar Tia Maria Dionísia, freira no Colégio Santa Sofia. Mamãe era uma pessoa dócil e amável. Educada e respeitava todos sem distinção.  Nunca se perdia a Santa Missa no domingo na Matriz da Sagrada Família, às 9 horas, celebrada pelo Padre Alfredo. Meninos levanta já esta na hora da missa! Vamos trocar de roupa! Saiamos em família em direção a Igreja, arrumadinhos. Nunca teve discussão sempre benquista por aqueles que conviviam com ela, vizinhos. De vez em quando tinha que receber algum corretivo. A desobediência era fatal.  Pois a educação dos filhos, naquela época, passava por castigos, às vezes com bolos de palmatoria, que era pendurada na parede, uma branca, para os castigos mais leves, a preta esta sim, era usada com mais fervor acompanhado do castigo de não ir a matine, no domingo. Às vezes fica de castigo no quarto escuro por uma hora. Não repita mais senão vai novamente para o castigo.  Mas mãe é mãe, depois do castigo vinha a bonança, o sorriso, o carinho e o afago. Certo dia já adulto encontra-me deitado, enrolado pelo frio de Garanhuns, e mamãe entra no quarto escuro, pronta para ir a Santa Missa no Colégio Diocesano, passa a mão sobre os meus cabelos grisalhos, e diz – meu filho querido – saindo de mansinho, pensando ela que não ouvi aquelas belas palavras. As lagrimas vieram aos olhos. O dia todo fiquei olhando para ela enquanto tricotava na sala sentada no silencio da manhã.  E assim recordo a minha mãe Nedi, com saudades daqueles tempos que não voltam somente às lembranças através dos seus gestos ternos e carinhoso que acompanha a nossa vida por toda uma vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Em torno de uma foto...




Por Zezinho de Caetés

Ontem, ao ler os blogs, vi, no do Reinaldo Azevedo, a foto acima, da Dilma. Confesso que fiquei com pena da gerenta presidenta, hoje tentando desfazer as burradas, e cuja primeira, foi ter ido na onda de meu conterrâneo Lula, aceitando substituí-lo, já sabendo que a coisa só poderia piorar.

Se existe uma pessoa que não é boba no mundo, esta é o Lula. Ele nunca botou a mão em cumbuca, a não ser quando tem certeza de poder roubar o que tem dentro dela e tirar a mão rapidamente. É e sempre será “macaco velho”.

Ele pensou, em 2010, que se passasse mais 4 anos no poder (o que seria fácil pois o Congresso estava de calças abaixadas para ele) seria um desastre e disse para a probrezinha da Dilma: “Vai, grande gerenta, e eu voltarei em 2014!”. E ela, que só tinha experiência política de segui-lo, caiu como uma patinha, e deu no que deu. Ela pode até ter lhe oferecido o lugar de candidato em 2014, mas, ele deve ter dito a ela: “Ela pensa que sou besta? Com o governo que ela fez, pode até ser eleita, mas, do jeito que a coisa vai, não chega ao fim do mandato.” E até agora, não há como dizer que ele estava errado. Até profeta o homem é?

Não precisava nem o Sérgio Moro ter aparecido lavando a jato, ou pelo menos tentando, a sujeira que o PT fez. A Dilma fez tantas lambanças, que hoje está como uma perua doida sem saber o que faça, para ter sucesso, pelo menos no regime de emagrecimento.

E aí está o resultado, coitadinha. E o Levy, o Tritonho, está perdendo a queda de braço com o Renan, e o Temer com o Eduardo Cunha. Vamos ver em que isto vai dar.  Fique abaixo com um texto do Reinaldo e que Deus nos proteja.

“Todos vimos ontem a presidente Dilma Rousseff ao lado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ela não estava magra, o que poderia ser motivo para ela própria celebrar, já que decidiu fazer uma dieta. Ela estava abatida. Aquilo, notou minha mulher, é cara de fome. Fome de algum sossego. Que ela não terá. Até sexta-feira, o governo decide o corte no Orçamento, que pode chegar perto de R$ 80 bilhões. E vai ter de chegar à carne — inclusive à carne das promessas eleitorais. Já está certo que obras do PAC e o Minha Casa Minha Vida entrarão no facão. Dilma não tem saída. Entre outras razões porque é obrigada a enfrentar a herança maldita deixada por… Dilma.

O governo enfrenta também perda de arrecadação. E aí será preciso dar um jeito de aumentar as receitas. Levy quer arrancar mais dinheiro de ao menos três tributos: elevar a arrecadação do PIS-Cofins, com o fim dos regimes especiais; elevar a alíquota da Contribuição Sobre Lucro Líquido (CSLL) cobrada dos bancos e aumentar o IOF. E isso quer dizer aprofundar um tantinho mais a recessão.

Ao mesmo tempo em que tal cenário difícil se avizinha, Dilma enfrenta pressão de parlamentares, muito especialmente dos de seu partido, para afrouxar o cinto. Acham exagerado, por exemplo, o superávit primário de 1,2% do PIB, como quer Levy, e propõem que o governo o deixe, assim, por 0,7%. A tese começou a ganhar adeptos também no PMDB. Nessa hora, claro!, Dilma poderia contar com a ajuda de seu padrinho político, de seu criador: Lula. Mas quê… O homem é um dos sabotadores do seu governo e já a aconselhou, entre outras delicadezas, a não vetar o texto que, na prática, extingue o fator previdenciário. Ela está disposta a não ouvi-lo.


Aquela cara de Dilma é a cara da melancolia.”

terça-feira, 19 de maio de 2015

RESGATAR MEMÓRIAS




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


O querido Jornal A Gazeta nos revela uma informação animadora para resgatar a memoria dos nossos cidadãos bom-conselhense. É um bom começo. Cidade sem memoria do seu povo é uma cidade morta. É uma cidade esquecida. É uma cidade sem nome. É uma cidade a deriva. O cidadão nativo ou aqueles que adotaram a cidade como seu lar é que faz a sua estória, da cidade, acompanha e vivencia os homens e mulheres que nunca se afastaram do seu torrão natal e, muitas das vezes são os oriundos de outras plagas que aportam e dedicam à vida em beneficio do povo que lhe acolheu, que sofreu e alegrou-se com a vida do dia a dia que ocorre e que precisa ser registrada para a eternidade. São trabalhos que deixam a sua marca, o seu respeito e a sua bondade para os que ficaram para relembrar a sua memória.  Quantas pessoas estão nesta qualidade? Muitas nasceram se criaram e morreram na cidade que escolheu para viver e, sua ultima morada se encontram nos lapides do campo santo, o cemitério. Sinto-me feliz e é grandemente o meu entusiasmo quando algo acontece na cidade que nasci e que me encontro mesmo de longe, sinto que pouco a pouco a memoria do nosso povo vai sendo reconstituída para a posteridade. A nossa Gazeta é um marco em nossa cidade. Nas suas paginas a vinte quatro anos ininterruptos vêm demonstrando o amor a terra, informando, incentivando o desenvolvimento que deve ser uma condição primordial de toda comunidade. Aí eu pergunto, como seria a nossa cidade sem o pequeno e grande jornal a Gazeta em nosso Município? Estaríamos órfãos e mais ainda distante do nosso ideal de promover e registrar os fatos que ocorrem na cidade. Na edição nº 381 - edição de março de 2015, na pagina 05 – Politica, escrita pelo nosso Diretor Luiz Clério Duarte, destaca o resgate da memoria de dois alagoanos que se tornaram grandes bom-conselhense chegando oriundos das cidades de São Miguel dos Campos e Quebrangulo, do Estado de Alagoas, em eternizar os seus feitos e trabalhos em prol da nossa gente. O Padre Alfredo e Senhor Manoel Luna, são as personagem que estão sendo resgatada a sua memoria com a criação do Memorial e do Instituto para toda a população se beneficiar e conhecer os trabalhos de dois homens que lutaram e deram sua vida pela nossa cidade. Os primeiros passos foram dados e a realidade está presente pela iniciativa do filho Emmanuel Luna e parentes do Padre os homenageados. O que mais me chamou a atenção na nota foi à expressão do último trecho As duas obras serão “o primeiro passo” para que outros memoriais, institutos, fundações ou o título que queiram dar, surjam. A HISTORIA DOS NOSSOS VULTOS É PAUPÉRRIMA! (Vejam que situação, grifo nosso) O Padre Alfredo foi homenageado com uma praça de pequeno porte no alto da Rua Barão do Rio Branco/Correntões com pouca ação recebida dos ocupantes do Palácio Municipal Cel. José Abílio  de Albuquerque Ávila. Manoel Luna até esta data – 31 de março de 2015 – não recebeu nenhum reconhecimento dos poderes Executivo e Legislativo. É uma questão cultural que começa a mudar e vai mudar, graças à iniciativa privadaE aí penso eu, falta iniciativa dos  poderes públicos municipais em reconhecer os méritos destes cidadãos entre outros para dignificarem o seu trabalho, hoje esquecidos? É preciso que os parentes reconheçam, com modéstia, o empreendimento dos seus familiares, para que outras gerações o conheçam e estudem o seu modo de trabalhar e copie? Nada disso! O que falta é sensibilidade e empenho dos homens e mulheres que compõe o executivo e o legislativo do nosso querido torrão. Em outros lugares estes órgãos junto com a sociedade imprime respeito à memória dos que lá se foram para a eternidade e que deixaram exemplos a ser seguidos de grandes feitos em beneficio do seu povo.   Vamos em frente, foi dado o primeiro passo e com certeza não será o último, pois muitas coisas podem acontecer e a nossa cidade vai se enriquecendo com fatos históricos dos nossos homens e mulheres do nosso Bom Conselho.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A semana - Sabatina, Roberto Carlos e o dinheiro nas calcinhas




Por Zé Carlos

Esta semana começou com uma sabatina e terminou com as greves de professores. Não o término das greves e sim da semana. No fundo, no fundo, sou um advogado frustrado, porque não sou advogado, como também sou um político frustrado porque não sou político, mas, de frustração em frustração eu findei me interessante pelas matérias, talvez pelos colegas brilhantes que tive nestas áreas. Assim sendo, acompanhei pela TV e outros veículos de comunicação (como é complicado fazer justiça neste país, e olhem que já foi pior, quando não se fazia justiça nenhuma), uma sabatina de um jurista que foi indicado para fazer concurso para o STF: O Luiz Fachin.

Meu primeiro problema foi pronunciar corretamente o nome do cidadão, se fachin, como faxineira, ou fachin como Joaquim. Ouvindo os outros, descobri que o certo era como o Joaquim, não o Joaquim Barbosa, que agora pode falar fora dos autos, e falou bem enquanto falou dentro deles. Eu nunca tinha visto uma confusão tão grande nestas sabatinas. Lembro que assisti à de Dias Toffoli, e lembro que nem perguntaram a ele onde  trabalhou antes. Ou se perguntaram, ele respondeu que foi para o PT, e naquela época, isto era uma informação que alijava qualquer concorrente. Hoje, no entanto, a coisa mudou, se o Fachin dissesse que havia trabalhado para o PT seria logo corrido da sala, sendo tachado de ladrão e incompetente. Afinal de contas, com as lambanças que este partido aprontou, até o Lula, nosso colaborador, pensa a mesma coisa. A diferença entre o mensalão e o petrolão é apenas de valor. Neste último a turma roubou muito mais. A Graça Foster que o diga.

Por falar em Graça Foster, aquela que, no nome, é um graça, pegaram uma fita de uma reunião do Conselho da Petrobrás, onde ela se confessa preocupada com o seu patrimônio e até seu emprego, se alguém soubesse quanto era o rombo, por roubo, nos cofres de nossa ex-grande empresa. Dizem que ela telefonou para a Dilma e disse o tamanho do rombo. Então arrombou-se, foi demitida. Ou seja, o rombo foi de arrombar e, ainda hoje, estão querendo arrombar Dilma por isso. Coitada de nossa musa maior.

Ela, a Dilma, como todos sabem, reina mas não governa. E como uma rainha de fato, ela agora só faz inaugurações e fala para as pessoas que ganham algum trocado e sanduíches de mortadela para aplaudi-la. Quando ela aparece num lugar onde não há controle sobre a plateia, as panelas sofrem. Mesmo assim ela não para de fazer humor, para manter seu vínculo com esta coluna semanal que escrevo. Imaginem, que até em casamento, que ela foi, foi recebida com panelaço. E pensam que ela parou de sorrir? Que nada, continuou fazendo graça, mesmo que a Graça não queira lhe ver mais nem pintada.

E ela, nossa musa do humor, veio inaugurar, pela vigésima vez, um petroleiro aqui em Pernambuco e disse que a Petrobrás ganhou o “Oscar tecnológico”. Ou seja, ela admitiu que o Petrogate é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Que espoquem os fogos, os risos e as panelas. No entanto, se sustentem na cadeira porque tem muito mais.

Relacionado ao filme, no qual o Brasil ganhou o Oscar, citado acima, nesta semana, um dos atores, o Ricardo Pessoa, que faz o papel de um chefão da máfia, nele, resolveu contar tudo à Polícia Federal, para ganhar um prêmio com sua delação. E ele diz que não vai poupar ninguém. Nossa! Então foi por isso que o Lula não enviou nenhuma colaboração à nossa coluna, esta semana. Sentimos sua falta. Dizem que o Ricardo Pessoa molhou a mão de tanta gente nas eleições passadas, que faltou água até no Nordeste. Aliás, a crise hídrica falada, que atinge todo o país, já se suspeita, é consequência da excessiva lavagem de dinheiro. Não há água que chegue.

Tudo isto que falei foi fichinha em relação ao que se passou no Congresso na votação das medidas chamadas do “ajuste fiscal”, que dizem uns, vão prejudicar os trabalhadores, e outros que irão beneficiá-los, pelo menos no longo prazo. Quando eu era economista dizia, junto com um grande economista, que “no longo prazo, todos estaremos mortos”, hoje eu já digo, que independente do prazo, estamos quase todos mortos, menos quem roubou a Petrobrás. E para constatar isto, bastou ver a votação destas medidas, os ajustes do Levy, o Tristonho (obrigado, Zezinho), para saber o quiproquó que se armou. O plenário da Câmara Federal parecia mais um circo mambembe com momentos de estádio de futebol, quando se grita “juiz ladrão”, e momentos de cabaré, quando um cara nas galerias baixou as calças e mostrou a bunda. Eu pensei que ele iria evacuar nos deputados, e talvez, para evitar isto o presidente o Eduardo Cunha, mandou evacuar as galerias.

E se vocês pensam que o triúnviro Eduardo Cunha tem medo de cocô, vejam, lá embaixo, o filme do UOL deste semana, onde ele toca bateria. Que horror! E já que entrei nos comentários sobre o filme desta semana, ele foi quase totalmente dedicado a Roberto Carlos e às suas amantes cor de rosa. A doleira Nelma Kodama, num depoimento à CPI do Petrolão, para dizer que era muito amigo do Alberto Youssef, resolveu cantar a música do Rei da Jovem Guarda, “Amada Amante”. Foi um espetáculo tão deprimente que, com justiça, virou filme de humor. E, como se não bastasse, ela, que foi pega no aeroporto com 200 mil euros nas calcinhas, decidiu negar o fato de que não foi nas calcinhas e sim nos bolsos da bunda, que colocou o dinheiro. Vejam no filme que os deputados pensaram que ela iria tirar as calcinhas para comprovar o fato, mostrando que usa fio dental e, portanto, não caberiam tantas notas, e quase tamparam os olhos. Mas, ela não chegou às vias de fato, para desilusão do público presente.

Aliás, esta história de carregar dinheiro nas peças de roupa íntima já é epidêmico aqui no Brasil. Com o capitalismo em que vivemos brevemente aparecerão camelôs vendendo calcinhas e cuecas com bolsos. Ou seja, o PT, como na criação das tomadas elétricas únicas no mundo, lançou a moda de dinheiro na cueca, e, não sei se a Nelma é do PT, mas, lançou agora a do dinheiro nas calcinhas. Não morram de riso ainda porque tem mais no filme, que apesar de curto, tem muitas músicas.

Vejam abaixo o resumo do roteiro do filme, dos produtores do UOL e vejam o filme abaixo, sempre lembrando que por traz de uma criança tem sempre um cachorro, como disse nossa protagonista, a Dilma, e em sua frente tem um mundo, que esperamos seja melhor do que o que temos.

“A doleira Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão em ação da Operação Lava Jato, surpreendeu durante depoimento prestado à CPI da Petrobras na última terça-feira (12). Ao comentar sua relação com o doleiro Alberto Youssef, ela resolveu cantar a música “Amada Amante”, de Roberto Carlos. Além de transformar a sessão em um programa de calouros, Nelma decidiu explicar melhor onde carregava dinheiro quando foi presa com 200 mil euros pela Polícia Federal no ano passado. Foi um bundalelê na CPI.

E o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se arriscou a tentar mostrar que sabe tocar bateria durante o programa “Mariana Godoy Entrevista”, da “Rede TV!”. Quanto vale o show?”


sexta-feira, 15 de maio de 2015

PRESOS NOTÁVEIS X PRESOS COMUNS





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Diariamente vimos noticias sobre os presos que aderiram à corrupção serem soltos pelo beneplácito da Justiça. São considerados presos notáveis porque já estiveram no poder e que não podem passar por vexames pelas praticas das irregularidades. São presos que possuem certo nível social, ricos, poderosos e muita proteção por pessoas que atuam no governo. Quando vão presos vão a carros de luxo, ar condicionado, e se de outra cidade vão de jatinho e fica hospedada em quitinete com ar condicionado, televisão HD, celulares, cama confortável, chuveiro com agua quente e fria, sofás para assistir as noticias sobre eles mesmos e assim por diante.  Estes são beneficiados pela Lei dos ricos, são acompanhados pela mídia, pelos bons advogados que ganham honorários extraordinários vindo do poder público, por que estes presos notáveis estão cheios de dinheiro vindo de propinas. E não devolvem o que receberam ilicitamente. Ficam com todo o dinheiro e bens adquiridos pelo dinheiro sujo que se apropriaram. Temos duas classes de presos notáveis e comuns no Brasil, brasileiro os notáveis – o politico e dirigentes de empresas privadas. Todos estes estão soltos, vivendo como nunca viveram. Rindo dos momentos cinematográficos que foram protagonista, artista principal. Moram em mansões, chácaras e apartamentos de luxo. Acordam mais ou menos dez horas. O desjejum já esta pronto na mesa – queijos, torradas, frutas e sucos. Leite desnatado para não alterar o seu metabolismo. Saem e vão à piscina. A mulher já esta lá com as crianças correndo no gramado acompanhado por duas babas vestidas a caráter. Mais ou menos onze meia da manhã chega o garçom procurando saber o que o patrão que tomar. Já tem tomado sol. Já absorveu o ar puro vindo das montanhas. Um chapéu branco panamá cobrindo-lhe a careca e óculos de primeira qualidade escuros para minimizar a claridade. Olha de relance para o empregado que se encontra em pé aguardando e diz um uísque com agua de coco. Para a mulher que esta estirada ao lado sobre uma toalha felpuda azul, um suco de laranja, sem açúcar. Pega o jornal e lê as primeiras noticias. Faz cara feia e às vezes ri para si mesmo com as bobagens que dizem dele por aí. Fecha e apanha o aperitivo trazido em uma bandeja de prata. Levanta-se para receber um companheiro alegre e sorridente que vem ao seu encontro. Ei como vai? Vou bem! Já viu o jornal, as noticias são alvissaras, brevemente não estarás sendo investigado e sim se programando para atuar na politica novamente, pois, o povão está do teu lado votando, tu vais vê! Pois é! Mas eu tenho que me preparar, falar que tudo foi inventado pelos opositores, e todos acreditará. Chama o garçom que vem apressadamente – O Mané o que tu queres? Uísque ou cerveja importada bem geladinha no ponto? Quaisquer bebidas têm na minha adega! E tira gosto? Todos o que quiseres.Tira esta camisa e fica a vontade vais a almoçar comigo, hoje, tenho surpresa, um faisão assado, esta uma delicia por Ismênia nossa cozinheira. Cozinheira de mão cheia. Levanta-se e corre o olhar sobre tudo o que está vendo, nada se alterou pelo contrario está mais bem cuidado. Caminha na grama para uma varanda ornada de uma bela rede azul e ali se deita fumando um charuto cubano e seu amigo ao seu lado, já na companhia de outros convidados que ali chegam. A conversa e os risos vão se alterando de acordo com a bebida tomada. A tarde todos vai para sua casa e ele vai tirar sua soneca sonhando com os “anjos”. E o pobre? A este está incluído nos presos comuns. A sua sorte é miserável. Por um crime vão para as masmorras sujeito a uma penalidade sem defesa. Ali ele come o pão que diabo amassou. Um camburão os leva algemados e sentados da pior maneira possível. O ar condicionado são duas frestas. A escuridão até o local da prisão é escuro e o calor é insuportável. Antes da entrada na masmorra é despojado de qualquer objeto, o cinturão, chaves, carteira trancelim tudo mesmo até a roupa é guardada. E ai, o sofrimento vem pelo internamento em celas fétidas, sem condições de sobreviver ajuntado com mais de quinze presos quando o local é para duas pessoas. Ficam amontoados, de cócoras, deitados, em chão frio e úmido, banheiros sem nenhuma higiene, e refeições só se comem para não morrer de fome, pois não presta tudo isto é sofrimento do preso pobre porque roubou três latas de margarina, em supermercado. Advogado só de “porta de cadeia” e se o réu tiver algum dinheiro para os primeiros passos. Chicão foi um desses presos que foi para uma masmorra, por que surrupiou uma lata de leite num supermercado para a sua filha. É verdade que é um delito, mas três anos em uma prisão é muita coisa. Preso quando saia do supermercado por um guarda de segurança. A policia foi chamado e o levou a delegacia e como não tinha dinheiro para fiança foi recolhido ao xadrez. Passando trinta dias, ali foi um advogado com o seu primo a fim de tira-lo da cadeia. O papo entre o advogado e o Chicão foi mais ou menos da seguinte forma: Doutor me livre deste sofrimento. Aqui é um inferno. De tudo ruim aqui dentro tem. Brigas, donos do pedaço, intrigas, exploração sexual, dominação, na cantina os preços são triplicados, as drogas e tudo o que o Senhor pensar. À noite nem pensar. Ninguém dorme. O calor é de derreter. As muriçocas fazem festa. O suor impregna a cela, se isto se chama cela. Todos no chão ou acocorado. Amanhecem todos doloridos, mas se reclama, o guarda faz ar de risos. É um sofrimento sem igual. O advogado ouvindo todas estas lamentações do réu, fala eu sou profissional do direito porém, é necessário que se tenha dinheiro para o primeiro trabalho, honorário, taxas emolumento a fim de que possamos dar prosseguimento no trabalho. Você tem algum ou seus parentes? Claro que não doutor. Onde vou arranjar dinheiro. A minha família é pobre, a maioria desempregada inclusive eu que fiz a besteira que fiz, onde vou arranjar dinheiro?  O advogado saiu do presidio dizendo que ia fazer o possível junto à família para arranjar o dinheiro. Chicão voltou chorando para o pavilhão que estava preso sem esperança de sair daquele lugar horrível e sofrido para o ser humano. Onde arranjaria uns trocados para dar ao advogado? A família pobre. O jeito era ficar ali até que cumprisse a pena. Pensou, sentado no corredor “erros todos tem, mas imprimir sofrimento a pessoa humana é desumana”.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A sabatina do Fachin, os problemas de Lula e a PEC do Fraldão


Fachin


Por Zezinho de Caetés

Dizem que, numa época em que o presidente Lula tinha que indicar um ministro para nossa Suprema Corte, os seus áulicos apresentaram o Luiz Fachin, que ontem foi sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, com o mesmo objetivo, e que ele, o Lula, o recusou por achá-lo muito admirador do seu, hoje, general, o Pedro Stédile.

Ora, alguém que o Lula recusou, a Dilma, com o ódio que está do meu conterrâneo, por ele está tramando, por debaixo da barba, deixar mal o seu governo, o pegou e o indicou para STF. E aí está o Fachin. Nunca na história deste país, ouve uma celeuma tão grande em torno desta indicação. Eu vi ontem na TV, e venho acompanhando toda a reação nas redes sociais, ao nome daquele jurista que disse que jurista bom é aquele que tem lado.

Ontem, vários senadores tentaram conhecer qual o lado do candidato hoje. E então, apareceu a margarida ou seria a bela adormecida depois do beijo do príncipe? Se for acreditar no que o homem disse, parece justificável que ele nunca deve ter conhecido nem o Lula, nem a Dilma e nunca ouviu falar no PT, ou do MST. É difícil alguém mudar de opinião com tanta rapidez assim. Eu mesmo levei anos para reconhecer que o meu conterrâneo, o Lula, era uma farsa, em todos os sentidos. Agora o Fachin diz que a Lei e a Constituição estão acima até do Stédile.

Eu não vou entrar no mérito da questão jurídica por não ser um expert e nem um esperto na área, mas, as explicações que ele deu para acumular cargos no serviço público, com a proibição constitucional, não deve ter convencido nem a esposa dele que estava presente na sabatina. No entanto, como escrevi num texto anterior: “É a política, estúpido!”. E o homem foi aprovado por uma larga maioria de votos. Embora digam que a aprovação se deve ao fto de que político não pode ver um juiz com raiva, eu creio, que imperou ainda nossa leniência com situações polêmicas.

Mas, veremos no plenário, com votação secreta, se eu estou certo ou estou errado, como dizia o Sinhozinho Malta. Ainda bem que ainda temos a PEC da Bengala, e eu espero que nenhum dos outros ministros do STF se aposente ou saia antes dos 75 anos. E se o Lula for eleito em 2018, já devemos ir preparando a PEC do Fraldão, que permitiria que os o ministros ficassem até os 90 anos.

Sei que este assunto é um pouco enfadonho e transcrevo o texto do imortal Merval Pereira intitulado “O quebra-cabeça de Lula” (Blog do Merval – 12/05/2015), onde ele procura mostrar que não foi nem preciso o Mujica fumar maconha para detonar o Lula. Agora, mais do que nunca ele quer ser presidente. Pensemos então na PEC do Fraldão, com urgência.

“ A cada dia que passa o ex-presidente Lula vai perdendo sua aura de intocável. Surgem aqui e ali histórias envolvendo seu santo nome, quase nunca em vão. As mais recentes são exemplares de como os fatos acabam sendo revelados, mesmo que se queira escondê-los.

Na CPI da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef reafirmou ontem a convicção de que o Palácio do Planalto sempre soube do esquema do “petrolão”. “Como não saber?”, perguntou a seus interlocutores. Para explicar sua certeza de que tanto Dilma quanto Lula sabiam, Yousseff contou que entre 2011 e 2012, na gestão Dilma, houve uma divisão no comando do PP, e não se sabia quem estava no comando.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa consultou o Palácio do Planalto e voltou com a orientação oficial: Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, e Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, eram os nomes indicados para decidir quem no PP deveria receber as quantias em dinheiro desviadas da Petrobras.

Lula chegou a pedir desculpas ao povo brasileiro quando estourou o caso de mensalão, e se disse traído, não disse por quem mas todos compreendiam a quem queria atingir, seu ministro mais forte e próximo, José Dirceu, chefe do Gabinete Civil que acabou preso em consequência do processo aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mais adiante, quando a repercussão do escândalo já havia amainado, Lula passou a dizer simplesmente que o mensalão nunca existira, e garantiu até que se dedicaria a provar isso. Nunca fez um mísero gesto nesse sentido, mas em público manteve a postura de que o mensalão teria sido uma manobra política contra seu governo.

Agora, vem a público um livro que revela a verdade de Lula que não poderia ter sido revelada. O livro sobre José Mujica, o ex-presidente uruguaio, a certa altura revela que Lula, em 2010, em uma conversa com ele, admitiu a existência do mensalão.

Segundo o relato dos jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz "Lula teve que enfrentar um dos maiores escândalos da História recente do Brasil: o Mensalão, uma mensalidade paga a alguns parlamentares para que aprovassem os projetos mais importantes do Poder Executivo. Compra de votos, um dos mecanismos mais velhos da política. Até José Dirceu, um dos principais assessores de Lula, acabou sendo processado pelo caso. (...) Lula não é um corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros", disse-nos Mujica, ao falar do caso.

Ele contou, além disso, que Lula viveu todo esse episódio com angústia e com um pouco de culpa. 'Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens', disse Lula, aflito, a Mujica e Astori (vice-presidente eleito), semanas antes de eles assumirem o governo do Uruguai. 'Essa era a única forma de governar o Brasil', se justificou.

O que era para ser uma referência condescendente, quase elogiosa a Lula, desencadeou uma crise política que um dos autores do livro tentou conter, assumindo que descrevera de maneira equivocada o diálogo. “Lula estava falando sobre as ‘coisas imorais’ [praticadas durante seu mandato] e não sobre o mensalão. O que Lula transmitiu ao Mujica foi que é difícil governar o Brasil sem conviver com chantagens e ‘coisas imorais’”, tentou explicar Danza.

Para azar dele e de seu companheiro de empreitada, a revista em que trabalham,“Búsqueda”, publicou na edição que chegou às bancas na quinta-feira uma resenha do livro “Una oveja negra al poder”, intitulada “Lula: el mensalão era la única forma de gobernar Brasil”. O próprio Mujica, que já assinara o livro em noite de autógrafo, dando a ele um ar de legitimidade, teve que intervir, afirmando:“Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo. Uma vez me disse que, por ter uma minoria parlamentar, o chantageavam”. E arrematou, para mal dos pecados dos autores do livro: "Se os jornalistas escreveram isso, é por conta deles".

Nada mais ridículo do que o papel de um ex-presidente tendo que assumir de público que seus biógrafos oficiais distorceram suas palavras, as únicas do livro que foram desmentidas, pelo que se sabe.


Talvez essas histórias não bastem para incriminar o ex-presidente Lula, mas o conjunto da obra - inclusive a ligação com as empreiteiras, e os favores recebidos mesmo depois de ser presidente - acaba formando um quebra-cabeça que dificilmente deixa de ser montado por quem não é crédulo ou não faz parte do esquema política beneficiado.”

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Abolição da Escravatura


Lei Áurea


Por Lucinha Peixoto (*)

Hoje faz 121 anos da abolição da escravatura no Brasil. Li ou ouvi alguém dizer, algum tempo atrás, que para isto foi usada a menor Lei já produzida no nosso legislativo:

Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.

Com apenas estes dois parágrafos, esta Lei, chamada Áurea, de nº 3.353 de 13 de maio de 1888, também foi a de maior alcance social, e como aquela do Bolsa Família, para o bem ou para o mal. Ela mexeu com, aproximadamente, dez por cento da população, do Brasil na época.

Da mesma fonte, soube que, se a lei fosse mais detalhada, tentando enfrentar a situação social dos escravos libertos, responsabilizando o Estado pela sua vida e bem estar, ainda hoje a estaríamos discutindo em nossas casas legislativas.

Eu não acredito que até hoje teríamos escravos formalmente. Alguma outra Lei iria surgir quando nossos patrícios não escravos fossem passear no mundo desenvolvido sendo hostilizados pelo povo de lá, chamando-os de escravocatas desalmados. Isto aconteceu com os brancos sul-africanos. No entanto, isto não tiraria dos negros a condição de "escravos". Eles seriam apenas formalmente livres, como se tornaram em 1888. As condições de miséria, preconceito, baixo status social, dificuldades na luta pela sobrevivência ainda estariam presentes como estão hoje para os seus descedentes. O que fez a nossa elite dirigente da época foi formalizar atos consumados. Da mesma forma que hoje esta mesma elite, seja de esquerda, centro, direita, de cima ou de baixo, tenta fazer com aqueles passam fome. Criam programas sociais que apenas mascaram a realidade, diante do fato consumado de que, sem a esperança, que existia na minha mocidade, de uma revolução social, ou pelo menos uma mudança profunda, os que passam fome estão tentando resolver seus problemas através de atos, chamados por nós, violentos.

Havia um ditado antigo que meu pai, senhor zeloso da ética social de sua época não queria que eu desse valor: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Talvez, a classe menos favorecida, chamada hoje de excluída e eu não sei de que, tenha levado o ditame a sério. A explosão de violência urbana e rural em nosso país leva a crer nisto como uma hipótese bastante plausível. Uns culpam, por esta onda de violência, a falta de segurança pública mas, esta é consequência e não causa do fenômeno. Outros culpam a falta de educação religiosa, quando nunca se criou mais religiões hoje no Brasil e no mundo. Algumas chegam até a culpar a outra por não saber conduzir a massa. No caso da religião católica, que conheço melhor, esta tem um comportamente ciclotímico em relação a problemas sociais, que melhoraria muito se nós lêssemos mais os Evangelhos e menos o Código Canônico. Desde o Brasil colônia tentavam batizar índio à força, discutir se escravo tinha alma, passando pela Teologia da Libertação, chegando ao atual conservadorismo. Mesmo assim, se todos fôssemos cristãos praticantes, ainda existiriam pobres, como dizia Jesus. Outros culpam nossas leis que levam à impunidade pela sua condescendência. Mas punir a quem, quando se trata de problema social? Usar nossa estrutura jurídica que proclama que a lei é igual para todos, punindo igualmente o que rouba para comer e que rouba para levar a esposa para passear na Europa?

Talvez tudo isto e mais alguma coisa sejam a causa de nossas desigualdades sociais porém, uma coisa é certa: a escravidão tem a ver com tudo isto. Sua lembrança e reflexão sobre ela nos permitirá errar menos no futuro. Devemos refletir no dia de sua abolição.

Por falar em errar ou acertar, relacionado intimamente com a escravidão, abolição e suas consequências, há uma grande discussão no país sobre um tema importante: a discriminação positiva. Ela está relacionada com, entre outras medidas, ao conceito de cotas no preenchimento de vagas em universidades, serviço público, etc. por populações específicas, geralmente por tempo determinado, onde estas populações podem ser grupos étnicos ou "raciais", classes sociais, imigrantes, deficientes físicos, mulheres, idosos, dentre outros. A justificativa para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, como os negros no presente texto, em razão de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades que surgem no mercado de trabalho ou no seu acesso ao ensino superior, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas outras interações com a sociedade. No nosso caso, o que está se discutindo no Congresso Nacional é uma lei de cotas raciais (mais recentemente já se fala em cotas para deficientes), propondo a reserva de vagas em Universidades Públicas para negros.

É um assunto extremamente polêmico e longe de mim ter uma posição firmada para o assunto. O tema envolve uma questão que no Brasil sempre foi considerada um tabu, gerado, principalmente, pelos escritos de Gilberto Freyre falando sobre democracia racial: Existe racismo no Brasil? Seria nosso Rei do Futebol racista por só se casar com brancas? Ou seria ele racista se decidisse só se casar com negras? Será que o sistema de cotas traria o racismo ao Brasil ou seria uma forma de contorná-lo, porque já existe?

Estas, e outras questões, que envolvem o Dia da Abolição foram muito presentes em minha infância e adolescência em Bom Conselho. Antes de arribar para outras plagas sofri um pouco pela minha condição social de família pobre, como já disse de outras vezes em que escrevi sobre mim mesma, ou me forçaram a fazê-lo, mas o aspecto racial nunca foi tocado por mim. Será que fui ou sou racista? Eu penso assim: Só não serei racista se, pudesse mudar instantâneamente minhar cor, e pensar que a tive toda a minha vida, e, assim mesmo, ter a mesma opinião sobre tudo. Penso que, mudar de cor assim, só aconteceu com Michael Jackson. Por isso termino com uma interrogação sobre tudo isto, esperando que sirva para sua reflexão e, quem sabe, para um bom debate:

Você é a favor ou contra ao sistema de cotas raciais?

----------------

P.S. – Meu Deus como pude me esquecer. Hoje é dia de N. S. de Fátima. Santa Mãe de Jesus rogai por nós e ilumine todos a seguir os passos de seu Filho. Lembro bem:

A treze de maio na cova da íria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Há três pastorinhos cercada de luz
Visita a Maria, mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

A mãe vem pedir constante oração
Pois só de Jesus nos vem a salvação
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Da agreste azinheira a Virgem falou
E aos três a senhora tranquilos deixou
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Então da Senhora o nome indagaram
Do céu a mãe terna bem claro escutaram
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Se o mundo quiserdes da guerra livrar
Fazei penitência de tanto pecar
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

A Virgem lhes manda o terço rezar
A fim de alcançarem da guerra o findar
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Com estes cuidados a mãe amorosa
Do céu vem os filhos salvar carinhosa
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria!

-----------

(*) Eu não escrevi nada para homenagear N. S. de Fátima nem a Abolição. Mas, lembrava deste texto da Lucinha Peixoto, que permanece atual, de alguma forma. Vejam que mantive as datas e tudo mais. O texto original é de 2009 e está no saudoso Blog da CIT (aqui). Não sei se hoje a Lucinha, nossa exilada voluntária, ainda pensa assim, mas, como todo texto dela, gera polêmica. (ZC)