Em manutenção!!!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CADEIRA DE ÔNIBUS




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Todos os dias as cadeiras dos ônibus Metropolitano do Recife  são ocupadas por pessoas que vão direto para uma alguma ocupação. Entram nos coletivos, pessoas, perfumadas, mal cheirosas, suadas, abusadas, risonhas entre tantos outros perfis que assumem durante o trajeto. Neste espaço de tempo muitas coisas acontecem. São fofocas, risadas estridentes, radio ligados, dorminhocos, empurrões, leitor de jornais, discursão sobre o futebol numa gritaria infernal, mulheres com o terço na mão rezando, evangélicos com a sua Bíblia suada e amassada fazendo as suas pregações, rapazes contando sua estória dos vícios das drogas, outros vendendo chicletes oferecendo e entregando cada um ocupando os ouvidos dos passageiros. Tudo que se possa imaginar acontece nos coletivos das grandes cidades.  Quando vou à cidade/Recife assento nos bancos de frente, pois, sou um velho com mais de 65 anos, e nesta condição vou de graça, não de graça, não, pois deste dos meus quatorze anos que pago passagem, e desta forma mereço uma recompensa. Durante a viagem duas senhoras começaram a conversar sem se conhecerem.  Uma comentou – veja que desgraceira este homem dormindo no banco da praça. É falta de governo, não acha? A outra disse – deve ser malandro, pois quem quer trabalhar, trabalha. Mas, muitos querem ser doutores sentados em gabinetes com ar condicionado, cafezinho e secretaria bonita ao seu lado. Olhe – disse – isto é para este pessoal do governo, que nada fazem e vive roubando o nosso dinheiro. Não vê estes corruptos que roubaram milhões e ai estão zombando de todos. Veja quantos presos, neste momento, estão precisando de apoio medico nos presídios? Centenas! Morrem sem assistência, enquanto um destes corruptos tem junta medica, por que sofre do coração. Sofre sim, porque não esta usufruindo e isto da dor no coração. A senhora sabe – disse – estas rebeliões que acontecem nos presídios é uma revolta dos sentenciados que são vistos como “bichos” enquanto estes são eleitos como “cordeirinhos”. A senhora sabe – continuou – que a Lei é para ser observada para todos, todos somos iguais perante a Lei e, porque alguns tem mais regalias? Onde a senhora mora? Eu moro no Ibura de Baixo! Eu aqui em Rio Doce! Pois é como eu estava dizendo. Outro dia um rapaz entrou num mercadinho e apanhou um pacote leite Itambé, na prateleira e saiu de fininho. Foi visto pelo segurança do mercado, que o agarrou e o levou lá para trás dando-lhe uns safanões e chamando a policia que ia passando na ocasião. Preso levado para a Delegacia onde foi autuado por furto. Alegou na frente do Delegado que levava aquele pacotinho para o leite de sua filha. Errou! Errou e muito, era melhor ter pedido do que se apoderar indevidamente, não é verdade? Errou, mas não precisava ir para o Cotel. Deveria ter levado um carrão ou uma advertência e ser solto, mas não prenderam por este furto. É minha senhora, as coisas só pendem para os mais pobres e negros que hoje são rejeitados pela sociedade. Hoje o mundo é cheio de injustiça. Justiça só existe para os ricos e poderosos. Chegava ao Parque Treze de Maio e a conversa continuava entre elas, uma dizendo para outra - Tu vai ver a safadeza deste ano com as eleições. Eu mesmo não vou votar em nenhum politico todos eles se aproveitam da besteira do povo, com abraços, caminhadas, ofertas de objeto a fim de angariar simpatia e depois mandam todos para “aquele lugar”! Foi bom este papo. Conversando a viagem encurta e agente desabafa as nossas frustações com este pessoal que colocamos no poder, para rir de nós. Vou descer aqui e tu? No terminal respondeu a outra.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os vários tipos de homem dentro do preconceito.




Por Carlos Sena (*)

O politicamente correto, nem sempre correto é. Muitas vezes se transforma em "curreto". Porque várias pessoas adoram estar na onda, ser moderninha. Mesmo em questões em que o mais importante não é o "da boca parara dentro, mas o da boca pra fora" -  quando pessoas por dentro são preconceituosas, mas por fora se traem no verbo contraditado pela falta de sentimento legitimo. É o caso específico da questão homossexual, gay como se costuma dizer na prática. Todo mundo diz aceitar os gays e até há os que aceitam, principalmente se for na família dos outros. Com ranço, mas aceitam, porque o processo de depuração do preconceito é secular. Aqueles cujo ranço é maior, certamente entornam o "caldo" quando se encontram com um familiar assumidamente gay, ou ainda dentro do armário. Há intelectuais à beça nesse rol. Porque fica claro que boa parte deles não avançou no quesito "compreender os comportamentos diferenciados". Pelo contrário. Utilizam de campos teóricos perfeitos para enquadrar gays em parâmetros que ajudam aos leigos piorarem suas convicções homofóbicas. Menos mal é quando muitos gays não se deixam levar por essas intimidações. No geral eles (os gays) buscam compreender seus comportamentos diferenciados talvez para se proteger e ajudar aos de boa vontade a não dissimular ainda mais o preconceito.

Parece que a lógica do politicamente correto leva muitos ao deboche disfarçado. Atrelar os gays a sentimentos  "afrescurados" certamente é um desses momentos. Subestimar a "classe" enquadrando-a em clichês preconceituosos, como se corretos fossem é, sobremaneira mais um preconceito. Algo como dizer de um negro ser ele "negro de alma branca" imaginando estar dentro do politicamente correto e tendo a pachorra de achar que o negro não vai se doer.

Dito diferente: Gays tem trejeitos e não gays também. Gays se divertem dos seus jeitos e não gays também. Gays trabalham, amam, se emocionam. São frágeis, mas há os qua são fortes iguaizinhos aos não gays. Porque no fundo, mesmo no fundo independente do fiofó, todos são seres. São gentes de cara coração e dentes.

Muitos dos que se dizem heteros instigam os gays com alfinetadas debochantes  imaginando que não ofendem porque os gays a quem alfinetam são assumidos. Engano. Os assumidos se ofendem mais porque tiveram a coragem de ser homem em seu sentido maior. E, em sendo assim, não se permitem a certas alfinetadas em nome de que nada lhes afeta mais. Eles, os não gays que usam e abusam dessas artimanhas muitas vezes se encobrem dentro delas. Ou não? Porque senão que sentido teriam eles, os não gays, em fazer esse tipo de preleção? Sendo prático: quanto mais gays houver mais mulher sobrará para os não gays. Então por que tanto preconceito da machadada? Talvez se trate mesmo de questões entre os que estão dentro do armário e os que dele já saíram. Porque os não gays de verdade jamais se sentem ameaçados pelos gays. Eles se garantem e convivem muito bem com os gays. Tenho usado as expressões "gays e não gays" simplesmente porque se trata de homens. Na minha concepção há vários tipos de homens: os que gostam de mulheres (90%); os que gostam de outros homens (10%); os total flex; os que dizem isso ou aquilo para não revelar suas reais preferências, como se por dentro isso estivesse resolvido. Questões de somenos importância, diante da vida tão passageira e de preconceitos tão secularizados em função do que os seres humanos fazem ou deixam de fazer quando, acordados, ficam despidos de preconceitos acerca dos seus conceitos.

No fundo, o ultimo pingo cai sempre na cueca. E não devemos esquecer que a própria verdade não se permite ao absolutismo. Vejam que até um relógio parado duas vezes por dia ele marca hora certa. Por que os humanos insistem nesse desconhecimento?

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(*) Publicado no Rccanto de Letras em 06/01/2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O CACHORRO DE BOTAS - Um cachorro sem nenhum caráter


O CACHORRO DE BOTAS


Por Zé Carlos

Da última vez que me travesti de Vovô Zé deixei no ar a possibilidade de contar as estórias do Cachorro de Botas. E, não por acaso, encontrei o dito animal, outro dia e falei do Miguel (meu neto mais novo) para ele. Ele fez uma cara estranha, pior do que sua verdadeira cara (vejam foto que ilustra esta postagem, que segundo ele é sua foto oficial) que é mais feia do que a da mula sem cabeça, que corria solta lá em Bom Conselho, eu suponho, porque nunca a vi ao vivo, e perguntou, com aquela voz cavernosa, muito imitada pelo Cid Moreira:

- Eu adoro crianças! Ontem comi duas!

Eu, já comecei a ficar com o pé atrás, talvez pelo hábito de ler as histórias do Gato de Botas, e nunca ouvir que ele comesse criancinhas. Obviamente, eu não contei nada disto para o Miguel. E ele só irá saber quando puder ler o Vovô Zé, e espero, junto com o Davi, o mais velho, que deverá lhe explicar alguma coisa que ele não entenda.

Mas, o encontro com o Cachorro de Botas, cujo nome é Nick e mora no mesmo prédio que eu, apesar da surpresa da afirmação inicial, levou a várias estórias, que resolvi contar, mesmo sabendo que os meus netos, com as idades que têm hoje, mesmo que soubessem ler, não iriam entender muito bem. Mas, no futuro, quem sabe, lhes sejam úteis. Eu farei um relato, resumido pois conversamos por várias horas, e toda vez que nos encontramos ele vem com outra estória. E já peço perdão ao Nick, se não interpretei direito alguns dos seus pensamentos e isto não atrapalhe a compreensão dos meus netos, no futuro, pois neste momento o entendimento do Miguel foi pouco, pelo número de vezes que ele falou sua frase mais usada em caso de dúvida:

- Oi?!!!!!

Começando do começo, o Nick fez sua apresentação:

- Bem, como é evidente, eu sou um cachorro e sou comprovadamente um mau-caráter.

Miguel e Davi começaram a prestar atenção, pois não entenderam o que era mau-caráter. E Miguel já se manifestou:

- Oi?!!!!

Óbvio que eu tinha que explicar alguns termos usados pelo Nick para que os meus netos ficassem atentos, e farei isto sempre que ouvir a onomatopeia (será que é isto mesmo?) do Miguel, porque eles têm pelo menos que entender alguma coisa agora.

Depois de explicar que mau-caráter é tudo de ruim, e que, portanto, o Cachorro de Botas não seria muito confiável, resumi dizendo que ele era um vilão.

- Igual ao Pinguim do Batman?

Perguntou Davi de pronto. Fiquei alegre porque eles entenderam que não seria bom seguir as pegadas do Nick em suas vidas. Só fiquei em dúvida se realmente deveria contar as façanhas daquele cachorro, réu confesso quanto ao mau-caratismo. Continuei minha fala, contando a outra fase dele em nossa primeira conversa:

- Eu sou de uma longa linhagem brasileira de maus-caracteres.

- Oi?!!! Vovô Zé, o que é isto?

Eu explico Miguel, já começando a história do Cachorro de Botas, segundo ele próprio, com possíveis erros meus de interpretação.

O Nick era descendente de um cachorro de Pero Vaz de Caminha, que veio nas primeiras caravelas para o Brasil, junto com Pedro Álvares Cabral. Ele começava sua história, sempre dizendo isto, para mostrar que o mau-caratismo no Brasil vem de muito tempo. Quando o Pero Vaz de Caminha mandou pedir ao rei de Portugal um emprego para um seu parente, o parente do Nick estava por perto e contou a estória para seus descendentes, que, pelas suas naturezas, adoraram.

O Nick sempre enfatizou que nem sempre os cachorros seguiam os valores dos seus donos, mas, diante de certos fatos, é muito difícil tirar a culpa deles no comportamento dos pobres animais. E, também, sempre frisava que, a partir daquela época do descobrimento, o mau-caráter da cachorrada sempre foi aumentando. Se foi mera coincidência ou não, fica para os historiadores humanos decidirem, se isto se aplica também aos donos. E eu continuo contando as estórias e peripécias de um cachorro. Portanto, qualquer semelhança com seus donos, é mera coincidência mesmo. Será?

O Nick disse que era natural de Caruaru, filho de um cadela pertencente a um vereador da cidade, do qual ele não lembra o nome. Veio para o Recife ainda pequeno e não demorou muito para se tornar um revoltado, pois não via em seus novos donos nenhuma de suas características de maldade, que ele presenciou nos anteriores que o abandonaram ainda com os olhos fechados. Era como um estranho fora do ninho, desde pequenininho. Para não ficar tão isolado ele visitava outros cães da cidade que tivessem tão mau caráter quanto ele. Isto agora, que já está em idade avançada, pois antes ele viajou para muitos lugares, sempre a procura de cachorros maus-caracteres para interagir com eles.

- Oi?!!!!

Interagir que dizer brincar, neste caso, Miguel. Apesar dele ter contado estórias de suas andanças com cachorros de outros lugares, por exemplo, quando ele esteve com a cachorro do Lula (que lhe deu, segundo ele, bons maus exemplos de comportamento), lá em Brasília, ele resolveu contar algumas façanhas dele aqui em Recife mesmo, nestas primeiras conversas.

Recentemente, ele encontrou um cachorro vira-lata que, sentindo-se careca, resolveu fazer implante de cabelo. Dizem que foram 10.000 e tantos cabelos, retirados do seu rabo para colocar em sua cabeça. O seu dono aproveitou a vinda do animalzinho pelado e também praticou um implante.

- Oi?!!!!

Já sei Miguel! Você quer dizer que não há nenhum mau-caratismo em implantar cabelos. Eu também acho que não, mas, o amigo do Nick usou avião da FAB, e fez xixi na cabine do comandante, para marcar território. Dizem que um cachorro do Zé Dirceu fez a mesma coisa. Embora digam que ele fez o número 2 no colo do pobre comandante.


Quando olhei para o Miguel, nesta hora, depois do almoço, não houve jeito. Ele estava dormindo. O Davi já estava jogando bola. Mas, eles não perdem por esperar. Continuarei contando depois as façanhas do Cachorro de Botas, o cachorro sem nenhum caráter.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Acerca da doutrina espírita.




Por Carlos Sena. (*)

Espiritismo não é religião, mas doutrina. Isso já é o bastante para que não a coloquem no rol das religiões clássicas, tradicionais, ou mesmo das seitas do "mercado da fé". Enquanto doutrina não faz "propaganda" não toca sino, não vende nada, não casa e nem batiza. Apenas desperta nos mais necessitados uma nova compreensão do mundo. Compreensão que passa pelo entendimento do amor incondicional; passa pela assimilação da vida que acontece sob os desígnios do Criador na concretude do perdão e da caridade e que, somado ao amor formam a tríade estruturadora do Espiritismo. No conjunto desses princípios e com a prática das ações junto aos semelhantes, as pessoas vão se aprimorando de dentro pra fora, não de fora pra dentro como apregoam certas denominações religiosas.

Frequentar um centro espírita Kardecista não é incompatível com qualquer religião. Por isso mesmo é doutrina, posto que acolhe a todos que se dispõem compreender os diversos porquês existenciais como a inexistência do ACASO, REENCARNACAO, PREMONIÇÃO, MEDIUNIDADE, etc. Compreender, acima de tudo, a nossa relação com quem nos cerca, com o nosso passado e com o nosso futuro. Em outras palavras, poderemos dizer que o Espiritismo é libertador, por exemplo, das vaidades humanas. Quem nele se imiscui e se encontra nele, gradativamente vai descobrindo que "a casa do Senhor tem várias moradas". Descobre, inclusive que REENCARNAÇÃO não é vir em outra vida no corpo de outrem. REENCARNAÇÃO é como se fosse uma inteligência que, qual um chip, é colocada em uma nova pessoa para um novo trajeto de vida. Claro que tudo isso é muito complexo num primeiro momento. Porque só com a iniciação doutrinária, só com muitas leituras especializadas, só com oitivas de muitas reuniões, etc., se pode chegar a um nível de compreensão mais estruturado.

Importante é que todos aqueles que se sentem chamados pelo espiritismo, mais dia menos dia serão conduzido para esse caminho. Talvez porque os espíritos de luz, gradativamente conduzam para esse estado. Por isso, este texto não objetiva ao convencimento, mas às pessoas que estão precisando desse "toque" e que, certamente se sentem contempladas com alguma "fagulha" de informação aqui contidas. Finalizo enfatizando que os novos tempos caminham para uma melhor compreensão da doutrina espírita...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 04/01/2014


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A semana - Quem será o candidato do PT? Leiam o Manual!




Por Zé Carlos

E lá vamos nós fuçar, junto com o filme do UOL, a semana que passou. Como cheguei ao fim do filme quase sem nenhum sorriso, começo do fim e depois volto. Já havia rido muito com a confusão que a ministra do Planejamento fez com o nome da presidenta. Ela a chamou de “presidenta Lula”. E eu que pensava que quem trocava os nomes era presidenta, fiquei assuntando ser uma homenagem a ela por parte da ministra. Ela deve ter achado que a coisa está tão feia na economia, que resolveu imitá-la para, talvez, aumentar sua autoestima.

E já trilhando por outras questões de que o filme não trata, tem uma pergunta que não quer calar, e sei que ela provoca risos nuns e choro em outros: “Quem será o candidato do PT a presidente?” A julgar pelo que dizem uns e outros, nada está decidido. Os mais prováveis são a presidenta Lula e o ex-presidente Dilma, desculpem, digo, a Dilma e o Lula? E pergunto outra vez: Será que não haverá um terceiro nome? Quem sabe o Humberto? Eu o vi no filme, e vocês o verão propondo o mesmo rigor que o STF usou para julgar o mensalão petista, deve ser usado com o mensalão mineiro. Como ainda não tinha visto um petista aceitar o julgamento do seu mensalão, só me restou rir. E juro, não foi pela sua voz, a qual todos os pernambucanos já estão habituados, pelo seu timbre de soprano.

O filme começa com o Aécio cantando. Só ri quando olhei bem e vi que ele parece até com o Wanderley Cardoso na mocidade, e lembrei dos velhos tempos da Jovem Guarda. Esperei que ele cantasse Meu Doce de Coco para o Azeredo dizendo: “Você não é doce de coco, mas enjoei de você. ... É triste eu ter que confessar que meu amor...” No entanto, ele ataca com outras músicas. E o Azeredo, que quis primeiro se proclamar o Lula do outro mensalão, dizendo que não sabia de nada, me fez lembrar o dito do Lobão que já se transformou até em frase de camiseta: “Peidei, mas não fui eu!”. A que eu penso o Lula acrescentaria: “Só se for cheiroso! Se for fedorento foi o Delúbio!”. É, realmente, ninguém sabe de nada neste país. Eu apenas sei que não fui eu!

Com uma passagem relâmpago do Robocop, que não sei se foi para representar o Roberto Jefferson, que tentou ser o justiceiro programado para não acusar o Lula, começou a abordagem  sobre o Manual dos Protestos. Com a intervenção do Estado em todos os campos de nossa sociedade não haverá brevemente nada que não tenha seu manual oficial próprio. Deverá ter o Manual da Palmada, o Manual do Beijo, o Manual do Abraço, o Manual do Arroto,  e outros que vocês possam imaginar. Eu guardava em minha carteira uma piada muito antiga sobre um Manual que foi lançado em Portugal, na época salazarista que poderia se chamar de Manual do Namoro em Público. Só me lembro das penas que ela previa e aqui transformarei em reais, embora fossem Escudos no original, para facilitar o riso dos mais carentes:

Mão na mão, multa de R$ 5,00.
Mão naquilo, multa de R$ 10,00.
Aquilo na Mão, multa de R$ 15,00.
Aquilo naquilo, multa de R$ 100,00 e prisão dos meliantes.

Dizem que o Manual dos Protestos será assim também elaborado, e ainda se discute se ele valerá para todos todo o tempo ou se livrará a cara de alguns cujo protestos agradem ao rei. O que mais me chamou a atenção foi a proibição de máscaras, baseada na Constituição, que, por um cochilo dos constituintes, permitiu a liberdade de expressão, mas vedou o anonimato. Lembrei, quando era menino lá em Bom Conselho, houve um crime terrível na cidade vizinha, onde um padre matou um bispo. E o padre, dizem, estava de batina. Uma solução para não ocorrer mais crimes como este, seguindo a ideia de proibir a máscara, como propõe o Ministro da Justiça, seria proibir alguém entrar no palácio diocesano de batina. Talvez o bispo ainda estivesse vivo. Faz-me rir.

E algo que deveria ter sido melhor explorado porque já está se tornando cômico (se não fosse trágico) é o comportamento do seu Madruga, digo, seu Maduro, lá da Venezuela. Num país que não se limpa mais a bunda por falta de papel higiênico,o presidente diz que são forças externas que estão incentivando os protestos, que já mataram até uma miss. Espero que ele esteja tão maduro que caia de podre, pois presidente Maduro, em beira de estrada, tá maduro, ou Zé, ou tem maribondo no pé.

Agora fiquem com o resumo do roteiro pelos produtores do UOL e aproveitem a semana pré-carnavalesca, e não esqueçam o Manual de Boas Maneiras do Rei Momo. Boa folia!

“O julgamento do mensalão mineiro nem começou, mas já tirou mandato de parlamentar. O ex-deputado federal e reú do processo Eduardo Azeredo (PSDB-MG) renunciou ao cargo. Enquanto isso, seu companheiro de partido e pré-candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, soltou a voz. Em Brasília, servidores da Câmara, Senado e TCU (Tribunal de Contas da União) estão rindo à toa com a liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar os supersalários. Já o governo federal, que não acha graça nenhuma na repercussão eleitoral que as manifestações podem ter, quer elaborar uma espécie de "Manual do Protesto".”


sábado, 22 de fevereiro de 2014

A hipocrisia das esquerdas e o poder




Por Zezinho de Caetés

O texto reproduzido abaixo é do Rodrigo Constantino, e foi publicado no O Globo do último dia 18, com o título: “Um esquerdista pode tudo”. E o reproduzi por ter ganho de presente um livro do autor que estou gostando muito, que tem como sugestivo título: “A Esquerda Caviar”, tendo como subtítulo uma frase mais sugestiva ainda: “A hipocrisia dos artistas e intelectuais progressistas no Brasil e no mundo”.

No presente texto, que vocês lerão abaixo, ele, por uma questão de lógica, revela quanto a hipocrisia gera poder, e quanto é capaz de enganar, indivíduos, comunidades e países. E depois da leitura, aqueles que não se sentem mais culpados de serem chamados de direita, ficam até alegres em assim serem epitetados.

E basta um pouco de informação para ver que no Brasil, nos últimos tempos, já estamos nos tornando uma grande Venezuela, cujo povo hoje vive momentos terríveis proporcianados pelo chamado “socialismo do século XXI”, cuja única diferença dos outros socialismos é que o presidente fala com passarinhos, nos quais o Chávez reencarnou. Quanta hipocrisia.

No referido livro ele cita o Roberto Campos, que antes eu tinha vergonha até de citar, por ser conterrâneo do Lula, o que hoje não me dá mais prazer nenhum, mas, apenas preocupação e tristeza:

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...”

É como se só as esquerdas socialistas tivessem o apanágio de resolver todos os problemas sociais, quando nos países em que reinaram, só trouxeram mais problemas. Sua defesa intransigente do aumento da intervenção do Estado na sociedade, sem nenhum exemplo bom para dar, parece até patética. Mesmo a social democracia, que parecia levar a Europa e outros países a um novo patamar civilizatório, teve que ser salva por conservadores e liberais, para que seus países não caíssem na tábula rasa da herança dos países socialistas, a qual podemos ver que apenas depois de se transformarem em capitalistas (vide China) começaram a produzir algo de útil para seus povos. Enquanto outros (vide Cuba e Coreia do Norte) vivem morrendo de fome sob ditaduras cruéis. A Coreia do Norte não exporta nada porque nada produz e Cuba exporta gente para fugir para Miami.

O que me mete medo é que a hipocrisia esquerdista leva ao poder nas democracias, usando-a para transformá-las em ditaduras disfarçadas (Venezuela é hoje o maior exemplo), o que poderá acontecer aqui se acreditarmos nas mentiras que nos veem do Planalto sobre o que se passa no Brasil. Para a presidenta o Brasil está tão bem quanto seu penteado de R$ 3.000,00 ou os vinhos que tomou em Lisboa.

Só me resta avisar que a esquerda pode tudo enquanto o Brasil tiver vergonha de ser de direita. Lembremos que o pior socialismo que apareceu foi comandado pelo Nacional Socialismo alemão, o Nazismo, que conseguiu enganar todo mundo e hoje as esquerdas estão com ele e não abrem.

Fiquem com o Rodrigo Constantino e vejam porque as esquerdas parecem comandar a massa e balançar a pança. Mas, outubro vem aí, e nada como uma eleição atrás da outra e uma Copa no meio.

“Ser de esquerda, no Brasil, significa ter um salvo-conduto para defender todo tipo de atrocidade e cair nas maiores contradições. É o monopólio das virtudes após décadas de lavagem cerebral demonizando a direita liberal ou conservadora.

Um esquerdista pode, por exemplo, mostrar-se revoltado com o regime militar, tentar reescrever a história como se os comunistas da década de 1960 lutassem por democracia e liberdade, tentar mudar o nome até de ponte, e logo depois partir para um abraço carinhoso no mais velho e cruel ditador do continente, Fidel Castro.

Um esquerdista pode, também, repudiar o “trabalho escravo” em certas fazendas brasileiras, o que significa não atender às mais de 200 exigências legais (incluindo espessura de colchão), e logo depois aplaudir o programa Mais Médicos do governo Dilma, que trata cubanos como simples mercadoria.

Um esquerdista pode tentar desqualificar uma médica cubana que pede asilo político, alegando que tinha problemas com bebida e recebia amantes em seu quarto (é proibido isso agora?), para logo depois chamar de preconceito de elite qualquer crítica ao ex-presidente chegado a uma cachaça e a “amizades íntimas”.

Um esquerdista pode culpar o embargo americano pela miséria da ilha-presídio caribenha, ignorando que toda experiência socialista acabou em total miséria, e logo depois condenar a globalização e chamar o comércio com ianques de “exploração” (decidam logo se ser “explorado” pelo capitalismo é bom ou ruim).

Um esquerdista pode execrar uma jornalista que diz compreender a revolta que leva ao ato de se fazer justiça com as próprias mãos, e logo depois aplaudir invasores de terras e outros “movimentos sociais”, que se julgam acima das leis em nome de suas “nobres” causas. Pode até receber os criminosos no Palácio do Planalto!

Um esquerdista pode aliviar a barra do criminoso, tratar o marginal como “vítima da sociedade”, e logo depois posar como defensor dos pobres honestos, ignorando que a afirmação anterior representa uma grave ofensa a todos aqueles que, apesar da origem humilde, mostram-se pessoas decentes por escolha própria.

Um esquerdista pode repudiar a ganância dos capitalistas, condenar o lucro, e logo depois aplaudir socialistas milionários, ou “homens do povo” que vivem como nababos, que cobram fortunas para fazer palestras, ou artistas que negociam enormes cachês com multinacionais para seus filmes ou comerciais.

Um esquerdista pode ser um músico famoso ou um comediante popular, e basta a fama por tais características para fazê-lo acreditar que é um grande pensador político, um intelectual de peso, alguém preparado para opinar com embasamento sobre os mais diversos assuntos sem constrangimento.

Um esquerdista pode insistir de forma patológica na cor do meliante preso ao poste, um rapaz negro, e logo depois ignorar outro bandido amarrado a um poste, pois este tinha a cor “errada”: era branco. Pode, ainda, acusar todos que condenam as cotas raciais de “racistas”, e logo depois descascar Joaquim Barbosa, inclusive por causa de sua cor.

Um esquerdista pode alegar ser a pessoa mais tolerante do mundo, isenta de qualquer preconceito e apaixonada pela diversidade, para logo depois ridicularizar crentes evangélicos, conservadores católicos ou liberais céticos.

Um esquerdista pode surtar com o uso de balas de borracha pela polícia contra “ativistas” mascarados que quebram tudo em volta, para logo depois cair em um ensurdecedor silêncio quando o governo socialista venezuelano manda tanques para as ruas para atirar a esmo em estudantes durante protestos legítimos contra um simulacro de democracia.

Um esquerdista, por fim, pode pintar as cores mais românticas e revolucionárias sobre as máscaras de vândalos e arruaceiros que atacam policiais, para logo depois chamar de “fascista” a direita liberal, ignorando que o fascismo de Mussolini tinha os camisas-negras que agiam de forma bastante similar aos black blocs.

Assim caminha a insanidade na Terra do Nunca, com “sininhos” aprontando por aí enquanto os artistas e “intelectuais” endossam a agressão contra o “sistema”. No fundo, defendem a barbárie contra a civilização. Abusam da dialética marxista, do duplo padrão moral de julgamento, da revolta seletiva, do cinismo, do monopólio da virtude.


Um esquerdista jamais precisa se importar com a coerência, com o resultado concreto de suas ideias, com pobres de carne e osso. Ele goza de um álibi prévio contra qualquer acusação. Afinal, é de esquerda, ou seja, possui as mais lindas intenções. É o suficiente. Um esquerdista pode tudo!”

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PERDÃO DE PAI.




Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho


“Seu Manoel e Dona Rita tinha a filha Violeta”. Esta moça sempre foi alvoraçada, sapeca e conhecida na Rua do Progresso pelas suas estripulias. Morava em uma pequena casa onde o pai era pedreiro e a sua mãe domestica, fazia serviço de faxina na residência da zona sul. Violeta nunca se conformara com a vida que levava, queria luxo para esta condição precisava de dinheiro. Passeava pelos shoppings e em cada vitrine desejava roupas, sapatos e sandálias, mas dinheiro nunca tinha. Não conseguia emprego, porque os empregos eram sempre de balconista, o que não aceitava, queria ser modelo, pois corpo tinha, era bela e com estes apetrechos ela pensava ganhar o mundo. E, assim a cobiça falou mais alto. Começou a sair de casa todos os dias para encontrar alguns amigos nos shoppings e frequentava outras festas chamadas pelas meninas ricas. Mentia sempre. Dizia que morava em boa casa no Espinheiro, porém nunca levou nenhuma das amigas por lá, sempre arranjava alguma desculpas. Certo dia saiu de casa. Foi morar na zona sul do Recife, no prédio Holiday, com uma amiga dividindo o kitnet. Foi vista por alguns amigos do casal, a Violeta na esquina da Rua Bruno Veloso com a Domingos Ferreira, com varias outras “moças” em pé toda emperiquitada. Quando os pais souberam ficaram indignados com aquela situação, criar uma filha com todos carinhos, fazendo das tripas o coração para dar-lhe o melhor que pôde e ver sua filha como “menina de programa” era uma tristeza. Procurou mais não a encontrou logo de imediato. Voltou varias vezes ao local onde a tinha visto, e nada. Mais não desistiu. Certo tempo soube que ela trabalhava na Boate Princesa e lá foi ele até o local. Encontrou-a sentada em uma cadeira de pernas cruzadas, de saia curtíssima, blusa decotada e toda pintada, um copo de bebida e cigarro nos dedos. Quando a viu quase tomava um ataque de coração. Ela, por sua vez, tomou um susto vendo seu pai ali em pé defronte a ela. Cambaleou mais se ergueu fitando nos olhos do velho pai – o senhor por aqui? O que aconteceu? Seu Manoel respondeu: vim olhar você porque o que me disseram não acreditei, queria ter certeza vendo com os meus próprios olhos a minha filha num ambiente desgraçado como este vendendo o corpo por qualquer dinheiro. Filha eu e sua mãe lhe ensinamos esta profissão? Você não sabe que em breve você estar um bagaço e ninguém vai querer lhe olhar de frente. Não sabes que o cansaço atinge todas as pessoas e que a miséria vem a galope. Estou perplexo com esta situação e eu não sei como resolver, ver você neste estado lastimável que encontrei. Violeta chegou a lacrimejar com esta dialogo do pai. Sentou-se acendeu mais um cigarro, tomou um gole da bebida já no fim e disse – Pai, o senhor e a mamãe nunca me ensinaram estas coisas, pelo contrario aconselhava para outro modo de vida. Mas, eu queria mais e sabia que o senhor não tinha condições de arcar com o meu desejo. Sei que todos estão decepcionados comigo, mas vou em frente e assumindo as consequências desta minha vida. Seu Manoel saiu arrasado daquele ambiente escuro e fumacento com musicas estridentes. Saiu foi para a rua tomar um ar fresco. Que podia fazer? Aconselhou pediu para voltar para casa, mais não obteve êxito, entregava a filha a Deus para ele a regenerasse e mudasse de vida. O tempo passou, as noites mal dormidas pelo Seu Manoel e Dona Rita se sucediam. Mas, a sua fé nunca foi abandonada, rezava sempre por esta filha que Deus a protegesse mesmo sabendo do ato pecaminoso que ela praticava e dizia – Deus é pai e não padrasto-. Dois anos se passaram. Um belo dia, por volta das onze da manhã, ao chegar à casa vinda da feira, encontrou a porta entreaberta. Não desconfiou, porque tinha a deixado encostada. Na sala lá estava sentada a sua filha Julieta. Uma maleta encostada na poltrona e ela sentada de cabeça baixa. Não acreditou no que via. Era um milagre que estava acontecendo, ou que aconteceu. Ela olhou para ele com os olhos vermelhos de chorar pedindo-lhe para voltar para casa, pois estava doente e com doença grave e precisava de ajuda e as pessoas com que convivia a lhe viraram as costas. Ainda era nova, tinha uns 27 anos de idade. Seu Manoel e Dona Rita a acolheram chorando de abraços abertos apertando-lhe ao peito, dizendo – você esta em sua casa, que Deus me abençoe pelo sua volta. (esta estória me foi relatada por Dona Sonia em uma conversa na sua casa no bairro de Casa Amarela – As personagens e locais são nomes fictícios)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

MULHERES ABELHUDAS




POR CARLOS SENA (*)

 Procurado por uma jovem, ouvi dela essa confissão: “estou muito decepcionada com os homens, pois só querem se aproveitar da gente”! Respondi que não achava isso, mas ela se espantou. Tentei lhe explicar, colocando que ela invertesse parte do seu depoimento, ou seja, que ela também se aproveitasse dos homens; que ela tentasse não se deixar levar demais por um romantismo inexistente. Ela insistiu: “mas, eu não consigo ser diferente!”. Retruquei: pois você vai ter que ser diferente sem deixar de ser igual. Por que você não faz uma “produção independente”, pois quem sabe assim você cumpre o seu desejo de ser mãe e se exercita no aproveitamento dos homens, utilizando eles para “fazer um filho em você”? Afe Maria, não consigo nem pensar nisso, respondeu a jovem! Como se vê você está em uma encruzilhada meio sem sentido pra quem tá de fora, mas com todo sentido pra quem tá de dentro como você. E prossegui a prosa, mostrando que a gente tem que ver a vida no seu sentido mais prático e tentar, na medida do possível, quebrar certos paradigmas machistas ou feministas acerca das relações. Porque tudo se passa, entre dois amantes, na forma como se pactua, mesmo considerando que os pactos poderão ser rompidos. Porque o ritmo das relações é dinâmico e tudo pode acontecer, inclusive nada. Pode acontecer um grande amor entre duas pessoas que se conheceram e pactuaram apenas “ficar” e o contrário, não necessariamente nessa ordem.

Perguntei se “por que não matas tua mãe”? A jovem quase pirou. “Tá doido, como vou fazer isso com minha mãe?” Expliquei: segundo um renomado psicanalista, “a maioria das mães é mais perigosa do que um arsenal de armas atômicas” – algo mais ou menos assim. No contexto afetivo em questão, a mãe da moça era mesmo isso, ou seja, um arsenal de armas atômicas que explodia todo instante naquela moça sob forma de cobranças anacrônicas acerca de um homem perfeito para a filha e coisas do gênero. Depois da explicação as coisas ficaram melhor na cabecinha dela, mas não o suficiente para que essas questões fossem melhor assimiladas. Mesmo porque isso não acontece de um minuto para o outro. No final da prosa, a jovem e bela garota foi embora, certamente com o juízo a mil. E eu, por minha vez, fiquei matutando na questão dos valores e dos conceitos que, mesmo destes tempos tão frouxos ainda continuam mexendo com várias pessoas. Mas, o que mais me deixou pensativo foi a questão do uso ou do não uso pelos homens. Porque muitas mulheres assim também pensam, ou seja, acham que quando os homens ficam com ela e no outro dia não dá “liga”, ele é safado e aproveitador. Penso diferente: quem não quer se molhar não vai pra chuva. No dia em que as mulheres começarem a “usar” os homens, certamente serão eles que se sentirão com vontade de coisa séria com elas. Ou não? Porque do mesmo jeito que a “abelha sente prazer em sugar o mel da flor a flor sente prazer em ser sugada pela abelha”... Ah, mulheres abelhudas, melhor aprender com elas, as abelhas..

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 29/12/2013

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Precisamos de mais médicos e mais vergonha na cara




Por Zezinho de Caetés

Hoje, vou mudar o meu estilo de comentar os textos que cito aqui para os meus leitores. Ao procurar escritos que sejam razoáveis e de bom senso nesta nossa imprensa, cada dia mais caída de amores pelos que estão no poder, me deparei com dois que nunca vi tão complementares e que poderiam serem lidos juntinhos e eu não dizer mais nada.

No entanto, vou me responsabilizar por este pequeno “nariz de cera” para, primeiro, pedir perdão a Lucinha Peixoto (que sempre promete voltar e não volta, e para isto, deve ter motivos fortes) por citar uma de suas preferidas escritoras, que é a Maria Helena Rubinato; segundo, para bater numa tecla em que bati há tão pouco tempo, os problemas do programa Mais Médicos, (que abordei recentemente aqui).

Ambos os textos (o de Marina Helena tem o título de “Alguma dúvida?” e foi publicado no Blog do Noblat em 17/02/2014 enquanto o outro, do Ives Gandra Martins, foi publicado na Folha de São Paulo, no mesmo dia, com o título, bastante esclarecedor: “O neoescravismo cubano”) tratam do que já chamei de Mais Cubanos, que nada mais é do que uma atitude de  desespero do PT, para não apear do poder, como tudo leva a crer, agora em 2014. O Programa, como todos sabem, foi gestado há muito tempo e veio à luz depois das manifestações de rua do ano passado, sendo a única medida proposta pela presidenta que resultou em alguma coisa. E estes resultados não estão sendo dos melhores. Desde denúncias de escravidão até as fugas dos escravos, digo análogos a escravos cubanos, tudo não vem saindo bem para o objetivo com que foi lançado: Mais um programa social para cativar os mais pobres e sem informação, e obter impacto eleitoral favorável.

Com as atitudes de alguns dos cubanos, que se sentiram enganados, e com muita razão, parece que Dilma atirou no que viu e matou o que não viu, isto é, mirou nos votos e matou a vergonha que ainda nos restava, ao sermos os últimos a abolir a escravidão e os primeiros a trazê-la de volta.

Minha única dúvida é qual dos dois textos coloco primeiro para que vocês se informem. Escolhi o do Maria Helena para começar. Vejam-no logo abaixo, e em seguida o texto do Ives Gandra, nosso grande jurista e vejam se não concordam que o que precisamos é de mais vergonha na cara e não votar na turma que usa a escravidão para se eleger.

“Alguém duvida que o Brasil precise de mais médicos? Muitos mais?

Um país continental, com áreas onde jorra dinheiro, outras onde vive uma burguesia que luta para manter a cabeça fora d’ água e uma imensidão de miseráveis, não haveria de precisar de muitas e muitas coisas, mas, sobretudo, de mais médicos?

Dona Dilma, filha e sobrinha de idosas, mãe e avó, sabe o quanto é importante um médico ao alcance de nossa angústia diante da doença de um de nossos queridos. Tenho certeza disso.

Outros, quando ouvem ou leem alguém que discorda do programa padilho/caribenho, se apressam em dizer que é porque nós, os insensíveis, não sofremos o que sofrem os desvalidos dos grotões do Brasil.

Como tudo que vem do PT e dos petistas, é assim que a banda toca: eles são anjos de candura e, nós, os antipetistas, monstros tenebrosos. Mas algo me diz que dentro de alguns anos teremos em Brasília muitos retratos de Dorian Grey...

Nesse programa há médicos de outros países, como já se sabe. Algum deles ganha dez mil e recebe mil? Algum deles foi obrigado a deixar a família para trás? Algum deles, para se movimentar aqui dentro do Brasil, é obrigado a prestar contas a uma vigilante tipo a cubana Vivian Isabel Chávez Pérez? (VEJA, 19/02/2014).

O governo dos outros países recebe o salário dos seus médicos que aqui estão? Permite que eles sejam alocados na cidade tal e que de lá não possam sair sem ordens de um vigilante? Concordam em que só o médico tenha visto de entrada no Brasil e a família não?

Pior: por que os nossos médicos precisam confirmar sua graduação e os cubanos entram aqui com a cara e a coragem e nós temos que acreditar em sua graduação e mais, em suas especialidades?

Outra coisa é a barreira da língua. Só quem nunca morou em país de língua estrangeira acha que é possível explicar o que se sente, quais os sintomas da queixa, ou responder às perguntas dos médicos sem conhecer muito bem a língua falada por eles. Se em Portugal ou Angola ou Moçambique podemos nos confundir, imagine em Madrid, Lima ou Havana. E o vice-versa é a mais pura verdade.

Nós precisamos de Mais Médicos, não há a menor dúvida. Mas precisamos de Mais Vergonha na Cara: para reformar e restaurar as maravilhosas Santas Casas que herdamos de Portugal; para espalhar pelo país ambulatórios bem equipados; para atender às Escolas de Medicina de norte a sul; e, pelo amor de Deus, para prover de esgoto sanitário todas as ruas e praças de nosso Brasil.

E mais depressa do que imediatamente, cancelar esse absurdo contrato com Cuba. Se multa houver – e eu não acredito que algum tribunal dê ganho de causa a Cuba – ainda assim sairia mais barato indenizar os irmãos Castro do que passar pela vergonha de sermos o último país a abolir a escravidão e o primeiro a reinaugurá-la.”

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“O governo federal não poderia aceitar a escravidão dos médicos cubanos que recebem 10% do que ganham os demais estrangeiros

A Constituição Federal consagra, no artigo 7º, inciso XXX, entre os direitos dos trabalhadores: "XXX "" proibição de diferença de salários, de exercício de função e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil".

O governo federal oferece para todos os médicos estrangeiros "não cubanos" que aderiram ao programa Mais Médicos um pagamento mensal de R$ 10 mil. Em relação aos cubanos, todavia, os R$ 10 mil são pagos ao governo da ilha, que os contratou por meio de sociedade intitulada Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S/A. Pela cláusula 2.1 "j" desse contrato, receberia cada profissional no Brasil, apenas 400 dólares por mês, depositando-se em Cuba outros 600 dólares.

Em face da cláusula 2.1 "n", deve o profissional cubano guardar estrita confidencialidade "sobre informações não públicas que lhe sejam dadas". Pela cláusula 2.2 "e", deve abster-se de "prestar serviços e realizar outras atividades diferentes daquelas para que foi indicado", a não ser que autorizado pela "máxima direção da missão cubana no Brasil". Não poderá, por outro lado, "em nenhuma situação, receber, por prestação de serviços ou realização de alguma atividade, remuneração diferente da que está no contrato".

Há menção de vinculação do profissional cubano a um regulamento disciplinar (resolução nº 168) de trabalhadores cubanos no exterior, "cujo conhecimento" só o terá quando da "preparação prévia de sua saída para o exterior". Na letra 2.2 "j", lê-se que o casamento com um não cubano estará sujeito à legislação cubana, a não ser que haja "autorização prévia por escrito" da referida máxima direção cubana.

Pela letra 2.2 "q", só poderá receber visitas de amigos ou familiares no Brasil, mediante "comunicação prévia à Direção da Brigada Médica Cubana" aqui sediada. Pela letra "r", deverão manter "estrita confidencialidade" sobre qualquer informação que receba em Cuba ou no Brasil até "um ano depois do término" de suas atividades em nosso país.

Por fim, para não me alongar mais, pela cláusula 3.5, o profissional será punido se abandonar o trabalho, segundo "a legislação vigente na República de Cuba".

A leitura do contrato demonstra nitidamente que consagra a escravidão laboral, não admitida no Brasil. Fere os seguintes artigos da Constituição brasileira: 1º incisos III (dignidade da pessoa humana) e IV (valores sociais do trabalho); o inciso IV do art. 3º (eliminar qualquer tipo de discriminação); o art. 4º inciso II (prevalência de direitos humanos); o art. 5º inciso I (princípio da igualdade) e inciso III (submissão a tratamento degradante), inciso X (direito à privacidade e honra), inciso XIII (liberdade de exercício de qualquer trabalho), inciso XV (livre locomoção no território nacional), inciso XLI (punição de qualquer discriminação atentatório dos direitos e liberdades fundamentais), art. 7º inciso XXXIV (igualdade de direitos entre trabalhadores com vínculo laboral ou avulso) e muitos outros que não cabe aqui enunciar, à falta de espaço.

O governo federal, que diz defender os trabalhadores --o partido no poder tem esse título--, não poderia aceitar a escravidão dos médicos cubanos contratados, que recebem no Brasil 10% do que recebem os demais médicos estrangeiros!!!

Não se compreende como as autoridades brasileiras tenham concordado com tal iníquo regime de escravidão e de proibições, em que o Direito cubano vale --em matéria que nos é tão cara (dignidade humana)--, mais do que as leis brasileiras!


A fuga de uma médica cubana --e há outros que estão fazendo o mesmo-- desventrou uma realidade, ou seja, que o Mais Médicos esconde a mais dramática violação de direitos humanos de trabalhadores de que se tem notícia, praticada, infelizmente, em território nacional. Que o Ministério Público do Trabalho tome as medidas necessárias para que esses médicos deixem de estar sujeitos a tal degradante tratamento.”

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ROBERTO CARLOS, fazer o quê?




Por Carlos Sena. (*)

 Quarenta anos depois Roberto Carlos, de novo, no natal. Quarenta anos depois, a gente, de novo com Roberto Carlos no natal. Quarenta anos depois, tudo parece quarenta anos antes. Porque quarenta anos antes de Roberto haviam cantantes dos amores findos, iniciados, controvertidos. Amores assim: amores. Amores que não tinham moda. Amores cujas receitas eram as da paixão, da entrega. Também da separação e da tristeza por conta de sua perda. Amores de ontem ou amores de antes. Amores de hoje ou amores de quarenta anos juntos. Há quem prefira ignorar os quarenta anos de hoje por absoluta falta de quarenta anos de ontem. Mas, tudo são detalhes que não são pequenos entre os dois tempos de antes e depois de Roberto. Emoções, afinal. Emoções que se renovam em cada amanhecer, em cada por de sol, em cada anoitecer. Emoções que não se escrevem como as cartas de amor “ridículas”. Emoções sentidas por caminhoneiros, por pessoas míopes que precisam de óculos, por mulheres pequenas, pessoas que tem fé em Deus, por mulheres maduras que também já passaram dos quarenta... Porque nesse tempo, “saber viver” tem sido uma bandeira que todos temos que aprender no amor que em nossa volta se constrói ou que se dissemina. “Como vai você”, podereis me perguntar no rumo dessa prosa. Ora, sem blague vos direi que eu vou a mil na vida apesar das “curvas das estradas de Santos”; apesar de não ser bem “o cara” que podem querer que eu seja  mas vou a mil. Ver Titia Amélia, ou, com saudades de Lady Laura, permanecer curtindo as “jovens tardes de domingos” – quantas alegrias!

Quarenta anos depois os natais podem ter mudado. Mas, e o Rei? E eu? Mudamos, com certeza. Talvez como vinho ou como a cana. O vinho porque quanto mais velho melhor, a cana que, quanto mais moída, trucidada, só sabe dar doçura... Porque quarenta anos depois Roberto continua fiel a si e aos seus admiradores. Porque ele sabe que “Além do Horizonte” estamos nós que acreditamos no amor, que nos misturamos com esses sentimentos rotulados de modernos, mas não nos deixamos intimidar por eles. Porque o amor que Roberto canta é aquele que todos almejamos com certa dose de romantismo... Um amor onde há espaço para as estrelas, para o sonho, para a lágrima que jorra “quando o amor se vai”... Amor que curte um “café para dois” na cama... Amor que contextualiza  “Jesus Cristo”, As Baleias, A Montanha, o “cachorro que nos sorri latindo”... Enfim, a vida além do que se vê, “além do horizonte”, porque amanhã de manhã eu posso não ter com quem dividir um café da manhã, mas, certamente isso vai ser um “detalhe tão pequeno de nós três”: eu, Roberto e o meu amor que chega cedinho para tomar o café da manhã, cheio de manha...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 26/12/2013

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A semana - Somos todos caras-de-pau?




Por Zé Carlos

O filme do UOL, que resume a semana, não trouxe o principal fato ocorrido nela. A morte do cinegrafista Santiago por um rojão acendido por uma dupla de Black Blocs, que dariam uma explosiva dupla caipira: Caio e Raposão. Talvez os produtores não queiram fazer humor negro. E, realmente, foi um acontecimento lastimável. Quando pensávamos que o Brasil acordara, começa-se um pesadelo destes, que termina em morte. Será que poderíamos rir de um episódio com este? Só se for com a Sininho, que, tal qual a fada do Peter Pan apareceu esvoaçante oferecendo assistência jurídica aos detonadores de gente. E ainda aproveitando a história do Peter Pan, tenho certeza, tivemos vários políticos crescendo o nariz quando falaram do triste fato.

No entanto, pensando bem, começamos um período em que é muito difícil não fazer humor negro, pois o que está acontecendo de mortes políticas, não é brincadeira. Só chorando mesmo. Vejam, por exemplo, o que o filme mostra na festa de 34 anos do PT! Quando a Dilma diz que a oposição é “cara-de-pau” ao dizer que o “ciclo do PT acabou”, quem vestiu a carapuça, começou logo a rir ao pensar com seus botões: “Já vai tarde!”. Eu mesmo, só agora que tirei a carapuça. Será que isto não é fazer humor negro ao me aproveitar da morte de um partido? Talvez seja, mas, o Brasil informado também está todo rindo.

E todos rirão mais quando verem o filme que a presidenta dizendo que ainda tem muita energia para fazer mais pelo Brasil, depois de tantos apagões. Até em Alagoas houve um no sábado. Causa? Dizem que foram os cabelos de Renan que, ao serem sugados pelo filtro de uma piscina, causaram um curto circuito que fez desligar todo o sistema elétrico do Estado. Não sei nem se Bom Conselho foi atingido, por sermos vizinhos. Seria de morrer de rir.

Mas, para não dizer que não ri de verdade, o fiz quase em seu final quando o filme mostra que o Bolsonaro quer ser presidente da Comissão de Direito Humanos da Câmara. Pela sua fala e pela reação das meninas, proporcionando, o que se tornou moda, um “beijo gay” para mostrar que ele teria mais trabalho na comissão do que seu antecessor, o Feliciano, que deu muita munição para o riso, os Direitos Humanos, pelo menos em termos parlamentares, é que se tornou uma “piada de salão”, igual ao mensalão de Delúbio. Nossa!

Antes dos beijos apaixonados entre as moçoilas tivemos o deputado Donadon considerando-se injustiçado por ter o mandato cassado, quando há pouco tempo atrás, os próprios deputados que hoje o defenestraram o livraram das "benesses" de ser um presidiário com mandato. Apesar de não saber, e nem ter tempo de ir ao Google para saber, se há outros casos no mundo, onde alguém é condenado por desvio de dinheiro e continue a fazer as leis do país, eu continuo acreditando que isto só ocorre no nosso Brasil, nossa pátria amada, salve, salve... Agora, se for sem condenação, eu já ri muito com o Maluf, que não pode viajar para o exterior para não terminar como Pizzolato, embora por outros motivos. O que posso afirmar que é coisa do Brasil político é o arrependimento coletivo dos deputados no caso Donadon. Foi tão estranho que o João Paulo Cunha renunciou ao mandato que antes defendia com tanta ganância. Botou as "barbas de molho", ou lavou a cara-de-pau com detergente fornecido pelo Planalto. 

Já ia classificar o filme desta semana como “sofrível”, quando lembrei da queda do Suplicy ao subir num palco. Aumentei minha avaliação. E nem foi pela queda em si, e sim pela defesa que ele fez da vaquinha dos mensaleiros para pagar as multas, e criticando o ministro Gilmar por achar a ideia imoral. Neste caso, penso que o ministro e nossa Constituição estão certos. As penas devem ser individuais e intransferíveis, mesmo aquelas que envolvem dinheiro, mesmo que aqueles que queiram cumprir a pena junto tenham o direito de fazê-lo. Eu ri ao lembrar que pelo proselitismo de alguns petistas, apareceriam muitos deles para ficar na Papuda no lugar do Zé Dirceu, e pensar que o governo atual poderá decretar que isto, além de ser possível, é recomendável. Afinal de contas vem aí uma lei que condena os Black Blocs e livra a cara do MST. Talvez porque estes ainda não usam máscaras. Pelo meu riso, salvou a semana, e espero que salve a de vocês também.

Vejam, logo abaixo o resumo do roteiro feito pelos produtores do UOL e vejam o filme logo após. Não chorem, por favor! Se tiverem vontade ouçam a trilha sonora que diz, entre outras coisas:

E se vocês estão a fim de prender o ladrão
podem voltar pelo mesmo caminho
o ladrão está escondido lá embaixo
atrás da gravata e do colorinho

“A campanha eleitoral de 2014 começou! Nesta semana, o PT organizou uma festa em São Paulo para celebrar seus 34 anos e aproveitou para lançar, extra-oficialmente, as candidaturas de Dilma à Presidência e de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. A presidente desferiu críticas aos opositores, chamados de caras-de-pau. Em Brasília, o agora ex-deputado-presidiário Natan Donadon, enfim, foi cassado pelos colegas, que outrora o absolveram. O que mudou? Agora, a votação foi aberta. Depois de Marco Feliciano, agora é a vez de Jair Bolsonaro, aquele que tem saudades da ditadura e tem horror a gays, pleitear a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.”


sábado, 15 de fevereiro de 2014

GENTILEZAS DE NATAL




POR CARLOS SENA. (*)

Tal qual a música de Chico Buarque com um trecho "todo dia ela faz tudo sempre igual", de novo novo ano bate em nossa porta cheio de promessas. E as promessas são todas assim meio que prometendo ser diferente, mas "fazendo tudo igual" como na canção. Mas, isso é de alguma maneira a resposta do tempo ao destempero dos homens que , prometem o que não podem cumprir e cumprem o que nunca foi pactuado fazer... Ou não? Senão vejamos: em plena antevéspera do natal, trânsito maluco no bairro de Boa Viagem, pasmem: de repente, dentro de um carro CHIC, eis que a mão de uma mulher faz gestos insistentes. Como eu estava atrás daquele carro, flagrei esse fato com detalhes. Pois bem, era uma senhora acenando para um senhor de muletas que pedia esmola no sinal. Quando o pedinte, atendendo à solicitação chega perto, ela lhe dá uns trocados e, certamente, saiu dali com seu espírito natalino alimentado, até mesmo empanturrado. Presenciei essa cena exatamente porque regressava do shopping center e lá, não por coincidência, cansou-me as gentilezas das pessoas. Por tudo pediam desculpas, por nada desejavam "feliz natal". Isso por parte dos vendedores e de boa parte de outras pessoas que como eu lá estava fazendo compras, exercitando o consumo como se ele fosse o motivo do natal. "Meno male" - ora direis, pois pelo menos nesta época a solidariedade, embora disfarçada, acontece, exercita-se! Nem tanto, arremato! Porque agora me remeto a uma passagem de criança: houve um eclipse da lua e, plenas dez horas da manhã, as galinhas se recolheram ao galinheiro como se fosse suas horas habituais de recolhimento. O galo cantava, as penosas cacarejavam e tudo parecia mesmo um anoitecer em plena manhã. Remeti essa história lembrando-me de que poderíamos também inverter o calendário e fazer natal todo mês durante todo o ano... Vê-se pois, que "todo dia ela faz tudo sempre igual e se acorda às seis horas da manhã", explico: todo ano no natal as pessoas ficam boazinhas, como aquela senhora que quase implorou ao pedinte para pegar uns trocados em seu carro. Detalhe: em todos os meus anos de Recife nunca vi cena igual de gentileza no trânsito tão exuberante!

Pela certeza de que mesmo as gentilezas de natal que em sua maioria são na base do script, que aconteçam. Quem sabe não chegue o dia em que isso vira modus vivendi e a gente não precise mais ser gentil apenas no natal?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 23/12/2013

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SONHO OU REALIDADE?




Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho


Sou fã numero um do nosso Jornal, a GAZETA. Este meio de comunicação nos traz informações do dia-a-dia da nossa querida terá natal.  Quando recebo leio de “cabo a rabo”, todas as noticias, mesmo aquelas que já tenham acontecidas, mas nos dá uma visão ampla que a nossa cidade se “mexe” em todos os setores. A Gazeta de nº 350 referente ao período de 01 a 15 de dezembro de 2013, com o titulo NASCE A ACADEMIA BONCONSELHENSE DE LETRAS – A NOSSA ABL, na coluna CRÔNICAS DE PAPACAÇA redigida pelo Senhor JOÃO ALFREDO DOS ANJOS, o que me alegrou de imediato. Corri os olhos sobre o texto muito bem escrito e enquanto lia a minha alegria aumentava, mas no final do texto fiquei entristecido com estas palavras – Destarte um grupo de atrevidos papacaceiros resolveu quebrar a castanha exatamente, no dia 13 de novembro de 2013 e criar a nossa agrestina ABL, com vinte cadeiras e tendo como patrono o inolvidável Emydio Dantas Barreto, escritor ilustre, filho da terra, herói do Itororó e membro da Academia Brasileira de Letras. registre-se que a data 13, da fundação da academia bom-conselhense de letras é puramente simbólica, pois refere-se aa número supersticioso do Cel. José Abílio de Albuquerque Ávila, o maior líder politico da historia de Papacaça. Na mesma hora me veio a frustação e a tristeza invadiu meu coração, mais uma vez senti que a nossa ACADEMIA ainda não existe por falta de empenho dos nossos conterrâneos em desenvolver um trabalho literário em nossa cidade. Paralisado e olhos no além do céu azul com algumas nuvens navegando, e vento brando mexendo os meus cabelos brancos, me fiz uma pergunta: O que esta faltando, o a que esta faltando repito, para que este comentário do João Alfredo se concretize, ou seja, a criação/fundação da ACADEMIA BOMCONSELHENSE LETRAS - ABCL. Não podemos deixar este projeto de lado, pois ele fará parte da cultura da comunidade. E, ainda tenho a ousadia de perguntar - Como perpetuar o nome destas pessoas que elevam o nome da terra se não temos um lugar para guarda da sua memoria? Os nossos jovens, sucessores na vida como vão se lembrar dos vultos que deram a vida pela cultura da nossa cidade? E, aqueles que com o seu trabalho atravessaram as fronteiras da nossa terra voando por outras plagas levando a nossa cultura? É tempo de refletir! É tempo de ousar! É tempo de abraçar esta causa que enriquecerá a nossa cidade, tão desprovida de uma casa onde reúna as pessoas que mais contribuíram e aqueles que neste momento contribui com as suas obras. Neste momento, nós fomos presenteados por duas grandes personalidades, por ocasião da festa do 3º Encontro Bom-conselhense, com o lançamento de duas obras, a MEUS DOIS MUNDO do nosso querido Edjasme/Di, que vem sendo reconhecido pelos seus trabalhos dedicados ao nosso torrão natal, mesmo de longe esta sempre perto da terra que o gerou e o criou. Temos também, o Alexandre Tenório que lançou mais uma obra no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, O DIA QUE BOM CONSELHO PAROU. Como seria bom alvitre que estes trabalhos fossem apresentados em reunião solene na ACADEMIA BOMCONSELHENSE DE LETRAS – ABCL? - (ABL seria uma leitura da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS). Mas, o tempo é o nosso conselheiro. Como diz o ditado popular: Dê tempo ao tempo, que os seus sonhos se realizarão. Quem sabe se este sonho não esta perto de se realizar. Vamos que vamos prá frente, Bom Conselho dos meus sonhos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Reiginaldo, o Rossi. Ou a pedra que canta?




Por Carlos Sena (*)

O que dizer do Rossi? Deem-me uma dose de uísque que eu tento. Deem-me um bom cigarro que eu tento. Pela dúvida, deem-me uma radiola de ficha que, aí sim, eu não tento, eu digo quem é ele. Poderei dizer que é nosso rei. Mas isso é pouco. Poderei dizer que é nosso ícone do brega. Do brega? Sim, do brega, porque sem briga o Rossi foi a maior tradução quer gostem as raposas, quer gostem as uvas. E que não me deixem mentir os garçons que nas ondas dos rádios se imortalizaram pela canção. E que não me deixem mentir os cabarés que hoje fecham as portas, descerram-na, porque o Rossi se foi. E que não me deixem mentir as noites frias, despudoradas, porque os botecos todos hoje fecharam mais cedo por conta do luto, do degredo abrupto do ídolo legitimo que do povo se evadiu; que rumo às estrelas do firmamento se foi para se confundir com elas.

O que dizer do Rei? O que dizer da tosse alveolar que lhe calou a voz? Voz que outrora nos invadia os sentidos com sentidos obtusos contrários à falsa moral burguesa e fedorenta. O rei catou e foi cantado. Foi também catado. Nunca recatado, porque fazia do deboche seu mote; do chifre um “disse-me-disse”; da cachaça uma paixão; do cigarro, pitada de ilusão que se espalhava no ar contaminando a emoção dos pudicos e levando os impuros aos sentimentos de ocasião e de fossa.

O que dizer do Rossi? Que Pernambuco chora? Disso ele já sabia em vida. Porque ele tinha certeza que “Recife era seu lugar”; que Itamaracá continua lá; que os Garçons continuam a cantar na mesa de bar; que era Leviana a imaginação de que Reginaldo não era da nossa elite musical... Assim, o que dizer da elite musical? Quem, neste país, como cantor ou músico, chegaria aonde ele chegou? O Rei do brega era do naipe do Roberto, do Caetano, do Cayme, do... O diferencial dele é que ele era raiz. Nunca deixou de ser “batata, macaxeira”, ou o que melhor lhe servisse de ponte para ficar perto da raiz do povo, especialmente de Pernambuco. Cantou a dor de corno. Cantou o amor desclassificado, mas amor. Era assumidamente ele. Falava línguas. Entendia de escala musical, compunha, fazia primorosas versões, era amigo do Rei Roberto de quem, diante da “Raposa e as Uvas” teria ouvido ser a música que ele gostaria de ter feito...
Assim, pra que dizer nada dele nesta hora que ele se vai para outro plano? Melhor deixar tocar suas canções. Melhor entender que Recife é o seu lugar. Que Itamaracá continuará sendo a pedra que canta...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 20/12/2013

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Foi proclamada a escravidão. Eles estão desesperados.




Por Zezinho de Caetés

No último dia 07/02/2014 li no O Globo outro texto do imortal Merval Pereira que complementa o que comentei anteriormente, sobre a vontade do PT de passar mais de 20 anos no poder, que como o título indica (“Mais Médicos na berlinda”), trata diretamente sobre o imbróglio do que estão já chamando o “Mais Cubanos”.

Eu pensava que, nunca na história deste país, haveria uma desfaçatez maior do que aquela com que foi tratada, o que o PT está chamando a grande solução para os problemas de saúde em nosso país. Mas, ontem, eu vi uma maior ainda na solenidade de aniversário do partido, quando o seu presidente chamou a oposição de “novopassadista” em relação ao Aécio, e de “velhonovista” em relação a Campos e Marina. Para mim, eles estão desesperados, e cantando aquela música antiga: “Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor....”. Os gatos pingados que restam no partido, que sabem ler e escrever, e aqueles (em número bem menor) que sabem pensar, são apenas agora aproveitadores das benesses do poder. Quem quis evitar tal desfaçatez, já pulou fora e continua pulando, ou não tem a menor capacidade de entender qualquer coisa, exceto receber o Bolsa Família.

É óbvio que dificilmente o Sarney, o Renan, o Maluf, o Pizzolato, o Zé Dirceu, et caterva, nãopularão do barco agora, ou mesmo os empresários que se beneficiam das verbas baratas do BNDES. Estes ficarão até o suco da fruta acabar e a fruta ficar podre, ou pressentirem isto, o que não está longe de ocorrer.

O problema do Mais Cubanos, abordado abaixo pelo Merval, faz corar até o mais empedernido dos caras de pau. Todos sabem que os médicos do coma andante Fidel são tão análogos a escravos que alguns pintores que os retrataram no passado podem reclamar seus direitos autorais para seus herdeiros. Como é visto abaixo, a Ramona já fugiu, e, em menos de poucas horas outro já fez a mesma coisa e já está nos Estados Unidos. É a única saída honrosa que tem, sem mentir muito.

E, tenho certeza, outros virão, e eu já aviso que se algum médico cubano quiser asilo aqui no Recife, moro num apartamento de 2 quartos, e terei prazer em recebê-lo. Já estou preparado para retirar os seus ferros, de formão e martelo nas mãos. Sentir-me-ei o próprio Joaquim Nabuco que dizia ser a escravidão negra algo que provocou profundas feridas na nacionalidade brasileira, deixando sequelas que até hoje refletem em nossa ordem econômica, política e cultural. Hoje, os escravos cubanos, se na forma como estão sendo tratados, forem a única solução para nossa saúde, terão consequências para nós muito perto do que teve a escravidão negra. Isto porque, ficaremos habituados a resolver nossos problemas com a miséria dos outros.

Já imaginaram se outros países começarem a exportar gente para outras profissões que nosso sistema educacional não gera, como é o caso da medicina, curso para o qual se abrem faculdades sem nenhuma estrutura? E se estes profissionais forem, como acontecem com os cubanos, quase exportados em “aviões negreiros”, sob a ameaça de terem suas famílias em dificuldade se tentarem uma fuga, como fez a corajosa Ramona? E tiverem o beneplácito do governo brasileiro com a prática e resolvendo sua incapacidade de gestão com programas desta natureza, como o atual governo?

Talvez até ganhem as eleições como foi o objetivo inicial do programa, desde o início, mas, o Brasil, como a Venezuela e outros países que importam humanos, apenas será rebaixado na escala civilizatória, mais uma vez. Para agir assim, sem dúvida, eles estão desesperados.

Leiam abaixo o texto do Merval, meditem e ajudem os escravos a fugirem dos capitães do mato modernos.

P.S.: Logo depois de escrever tudo isto, vou a TV e vejo o que era, até agora invisível. O número de deserções no Programa Mais Médicos já é de quase 100 médicos, com uma porção de cubanos. O desespero já aumentou quando o ministro da saúde declarou que isto é normal, e colocou em campo os capitães do mato para caçar, além de cubanos, os brasileiros. Isto só atualiza mais o texto abaixo. Continuem lendo.

“O caso da médica cubana Ramona Rodríguez, que abandonou o programa Mais Médicos e está abrigada provisoriamente no gabinete do deputado do DEM Ronaldo Caiado em Brasília, traz de volta ao debate público questões básicas da democracia relacionadas com a contratação dos médicos cubanos para o programa.

Não está em jogo a capacitação desses médicos — criticada por setores médicos brasileiros — ou se o programa governista significa a solução para os problemas da Saúde Pública brasileira, como a propaganda oficial quer fazer crer. Essas questões merecem ser discutidas, mas, diante dos problemas éticos e de direitos humanos que surgiram com o sistema de contratação dos cubanos, devem ficar em segundo plano, enquanto o Ministério Público do Trabalho intervém para garantir os mínimos direitos a esses estrangeiros — que aqui estão ainda sob a vigilância da ditadura cubana, o que é inadmissível numa democracia.

Assim é que os médicos cubanos não podem sair de férias, a não ser que vão para Cuba, não podem manter contato com estrangeiros sem comunicar ao governo cubano, não podem desistir do programa e continuar por aqui. E, se depender do parecer do advogado-geral da União, Luís Adams, não podem nem mesmo pedir asilo ao Brasil.

Essa atitude brasileira já produziu fatos vergonhosos, não condizentes com o Estado democrático, como a entrega ao governo cubano dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que haviam fugido da concentração durante os Jogos Pan-Americanos no Rio, em 2007, e queriam ficar no Brasil asilados.

Meses depois, desmentindo o governo brasileiro, que dissera que os cubanos pediram para voltar ao seu país, Erislandy Lara, bicampeão mundial amador da categoria até 69 quilos, chegou a Hamburgo, na Alemanha, depois de ter fugido em uma lancha de Cuba para o México.

Em 2009, Rigondeaux acabou fugindo para Miami, nos Estados Unidos.

Como já escrevi aqui, o caso dos médicos cubanos tem a mesma raiz ideológica. Cuba ganha mais com a exportação de médicos do que com o turismo, isso porque o dinheiro do pagamento individual é feito diretamente ao governo cubano, que repassa uma quantia ínfima aos médicos.

O governo brasileiro não apenas aceita essa mercantilização de pessoas como dá apoios suplementares: enquanto as famílias de médicos de outras nacionalidades podem vir para o Brasil, o governo brasileiro aceita que o governo cubano mantenha os parentes dos médicos enviados ao Brasil como reféns na ilha dos Castro.

O contrato dos médicos cubanos, sabe-se agora, é intermediado por uma tal de “Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Cubanos”, o que deveria ser investigado, pois não se sabe para onde vai o dinheiro arrecadado. Há desconfiança na oposição de que parte desse dinheiro volta para os cofres petistas, o que seria uma maneira de financiar um caixa dois para as eleições.

O Ministério Público do Trabalho, que não tivera até o momento acesso aos contratos firmados pelo governo brasileiro e a tal “Sociedade Mercantil”, o que é espantoso, a partir do depoimento da médica cubana decidiu cobrar do governo que mude a relação de trabalho com os médicos cubanos, obrigando a que seja igual à de outros médicos estrangeiros, que ficam integralmente com os R$ 10 mil pagos pelo governo brasileiro.

Não é de espantar que a deserção de médicos cubanos não seja maior, pois há uma série de constrangimentos legais e pessoais que tornam difícil uma atitude mais radical.


O que importa é que o governo brasileiro está usando mão de obra explorada por uma ditadura para fingir que está resolvendo o problema de falta de médicos, enquanto nada está sendo feito para resolver o problema de maneira definitiva.”