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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Vamos às urnas!




Por Zezinho de Caetés

Hoje, poderia até enfrentar outro assunto da política, mas não seria adequado. O assunto que paira no ar é o sofrimento com a eleições municipais. Explico. Ontem, me dispus a ver o debate entre os candidatos aqui de Recife, já que as eleições em Caetés, para mim, estão muito longe.

E, imaginem, não aguentei além do primeiro bloco. Nele, aos candidatos era dado um tema para ele fazer perguntas a um oponente sobre ele, tendo direito à réplica e à tréplica. Confesso que antes da tréplica de João Paulo eu já estava fechando os olhos, com um início de ronco.

Descobri que, depois do último debate com ele de que me lembro, tendo como oponente o Roberto Magalhães, dormi  logo com os erros do seu português ruim. Ontem, pensei que agora sendo economista formado pela Faculdade de Boa Viagem, pelo menos ele estaria melhor em nossa língua. Ledo engano. Está muito pior do que o Lula, em português e mais enrolado do que a Dilma na fala.

Então, não teve jeito e fui dormir, sem me decidir em quem votar para prefeito. e para vereador. Talvez escolha em sorteio na boca da urna, ou votarei em branco. Pelo menos não me comprometo com minha consciência.

Eu não chegaria a tanto de dizer como o taxista citado pelo Ancelmo  Góis no texto de O Globo, que abaixo transcrevo e cujo título é impagável: “Eleições e injeção na testa”, pois mostra a dor que sentimos, nesta maré de político ruim, quando vamos à antiga “cabine indevassável”, e que realmente nos dá vontade de repetir: “Domingo tem essa merda de eleição”.

E não tem jeito mesmo. Democracia não é o céu ou o paraíso como sistema político, talvez por nos dar a sensação de que nós decidimos as coisas, no final das contas. Embora, nossa Democracia ainda seja incipiente e jovem para nos satisfazer, temos que sofrer para ir aprendendo. Um dia chegaremos lá, apesar de nossa cultura política que favorece aos “ditadores” de plantão.

Mas, mesmo assim, com toda a desconfiança do bem que devemos ter de nossos políticos, espero que a cada eleição possamos, com nosso sacrifício e perseverança, não rir mais com a piada que o Ancelmo cita abaixo, não desejando que algum político pegue a febre aftosa, para termos que sacrificar toda a manada. Apesar de tudo, a classe é insubstituível num regime democrático representativo. Fiquem com ele, que eu vou procurar meu título de eleitor.

“Na segunda-feira passada, perto do Terminal Alvorada, na Barra, um taxista, já com certa idade, reconheceu o passageiro, um provecto jornalista, e sacou:

— Domingo tem essa merda de eleição.

O da imprensa, mesmo consciente de que a política partidária anda mais suja do que pau de galinheiro, tomou um susto com o desafogo do taxista, que parecia falar da eleição como se tivesse um encontro marcado para, como dizem os portugueses, tomar uma injeção na testa.

Durante a corrida, o passageiro lembrou os tempos de outrora, quando os táxis eram verdadeiros palanques políticos sobre rodas. Sua memória se fixou na eleição para governador, em 1982, quando os taxistas estavam na vanguarda da arrancada eleitoral de Leonel Brizola, recém-chegado do exílio, ao governo do Rio. Naquela eleição, o candidato do PDT parecia não ter chance de ultrapassar Sandra Cavalcanti (PTB), Miro Teixeira (PMDB) e Moreira Franco (PDS).

Voltemos a esta semana. Na quarta, movido por curiosidade profissional, o jornalista assentou praça num ponto de táxi num condomínio da Barra para tentar entender tamanho desânimo daquela categoria. Dessa vez, num grupo com mais de uma dezenas de taxistas de todas as idades, difícil foi falar de política com quem só queria maldizer a Uber: “Estou há três meses trabalhando no vermelho”, disse um deles de cabeça branca e, como todos os outros ao seu lado, desgostoso com a política.

Um dos taxistas contou que deixou de puxar conversa política durante as corridas “porque a maioria hoje não quer papo sobre o assunto”. Outro lembrou, com certa razão, que “a Olimpíada escondeu a eleição carioca”; e um terceiro, também a meu ver absolutamente certo, criticou “a falta de propaganda eleitoral nas ruas”.

Tudo bem que desde priscas eras a imagem do político nunca foi boa, como mostram várias piadas infames — como aquela de um deputado que contraiu febre aftosa e a notícia boa é que seria preciso abater “toda a manada”, ou seja: toda a classe política. Só que, acho, nunca foi tão profundo como agora o desamor público pela classe. É um fenômeno mundial. Donald Trump cresceu nas pesquisas falando mal “dos políticos de Washington”.

Mas aqui esse tipo de indolência a dois dias da eleição é dramática. Afinal, no país, desde as jornadas de junho de 2013, que levaram milhões para as ruas, parecia ter virado mantra a ideia de que, daqui para frente, o eleitor tem de escolher melhor seus representantes para sair do atoleiro moral, econômico e político. Agora que chegou a hora de, como diz o verso de Geraldo Vandré, dar a volta no cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar, o que se vê é apatia, apatia, apatia. Esse clima favorece a reserva de mercado aos políticos já estabelecidos.

Contribui para isso uma certa ressaca política da população pós-impeachment de Dilma. Afinal, um cidadão normal não aguenta o tempo todo ficar de prontidão política. É preciso tocar a vida. Acho também que as restrições legais de exposição dos candidatos ao eleitor foram exageradas. Nada contra a proibição de empresas fazerem doações para os candidatos, mas sim das regras de propaganda. A propaganda de rua, como dos antigos cavaletes, por exemplo, enfeava a cidade por algumas poucas semanas, é verdade. Mas ajudava na comunicação do candidato com o eleitor, essencial para uma boa escolha com prazo de validade de quatro anos. Questão de colocar na balança.

Vivemos numa democracia. Mas nessas horas vale lembrar uma frase do saudoso pensador Alceu Amoroso Lima (1893-1983): “É preferível a poluição da democracia à assepsia da ditadura.”

Sobre o tema, o cientista político Jairo Nicolau, friburguense, 52 anos, grande especialista em eleições, conta que, historicamente, nas eleições municipais, a taxa de brancos e nulos tende a ser menor do que nas eleições gerais. Em 2012, a média de votos nulos e em branco para as câmaras municipais foi de apenas 4%. “O grande número de candidatos e a proximidade com os eleitores, sobretudo nas pequenas cidades, ajudam a explicar a diferença.”

Só que nas grandes cidades a realidade é outra. Na mesma eleição de 2012, a taxa de brancos e nulos no Rio foi de 16% e a de São Paulo, 18%. Para domingo, agora, a expectativa de Jairo é que esta taxa cresça “por causa da visão negativa a respeito dos partidos e dos políticos em geral”.

Ele também considera que, nas grandes cidades, as novas regras, que restringiram ainda mais a propaganda e diminuíram o tempo de campanha oficial, devem contribuir para um aumento expressivo dos brancos e nulos. A conferir.


No mais: bom voto.”

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O destino do PT




Por Zezinho de Caetés

Ontem refleti sobre a denúncia da Gleisi Hoffman, uma das estrelas do PT atual e do passado. Já não digo do futuro porque, sinceramente, não vejo futuro no PT. E, só um parêntese que poderei ampliar amanhã depois do debate entre os candidatos, penso que aqui também, em Recife, o partido deverá acabar.

E hoje, encontrei um texto da Dora Kramer, no Estadão, intitulado como “Rotatividade delituosa”, (abaixo transcrito), no qual ela mostra a importância da Casa Civil, nos afazeres da República, e as consequências de terem sido colocados meliantes na pasta em quase todos os governos do Lula e da Dilma.

Parece até brincadeira, mas, o destino de quase todos os seus titulares, deverá ser o mesmo do primeiro, o Zé Dirceu. Este, se não houver indulto, deverá morrer na cadeia. Eu sou contra a prisão perpétua, mas, neste caso, ela se tornou perpétua pela cumulatividade de crimes. É muito crime para uma pessoa só.

Eu fico pensando na situação do meu conterrâneo, o Lula. Se com o Dirceu foi assim, e se para os outros, Dilma, Gleisi, Palocci já está tudo encaminhado para morarem em Curitiba, o que será do Lula? Deve estar com o resto da barba no molho, e daí, viver esperneando por este país, brigando com os “meninos do Moro”.

E como se imagina, não precisa ser vidente como o Ministro da Justiça, para saber que após as eleições tem mais Lava Jato, e os que ainda restam como o Mercadante, a Erenice e outros, tomarão seu rumo.

No próximo domingo irei cumprir meu dever cívico. Escolher os destinatários do poder do governo municipal. Só estou esperando o debate de hoje para votar mais consciente ainda do que neste momento. Minha consciência até agora diz para não votar no PT, mesmo que o João Paulo prometa consertar a Conde da Boa Vista.

O titular é a pessoa que avalia e monitora atos presidenciais – aqui incluído o exame prévio da constitucionalidade de cada um deles –, acompanha a execução de ações governamentais da Presidência e demais ministérios, supervisiona o andamento das propostas do Executivo no Congresso, passa o pente-fino em cada palavra a ser publicada no Diário Oficial, analisa o mérito dos projetos, fiscaliza o andamento das propostas, faz a interface com o Parlamento, toca, enfim, a República.

Explicito isso para que o prezado leitor e a cara leitora tenham a exata noção do que significa o posto ocupado nos governos dos variados partidos e do PT por nove titulares. Daí talvez lhes facilitem a compreensão sobre a gravidade de cinco deles serem acusados, condenados ou investigados por corrupção.

O primeiro e mais poderoso, José Dirceu, cumpriu pena em decorrência do processo do mensalão e foi preso outra vez por decisão do juiz responsável pelo caso do petrolão. Certamente sofrerá novas condenações. Dirceu é aquele cujo braço direito nos primórdios do governo de Luiz Inácio da Silva, Waldomiro Diniz, foi pego pela exibição de um vídeo em que tentava extorquir o bicheiro, dito empresário, Carlos Cachoeira.

Um tempo risonho. Franco e de alguma forma até ingênuo a julgar o que viria depois. Dirceu sucumbiu ao escrutínio do Supremo Tribunal Federal e antes sofreu a cassação do mandato na Câmara numa situação muito semelhante à de Eduardo Cunha, sendo um todo-poderoso que não resistiu aos fatos. Isso numa época em que a votação para esses casos era secreta.

Deu-se um trauma no governo Lula que, para superá-lo, nomeou Dilma Rousseff, a ministra de Minas e Energia de então, para o posto. Já na ideia de construção da candidatura de uma “mulher honesta” que viria a parecer tudo menos honesta. Elegeu-se presidente e no mandato subsequente sofreu o segundo impeachment em menos de 25 anos da história brasileira.

Em seguida a Dilma, ocupou a Casa Civil Erenice Guerra, até então o chamado braço direito dela. Não durou no cargo, do qual precisou abrir mão quando das evidências de prática de influência dela e da família no governo. Erenice hoje está na mira de Curitiba.

Por breve período de dois meses durante a campanha eleitoral de 2010, Carlos Eduardo Esteves foi o chefe da Casa Civil enquanto Dilma cuidava da própria campanha da qual, uma vez eleita, nomeou Antonio Palocci para a Casa Civil. Isso a despeito de o personagem já ter tido várias denúncias, dentre as quais as do recebimento de propinas por causa de um repentino aumento de patrimônio e de ter, por isso, perdido o cargo de ministro da Fazenda.

Hoje Palocci está preso, sob a acusação de extorquir R$ 128 milhões da empreiteira Odebrecht. Sua sucessora, Gleisi Hoffmann, encontra-se nas malhas da Lava Jato por obra do caixa 2 da Petrobrás do qual, segundo os investigadores, teria recebido R$ 1 milhão resultante de propinas acertadas por ocasião de contratos firmados pelo governo com a Petrobrás.

Depois de Gleisi foram nomeados Aloizio Mercadante, Jaques Wagner e Eva Chiavon (militante do MST), descontada a fracassada tentativa de acolitar Lula na Casa Civil para protegê-lo da ação do juiz Sérgio Moro. Não se protegeu nem impediu abertura de procedimento por obstrução de Justiça.


De onde é de se concluir que a Casa Civil foi tratada nos anos do PT no poder como a casa da mãe Joana.”

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Denunciaram "narizinho arrebitado" ou o "sorriso maroto"?




Por Zezinho de Caetés

Bem, preciso começar a escrever. São tantas os assuntos que nos provocam indecisão. Desde a prisão de Palloci até o jantar do Temer há mil assuntos importantes do ponto de vista político, mesmo, mais importante do que as eleições que chegam, e, para as quais, não tenho um vereador para dizer que é meu.

Mas ontem, aconteceu um fato que deve ter sido importante para aqueles que acompanharam a política nos últimos tempos, e, principalmente, o processo do impeachment da agora ex-presidenta de fato e de direito, a pedaladora do Rio, a Dilma.  Foi a denúncia contra a Gleisi Hoffman.

Muitos podem até dizer que estou tentando dar chute em cachorro morto, etc. etc. Mas, em política, os cachorros nunca estão mortos. Eles só se fingem de mortos. Se não tivermos o devido cuidado, eles voltam a morder.

E digo que não houve uma pessoa do que chamamos aqui de Quinteto Abilolado que atuou com maestria na Comissão do Impeachment, que superasse a performance da Gleisi. Quando ela levantava aquele nariz, com aquele risinho de já ganhou, nem o Lindberg despertava, com mais força, os instintos mais primitivos do povo, no qual me incluo.

E, agora, como se dizia lá no meu anterior, “em cima de queda, coice!”, sem querer dizer que o Teori Zavaski seja um coiceiro. Ele apenas cumpriu seu papel de juiz, pelas evidências do processo, e olhem lá que mais cedo ou mais tarde (pelo ritmo do nosso STF, mais tarde), o famoso Casal 20 seja condenado.

Esperem que também ainda falta ser julgado o Paulo Bernardo, marido da ré Gleisi, porque, segundo outro processo, tentou cobrar taxas que me levaram a não pegar o crédito consignado. E só nos resta esperar que, junto com a Lava Jato, o Brasil seja passado a limpo, pelo menos antes das Olimpíadas de 2036.

Escolhi o texto abaixo, do Reinaldo Azevedo, onde ele aprofunda a análise sobre as consequências da denúncia da Gleisi, com um título bastante descritivo: “Gleisi e o marido estão encrencados. É bom ela ler com mais vagar as decisões do STF”. Pelo jeito, parece que, pelo menos, ela não ficará rindo. Já o narizinho arrebitado, não tem jeito, a operação plástica é desaconselhável.

“Quando um juiz aceita uma denúncia, o que transforma o acusado em réu, não se está diante de um julgamento. A pessoa ainda não pode ser considerada culpada. Pode vir a ser inocentada. Assim, a ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, ainda não são culpados. Mas que a situação da dupla piorou substancialmente, ah, disso não se duvide. Por quê? A segunda turma do Supremo, composta de cinco ministros, aceitou a denúncia contra o casal oferecida pela Procuradoria-Geral da República.

Por unanimidade, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello acataram o relatório de Teori Zavascki, que entendeu, “numa cognição sumária”, como eles dizem, haver evidências de que a dupla cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Há um terceiro réu na ação: o empresário Ernesto Krugler Rodrigues.

Qual é a acusação? A campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, teria recebido R$ 1 milhão do esquema criminoso que vigorava na Petrobras. Endossam essa versão as delações premiadas de Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e do advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccin, que afirmou ter entregado pessoalmente o dinheiro a um intermédio de Gleisi: justamente Krugler Rodrigues. Os acertos para o pagamento teriam sido feitospor Bernardo.

As respectivas defesas negam as acusações. A senadora soltou uma nota em que faz uma afirmação que não corresponde aso fatos. Lá está escrito:

“O voto do relator coloca que não tem certeza dos fatos ocorridos. Portanto, me dá o benefício da dúvida, coisa que não tive até agora.”

Bem, o que Zavascki escreve é outra coisa. Segundo o ministro, a denúncia “narra de modo suficiente”, com  “indícios mínimos” — o necessário para que se aceite uma denúncia — atos que apontam para a prática de crimes. A íntegra do voto está aqui.

Ali se pode ler, por exemplo, o seguinte:

“No caso, não há como se acolher a tese das defesas de que a denúncia seria inepta por não descrever o fato criminoso em todas as suas circunstâncias. Com efeito, a acusação narrou, de modo suficiente, a possível prática dos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro pelos denunciados (…) Cabe ressaltar que, ao contrário do que sustentam as defesas, a denúncia não está amparada apenas em depoimentos prestados em colaboração premiada. Como já consignado, há outros inúmeros indícios que reforçam as declarações prestadas por colaboradores, tais como registros telefônicos, depoimentos, informações policiais e documentos apreendidos, o que basta neste momento de cognição sumária, em que não se exige juízo de certeza acerca de culpa.”

Ora, é evidente que não há “certeza”. Ou já teria havido o julgamento, e ambos estariam condenados.  Zavascki também observa que simples delações não bastam para formar a culpa, mas são suficientes para receber a denúncia. Lá está escrito:

“Convém mencionar, nesse contexto, que há entendimento nesta Corte, revelado pelo Ministro MARCO AURÉLIO, no sentido de que ‘o objeto da delação premiada não serve, por si só, à condenação. Serve, em termos de indícios de autoria, ao recebimento da denúncia.’ Nesse  mesmo julgamento, o Ministro CELSO DE MELLO também pontuou que o depoimento prestado no âmbito de colaboração premiada constitui, por  si só, elemento indiciário suficiente ao recebimento de denúncia, mas não é apto, como elemento único, para sustentar eventual sentença condenatória, nos termos da Lei 12.850/2013”.

Sim, diz o ministro, com o que concordaram os outros quatro, as delações já seriam suficientes para se receber uma denúncia, mas há bem mais do que isso.

O placar de cinco a zero é um péssimo sinal para o casal.


Talvez fosse o caso de sugerir a Gleisi lesse com mais cuidado as decisões do Supremo. Mas dá para entender. O momento é difícil. Ela tende a enxergar o que gostaria que estivesse escrito.”

terça-feira, 27 de setembro de 2016

HÁ 50 ANOS! II





Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho



Passado a euforia da excursão para Natal e Caicó, arregaçamos as mangas para realização da entrega dos certificados e do baile em grande festa merecida. Com esta determinação começamos a confecção de convites, flamulas, confirmação do salão da Associação Garanhuense de Atletismo – AGA, a orquestra e a localização das mesas para a família e os convidados. Tudo tinha que sair perfeito. A entrega dos diplomas já estava acertado com a secretaria do Colégio Diocesano de Garanhuns em seu salão nobre, pela parte da manhã, precisamente às 10 horas.  Ai começou a batalha para a vestimenta – todos de terno preto e gravata a gosto, na cor.  Camisa de manga compridas, branca. Começou um problema que tinha que ser superado. Todos os alfaiates estavam com encomendas para ser entregue aos fregueses no final de ano e não tinham condições de receber novos trabalhos. Os alfaiates botavam a mão na cabeça, quando consultados pedíamos para dar um jeitinho brasileiro. Alegávamos a formatura. . Alguns, depois de muita conversa e amabilidade, resolvia ficar com o tecido, ora casimira, linho, tropical para confeccionar o terno.  Trabalhavam até altas horas da noite para dar conta do trabalho.  Tinha somente duas alfaiatarias - Zé Barbosa na Rua Melo Peixoto, antiga Jatobá e Amaro Costa, na Avenida Treze de Maio. Muito de nós ficamos aperreados com o “não”, “não posso confeccionar, pois já temos muito encomendas”, e assim por diante a alegação de cada alfaiate. Muitos recorreram a outras cidades, principalmente, aquelas ligadas a Garanhuns, a cidade de São João, Palmeirina, Santa Terezinha, Brejão e tantas outras e no final todos estávamos vestidos para receber a conquista de muitos anos de estudo. Neste meio tempo, procuramos homenagear os nossos professores, aqueles que nos ensinaram viver com dignidade e honestamente para o serviço para qual estamos aptos a desenvolver. Chegamos pela manhã ensolarada, com os convidados para a solenidade da entrega do diploma. As cadeiras enfileiram, com encosto branco, onde cada um se assentava enquanto a mesa era composta pelo diretor e professores. A ansiedade tomava conta de todos. Os convidados iam chegando, pouco a pouco, sentando-se em lugar apropriado. Começaram a solenidade com o cântico do Hino Nacional, todos de pé cantando em alta voz. Em seguida o Diretor parabenizou todos os concluintes e começou a chamada nome por nome. Levantamos e com a madrinha íamos até a mesa sendo entregue o diploma sob uma chuva de palmas. A solenidade foi encarrada com o hino do Colégio, todos em pé de peito estufado, cantando – Alto padrão de civismo e de glória,/ Templo sagrado de luz e saber, /!É o penhor de estupenda vitória, / Que para nós o lutar é vencer / Por Deus marchamos, levando a bandeira / Da pátria nossa gentil brasileira./ Avante, pois, com ardor juvenil / Pelo Brasil, pelo Brasil! / Eis lá no céu o Cruzeiro luzindo / Emblema augusto de crença e amor / É noite! A terra dorme sorrindo / Pra despertar com mais fulgor / Ouvindo a voz da clarim da alvorada / Chamando à luta uma nova jornada / Ginasianos, nome imortal / Seja a instrução nosso ideal / Astro brilhante que anima e aquece / curva-se a fronte para uma prece / E dentro de nós a alma suspira / Aos pais, aos mestres um grato louvor / Cheguem as notas deste hino de amor / Ginásio amigo, querido lar / tudo faremos por te exaltar. As lagrimas escorriam pelo rosto de muitas pessoas que ali presenciava este grande acontecimento. A noite enluarada e as estelas no céu azul escuro contemplavam as famílias e convidados chegando para o grande baile. As pessoas subiam devagarinho a escadaria da AGA. As senhoras e senhoritas todas alinhadas de vestidos longos, azuis, amarelo, cor de rosa, branco, vermelho. Os colares e os brincos ornamentavam os semblantes de cada uma. Os anéis vistosos. A maquiagem dava aquele tom de elegância a cada uma delas, os penteados cada um mais charmoso, sustentados por laquê para não se desmanchar pelo vento, Os homens elegantemente vestidos em seus ternos escuros e claros. As camisas brancas, outros com listras bem fininhas, azuis quase não se notando. As gravatas de varias cores, listradas presa por uma presilha brilhante. As abotoaduras sobressaia pela manga da camisa. Os sapatos brilhosos mostrando a meia de seda. Era uma elegância sem comentários. O nosso povo de garanhuense sabem se vestir elegantemente. Ao adentramos no salão as mesas estavam deslumbrante, forradas com toalha branca e no meio um jarrinho com o nome do convidado. Todos iam se achegando tomando seus lugares enquanto a orquestra se preparava para dar os seus acordes. Visitamos cada mesa, onde recebíamos parabéns e saímos alegremente. Os garçons já serviam as mesas com uísque, Ron Montilha e cervejas bem geladinha. O baile começou às 22h30min quando os pares começaram a dançar até às 4h30min. Foi uma noite maravilhosa que até hoje é relembrada com carinho e com muita saudades. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A semana - Lula e os "meninos do Moro", Dilma pedalando no Rio e Temer na ONU...




Por Zé Carlos

Já de volta à terra do meu aconchego, Pernambuco, começo estas mal traçadas linhas já em ponto de ebulição. Vejam senhores, o que está acontecendo com o nosso colaborador, o Lula. Ele diz que estão tentando frustrar os seus planos para voltar a ser presidente em 2018, o que seria péssimo para esta coluna por que ele não poderia se dedicar de corpo e alma, como vem fazendo, a ela. Imaginem os senhores que a Lava Jato, aquela operação do sisudo Sérgio Moro, quer porque quer que ele vá para a cadeia. Para mim, isto não tem muita importância, se derem a ele papel e lápis para ele chamar alguém da prisão e pedir para ditar os seus shows, pois, como todos sabemos, ele não é muito chegado a escrever nada, pelos erros do seu português ruim, tudo bem. E o show de humor teria continuidade, certamente.

Vejam que chegaram a cúmulo de tentar retirar dele os presentes que ele recebeu durante o exercício da presidência, que ocupa 14 containers. Se eu imagino bem o que seja um container, é presente demais. No entanto, tenho certeza, que grande parte do que está dentro deles, são meras roupas humorísticas que ele usa em seus shows pelo mundo afora. Tomar dele seria um duro golpe para o humorismo nacional. Já pensaram quantas garrafas de caninha 51 deverá ter lá dentro? E pacotes de tira gosto que ele aprecia? Dizem que lá há até presentes do Papa. O que seria? Um escapulário? E ainda, esta Lava Jato, que está se voltando também para o humor, depois da prisão do Guido Mantega (foi um prende e solta digno de delegacia de interior), tenta aplicar certas normas do Código de Conduta Ética dos Agentes Públicos (Decreto 4.081/2002), que diz que só não devem ser declarados presentes de até R$100,00, como uma garrafa de Pitu, por exemplo. Quanta injustiça, quando sabemos que um simples papel de palhaço que o Lula usa em seus shows, hodiernamente, custa mais do que isto. Não evoluímos nada. Por exemplo, nos EUA, só se o valor ultrapassa U$375,00, o presente pertence ao governo americano, e permite ainda que o presenteado que receber um com valor maior, possa compra-lo pelo valor de mercado. E esta coluna pagaria gentilmente aqueles presentes do Lula que fossem para ele usar nos seus shows humorísticos que sustentam a sustentam.  Afinal de conta, neste nosso país, como se ver, rir ainda é o melhor remédio.

E antes de ser preso o Lula ainda dominou o humor nacional, mais uma semana, já que a Dilma agora está pedalando no Rio de Janeiro, e só está fazendo shows nos comícios da Jandira Feghali, candidata a prefeita da Cidade Maravilhosa, e que promete, torna-la mais feia do que o Recife na época do PT no poder. O Lula continuou a andar por este país, esperando que um dia, ele se sinta feliz com seu humor cada dia mais ferino e concentrado no tema Lava Jato. A peça que ele tem apresentado chama-se “Os meninos da Lava Jato”. Nele, o Lula começa relembrando que era um menino pobre, cuja mãe nasceu analfabeta e continuou a sê-lo por toda vida, e que ele apresentava shows no sindicato desde jovem e já era considerado um grande humorista. E por aí vai se transformando, entre uma muda de roupa e outra até se vestir de “jararaca” e atacar o sisudo Moro e seus meninos aloprados. Dizem, ser na hora desta virada artística que a plateia vai aos píncaros do riso. Vejam um exemplo de uma piada num show lá para as bandas do Ceará, sim a terra de Chico Anísio, só para demonstrar a confiança do Lula em seu potencial humorístico:

"Depois de dois anos de futuca, futuca, e futuca, não encontrando provas, não encontrando nenhuma prova, porque eles têm de saber que eu não tenho o estudo que eles têm, mas eu tenho vergonha na cara que muita gente não tem. E se tem uma coisa que eu me orgulho é de olhar na cara de uma mulher, olhar na cara de um homem e de uma criança e dizer para vocês que no dia que acharem um real na minha vida que não seja meu, eu não valho mais ter a confiança de vocês."

Vejam bem senhores e senhoras, se alguém pode ficar sem sorrir com uma piada destas. Somente o sisudo Moro e seu meninos ficariam impassíveis diante dela. E vejam, que ao contrário da Dilma, ele nem falou que também olhava na cara do cachorro que havia atrás da criança. E é nesta hora do show que seus ajudantes entram em cena com cartazes com a frase: “O Lula não tem nada na vida!”. Aqueles ternos do Armani, aquelas lanchas em que ele pescava, aquele sítio em Atibaia, aquele tríplex no Guarujá, aquelas plásticas de Marisa, o pedalinho em que ele ficava meditando no lago dos cisnes do sítio, os reais recebidos pelas palestras dadas (que, diga-se de passagem, devem ter sido o ponto alto do humor brasileiro), e tantos outros “reais de sua vida”, é tudo mentira dos “meninos do Moro”. E continua impassível perante aquela plateia a ponto de explodir de riso:

“Ao futucarem a minha vida durante dois anos, eles já disseram que eu tenho um apartamento que não é meu, já disseram que eu tenho uma chácara que não é minha. Quero dizer para vocês que eu estou com a minha consciência tranquila.”

Enquanto os ajudantes de palco saracoteiam com  fotos apresentadas pelos procuradores de Curitiba, quando o denunciaram por lavagem de dinheiro e corrupção. E quando a plateia, neste frenesi, lembra da piada antiga, quando ele terminava os shows dizendo: “Eu não sabia!”, vem literalmente abaixo, pois ficam de cócoras para aplaudir, pois dizem ser melhor rir acocorado do que em pé, já que todos esperam se borrar todo.  E aí vem o fecho final do show:

“Se o problema deles é com 2018, eu que estou quietinho no meu lugar, se preparem porque quem sabe cuidar do povo nesse país sou eu, quem sabe cuidar do trabalhador, fazer esse país ser respeitado no mundo inteiro. Eu não tenho nenhuma disposição hoje, mas se precisar, se preparem, eu vou voltar.”

Aí, ele já está com a fantasia de Dom Sebastião e uma bandeira que diz: “Estou voltando!”. E quando todo mundo já se prepara para a gargalhada final, ele arremata:

“Desde 2005 que esse partido [o PT] apanha, apanha, apanha, de uma imprensa nojenta, mentirosa. A História vai julgar cada um de nós. A História não acontece no mesmo dia.”

Dizem que no Ceará, depois da peça, houve um problema devido ao grande número de pessoas que desmaiaram por “embolia hilariante”. E no show em Recife, onde estou chegando, ainda não se sabe o número de vítimas, mas, devem ter sido muitas, pois fez acréscimos de piada como esta:

''Hoje, a Polícia Federal foi buscar o Guido no hospital. Entraram na sala de cirurgia, onde a mulher dele, que está com câncer, começava uma cirurgia. Levaram ele e, depois, com a maior desfaçatez, disseram que não sabiam que ela estava doente. Sabiam! Ela não estava dentro de um hospital para se embelezar. É preciso que esse país volte a normalidade. Isso exige que as instituições respeitem as pessoas e a sociedade.''

O Guido a que ele se refere foi aquele Ministro da Fazenda que ficou tanto tempo no cargo que achou que ele já lhe pertencia, pelo conjunto de sua obra. Mas, o Lula se supera em qualquer situação. Usar o câncer da mulher dos outros para criticar os “meninos do Moro”, é demais até mesmo para os maiores usuários do humor negro. É o tipo de piada da qual só se ri em casa quando se sabe que o sisudo Moro já havia decretado sua prisão meses antes e que os “meninos” da PF não entraram nem no hospital. Mas este é o Lula, que, para os mais fortes que conseguem ir até o final do show, ele diz que a “Lei deve ser igual para todos!”. Vindo dele, todos desmaiam de rir.

No entanto, com nem só de pão vive o homem, também o humor não vive só de Lula. O Michel Temer, nosso presidente “não interino”, está se mostrando também um grande humorista. Em show realizado na ONU, só não visto pelos pândegos da Venezuela, Equador e outras republiquetas da América do Sul, disse:

“Senhor Presidente, trago às Nações Unidas, por fim, uma mensagem de compromisso inegociável com a democracia. O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou em um impedimento.
Tudo transcorreu, devo ressaltar, dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional. O fato de termos dado esse exemplo ao mundo verifica que não há democracia sem Estado de direito – sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos. É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz em meio a um processo de depuração de seu sistema político. Temos um Judiciário independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre.”

Não há muita graça no que ele disse, mas, só pode-se ver que ele é um grande potencial para nossa coluna, quando se imagina o rebuliço que ele encontrou de volta ao Brasil. Mas, esperemos para ver o que ele vai aprontar no grande show que se prepara: “O teto para os gastos públicos!”.  O Brasil passou tanto tempo com os gastos públicos fora de controle, que só o título do show já é uma grande piada. Esperem para ver.


E paro por aqui, embora já tenha visto a propaganda eleitoral daqui de Recife, ainda não tive tempo de apresenta-la aqui na coluna. Mas, se for igual à de São Paulo, vai ser um prato cheio, de humor, é claro. E, logo abaixo, coloco o vídeo de uma fala do Magnum Malta, que mostra um resumo dos shows que o Lula vem produzindo neste país. Até a próxima semana!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A "jararaca" Lula e a compaixão do Moro




Por Zezinho de Caetés

Não há como fugir. O Lula, meu conterrâneo, não tem mais saída política. E para se livrar da cadeia, vai ter que se encontrar com seu colega, o Maduro, lá da Venezuela. E se demorar muito, talvez, eles encontrem na fronteira, com o Maduro vindo e ele indo. Pois, sua vida no país vizinho não está fácil também.

Ontem, o Moro começou com o Guido Mantega, e desistiu por humanidade. Prendeu-o de manhã e o soltou à tarde. Achou que ele deveria ficar fora da cadeia devido a uma doença de sua mulher. Não se pode dizer que foi feita justiça com isto. Este foi um gesto compassivo. A grande dúvida é se devemos ter compaixão ou fazer justiça.

No caso do Mantega, poderíamos nos perguntar se ele teve compaixão com o povo brasileiro, quando foi um dos principais mentores da permanência do PT no poder, e o consequente assalto que o partido praticou durante seu reinado. Será que o chefe do modelo econômico implantado por mais de 7 anos, a tal da “nova matriz econômica”, é digno de pena?

Bem, de uma forma ou de outra, o Guido já sabe que, se mijar fora do caco, vai pagar em Curitiba, tudo o que o seu modelo econômico, inventado para permanência no poder, tal qual o Chávez fez na Venezuela, tirou do povo brasileiro em termos de crescimento e emprego. E hoje, temos que voltar ao Lula.

Aproveito para transcrever um texto do Reinaldo Azevedo, com o didático título de “Mais do que ser inelegível, Lula pode é estar preso em 2018”, publicado em seu blog ontem, no qual ele mostra, de forma mais aprofundada, os possíveis caminhos para o Lula, que anda virando jararaca aqui pelo Nordeste, talvez, a única região que ainda não pisou na cabeça dela.

Eu não sei não, mas, já deve haver bolsas de apostas pelo mundo afora, tentando colocar probabilidades sobre o tempo que se passará para o Lula ser preso. Eu aposto, como a possibilidade dele não pegar uma cana tem probabilidade quase zero, e um prêmio infinito. Como eu não quero ficar rico, eu aposto com o articulista que 1 ano é uma boa pedida. Isto se ele não andar por aí tentando melar as investigações. Se o fizer, ou se o Sérgio Moro desconfiar, a melhor aposta é 1 mês.

Todavia, deixo vocês com o Reinaldo, que nos dar em profundidade melhores argumentos para jogar nesta loteria. O que eu tenho medo é que a moda compassiva do Sérgio Moro, como agiu com o Mantega, se aplique também à jararaca, sentindo pena dela e pisando de novo só em seu rabo e não na cabeça. Show jararaca!

“Segundo levantamento já feito pela Folha, Sergio Moro tem demorado, em média, seis meses para tomar uma decisão. Caso condene Lula, é certo que a defesa vai recorrer ao Tribunal Regional Federal. Nesse caso, as sentenças têm demorado coisa de um ano.

Digamos que tais prazos sejam cumpridos e que uma eventual condenação do petista seja confirmada pelo colegiado, em segunda instância. Chegar-se-ia a essa etapa em março de 2018.

Segundo a Lei da Ficha Limpa, o condenado por um colegiado está impedido de se candidatar. Lula, assim, não poderia disputar a eleição presidencial de 2018. Em seus delírios conspiratórios, o PT sustenta ser essa a verdadeira motivação dos procuradores. É claro que se trata de uma bobagem.

Mas não é só a inelegibilidade que está no horizonte do companheiro. Há muito mais.

O Supremo Tribunal Federal vai decidir em breve sobre a aplicação ou não da pena de prisão já a partir de uma condenação em segunda instância. Aí será uma decisão de natureza constitucional mesmo. Por enquanto, a questão só foi debatida no âmbito de um habeas corpus (HC).

Se a maioria do tribunal referendar a posição adotada no caso do HC, a pena de prisão poderá, sim, ser aplicada já a partir da condenação pelo TRF.

Penas acima de oito anos têm de ser cumpridas em regime fechado. Lula é acusado, nesse caso do tríplex, de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O segundo crime prevê pena de prisão de 3 a 10 anos; o outro, de 2 a 12 anos.

Notem: é grande a chance de o STF mudar a jurisprudência, permitindo a prisão já a partir da condenação em segunda instância. Se condenado pelos dois crimes, mesmo que as respectivas penas sejam relativamente brandas, a chance de que somem mais de oito anos não é pequena.

Assim, os petistas não devem temer apenas a eventual inelegibilidade de Lula. O que surge no horizonte é a efetiva possibilidade de ele ser preso.

Ademais, sabe-se, no terreno legal, esses estão longe de ser os únicos problemas do petista.

Na Justiça Federal de Brasília, ele é acusado de obstrução da investigação ou da Justiça — que não tem lei específica — em razão da suposta atuação para promover a fuga de Nestor Cerveró. A questão está prevista no Parágrafo 1º do Artigo 2º da Lei 12.850, que é justamente a que pune a organização criminosa.

Também no Supremo Lula é investigado como membro de organização criminosa, acusação, aliás, que lhe fizeram os procuradores da força-tarefa, que só não o denunciaram por isso porque o inquérito está na corte superior.

E há ainda os inquéritos que apuram se houve irregularidades envolvendo o sítio de Atibaia, a doação de empreiteiras para o Instituto Lula e o pagamento de propina, maquiada na forma de palestras, para a empresa LILS, da qual Paulo Okamotto é sócio.

A vida de Lula não anda nada fácil…

Mas Moro condena?

Mas será que Sergio Moro pode condenar Lula? Bem, creio que vai depender das provas, mas, tudo indica, eis um receio que o juiz não tem. Mais: suas decisões têm sido, no mais das vezes, referendadas por tribunais superiores.


O receio dos petistas de que Lula esteja a caminho da prisão é, assim, bastante razoável.”

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"A justiça tarda mas não falha"




Por Zezinho de Caetés

Diz a Dora Kramer, hoje no Estadão:

“Tira teima. O juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e mais sete pessoas apresentada na semana passada pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, dirimindo, assim, qualquer dúvida sobre a existência de substância na peça produzida pela acusação.

A decisão era esperada. Inclusive pelo próprio Lula, cuja reação indicava exatamente o contrário do que disse em seu discurso em que acusou o Ministério Público de ter produzido um show de pirotecnia, mas não rebateu o mérito das acusações.

Algo parecido ocorreu em 2007 quando o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, apresentou a denúncia do mensalão. O relato dele também foi recebido com algum descrédito e alegações de que não havia provas contra os acusados. O Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia, instruiu o processo e, nele, produziu as provas que levaram às condenações.

Lula é réu, não é condenado. Se vier a ser, poderá recorrer. Só não poderá mais dizer que os procuradores envolveram-se numa “enrascada” ao denunciá-lo.”

É o óbvio ululante. Como dissemos ontem aqui, o Moro não foi bobo para acreditar em lorotas de petistas amedrontados. A grande verdade é que a casa caiu para Lula, e ele deve ficar pianinho, pianinho para que o juiz não pense que ele possa atrapalhar o andamento do processo. Senão, é Curitiba direto.

Coloquei o texto da Dora Kramer acima para chamar atenção para o fato que, no mensalão, foi a mesma cantilena e hoje, quase todos que se envolveram já tomaram banho frio nas prisões. Hoje estão com tornozeleira ou ainda presos como o Zé Dirceu. Como já diziam, meus pais: “A justiça tarda mas não falha”.

Hoje, no Brasil, ficou difícil acreditar nesta máxima pela situação de penúria pela qual passa nosso sistema judiciário, tanto pela falta de recursos materiais, quanto humano, e neste último caso pelo emprego de uma “justiça” que se politizou de forma espetaculosa.

Mas, enfim, nasceu uma plantinha tenra, como nossa Democracia, na figura do Sérgio Moro que deu início a uma esperança de voltar a acreditarmos na justiça, mesmo tardia. Não é de hoje que o Lula apronta das suas. Inicialmente, quase de forma imperceptível e depois de deixar a presidência de forma tão escancarada que deu até na vista do povão. Ou alguém pensa que a Dilma teria sido eleita se se soubesse da maracutaias de Lula?

Dizem que ele evitou o impeachment em 2005, quando estourou o caso do mensalão, com o auxílio do PMDB, que também terá sua vez na Escala Moro, e tem tudo para isto ser verdade. E agora o PMDB está no poder. Até quando? Pelo bem do Brasil eu espero que só até 2018, porque, o tal do “Fora Temer!” não passa de propaganda enganosa daqueles que querem se locupletar da herança maldita de Dilma.


Sei que nem tudo são flores, mas, pelo menos temos algumas coisas acontecendo que nos levam a acreditar que mesmo morosa, um dia, teremos justiça. Que apareçam outros Moros e que nossa classe política se dê conta de que os tempos mudaram. Ou seja, há justiça também para os poderosos.

E esta flor (no bom sentido é claro) ainda nos diz em seu despacho onde aceita a denúncia do meu conterrâneo o Lula:

" ... não olvida o julgador que, entre os acusados, encontra-se ex-Presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie.

Tais celeumas, porém, ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado.

É durante o trâmite da ação penal que o ex-Presidente poderá exercer livremente a sua defesa, assim como será durante ele que caberá à Acusação produzir a prova acima de qualquer dúvida razoável de suas alegações caso pretenda a condenação.

O processo é, portanto, uma oportunidade para ambas as partes."

É por essa e outras que podemos dizer que “enquanto houver Moro, há esperança

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A culpa de Lula: O Moro não é bobo!





Por Zezinho de Caetés

Hoje, o grande debate nacional é sobre se os procuradores da Lava Jato se excederam ao apresentar a denúncia de Lula. Uns dizem que sim, outros dizem que não. No debate, no entanto, não consta nada a respeito do conteúdo da denúncia em si, pois ninguém é doido em pensar que o meu conterrâneo não tem “culpa no cartório” como se dizia lá em nosso interior.

Muito pelo contrário, a reação de Lula ao pronunciamento do MPF apenas comprova que ele tem muita culpa, ou, pelo menos quer ser eleito mártir de uma causa perdida. Alguém hoje ainda duvida que ele é um cara rico? Alguém ainda duvida que aquelas palestras dadas a peso de ouro, mais caras do que as do Clinton, não eram apenas uma forma de lavar dinheiro? Alguém ainda duvida que o sítio de Atibaia e o tríplex do Guarujá a ele pertence? É claro que não!

Aquela sua frase querendo dizer que os procuradores não tinham provas, e sim só convicção, é um engodo para inglês e petista verem. São tantas as evidências que é até impossível, de sã consciência entrar no debate.

O que queriam os lulistas? Que os procuradores lessem 150 páginas em frente às câmaras de TV, em atitude circunspecta como se estivessem numa missa? Fazendo isto daria até tempo o Lula fugir para a Venezuela. E para apenas mostrar uma pontinha do iceberg no mar de malfeitos do Lula, eu transcrevo abaixo um texto do José Casado, de ontem, no O Globo (“História nos autos”, sobre o que disseram o Delcídio e o Pedro Correa, sobre as traficâncias dos partidos na Petrobrás.

Leiam-no e vejam se algum juiz será bobo o suficiente para não aceitar a denúncia dos procuradores. E, como sabemos todos, o Moro não é bobo e já enviou a passagem de Lula e Dona Marisa para Curitiba para que ele não vá a pé. Isto é que é justiça social.

“Ex-líderes do PT e do PP relatam a devastação da maior empresa do país, a Petrobras. Em outubro, eles e mais dez envolvidos devem recontar a história para a Justiça dos EUA

Os óculos transitavam entre as mãos, cadenciando a fala diante da câmera. Já durava uma hora o interrogatório do ex-senador sobre a política no Brasil nos últimos 15 anos.

— O senhor diz que o presidente Lula tinha conhecimento do ilícito que estava sendo praticado lá na Petrobras, “arrecadação” de propina, desde a formação do governo. É isso mesmo? — quis saber o procurador.

— É isso. Então, doutor, no princípio era uma coisa mais restrita de menor monta, não atingiu a dimensão que veio depois.

O procurador queria detalhes sobre “a participação do Luiz Inácio Lula da Silva no esquema”. O ex-senador Delcídio Amaral demonstrava ansiedade em contar como foi o fatiamento do poder sobre o caixa da estatal de petróleo para financiar o PT, o PP e o PMDB, entre outros. Petista por década e meia, foi líder do governo Dilma até o início deste ano. Preso por obstruir a Justiça, resolveu fazer um acordo de colaboração, como outros 60 envolvidos (há mais duas dezenas de acusados na fila de negociações em Brasília e Curitiba).

— Sobre o processo “arrecadatório”, de propina, como é que se dava a relação do presidente da República com os diretores da Petrobras?

— Eram os partidos que executavam — explicou Delcídio. — Como ele conversava com os partidos, tinha um acompanhamento quase em tempo real de como cada partido estava agindo dentro dentro da Petrobras. Tinha ciência clara. Evidente que não entrava na execução, mas sabia o que estava acontecendo. Isso aí é inegável. E uma coisa é certa: se um diretor não “desempenhasse”, a reclamação era direta lá no Planalto.

— E ele (Lula) tinha conhecimento de quanto cada diretoria da Petrobras arrecadava?

— Do PT, ele tinha conhecimento claro. Dos outros partidos podia ter uma noção dos valores, pelo tamanho dos negócios. É inegável.

Setembro mal começara e o ex-líder do PT falou por mais uma hora sobre Lula, partidos e propinas em contratos da Petrobras. Na mesma época, em Curitiba, o antigo líder do PP na Câmara, Pedro Corrêa, relatou reuniões com Lula desde a nomeação de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras, em 2004, para “arrecadação de propina”. Costa “atendia satisfatoriamente”, contou, mas o partido sempre queria mais.

— Em reunião do Conselho Político foi cobrado um ministério. Era eu, (os deputados) Janene, Pedro Henry e o (ministro) Dirceu. O Lula respondeu: “Vocês têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente, o Paulinho tem me dito”.

No ano eleitoral de 2006, Corrêa e Janene voltaram ao Planalto: — Lula disse não. Nas palavras dele, “o Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados”.

Delcídio e Corrêa continuam reconstituindo nos autos judiciais a devastação da maior empresa do país. Em outubro devem recontar a história para a Justiça dos EUA, na companhia de outros dez acusados. Jed Rakoff, juiz de Manhattan, pediu para ouvi-los no processo contra a Petrobras movido por investidores estrangeiros. Em Curitiba, Brasília e Nova York há certeza de que a Petrobras, fornecedores, executivos e políticos envolvidos não conseguirão escapar ilesos de indenizações e punições rigorosas no tribunal de Nova York.”