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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Vamos às urnas!




Por Zezinho de Caetés

Hoje, poderia até enfrentar outro assunto da política, mas não seria adequado. O assunto que paira no ar é o sofrimento com a eleições municipais. Explico. Ontem, me dispus a ver o debate entre os candidatos aqui de Recife, já que as eleições em Caetés, para mim, estão muito longe.

E, imaginem, não aguentei além do primeiro bloco. Nele, aos candidatos era dado um tema para ele fazer perguntas a um oponente sobre ele, tendo direito à réplica e à tréplica. Confesso que antes da tréplica de João Paulo eu já estava fechando os olhos, com um início de ronco.

Descobri que, depois do último debate com ele de que me lembro, tendo como oponente o Roberto Magalhães, dormi  logo com os erros do seu português ruim. Ontem, pensei que agora sendo economista formado pela Faculdade de Boa Viagem, pelo menos ele estaria melhor em nossa língua. Ledo engano. Está muito pior do que o Lula, em português e mais enrolado do que a Dilma na fala.

Então, não teve jeito e fui dormir, sem me decidir em quem votar para prefeito. e para vereador. Talvez escolha em sorteio na boca da urna, ou votarei em branco. Pelo menos não me comprometo com minha consciência.

Eu não chegaria a tanto de dizer como o taxista citado pelo Ancelmo  Góis no texto de O Globo, que abaixo transcrevo e cujo título é impagável: “Eleições e injeção na testa”, pois mostra a dor que sentimos, nesta maré de político ruim, quando vamos à antiga “cabine indevassável”, e que realmente nos dá vontade de repetir: “Domingo tem essa merda de eleição”.

E não tem jeito mesmo. Democracia não é o céu ou o paraíso como sistema político, talvez por nos dar a sensação de que nós decidimos as coisas, no final das contas. Embora, nossa Democracia ainda seja incipiente e jovem para nos satisfazer, temos que sofrer para ir aprendendo. Um dia chegaremos lá, apesar de nossa cultura política que favorece aos “ditadores” de plantão.

Mas, mesmo assim, com toda a desconfiança do bem que devemos ter de nossos políticos, espero que a cada eleição possamos, com nosso sacrifício e perseverança, não rir mais com a piada que o Ancelmo cita abaixo, não desejando que algum político pegue a febre aftosa, para termos que sacrificar toda a manada. Apesar de tudo, a classe é insubstituível num regime democrático representativo. Fiquem com ele, que eu vou procurar meu título de eleitor.

“Na segunda-feira passada, perto do Terminal Alvorada, na Barra, um taxista, já com certa idade, reconheceu o passageiro, um provecto jornalista, e sacou:

— Domingo tem essa merda de eleição.

O da imprensa, mesmo consciente de que a política partidária anda mais suja do que pau de galinheiro, tomou um susto com o desafogo do taxista, que parecia falar da eleição como se tivesse um encontro marcado para, como dizem os portugueses, tomar uma injeção na testa.

Durante a corrida, o passageiro lembrou os tempos de outrora, quando os táxis eram verdadeiros palanques políticos sobre rodas. Sua memória se fixou na eleição para governador, em 1982, quando os taxistas estavam na vanguarda da arrancada eleitoral de Leonel Brizola, recém-chegado do exílio, ao governo do Rio. Naquela eleição, o candidato do PDT parecia não ter chance de ultrapassar Sandra Cavalcanti (PTB), Miro Teixeira (PMDB) e Moreira Franco (PDS).

Voltemos a esta semana. Na quarta, movido por curiosidade profissional, o jornalista assentou praça num ponto de táxi num condomínio da Barra para tentar entender tamanho desânimo daquela categoria. Dessa vez, num grupo com mais de uma dezenas de taxistas de todas as idades, difícil foi falar de política com quem só queria maldizer a Uber: “Estou há três meses trabalhando no vermelho”, disse um deles de cabeça branca e, como todos os outros ao seu lado, desgostoso com a política.

Um dos taxistas contou que deixou de puxar conversa política durante as corridas “porque a maioria hoje não quer papo sobre o assunto”. Outro lembrou, com certa razão, que “a Olimpíada escondeu a eleição carioca”; e um terceiro, também a meu ver absolutamente certo, criticou “a falta de propaganda eleitoral nas ruas”.

Tudo bem que desde priscas eras a imagem do político nunca foi boa, como mostram várias piadas infames — como aquela de um deputado que contraiu febre aftosa e a notícia boa é que seria preciso abater “toda a manada”, ou seja: toda a classe política. Só que, acho, nunca foi tão profundo como agora o desamor público pela classe. É um fenômeno mundial. Donald Trump cresceu nas pesquisas falando mal “dos políticos de Washington”.

Mas aqui esse tipo de indolência a dois dias da eleição é dramática. Afinal, no país, desde as jornadas de junho de 2013, que levaram milhões para as ruas, parecia ter virado mantra a ideia de que, daqui para frente, o eleitor tem de escolher melhor seus representantes para sair do atoleiro moral, econômico e político. Agora que chegou a hora de, como diz o verso de Geraldo Vandré, dar a volta no cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar, o que se vê é apatia, apatia, apatia. Esse clima favorece a reserva de mercado aos políticos já estabelecidos.

Contribui para isso uma certa ressaca política da população pós-impeachment de Dilma. Afinal, um cidadão normal não aguenta o tempo todo ficar de prontidão política. É preciso tocar a vida. Acho também que as restrições legais de exposição dos candidatos ao eleitor foram exageradas. Nada contra a proibição de empresas fazerem doações para os candidatos, mas sim das regras de propaganda. A propaganda de rua, como dos antigos cavaletes, por exemplo, enfeava a cidade por algumas poucas semanas, é verdade. Mas ajudava na comunicação do candidato com o eleitor, essencial para uma boa escolha com prazo de validade de quatro anos. Questão de colocar na balança.

Vivemos numa democracia. Mas nessas horas vale lembrar uma frase do saudoso pensador Alceu Amoroso Lima (1893-1983): “É preferível a poluição da democracia à assepsia da ditadura.”

Sobre o tema, o cientista político Jairo Nicolau, friburguense, 52 anos, grande especialista em eleições, conta que, historicamente, nas eleições municipais, a taxa de brancos e nulos tende a ser menor do que nas eleições gerais. Em 2012, a média de votos nulos e em branco para as câmaras municipais foi de apenas 4%. “O grande número de candidatos e a proximidade com os eleitores, sobretudo nas pequenas cidades, ajudam a explicar a diferença.”

Só que nas grandes cidades a realidade é outra. Na mesma eleição de 2012, a taxa de brancos e nulos no Rio foi de 16% e a de São Paulo, 18%. Para domingo, agora, a expectativa de Jairo é que esta taxa cresça “por causa da visão negativa a respeito dos partidos e dos políticos em geral”.

Ele também considera que, nas grandes cidades, as novas regras, que restringiram ainda mais a propaganda e diminuíram o tempo de campanha oficial, devem contribuir para um aumento expressivo dos brancos e nulos. A conferir.


No mais: bom voto.”

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