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sábado, 30 de novembro de 2013

A década perdida




Por Zezinho de Caetés

Ainda esta semana falei do livro “Década Perdida – Dez anos do PT no poder” do Marco Antonio Villa e citei um trecho dele que vi num Blog. Abaixo vem um texto do Rodrigo Constantino, publicado no O Globo em 26/11/2013, cujo título era “Recordar é Viver – A Década Perdida” onde ele faz uma resenha do livro do Villa, e que passo aos leitores, pois ainda não o encontrei para comprar.

O livro é de História. Quem lê a resenha vê que tudo se passou em nossas barbas e “só Carolina não viu”. Hoje estamos à beira de eleições para presidente e tudo pode continuar assim, e lembrem que a História é história dos vencedores. Se compactuarmos com tudo que o autor descreve (dito pelo Constantino) é porque estamos ensandecidos junto com Venezuelanos e Argentinhos no caminho do Socialismo Bolivariano.

Ainda há esperanças. Novas candidaturas surgiram e poderão surgirem outras. Já se fala mesmo que o Eduardo, nosso governador, vai concorrer mesmo contra Lula, que pelo desempenho de Dilma, certamente, será candidato. Temos agora o escândalo com o Ministro da Justiça que distribuiu documentos apócrifos com a Polícia Federal para incriminar o PSDB. Temos os líderes do PT na cadeia e chegando mais, mesmo que tenhamos que conviver com o Zé Dirceu como “funcionário” de hotel.

O que a oposição precisa é que estas notícias cheguem ao grande eleitorado do PT, que são os bolsistas familiares, de uma forma que eles vejam, que se continuarmos assim, nem a bolsa eles terão. O programa Mais Médicos já começa a produzir seu festival de erros, e este se encarregará de avisar ao povo e aos prefeitos o custo do programa.

Mas, fiquem com a resenha do Rodrigo Constantino, que eu vou na livraria ver se já chegou o livro do Villa. Talvez, não o compre se for caro, mas, o lerei lá mesmo nas livrarias, como sempre faço quando a verba escasseia.

““O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação. É uma República bufa, uma República petista.” Assim conclui Marco Antonio Villa em seu novo livro, “Década perdida”, onde disseca os dez anos de PT no poder. É um trabalho conciso de historiador, resgatando os principais acontecimentos desta triste época.

Villa optou por um relato cronológico, expondo os fatos mais marcantes de cada ano. Basta relembrar a quantidade infindável de escândalos para derrubar todos os mitos criados pelo PT, inclusive o maior deles: o de que Lula é um operário que chegou ao poder para mudar tudo e beneficiar os mais pobres.

O lulismo, ao contrário, foi um grande passo na mesma direção do que há de pior em nossa política. O patrimonialismo foi fortalecido, as oligarquias corruptas nunca tiveram tanto poder, os sindicatos jamais foram tão vendidos, o aparelhamento da máquina estatal foi total. A tudo isso, somou-se o culto à personalidade, o messianismo típico das republiquetas populistas latino-americanas.

Dispostos a tudo pelo poder, Lula e o PT abusaram das mentiras, das práticas mais nefastas na política, das alianças indigestas com os velhos “picaretas” acusados pelo partido, do mensalão, o maior esquema já visto para tentar controlar o Congresso e destruir a democracia.

O que Villa faz é mostrar um filme do enorme estrago causado pela passagem do PT pelo poder nessa década. Com fortes ventos favoráveis vindos de fora, basicamente pelo elevado crescimento chinês e o baixo custo do capital no mundo, o Brasil teve desempenho econômico medíocre.

Crescemos bem menos do que a média dos emergentes, e com inflação bem maior. O pouco que crescemos se deu por fatores insustentáveis, como o irresponsável endividamento do governo e das famílias, estimulado pelo próprio governo. Faltou um projeto de país, e sobrou a visão míope de se pensar apenas nas próximas eleições.

O engodo que foi o lulismo, incluindo dois anos de sua “criatura” Dilma, fica evidente no livro, com a quantidade absurda de promessas irreais, factoides criados somente de olho nas campanhas eleitorais. Foi a era do marqueteiro, tudo voltado às aparências, sem preocupação com resultados concretos.

O desrespeito com as instituições republicanas foi total, chegando várias vezes ao escárnio. “O PT aprofundou o processo de desmoralização da política”, acusa Villa. Ser “amigo do rei” nunca foi tão importante para o sucesso. As bases da pirâmide foram compradas com esmolas, no pior estilo coronelista, e o topo, representado pelo grande capital, teve o BNDES a seu dispor, em magnitude jamais vista.

Os artistas também se venderam pelo “apoio cultural”. Nada mais é realizado nesta área sem que tenha a participação estatal, criando-se uma relação de completa dependência. A esquerda caviar e o PT desenvolveram uma simbiose umbilical, destruindo qualquer chance de integridade artística na maioria dos casos.

No âmbito externo e diplomático, o lulismo também deixaria sua marca podre. O Itamaraty tem sido responsável por vexames internacionais, deixou de lado sua tradicional postura de isenção, aderindo ao bolivarianismo e se alinhando aos piores ditadores. O viés ideológico e os objetivos partidários estiveram acima dos interesses nacionais. O Mercosul é um atraso de vida, e acordos bilaterais de livre comércio não foram selados por culpa do PT.

Por trás de tudo isso, como aponta Villa, há uma oposição acovardada, tímida, incapaz de combater com determinação o avanço do lulismo. Em 2005, essa postura equivocada ficou evidente, no erro estratégico de deixar o PT sangrar com o mensalão na expectativa de derrotá-lo nas urnas. Foi um marco do “vale tudo” adotado por Lula. Sua vitória foi a derrota da ética, a morte da jovem República ainda em construção.

Como o autor reconhece, não será nada fácil tirar o PT do poder. Primeiro, porque muitos grupos de interesse foram capturados. O PT transformou as estatais e seus poderosos fundos de pensão em instrumentos partidários. “Estabeleceu uma rede de controle e privilégios nunca vista na nossa história.”


Segundo, porque boa parte da população parece não se dar conta do que é o PT, um partido que sequer respeita seu próprio estatuto, preferindo defender, em vez de expulsar, criminosos condenados em última instância pelo STF, com ministros escolhidos pelo próprio PT. O povo tem memória curta. E aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo. O livro de Villa é um antídoto contra esse esquecimento. Leiam!”

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TIO DUDA




Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho

Não o conheci pessoalmente. Conheci através da foto estampada na Academia Virtual Pedro de Lara, atualmente, desatualizada,            lendo os poemas “EXALTANDO BOM CONSELHO” e “SE EXPONDO A GAROA”. Pouco conhecido nas hastes de escritores pernambucano, pois, suas obras não eram divulgadas nos meios literários. Bom Conselho perde um grande homem que se dedicou a arte de escrever, da poesia que poderia ter expandido e divulgado a sua obra aos quatro cantos do mundo, se a nossa cidade tivesse a ACADEMIA BOMCONSELHENSE DE LETRAS – ABCL, pois era um canal para a divulgação nas demais entidades culturais do País. Seu Augusto era desconhecido por grande parte dos pernambucanos, que não conhecia o seu fenômeno saber, de escrever, laborar poemas enaltecendo principalmente a sua terra. Escreveu mais de 350 poemas e sonetos, mas que estão guardados e que muito bem deveriam ter sido divulgados. A arma do escritor para atingir as pessoas, é o LIVRO. Nenhum outro modo pode alcançar este objetivo. Escrevendo, divulgando, vai se deixando levar para outras plagas, a lugares desconhecidos para que outros possam descobrir o talento, a inteligência acrescida da sabedoria. Morre Tio Duda, carinhosamente conhecido pelos seus familiares e amigos mais chegados, um escrevedor de primeira linha. Deixa a nossa terrinha órfã, mas com um grande acervo da sua obra, que por certo agora será levada ao conhecimento do grande público. “Escreveu dois livros, poderia ter sido um numero maior, - O HISTÓRICO DE PAPACAÇA NARRADA EM VERSO” e “UM CONJUNTO DE FRASES PRÓPRIA DE UMA LÍNGUA”. Neste momento de ausência física, não ficara esquecida a memoria desta grande personalidade em nossos corações. Lembraremos sempre, sempre porque deixou um legado que não se apagará e será salvo pelos seus escritos. Breve histórico de sua brilhante travessia por este mundo deixando saudades e um grande acervo do seu serviço para a posteridade. Abaixo transcrevemos:

“O” Sr. Augusto Gomes de Assis nasceu no Estado de Pernambuco, em uma região geográfica que a Lei Municipal honorífica a denominação da cidade de Bom Conselho de Papacaça, a qual com três climas variáveis que alteram o bem-estar nos meios educativos e sociais. Este citado bom-conselhense sempre preservou a cidadania diante dos seus conterrâneos, dignos de honorabilidade, o qual é amante do futebol, por conseguinte foi Diretor Esportivo em longo período de sua existência, demonstrou dedicação em nossas praças de esportes. Todavia, ele saia que era poeta e já escrevia colecionando seus trabalhos. Porém, particularmente, ele iniciou na simples poesia de Cordel e com o decorrer do tempo se elevou na poesia clássica e se consagrou letrista e compositor, inclusive, declamador de seus poemas e sonetos, emocionou com suas declamações em festividades em datas comemorativas na região. Sua primeira apresentação em público foi no de 1996, quando ele com seus lindos versos condicionaram à poesia nobrificando a festa realizada para os bom-conselhenses receberem os restos mortais de FREI CAETANO DE MESSINA, o então fundador de nossa dinâmica cidade. Esta foi à motivação para este digno poeta se empolgar e torna-se tediosos para editar o seu primeiro livro, intitulado a – NA SOMBRA DO MANDACARU -, foi quando ele demonstrou dedicação na organização de sua obra, evidente não amenizou despesas com bom material e reconhecimento no Ministério de Educação e Cultura de São Paulo e no Escritório de Direitos Autorais, no Estado do Rio de Janeiro, repartição que lhe envia certidões comprovantes de sues direitos autorais. Porém, este artista permanece no anonimato, pois, não se deparou com representantes da Lei de Incentivo ara contribuírem nas despesas com referencia as edições de seus livros que os rascunhos do primeiro e segundo estão arquivados no poder deste autor em mais 190 letras de músicas com melodias, obviamente, um repertorio variado. O mesmo não esta condicionado para assumir as despesas proporcionada pela sua divulgação editorial, a motivação é que sua renda e mínima e ele esta viajando anualmente paras receber tratamento de saúde em hospital  na cidade de São Paulo. Então, sua situação torna-se não favorável. Nosso sentimento é que este valor será mais um artista brasileiro que não é provável a consistência de sua memoria.  Obs. “Registro comprova os direitos autorais do autor destes poemas, então, não é viável plagiar condicionando violação da Lei Penal.”.

Poemas do Augusto Gomes de Assis
“Se expondo a garoa”
Escadas lentas, porém rolando / Milhões de pessoas passando / E se expondo a garoa e ao frio / O sol surgindo, porém, alvacento / Como o saudosista em lamento / Ao sentir o seu coração vazio.
São Paulo! Tu mesmo no estio / E pouco oculta a tua visão / Crescente em tua vasta amplidão / Mas está sobre ti um véu de fumaça / Mas teu barulho tornar-se uma graça / E orgulho para nossa nobre nação.
És uma mãe que estende a mão / Para um filho carente a ti procurar / Até os pássaros fizeram de ti pomar / Em tuas sombras estão sobrevivendo /Como os resíduos de tua grandeza / Teus rios perderam notável pureza / E poluídos, nos leitos estão correndo.

- Exaltando Bom Conselho
Bom Conselho / Tu demonstras teus valores / Tu dormes em um berço de flores / Colhidas de tuas belas campinas / Te envolves em tuas lindas colinas /E despertas em cenários multicores.
Tu és um celeiro de professores / Cidade das escolas e formações / Das festas e das lindas procissões / dos vigários, das freiras e dos pastores / Tu dormes com a voz de teus cantores /  E despertas com sus lindas canções.
Por virtude de tuas promoções / Do agreste tu és linda princesa / A noite te dá um véu de nobreza / Ocultando teu sorriso radiante / pela manhã, o sol e teu visitante / com mensagens de natureza.
És ladeada por conjunto de beleza /O teu clima é saudoso e tropical /O teu gesto de mãe. Isto é normal / Quem se ausenta de ti sai chorando / Alegre e sorridente quem está voltando / Para o teu meio festivo e social.
Tens a malicia de uma amante sensual / Por isso, orgulhoso, sempre te amei / Muito embora que de ti me ausentei / Mas com muito amor me esperaste / E em meu regresso me abraçaste / Assim com eu, a sorrir, te abracei / Bom Conselho, / Tu demonstras teus valores / Tu dormes em um berço de flores / Colhidas de tuas belas campinas / TE envolves em tuas lindas colinas / E despertas em cenários multicores /

Persistente e Sensato
Não existe aflitiva escuridão / Se elevarmos o nosso trilhar / Com muito amor no coração / E a sublime pureza no olhar / Se propagarmos só a verdade / Vem para nós plena felicidade / Condicionando o verbo amar;

Sempre trilhei por linha reta / Uma preciosa bússola me guiou / A musa foi minha predileta / E o sublime dom me elevou / Com emocionais declamações /Tornei desprovidos os corações / E cupido, por certo, os flechou

Jamais desvendamos o futuro / E apenas sabemos do presente / Mesmo eu estando inseguro / Preservo vigor em minha mente / Portanto, irei vencer o trauma /  Prosseguirei alegre e contente;

Pretendo esquecer o meu passado / Ou seja, o desprezível anonimato / Obviamente, hoje estou realizado / Porque fui persistente e sensato / Fui dedicado na arte de escrever / Quem contribuiu para eu vencer / Me tornou, portanto, muito grato.
 
Honradez de brasileiro
Brasil é linda tua gente / Teu céu límpido é mais estrelante / Após o sol ardente e brilhante / Te aquecer e se ocultar no poente.
É orgulho descrever beleza tua / Teus rios têm mais cascatas / São verdes e floridas tuas matas / E multicores pelo surgir da lua.
Poetas românticos e sonhadores / Dignos representam tua gente / Em poemas declama teus valores.
Diante do mais nobre estrangeiro / Eu, como poeta simplesmente / Demonstro honradez de Brasileiro.

Verbo partir (soneto)
Ao partir / ´Pranteou / Ocultou / Seu sorrir.
O povo / Que lhe ama / Lhe chama / De novo.
Eu, ao partir, / Meu chorar / Farei ouvir.
Ao voltar / A sorrir / Posso amar.

Histórico de Bom Conselho
Em um triangulo mata, agreste e sertão / Existe um agradável clima tropical / Então surgiu do antigo Portugal / A presença de um nobre cidadão / Em uma terra oculta e paralela / Multiplicou-se a família Vilela / No inicio de uma nobre geração.
Entre rios afluentes e afluídos / Foi construída uma fazenda / A indústria era apenas uma tenda / Ladeada por casebres construídos / Com cativos em plena devastação /Mas sonhavam com a libertação / Para não prosseguirem entristecidos.
De fazenda passou a vilarejo / Com a denominação “Papacaça” / Por conseguinte. Conquistou a graça / Do nosso bondoso povo sertanejo / Portanto, surgiu o dinâmico principio / Representativo de nosso município / E a Bom Conselho que amo e revejo.
A´[os Augusto Martiniano governar /Substitutivos, cumpriram os deveres / Porém, outros destruíram nossos teres / E os quais podemos propagar / Foram instintos, artista na cultura / Estamos expostos na vil censura / Esperando alguém para nos resgatar.

Relembrando Dantas Barreto
Bom conselho, és o berço natalino / De um filho teu que tornou-se nobre / Então, foste sim, aquela mãe pobre / Que deu a ele tão invejável destino / Emídio Dantas, guerreiro extraordinário / Alistou-se livremente como voluntario / Com quinze anos e o rosto de menino.
Um adolescente que foi amamentado / Eu teu seio de amável mãe gentil / Foi bravo militar defendendo o Brasil / Elevando orgulhosamente nosso Estado / Em Paraguai, ele lutou até demais / Sua bravura foi vista pelos generais / Eapós a luta, foli ele graduado.
Emídio Dantas, general renomado / O então eficiente ministro da Guerra / Foi convidado para voltar a sua terra / E assumir o posto de Governador do Estado / Todavia, não foi menosprezado seu valor / Por conseguinte, foi eleito como Senador / Como Marechal de Exercito foi reformado.
Devo adir, que ele foi escritor exemplar / É difícil eu descrever o que ele fez / Mas, obviamente, ele foi a honradez / Que Bom Conselho deve sim, memorizar / Apesar dos cento e cinquenta anos ocorridos / Ele esta entre nossos seres queridos.

Formato de Bom Conselho
Bom Conselho é no Nordeste / Uma belíssima região / Clima agreste, mata e sertão / Uma terra que se veste / De caatinga e campestres / Com quipá e alastrado / E é no mesmo estado /do Formoso Rei Luiz / Aonde ele descansa feliz / Com recordações do passado.
Seu formato consagrado / É de baixada e serrania /A lua transforma em dia / A noite sobre o mato /O bom-conselhense é pacato / É homem trabalhador / E de futuro promissor /Pelo sol e pela chuva / Ergue sua mão sem luva /E agradece ao Senhor.
É um torrão chovedor / Em volta, tudo e beleza / A nossa mãe natureza /Com sua divina mão / Espalha o verde no chão / E torna o campo floreado / Com um aspecto doirado / Quando o sol vem surgindo / E o bom-conselhense sorrindo / E dizendo: muito obrigado.
Para orgulho do Estado / Bom Conselho é lindo cenário /É um filme extraordinário / E quem assiste é feliz / Por isso foi que eu quis / Assistir e dá valor / Que me trouxe aqui para vê / Por isso posso dizer / Muito obrigado Senhor.
O vigário social e construtor / Construiu a igreja pequenina / No alto da colina / Muito bem arborizada /Com harmoniosa passarada /Entoando um hino de gloria / Revive nossa memória / Aquela linda paisagem / Preserva a nossa Historia.

Nosso passado foi glória / O presente, agradável e gentil / A Bom Conselho é pedaço do Brasil / Que cresce ao decorrer do tempo / E nos dá um claro exemplo / Que a natureza tem com ela uma aliança / Ao crepuscular lhe manda a brisa mansa / E o ol brilhante e claro no alvorecer / Nos convidando para despertar e vê / P surgir de  promissora esperança. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Estamos na "banguela" na descida da Serra das Russas




Por Zezinho de Caetés

No último dia 25/11/2013, o Carlos Alberto Di Franco escreve: “O Brasil na banguela” (Blog do Noblat). Para os mais novos que não sabem o que é “banguela” nessa acepção, o termo significa que o Brasil está descendo a Serra da Russas sem freio e está quase sem esperança de sobreviver no concerto civilizado das nações.

Já li a respeito de um livro do Marco Antonio Villa “Década Perdida – Dez anos do PT no poder” e que deve ter pontos comuns com o texto do Carlos Alberto abaixo transcrito. E será leitura obrigatória, para mim. Talvez o que o texto deduz venha do que se passou nos últimos dez anos resumido num trecho do livro do Villa que vi em um blog:

“O partido aparelhou o Estado”.... Não só pelos seus 23 000 cargos de nomeação direta. Transformou as empresas e bancos estatais, e seus poderosos fundos de pensão, em instrumentos para o PT e sua ampla clientela. Estabeleceu uma rede de controle e privilégios nunca vista na nossa história. Em um país invertebrado, o partido desmantelou o que havia de organizado através de cooptação estatal. Foram distribuídos milhões de reais a sindicatos, associações, ONGs, intelectuais, jornalistas chapa-branca, criando assim uma rede de proteção aos desmandos do governo: são os tontons macoutes do lulopetismo, os que estão sempre prontos para a ação.”

E isto se refletiu de modo evidente no que o Brasil passa em seu sistema educacional, desde os testes internacionais até a falta de mão de obra qualificada para seu crescimento. Tudo neste governo foi criativo, até a contabilidade, só que para pior. E nem quero voltar a falar dos moldes de fazer política, procurando tornar o Brasil um país de partido único e seguindo o Socialismo do Século XXI, do Chaves, que retirou até o papel higiênico da Venezuela. E o passarinho maduro continua fazendo sujeira, e fazendo o Natal por decreto.

É uma pena que tenhamos desperdiçado a oportunidade do bom momento mundial há alguns anos atrás para dotar o país das reformas necessárias para nos tornarmos uma nação respeitável.

Fiquem com o Carlos Alberto, que eu vou estocar papel higiênico porque nosso socialismo vem aí. Promessa do Lula.

“Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista.

Quantas vezes, caro leitor, você registrou essa reação nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Elas estão contidas, frequentemente, em declarações de homens públicos apanhados com a boca na botija, no constrangimento de políticos obsessivamente preocupados com a própria imagem e no destempero de lideranças que pescam nas águas turvas do radicalismo.

Todos, independentemente de seu colorido ideológico, procuram um bode expiatório para justificar seus deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! É preciso partir para o controle social da mídia, eufemismo esgrimido pelos que, no fundo, defendem a censura às empresas de conteúdo independentes.

Sou otimista. Acho que o Brasil é maior que seus problemas. Mas não sou cego. O Brasil está na banguela. Corrupção crescente, educação detonada e gestão pública incompetente, não obstante as lantejoulas do marketing político, começam a apresentar sua inescapável fatura. E a sociedade está acordando.

As ruas, em junho deste ano, deram os primeiros recados. A violência blackbloc, um desvio condenável e inaceitável dos protestos, precisa ser lida num contexto mais profundo. Há um cansaço do Estado ineficiente, corrupto e cínico. E a coisa não se resolve com discursos na TV, mas com mudanças efetivas.

Corrupção endêmica e percepção social da impunidade compõem o ambiente propício para a instalação de um quadro de desencanto cívico. Alguns, equivocadamente, vislumbram uma relação de causa e efeito entre corrupção e democracia.

Outros, perigosamente desmemoriados, têm saudade de um passado autoritário de triste memória. Ambos, reféns do desalento, sinalizam um risco que não deve ser subestimado: a utopia autoritária.

O Brasil tem instituições razoavelmente sólidas, embora parcela significativa da sociedade já comece a questionar a validade de um dos pilares da democracia: o Congresso Nacional. O descrédito generalizado, sobretudo dos parlamentares, captado em inúmeras pesquisas de opinião, é preocupante.

O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, Dilma, José Sarney, Fernando Collor e Maluf, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo barco, paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão opostos? Interesse. Só interesse.

Os fisiologistas têm carta branca para gozar as benesses do poder. Os ideológicos, lenientes e tolerantes com o apetite dos fisiológicos, recebem deles o passaporte parlamentar para avançar no seu projeto autoritário.

A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do “habite-se” na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário o que menos interessa é gente educada, gente que pense. Educação de qualidade, nem falemos.

O sistema educacional brasileiro é um desastre. Multiplicam-se universidades, mas não se formam cidadãos: homens e mulheres livres, bem formados, capazes de desenvolver seu próprio pensamento, conscientes de seus direitos e de seus deveres.

Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil no declive de uma unanimidade que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra. Nós, jornalistas, precisamos trazer os candidatos para o terreno das verdadeiras discussões. É preciso saber o que farão, não com chavões ou com o brilho do marketing político, mas com propostas concretas em três campos: educação, infraestrutura e ética.

A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. Como lembrou recente editorial do jornal O Estado de S.Paulo, se “ainda faltasse alguma prova da crise educacional brasileira, o novo relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a escassez de pessoal para a construção seria mais que suficiente”. A assustadora falta de mão de obra com a formação mínima é um gritante atestado do descalabro da educação brasileira.

Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. E muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia.

Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de commodities para entrar, efetivamente, no campo da produção de bens industrializados.

Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão.

Nós jornalistas sucumbimos com frequência ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia presidencial com o futuro do pré-sal. Mas como andam os projetos reais que separam a propaganda da realidade? É por aí que devemos ir.

Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Queixa-se a sociedade da impunidade radical. Seis anos após aceitar a denúncia do mensalão, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dos principais condenados no esquema de corrupção do governo Lula. É uma decisão histórica e um claro divisor de águas.


Educação, infraestrutura e ética podem mudar o destino do Brasil”.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ENVELHECER ACONTECE




Por Carlos Sena (*)

Envelhecer não é problema. Até porque se houver problema não haverá solução, pois apesar das plásticas e das terapias alternativa de rejuvenescimento, envelhecer está na “conta” da vida de todos. Portanto, se não se evita o envelhecimento, é bem melhor envelhecer assumidamente. Dar um retoque no rosto, fazer um ”reparo ali, outro aqui” nada fora do contexto. O que fica feio mesmo é envelhecer e olhar no espelho sem se reconhecer – porque a cara já sofreu tanto refreamento que, belo dia, a própria pessoa pode se assustar ao não se ver no espelho.

Certamente que, como toda idade, há também encantos na velhice. Poucos é bem verdade, mas substanciais. Amar-se talvez seja a melhor regra para ser velho e feliz. Porque há jovens que são infelizes e, assim, a felicidade não está atrelada à idade. Descobrir-se feliz dificilmente não é coisa de momento. Normalmente um idoso infeliz o foi mesmo antes e a reciproca é igualmente verdadeira. Por isso é importante ter consciência do tempo por dentro e por fora – assim mesmo: o tempo que não passa por dentro, mas que por fora passa e nos provoca danos em nossa estética. Nessa lógica, um idoso mal “resolvido” sofre além da conta, pois ele vê a vida lá fora como sempre viu, mas as pessoas lá de fora não o veem como sempre viram. Administrar essas contradições não deve ser fácil, porque a velhice dificilmente vem sozinha: no geral, concomitante com as doenças, com as limitações, podem vir o abandono e a falta de carinho e de acolhimento dos familiares. Talvez seja essa a grande dor dos que envelhecem e tem que conviver com o abandono daqueles que um dia por eles foram criados.

Fato é que envelhecer não significa envilecer. Envelhecer nos dias de hoje tem infinitas vantagens (se é que podemos dizer assim) por conta dos avanços da medicina e de tecnologias importantes que ajudam na melhoria da qualidade de vida. Não obstante, as pessoas estão apostando mais em si mesmas e, de certa forma, rompendo preconceitos que no passado provocavam impedimentos no caminho da felicidade. Maitê Proença fez uma crônica acerca da idade avançada, usando o queijo Gorgonzola como metáfora. Ficou mesmo linda a sua retórica em cima do citado queijo – porque se trata de um produto caro e apreciado por muita gente fina, exatamente porque sua composição é adquirida no fungo envelhecido. O gorgonzola sem aquele fungo (tipo um mofo) perde seu charme e seu sabor – sabor que o mundo inteiro conhece e adora, principalmente com um bom vinho tinto seco. E ela conclui sua crônica: “Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola”.

Portanto, acho que envelhecer acontece. Mas, dependendo de cada pessoa, não acontece como uma manga que cai do pé e se perde na ramagem. Acontece, como um grão de milho que sabidamente vira pipoca. Ou como nos dizia o Dom da Paz, “como cana que mesmo moída, trucidada, só sabe dar doçura”... Acontece como um queijo que não se contenta sendo de coalho, fescal, de manteiga, mas como um Gorgonzola. Acontece como o vinho que, quanto mais velho melhor...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 01/10/2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A semana - O Rap dos Punhos Cerrados




Por Zé Carlos

Os vídeos do UOL estão cada dia com menos humor, e só apenas ontem (devido a viagem) eu o vi e só ri mesmo quando um jornalista declarou que “pau que dá em Francisco também dá em Chico”. No fundo, no fundo é a discriminação que ainda existe no sistema prisional brasileiro (e em outros setores, que agora não vêm ao caso), onde todos deveriam ser iguais perante à Lei mas uns se consideram mais iguais do que os outros.

O Rap dos Punho Cerrados, se vocês prestarem atenção à letra, verão que é uma realidade do Brasil. Atualmente, nem todos os bandidos são iguais e alguns pedem e obtém privilégios inalcançáveis ao João de Manoela, que era um ladrão de galinhas lá em Bom Conselho, e que as famílias que possuíam as penosas no quintal, ficavam alerta quando ele estava solto.

E hoje, o Brasil vive outra realidade. E os colarinhos brancos já agem de forma diferente, pois podem ter que cerrar os punhos a qualquer hora se fizerem algum mal feito. Isto tudo, para mim, é um motivo de alegria. Nossas instituições funcionaram, e mesmo aqueles que hoje criticam o STF por prender alguns políticos faziam festas quando ganharam a questão dos embargos infringentes.

Melhor passar para aquele que fugiu, e não se sabe para onde. Uns dizem que foi para Itália, outros dizem que foi para Espanha, e ainda outros dizem que ele ainda está por aqui. Espero que não esteja em Bom Conselho.

E então, o filme aborda outro caso de corrupção envolvendo vários outros partidos políticos e no final um repórter pergunta: “Onde estão os outros, além dos mensaleiros presos?” Boa pergunta. O que eu espero é que, se forem culpados, estejam também na cadeia brevemente, com colarinho branco, azul, vermelho ou até cor de rosa.

Fiquem com o resumo dos roteirista do UOL e depois vejam o filme. Se não rirem, reflitam.

“O rap é a trilha sonora dos mensaleiros presos nos últimos dias na Papuda, em Brasília. Há boatos de que Genoino e Dirceu formaram uma dupla de MCs no xadrex. A prisão dos condenados no mensalão em pleno feriado gerou muitas críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) ao ministro Joaquim Barbosa. Enquanto isso, em São Paulo, um ex-diretor da Siemens botou a boca no trombone: acusou figuras do alto escalão do PSDB e outros partidos de montarem um grande esquema de corrupção e usarem o dinheiro desviado para o caixa dois de campanhas.”



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A NOITE É UMA "CRIONÇA"




Por Carlos Sena. (*)

Nunca entendi essa história de que “a noite é uma criança”. Muitas vezes, em serenatas ouvia dizerem repetidamente que “a noite é uma criança”. Eu acabei acreditando que, de fato, a noite seria mesmo uma “criança”... Hoje, descubro que não me convenci mesmo disto, porque lá fora, nas grandes cidades, a noite mete medo. Evidente que a noite tem seus mistérios e seu romantismo. Talvez seja pelo romantismo que se esconde em cada noite que se convencionou chama-la de criança. Insisto: a rigor, a noite é mais “crionça”, porque nela também se dizem serem os “gatos pardos”! Gatos e onças, como se veem casam muito bem e não nos parecem sintonizar com as noites, como os galos. Os galos, sim. Esses estão mais para as noites do que as crianças, embora saibamos que na lógica poética tudo possa acontecer, inclusive nada.

Acho mesmo que a noite deixou de ser criança. Talvez ela tenha crescido e, como adulta, logo assimilou as malandragens todas dos adultos, ou de boa parte deles. Lá fora, não está como outrora quando havia “galos, noites e quintais”... Ah, os tempos das noites em que a gente fazia seresta na porta de quem amava. Não precisava amar, mas, apenas imaginar que amava. Isso era o bastante para a gente comprar um barril de vinho carreteiro e se lascar todinho na porta da amada até amanhecer o dia. Nessa época, certamente a noite se comportava com uma criança – criança que em tudo achava graça e que por tudo se sentia feliz. Muitas vezes o violão desafinava, os cantores desafinavam ou eram totalmente afônicos, mas ela, a noite, perdoava tudo isso em nome da simplicidade de ser criança como se costumava acreditar. Hoje, andar na noite é um açoite. Medo é o que toma conta da “crionça”. Assaltos, sequestros, violências de toda falta de sorte – eis o que transformou a criança da noite em “crionça” dela mesma noite afora e dias adentro.  Assim, ficou mais difícil pra mim e pra muitos, compreender que essa tal de noite tem uma criança presa dentro de si. Mas, se de todo, a criança preferir ser da noite esse lirismo, que seja: no quarto dos amantes. Nas varandas dos apartamentos simulando uma seresta. Numa cidadezinha qualquer do Brasil que ainda subsista da natureza e esconda dentro de cada noite os mistérios todos que andar pelas ruas sem medo proporciona. Principalmente de noite, quando ela, certamente, acolhe nossas crianças presas dentro de nós... Pelo medo da violência das ruas sem mais estrelas pra gente vê-las e bebê-las num copo de geléia de mocotó Imbasa, cheinho de vinho, preferencialmente tinto seco... Ou o velho e bom carreteiro?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 30/09/2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quem tem medo da Papuda?




Por Zezinho de Caetés

As instituições avançaram no Brasil no sentido de produzir um estado de direito e democrático que ainda patina, mas, com perseverança e paciência, chegaremos lá. Foi o maior período da história republicana que passamos sem um ditador de plantão, apesar do PT, nos últimos anos ter tentado a ditadura do partido único, a la Cuba. Deus me livre que um candidato seu vença as eleições próximas, pois continuarão tentando.

Mas, o que aconteceu esta semana, que levou os mensaleiros à cadeia foi de fato o mais sugestivo gesto que estamos no caminho certo. Eu até me sinto suspeito para falar pois minha torcida foi tanta para que isto acontecesse que já estava, um pouco, confundindo desejo com a realidade.

Mas, o certo é que estamos já com 11 presos e um foragido, todos com o colarinho branquinho, branquinho, a não ser pela sujeira que tentaram fazer com a democracia brasileira. E vem mais por aí. Eu até sou a favor de que se reduza a pena de Roberto Jefferson porque foi devido a ele todo este processo. Talvez, tivesse outras intenções, mas, o que valem são os fatos.

Hoje transcrevo para sua meditação um texto de um ex-professor meu, num curso que fiz de especialização em Economia, o Paulo Guedes, que ele chama de “Avanço das instituições”, e foi publicado no Globo em 19/11/2013. Vocês lerão o texto e verão seu sentido. Eu fixo-me em uma pequena parte, que é a questão da “governabilidade”.

Eu fico imaginando se o Obama decidisse comprar os parlamentares republicanos para que os Estados Unidos não ficassem ingovernáveis sem poder mais se endividar mais ainda, como ocorreu recentemente. E no próximo ano ele terá um novo teste de “governabilidade”. E se compra de parlamentares houver, certamente, o Obama sofrerá um impeachment, como lá já aconteceram várias vezes.

Aqui, em nosso país, sem ainda uma tradição sólida de democracia, descobriu-se um esquema de compra de votos a que foi dado o nome de mensalão. Foi divulgado, discutido e o Supremo Tribunal Federal, condenou uma porção de gente pelo feito, mas, deixando de fora, pelo jeitinho brasileiro, um dos principais mentores do esquema que dizia não saber de nada, e que agora, diz que tem muito a falar. Os outros o estão esperando na Papuda.

Neste final de semana, 124 anos depois de proclamada a Repúlblica, foi emitida a ordem de prisão para alguns que do esquema participaram, pela primeira vez. E o que foi reclamação dos advogados dos políticos presos, para mim é uma alegria. Estão dizendo que colocar alguns deles em prisão fechada é ilegal. E hoje já vi que o presidente do supremo já mudou o regime, que, por força das circunstâncias estava errado. Isto é um avanço em nossas instituições democráticas.

E como diz o Paulo Guedes, logo abaixo, foi decisiva a participação do Joaquim Barbosa neste julgamento. Talvez, sem ele, nossas instituições ainda não avançariam, como o fizeram. Eu sempre fui otimista. Quando aprovaram os embargos infringentes, meu medidor de otimismo quase foi a zero, agora subiu outra vez. Estamos ainda aprendendo, mas, este foi um grande passo.

O que tenho medo é que em busca da “governabilidade”, que agora se transformou em liberar emendas para parlamentares, tenha-se um retrocesso em nossas instituições.

Fiquem com preciso artigo do Paulo Guedes, que eu vou tentar governar minha vida um pouco, tentando não incorrer em crimes. Estou com medo da Papuda.

““Nada é mais fértil em prodígios do que a arte de ser livre; mas não há nada mais árduo do que o aprendizado da liberdade, geralmente implantada com dificuldades, em meio a tormentas, e aperfeiçoada por meio de dissensões”, alertava Alexis de Tocqueville. As instituições democráticas de uma sociedade livre são produto de um longo processo evolucionário de aperfeiçoamentos institucionais.

A redemocratização brasileira é recente. O Antigo Regime ainda nos afronta, erguendo suas sombras sobre a cidadania. Desafia-nos com a obscenidade e a obsolescência de suas práticas. Provoca-nos com sua imoralidade. E nos enfrenta com seus rituais indecorosos: a cultura do privilégio, o desvio de recursos públicos, o tráfico de influência, o nepotismo e a demagogia.

As acusações de corrupção atingiram todo o espectro partidário, enfraquecendo o Legislativo e transformando a governabilidade em um pretexto para o modo indecente de se fazer política.

É inaceitável que a única forma de conduzir as atividades públicas, desde o financiamento das campanhas eleitorais até a obtenção de maiorias parlamentares, seja uma prática de corrupção sistêmica desaguando em uma infindável sucessão de escândalos a céu aberto.

O crescimento ao longo de décadas da fatia do Produto Interno Bruto ao alcance da classe política tem estimulado e recompensado uma sinistra associação entre piratas privados e as criaturas do pântano que investem seus mandatos na apropriação indébita de recursos públicos. As regras atuais da “moralidade” política são inadequações “bem-sucedidas”, práticas eficazes para a sobrevivência dos grupos que as adotam. Por isso são mantidas e “aperfeiçoadas”.

Mas os princípios éticos fundamentais para a evolução de uma democracia representativa distinguem-se radicalmente dessas regras de “moralidade” dos pequenos bandos.

A classe política terá de escolher entre o corporativismo, a cumplicidade, o companheirismo, a não delação de malfeitos e o silêncio solidário como sinais de “honra” entre os membros do pequeno bando ou a transparência e as responsabilidades no trato da coisa pública exigidas em uma Grande Sociedade Aberta.

Se o Executivo e o Legislativo, a pretexto da governabilidade, acabaram selando um pacto pela impunidade, um Poder Judiciário alerta no exercício de sua independência e comprometido com a defesa da ordem democrática poderia reverter a degeneração de nossas práticas políticas.

Foi, portanto, decisiva a atuação de Joaquim Barbosa à frente do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão. A História registrará sua contribuição ao aperfeiçoamento de nossas instituições.


Não se trata de uma vitória da oposição ao governo, ou mesmo da derrota de qualquer partido. A condenação dos mensaleiros é celebrada pela imprensa livre como um marco da independência do Poder Judiciário. Como o início de uma regeneração de nossas práticas políticas. Como a vitória dos princípios éticos de uma sociedade aberta sobre a “moralidade” dos pequenos bandos.”

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

OS CAPRICHOS DE LUCINHA PEIXOTO.



Por Carlos Sena (*)

Quem matou “Salomão Ayala”, da novela “O Astro”? Quem encontrou a bala que matou Getúlio? Quem sabe onde se esconderam as duas polegadas que impediram Marta Rocha de ser Miss Universo? Quem sabe o verdadeiro nome da “menina sem nome” enterrada no cemitério de Santo Amaro no Recife? Quem saberia me dizer, por exemplo, o ano em que Adão foi inspetor de quarteirão na Barra do Brejo? Nesse rol de “porquês” cabe perguntar: quem conhece Lucinha Peixoto – aquela mantenedora de um Blog e que sempre se faz presente no jornal "A GAZETA"  e nos diversos jornais da região do entorno bom-conselhense? Pois é. No final da novela O Astro, soube-se que quem matou Salomão Ayala foi seu próprio filho, mas, saber quem é Lucinha Peixoto, aí fica difícil, mesmo sabendo que isso é também quase que um folhetim paroquiano que pulula a boca miúda nas rodas e nos quadrados da terrinha.

Certo dia vi Nárima perguntando (salvo engando) se alguém saberia dizer quem é essa tal Lucinha Peixoto. Depois vi Almir fazendo igual indagação. Assim, Ademir, Marcos Padilha, Pedro Eymar e tantos outros que devem ter se feito as mesmas perguntas acerca dela – a Lucinha Chupeta, digo Peixoto. Não, capeta. Não, apenas Lucinha e seus caprichos. Confesso quando comecei a invadir a literatura da minha terra, logo também me perguntei: quem é essa tal de Lucinha? Ninguém me disse nada, nem sequer, me deram o “C” por resposta, (pra não perder o costume). Não tive dúvidas. Perguntei a mamãe acerca. Mas, ela, do alto dos seus 84 anos, já com a mente lhe mentindo, me disse que não se lembrava de ninguém com esse nome. Depois, puxando pela memória, ela disse que conheceu uma Lucinha, mas que não devia ser essa que eu lhe perguntara. Essa, de  quem se lembrara vagamente diziam ser quenga, lá do “Café Sertanejo”. “Ah, lembrei-me de outra”, disse: no Paga Nada – uma agremiação carnavalesca famosa na cidade capitaneada por Braz, tinha uma tal de Lucinha. Era a que carregava o estandarte, mas que, também, as línguas ferinas diziam ser ela uma putinha que trabalhava em casa de família e seu melhor trabalho era “iniciar” os filhos dos patrões no sexo. Coitada de mamãe. Ela não soube recobrar mais sua memória e nem precisava, porque Lucinha é uma invenção dela própria (Lucinha) por ele mesmo ou por ninguém querendo unir nada a coisa nenhuma. Confuso? Igual a Lucinha e seus caprichos. Porque mesmo sendo Lucinha uma invenção dela própria, por ele, parece-nos que ganhou vida própria – algo como o adágio de que “a mentira muitas vezes repetida vira verdade”... Por isso esse “personagem” deve meter medo até mesmo ao seu criador, tamanho é o nível de “envivecimento” que ele, o personagem, se deu. Independente do mal ou do bem que possa proporcionar, Lucinha marca espaço na mídia al regione com qualidade. Destaca-se pela língua ferina e pelos seus caprichos. Ela é caprichosa, por exemplo, para meter o pau no PT até que outro partido chegue ao poder para ela de novo meter o pau. Meter o pau? Nem poderia. Meter o bedelho, aí sim. Isso ela faz com maestria e com alfinetadas de fazerem dó. Lucinha é debochada quando quer ser, mas é doce quando não quer ser. Ela sabe morder e assoprar, mais assoprar do que morder... Por quê?ão sei. Mas, por não saber sua idade, corremos o risco de dizer que ela morde sem morder, que ela corre sem correr, que ela sobe sem descer e quando desce se lasca toda, se estrebucha nos seus proprios conceitos ou preconceitos (?).

Desisti de saber dela num dia que estive na terrinha. Conversando com certo senhor importante da cidade, senti que ele quase se traiu acerca do codinome Lucinha. Depois ele tentou remendar, mas se borrou todo. Eu me fiz de coveiro para comer o “C” do defunto e parece que consegui. Mas, mesmo assim, não me aprouve botar a boca no trombone acerca dela, a Lucinha linguaruda e cheia de caprichos. Preferi entender que ela é do Bem. Disso não se pode negar. E escreve bem. E ama nossa terra e estrutura conceitos políticos com desenvoltura. Nesse estado de coisas, prefiro compreender que se esconder num codinome é muito natural na vida no geral e na literatura em particular. Por que não com ela, a nossa Lucinha (?) – blogueira e defensora perpétua do papacagay que nunca acontece; divulgadora do forró no beco e instigante crítica do nosso prefeito a quem ela chama de DANDAN. Lucinha é isso mesmo e não adianta transformá-la em novela para ver se um dia ela é desmascarada no seu final. Porque Lucinha é ela sem ser. É ele sendo como é – meio arrependida de ser sem nunca ter sido – algo como a saga da viúva Porcina. Lembram? Por cima é o que ela gosta de sempre ser e estar.

Hoje, mesmo achando que sei quem foi o seu inventor, nem me sinto tentado a dizer  quem seja (a minha suposição), porque Lucinha só não tem corpo, mas tem alma. Pode até não ter coração, mas tem ação. Não tem marido, ou tem? Não tem o mote, mas tem o trem. Não tem cavalo, mas, tem galope, não tem um homem, mas, deseja um bofe negão. Não gosta de uva, mas detesta Cuba. Não gosta de peixe, mas se pudesse comia o Lula... Cru...

Assim na rima rica, Nárima fica com a ilusão de Lucinha. Almir, Marcos, Pedro, Ademir, todos, Lucinham, porque ela é verbo, intrasitiva, mas verbo. Não de ligação, mas irregular na singularidade dos seus plurais metaforseantes. Platão que lhe diga e Freud que nos explique todas as razões de viver sem dar a cara a tapa, ou a bofete, no linguajar local.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/09/2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Deusa da Justiça




Por Zezinho de Caetés


No dia 16.11.2013 o jornalista Ruy Fabiano publicou um texto no Blog Noblat, cujo título foi: “A fala de Gilmar Mendes”, sim, aquele mesmo ministro que o Lula, ano passado andou sondando para adiar o julgamento do mensalão devido às eleições.

O Ministro, nesta terça-feira (12), véspera do início do julgamento de uma nova fase de recursos no mensalão, que espera que o processo termine nesta semana para parte dos 25 réus, o que possibilitaria o início do cumprimento das penas. "É desejável que termine. Todo mundo quer que termine. Precisa ser um exemplo de processo penal que se encerra", afirmou o ministro antes da sessão da Segunda Turma do Supremo desta terça.

A fala do Ministro não se esgota aí como poderão ver no texto do Ruy Fabiano transcrito abaixo. Mas, a meu ver, é a parte mais importante. Todos nós queríamos que este processo prosseguisse como queríamos, mas, mais urgentemente, que ele terminasse. No Brasil, dizem, se você tiver advogados bons você só é absolvido ou condenado depois de morto. Eu mesmo conheço um a amigo que morreu antes da justiça julgar um processo contra o INSS que capou sua aposentadoria pela metade.

Os símbolos da deusa que representa a justiça, neste processo todos sofreram, a venda que fecha os olhos dela e que indica impessoalidade no processo, estava tão esgarçada que melhor seria lhe dar um binóculo, com o Lewandowsky segurando-o. A balança, que deveria mostrar equilíbrio, apesar do regime que o Roberto Jefferson fez para não pesar muito num dos pratos, estava desregulada por muito tempo, depois de só pesar corpos de pobres e não poderosos. E a espada, que é usada para prover o resultado, esta nunca deu nem um arranhão em alguém que pagasse a fortuna que os mensaleiros pagaram aos seus advogados.

Ou seja, neste processo o que todos esperava é que ele terminasse. E que a espada pudesse cair na cabeça de alguns que já haviam caído dos pratos da balança. E foi isto que, revoltado, disse o ministro Gilmar.

E parece que foi ouvido pelos seus pares, pois eles aceitaram antecipar o cumprimento das penas de alguns réus. A pergunta que não quer calar é se isto foi apenas um ato isolada da deusa da justiça ou, aproveitando o momento, vão comprar uma venda nova, regular a balança e usar a espada quando necessário, no futuro da história do Brasil.

Agora fiquem com o Ruy Fabiano que eu irei me inteirar do que se estar fazendo com os símbolos  da deusa Têmis.

“A representação da Justiça na figura de uma mulher com os olhos vendados, uma balança numa das mãos e uma espada na outra, tem significação universal conhecida.

A venda representa a impessoalidade em relação ao réu; a balança, o equilíbrio, a justiça propriamente dita, com a garantia do devido processo legal, que pressupõe ampla defesa; a espada, a execução. A Justiça, para ser justa, aplica-se não importa a quem, tendo em vista tão somente o fiel da balança, culminando o processo com a espada, o cumprimento da pena.

Simples e complexo. Nas duas primeiras figurações, resume-se todo o processo judicial, que, no Brasil, pode levar anos, ao ponto da prescrição da pena ou mesmo da morte dos réus.

O processo do Mensalão foi típico quanto à demora. Está em seu oitavo ano e ainda inconcluso. Foi atípico não apenas quanto à qualificação dos réus – o que, no Brasil, configura ineditismo, embora não em democracias mais consistentes -, mas também quanto a seu desdobramento.

De início, o símbolo da Justiça desvestiu-se da venda. Alguns juízes, sim, demonstraram constrangimento diante do status político de alguns dos réus. O ministro Luís Roberto Barroso, por exemplo, não poupou elogios a um deles, o deputado José Genoíno, antes de acatar embargos infringentes que tentam demover-lhe uma das penas. Jogou a venda da estátua, que ornamenta a fachada do prédio do STF, no lixo.

O ministro Ricardo Lewandowski, desde o primeiro momento, agiu no sentido de esticar ao máximo o julgamento, interpondo questões de ordem desnecessárias, atendo-se a firulas retóricas e contribuindo para que, ao longo do processo, a composição inicial do tribunal mudasse, de maneira favorável às suas teses.

Logo na primeira sessão, defendeu o fatiamento do processo, que remeteria à primeira instância réus que hoje não têm a prerrogativa do fórum privilegiado, reservado a autoridades em exercício. Ficaria de fora logo o principal deles, José Dirceu.

Lewandowski consumiu toda a primeira sessão com sua questão de ordem de duas horas, defendendo algo contra que tinha votado em sessão anterior. Sim, ele já tinha sido contra o fatiamento do processo, mas, misteriosamente (ou muito pelo contrário), mudou de ideia.

Dois ministros – Carlos Ayres Brito e Cezar Peluso –, que se vinham comportando de maneira coerente com o símbolo da Justiça, aposentaram-se em meio às protelações do processo, as “chicanas”, como as denominou o ministro-relator, e hoje presidente do STF, Joaquim Barbosa.

Os que os substituíram – Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso – coincidentemente associaram-se às ações protelatórias, com votos altamente questionáveis, que se desdobraram em novas e intermináveis sessões.

Zavascki é o responsável pela espantosa teoria de que, mesmo os pedidos de embargos infringentes por parte dos que não têm o direito de pleiteá-los, por não disporem dos quatro votos mínimos favoráveis na votação que os condenou, devem ser examinados em sessão própria, com o contraditório da defesa.

Imagine-se quantas sessões consumirão esse exame absurdo e desnecessário, além do fato de que estimula manobras desonestas por parte da defesa, que se sentirá no dever de propor embargos não autorizados pelo Regimento. Cria-se assim uma jurisprudência profana, que agora se estabelece.

Não é possível que Zavascki, com seu currículo, desconheça o disparate de sua tese, no entanto acolhida. O resultado concreto é o prolongamento indefinido do julgamento.

Eis, então, que alguém, o ministro Gilmar Mendes, com a autoridade de quem já presidiu a Corte – e que tem respeitabilidade técnica e moral para fazê-lo – indigna-se contra “o ridículo” das manobras de alguns de seus pares e denuncia o que vem ocorrendo desde o princípio do julgamento: uma tentativa de não permitir que avance e se insista em mantê-lo andando em círculos.

A fala do ministro Gilmar Mendes é uma peça histórica, que ficará como testemunho de um tempo em que se tenta destruir a credibilidade das instituições. Não obstante a quase indiferença da mídia em relação às suas palavras, foi, até aqui, o ponto alto de todo o julgamento, mais expressivo que as palavras de Celso Mello, quando considerou os réus políticos golpistas.

Mais importante porque ousou falar de - e para - seus próprios colegas. Não procurou culpados do lado de fora, mas na própria Corte, alertando-a para o “ridículo” que protagoniza. Falou para a História – e a Corte o ouviu em significativo silêncio.


Foi, por ironia, voz solidária a Joaquim Barbosa, seu desafeto. Barbosa, ao longo do julgamento, fez os mesmos reparos, mas, em face de seu temperamento mercurial, deu brechas a que seus pares, a pretexto da forma, ignorassem o relevante conteúdo de seus protestos e se ativessem a seus termos, nem sempre protocolares. Gilmar e Barbosa formam uma inesperada - e indispensável - dupla em julgamento que a História julgará.”

terça-feira, 19 de novembro de 2013

VIVA O CORDÃO ENCARNADO




Por Carlos Sena (*)

Detesto ver um papel em branco. Porque quero logo escrever nele o meu “preto”. Ou o meu encarnado. Adoro  a riqueza do nosso idioma, posto que essa história de “vermelho” eu me dobrei quando aqui cheguei na capital pernambucana. Na minha terra eu dizia ENCARNADO. Por isso, não vou irromper esse “papel” branco que o world me libera nesta manhã escrevendo o meu “preto”, mas o meu ENCARNADO. Porque também eu me remeto às “brigas” do pastoril para que o cordão AZUL vencesse o ENCARNADO. Que saudade. Que sonhos era navegar naquela brincadeira tão simples dos pastoris dos meus tempos de Bom Conselho. A gente se matava por um ou por outro, mas o meu era mesmo o ENCARNADO. Nessa época eu nem entendia de espiritismo e da sua relação com o termo “encarnado”, mas pra mim ficou o principal: o cordão encarnado dos nossos pasto-ris. Ris? Faça não. Ou faça sim. Menos importa o sentimento do que não se tem. Mas, do que se tem lá dentro tudo faz no sentido da vida que se vai ao calor do tempo e no frio desaquecido por desilusões.

Por isso detesto ver um papel virgem, mesmo sendo o do frigidíssimo world, do computador. Companheiro meu, por que não dizer? Mas, daqueles companheiros que ficam no canto da sala sem dar um “pio”... E provoca em nós arrepio e desconfiança, embora não pareçam. Assim, logo começo a meter o pau com os dedos – tentativa nem sempre alcançada de irromper o silencio do papel em branco querendo ter vida através das palavras e frases. Assim, “BRANCO”, meio “náutico” no Capibaribe que leva em cada barco que ainda lhe navega, sonhos partidos em busca de um porto/solidão.

No restauro da memória pastoriense, a DIANA me levava ao delírio. Ela, coitada, funcionava como que um “bissexual” que transita no que é comum aos dois gêneros. Adorava vê-la no meio do azul e do encarnado tentando ser neutra, mas sabendo que por dentro ela deveria ser (eu pensava) do “ENCARNADO” como eu. Última lembrança do pastoril foi no São Geraldo. O auditório lotado e todos vendendo pontos para sua “cor” preferida. Assim mesmo: vendendo pontos. Algo como se fosse hoje um real por cada ponto. No final, quem tivesse mais dinheiro teria tido mais pontos. O total do dinheiro era o total da vitória de um sobre o outro. E o dinheiro, ora direis, para onde ia? Para a casa da caridade é o que diziam. Se, de fato, ia pra lá eu não sei. Mas sei que indo ou não o principal ficou: a ilusão vendida em duas cores – a azul e a encarnada. Por isso, neste tear matinal de texto, preencho minha inquietação com o meu ENCARNADO para irromper, desvirginar este “papel” branco de mentirinha que o world me oferece. Viva o cordão encarnado.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/09/2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A semana - Cadeia neles!




Por Zé Carlos

O filme que costumo comentar toda a semana aqui, hoje, não é dos mais engraçados. Começa com a frase dita em alto e bom som: “Cadeia neles”. Penso que nenhum brasileiro que esteja um pouquinho informado sobre a história recente do país desconhece o “mensalão”. Segundo o Ministro Celso de Melo, ele pode ser assim resumido:  "Nada mais ofensivo e transgressor à paz pública do que a formação de quadrilha no núcleo mais íntimo e elevado de um dos Poderes da República com o objetivo de obter, mediante perpetração de outros crimes, o domínio do aparelho de Estado e a submissão inconstitucional do Parlamento aos desígnios criminosos de um grupo que desejava controlar o poder, quaisquer que fossem os meios utilizados, ainda que vulneradores da própria legislação criminal", isto é um resumo do foi o “mensalão”.

Logo após esta declaração, quando se esperava que tudo estaria terminado o Celso de Melo, votou a favor dos embargos infringentes (vejam no Google o que isto significa, e não me sacrifiquem) e tudo parecia ter sido jogado para as calendas gregas.

Esta semana, o STF resolveu mandar 12 dos réus para a cadeia. Como o voto favorável do Celso de Melo. Quem sou eu para duvidar do ministro. Com a justiça eu já tenho os meus problemas. Mas, digo, o filme é engraçado pelas músicas escolhidas pelos produtores e pelas fotos.

É uma pena, como soe sempre acontecer, que o filme não abarca nunca os últimos acontecimentos. As declarações de alguns réus seriam de morrer de rir, mas a que mais achei engraçada foi a do Genoíno com o punho cerrado gritando “Viva o PT”. Realmente, ficou difícil de entender, e por isso a graça, o que ele estava querendo viver com a frase. Aliás, o Brasil se encheu de humor com a prisão dos mensaleiros, devido ao número de charges que apareceram a respeito.

As charges que usamos para ilustrar esta postagem é de um pernambucano e saiu no Diário de Pernambuco, e mostra a preocupação de Lula com a declaração do Genoíno. Então causou preocupação, embora eu não saiba ainda o porquê.

O tema de ontem nos telejornais foi a fuga de um dos réus. Ele resolveu aguardar ser levado debaixo de vara, como declara no filme o Ministro Marco Aurélio, mas, lá na Itália, talvez rezando lá no Vaticano e dizendo ao Papa Francisco que não sabia de nada, como aqui virou moda.

O processo não terminou ainda mas, começou, pelo menos a dar alguns resultados. No dizer do Ministro Gilmar Mendes, como o processo anda em círculo, vamos “abrir a roda e enlarguecer” para incluir outros e outros corruptos.

E corrupção não para, nem no filme e nem na realidade. Fiscais da prefeitura paulistana foram pegos com a mão na botija e a coisa anda feia por lá. Um dos secretários de confiança do prefeito e até muito amigo do pré-canditado ao governo de São Paulo, já se escafedeu, segundo o prefeito para melhor se defender. Sei não, chegou a um ponto que se todos os corruptos tomarem a mesma atitude, o Brasil vai ficar, com as honrosas exceções, sem funcionários públicos. Não dá para sorrir.

Finalmente, o filme alega que o tal de Marco Civil da Internet vai tornar mais caro o uso da internet no Brasil. Nós da A Gazeta Digital vamos ter que encontrar patrocinadores que nos paguem em reais, e não só Jesus, Maria e José (a Sagrada Família), que nos protege, mas, só nos paga em graça divina.

Fiquem com o resumo do roteiro pelos produtores do UOL, e depois vejam o filme e se esforcem para rir, como eu fiz.

“O STF determinou que os condenados do caso do mensalão devem cumprir as sentenças sem recursos, e alguns já se apresentaram à polícia. Será o fim do julgamento? Já em São Paulo, o principal secretário do prefeito Fernando Haddad se afastou do cargo após seu nome aparecer nas investigações sobre esquema de corrupção envolvendo construtoras. Para fechar, deputados falam sobre o marco civil da internet.”


sábado, 16 de novembro de 2013

'Prisonium quae sera tamem'




Por Zezinho de Caetés

Eu não me canso de transcrever aqui o imortal Merval Pereira. Desta vez o título dele diz tudo: “Vitória da Justiça” (O Globo de 14/11/2013), onde ele enfoca a decisão do dia anterior sobre a prisão dos mensaleiros. Em seu livro “O Mensalão”, que li de cabo a rabo, ele o termina com a seguinte frase: “No atual estágio em que nos encontramos, é sintomático, porém, que o povo tenha escolhido seu herói entre os ministros do Supremo, enquanto os militantes partidários tentam em vão transformar em heróis alguns dos réus condenados.”

Esta frase foi dita antes da decepção do Brasil todo com a aceitação dos embargos infringentes, onde o povo brasileiro escolheu o seu vilão ministro do Supremo e os militantes partidários comemoram a vitória dos seus heróis. Ontem, sem entender muito de tecnicalidades jurídicas, vi o programa e deu para entender que  o povo brasileiro voltou ao herói anterior, o Joaquim Barbosa, que levou a corte a fazer justiça, mesmo só durante à noite.

Ver o Zé Dirceu entrando numa cadeia, algemado, mesmo que seja só à noite, já é uma catarse pelo povo brasileiro, povo sofrido e enganado pela propaganda governamental. E eu renovo o otimismo que um dia a justiça será feita por completo, inclusive com a inclusão do maior organizador do mensalão que foi, segundo o Marcos Valério, o Lula.

A nota normal ontem foi o Ministro Lewandowski. Como ele já sabe que todos sabem que ele não é ministro, mas, um advogado dos réus políticos, ele nem mais se acanha do que diz e do que faz, mais uma vez chamado de chicaneiro pelos seus pares, que ontem não caíram em sua conversa e mandaram prender os réus por unanimidade. Seguindo lema da bandeira mineira de “Libertas quae sera tamem” eu digo “Prisonium quae sera tamem”.

E agora fiquem com o imortal Merval Pereira, que eu vou ficar esperando as fotos dos petistas regiamente paramentados com as algemas, entrando em fila da Papuda. E que nosssa Justiça continue fazendo justiça, seja para pobre ou para rico, para poderosos ou despoderados. Foi um dia histórico.

“A tese do relator Joaquim Barbosa de que os crimes são autônomos e, portanto, podem ter o trânsito em julgado decretado separadamente evitou que as manobras protelatórias da defesa tivessem efeito prático.

Apesar das divergências, e da confusão de conceitos que provocou discussões disparatadas, prevaleceu o sentido principal da decisão do relator Joaquim Barbosa, que é a de executar as penas dos condenados.

É importante ressaltar que a decisão de ontem demonstrou que a votação que resultou na aceitação dos embargos infringentes, que parecia ser uma sinalização de que o plenário do STF estaria se orientando por uma posição mais condescendente com os condenados, foi apenas uma opção técnica da maioria dos ministros, que nada teve a ver com a tendência de postergar a execução das penas.

O ministro Luís Roberto Barroso, o primeiro a votar, pelo contrário, defendeu a tese de que não era mais possível aceitar manobras protelatórias para evitar o cumprimento das penas, como foram considerados ontem os embargos de declaração dos embargos de declaração.

Assim como, ao votar a favor dos embargos infringentes, Barroso chamou a atenção para o fato de que a condenação estava dada e que a nova análise dos embargos infringentes não impediria que ela se realizasse, ontem ele também chamou a atenção de que o cumprimento imediato das penas poderia ser até benéfico ao condenado, já que a pena poderá ser reduzida no final.

Aceitar a tese de fatiamento das penas, inclusive, como ressaltou o ministro Teori Zavascki, porque a prescrição das penas vale para cada crime separadamente, foi uma demonstração de que a Corte não estava a fim de manobrar para adiar a execução das penas.

Essa interpretação, que teve antecedentes no STF mais ligados a processos cíveis e não criminais, foi aceita pela maioria sem grandes polêmicas, não tendo repercussão a tentativa do ministro Ricardo Lewandowski de adiar a decisão, alegando que o pedido do procurador-geral da República, Ricardo Janot, de executar as penas mesmo daqueles réus que ainda têm embargos infringentes a serem julgados criava um fato novo que precisava ser analisada pelas defesas dos condenados.

O ministro Joaquim Barbosa, ao mandar juntar aos autos o parecer do Ministério Público, deu margem a essa tentativa de manobra. Tudo indica que ele achou que o pedido de Janot reforçava a sua decisão, mas, ao contrário, ele quase adiou a decisão.

Não acredito na teoria conspiratória de que Janot entrou com seu parecer na noite de terça-feira apenas para dar margem a essa manobra de adiamento da execução das penas.

O fato de que o ex-ministro José Dirceu cumprirá inicialmente pena em regime semiaberto, até que se julgue novamente o crime de formação de quadrilha, não tem maior significado, pois a punição está dada e seria apenas uma vingança política, e não justiça, só aceitar que ele seja condenado à prisão fechada.

O inacreditável mesmo foi a confusão que os próprios ministros fizeram em relação à decisão, pois passaram boa parte da sessão discutindo uma questão que não estava em jogo. O presidente Joaquim Barbosa se irritou, fez um discurso, chamou de chicana a manobra que ele enxergava, mas que na realidade não existia.

Ele achou que o ministro Zavascki estava tentando impedir que os condenados que ainda tenham embargos infringentes tivessem suas penas executadas, quando, na verdade, ele se referia apenas àqueles condenados que tiveram os embargos infringentes recusados ontem pelo ministro Joaquim Barbosa.


No final, a confusão era tão grande que cada ministro teve que repetir seus votos. Mas a decisão sobre a execução imediata das penas foi tomada por unanimidade.”