Em manutenção!!!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

SÃO JOÃO - O NATAL DO NORDESTE




Por CARLOS SENA (*)

São João é para o Nordeste a sua maior festa. Não conhecemos nenhum nordestino que tenha restrições a esse período. Há quem até nem goste de carnaval em plena capital pernambucana, na Bahia ou mesmo no Rio de Janeiro. Gostar do nosso festejo junino é quase que uma obstinação. Reveste-se de um simbolismo não só em função do folclore, mas, e acima de tudo, do resgate da cultura no geral e da auto-estima no particular.

O mês de junho adentra na alma do nordestino pelos sete buracos da cabeça, sob forma de musica, de comidas típicas, de folguedos, de cultura, entretenimento, lazer, turismo. Cidades como Caruaru em Pernambuco e Campina Grande na Paraíba disputam o título do melhor São João. Quem vai a uma acha ser a melhor, mas se chega à outra, fica indeciso e, certamente dará o título às duas. Independente, o melhor de tudo isto é o sentimento de nordestinidade que se reaquece no calor das nossas fogueiras sem vaidades e exageros.

Ser nordestino hoje, não é a mesma coisa de antigamente. Nossa cultura popular se impôs pela competência e pela singularidade; nosso povo hoje disse a que não veio. Pensava-se no passado, com algumas exceções, que nós nordestinos teríamos o destino da macambira: nascer na seca, morrer na seca; ou talvez do mandacaru que, mesmo verde por fora, não servia pra nada, exceto par descer na goela do gado e virar bosta para adubar o chão seco porque a chuva não vinha para fecundar o chão.

O Nordeste hoje não é mais Dordeste. Ô Nor, Deste? Perguntariam muitos. Esses conceitos todos eram a lógica imanente de uma “nação” que está viva; que se fez por si, que se estabeleceu por si, que se reiniciou da inércia do atraso tecnológico por si. O nosso São João de hoje é como que uma página de um jornal imaginário que publica em forma de sentimento sua mais nobre tradução. Esse sentimento é a forma mais legítima que tenho de ver nossa festa maior. Um sentimento político que se reverbera no que fazemos e no que somos na cultura, no folclore, na criatividade, no sentimento de bravura e na capacidade que tivemos (e ainda temos) de tirar leite das pedras e fazer das “tripas coração”. “A TRISTE PARTIDA” canção de Luiz Gonzaga, composição de PATATIVA DO ASSARÉ (a seguir citada), é uma foto em preto e branco desse período nigérrimo da nossa nação nordestina. A gente vivia de pires na mão pedindo aos paulistanos para nos dar um pedaço de pão. O melhor é que eles nos deram e nós em retribuição construímos uma das maiores cidades da América Latina e uma das maiores do mundo. Pagamos caro esse preço é verdade, mas não existe nada sem preço. O que nos deixa ainda zonzos é que pagamos nesse bojo o preço da dignidade por não termos tido, na época, discernimento de que não se troca trabalho por comida, mas por vida digna.

O nordeste em junho é só festa. Turistas de montão. Hotéis lotados e... Vixe. Oxente! De onde vem tanta gente? Será que nós agora somos “IN”? – Não. Nós somos a grande nação Nordestina do Brasil que, fiel às suas origens se estabeleceu pela competência do nosso forró enquanto ritmo próprio; pela cultura do seu povo e destaque na política, na literatura, na ciência; enfim, pela sua singular gastronomia.

O sentimento de muitos sudestinos de que nordestino é besta, bobo, ou coisa parecida é coisa do passado. Que há xenófobos por lá todo mundo sabe, mas não são todos – trata-se de um nicho resumido de “filhos de papai” que concomitante massacram gay, negros, judeus, etc., e que Freud, certamente não explicará.

Venham todos. O nordeste é um só arraiá de festa. Tem forró pra todo lado; tem coco de roda, baião, maxixe, canjica, mungunzá, pamonha, moça bonita, moça feia, matuta, brejeira, enfim... Tem Caruaru, Campina Grande, Recife, Gravatá, Bom Conselho, Garanhuns, Pesqueira, Arcoverde, tudo tem.

Tem eu tem tu, tem Alceu, tem mandacaru.
Tem Gonzagão, Dominguinhos, tem quentão e tem vinho.
Tem carinho de mulher dengosa, tem rima e tem prosa.
Tem cabra macho que se amansa quando recebe uma rosa.
Tem rosa despedaçada no vai-vem do forró.
Tem matuto bem dotado que deixa turista leve
Tem matuto cor de rosa feliz e respeitado
Tem mulher de sapato grande
Tem mulher sem sapato
Tem gente de todo jeito, mas ninguém sem recato...


A TRISTE PARTIDA

PATATIVA DO ASSARÉ

Passou-se setembro
outubro e novembro
estamos em dezembro
meu Deus que é de nós?
assim diz o pobre
do seco Nordeste
com medo da peste
e da fome feroz

A treze do mês
fez a experiência
perdeu sua crença
nas pedras de sal
com outra experiência
de novo se agarra
esperando a barra
do alegre Natal

Passou-se o Natal
e a barra não veio
o sol tão vermeio
nasceu muito além
na copa da mata
buzina a cigarra
ninguém vê a barra
pois barra não tem

Sem chuva na terra
descamba janeiro
até fevereiro
no mesmo verão
reclama o roceiro
dizendo consigo:
meu Deus é castigo
não chove mais não

Apela pra março
o mês preferido
do santo querido
senhor São José
sem chuva na terra
está tudo sem jeito
lhe foge do peito
o resto da fé

Assim diz o velho
sigo noutra trilha
convida a família
e começa a dizer:
Eu vendo o burro
o jumento e o cavalo
nós vamos a São Paulo
viver ou morrer

Nós vamos a São Paulo
que a coisa está feita
por terra alheia
nós vamos vagar
se o nosso destino
não for tão mesquinho
pro mesmo cantinho
nós torna a voltar

Venderam o burro
jumento e cavalo
até mesmo o galo
venderam também
e logo aparece
um feliz fazendeiro
por pouco dinheiro
lhe compra o que tem

Em cima do carro
se junta a família
chega o triste dia
já vão viajar
a seca é terrível
que tudo devora
lhe bota pra fora
do torrão natá

No segundo dia
já tudo enfadado
o carro embalado
veloz a correr
o pai de família
triste e pesaroso
um filho choroso
começa a dizer

De pena e saudade
papai, sei que morro
meu pobre cachorro
quem dá de comer?
E outro responde:
Mamãe, o meu gato
da fome e maltrato
mimi vai morrer

A mais pequenina
tremendo de medo
mamãe, meu brinquedo
e meu pé de fulô
a minha roseira
sem água ela seca
e minha boneca
também lá ficou

Assim vão deixando
com choro e gemido
seu norte querido
um céu lindo azul
o pai de família
nos filhos pensando
o carro rodando
na estrada do sul

O carro embalado
no topo da serra
olhando pra terra
seu berço seu lar
aquele nortista
partido de pena
de longe acena
adeus, Ceará

Chegaram em São Paulo
sem cobre e quebrado
o pobre acanhado
procura um patrão
só vê cara feia
de uma estranha gente
tudo é diferente
do caro torrão

Trabalha um ano
dois anos mais anos
e sempre no plano
de um dia inda vim
o pai de família
triste maldizendo
assim vão sofrendo
tormento sem fim

O pai de família
ali vive preso
sofrendo desprezo
e devendo ao patrão
o tempo passando
vai dia e vem dia
aquela família
não volta mais não

Se por acaso um dia
ele tem por sorte
notícia do Norte
o gosto de ouvir
saudade no peito
lhe bate de molhos
as águas dos olhos
começam a cair

Distante da terra
tão seca mas boa
sujeito à garoa
à lama e ao paul
é triste se ver
um nortista tão bravo
viver sendo escravo
na terra do Sul

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 (*) Publicado no Recanto das Letras em 19/06/2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Resultado da enquete, e, vocês já podem votar na outra...




Por Zé Carlos

Estive colocando na página “Deu nos Blogs”, uma postagem do Blog do Cláudio André, o Poeta, sobre a administração do município de Terezinha. Eu sei que é uma cidade pequena, mas vejo também, quando passando pela pista, que está se fazendo muitas  coisas por lá, inclusive um portal. Ele cita uma pesquisa que dá à administração do município uma aprovação de 81,8%.

Nada melhor para analisar os resultados de uma enquete, do que saber exatamente o seu significado, comentando outra. Eu mesmo já fiz várias ressalvas aos resultados de nossas enquetes (por exemplo, aqui). E quando encontramos uma análise de resultados para começar a analisar a nossa, é bom demais.

Qual o significado dos 81,8% de aprovação da administração de Terezinha?

Primeiro, apesar do Poeta ter tido acesso aos resultados todos da pesquisa ele não  nos informa as margens de erro. Pesquisa sem margem de erro vira enquete de blog, e penso não ser a este tipo de pesquisa a que ele se refere. Mesmo assim, com um percentual tão expressivo em valor, não há margem de dúvida que houve uma aprovação da atual administração.

Mas, e em segundo lugar, não é citada de onde provêm a amostra nem o seu tamanho. Se esta pesquisa foi feita com pessoas que passavam por aquelas lombadas gigantes que existem na PE-218, em frente à cidade, o resultado seria um, se a pesquisa foi feita com os habitantes da cidade com métodos que levem a uma boa representatividade, o resultado seria outro.

E, já emendando com o terceiro lugar, não há referências sobre o quem fez a pesquisa. Sem saber quem faz a pesquisa, só quem pode acreditar nos seus resultados é quem pagou para que ela fosse feita. E tenho certeza, que o prefeito de Terezinha, mesmo que possa ter sido o contratante, deve ter escolhido uma empresa com credibilidade suficiente para fazê-lo, a não ser, o que não creio, que ele goste de se enganar a si próprio. Isto poderia até ser normal, se a pesquisa fosse feita para consumo interno, mesmo assim, é difícil imaginar alguém que se delicie com auto-engano. Portanto, junto com os resultados da pesquisa, deverá vir sempre quem a fez. Senão, é difícil acreditar nos resultados.

Eu sei que todas estas informações devem constar do relatório da pesquisa e deve ter deixado o prefeito muito contente, pois até já pensa num re-candidatura. Apenas talvez o Poeta tenha deixado de divulgar, o que é uma pena, pois não dar para acreditar e nem para aplaudir, sem sabê-las.

E agora comecemos a divulgar um resultado de outra pesquisa. Um enquete do nosso Blog. Nossa enquete tem muito a ver, ou é similar, com a análise acima, mesmo que a pergunta seja outra.

“Você acha que a prefeita Judith Alapenha será candidata à reeleição em 2012?”

Pois, mesmo indiretamente, ela tenta descobrir como as pessoas avaliam a administração de nossa prefeita, Judith Alapenha. Ninguém seria masoquista o suficiente para responder “sim” a esta pergunta se achasse que sua administração foi um fracasso. Então, aqueles que responderam “sim” devem achar que sua administração foi boa e que deveríamos repetir a dose. O mesmo se aplica ao “não”, pois ninguém seria tão “mau” (prá Bom Conselho) o bastante para dizer que a Judith se candidatasse mesmo achando que ela fez um péssimo governo.

Antes de continuarmos apresentamos o nosso resultado, que veio de 52 computadores votantes, o que para nós é uma multidão, e foi o seguinte:

Sim – 16 (30,77%)
Não – 36 (69,23%)
Não Sei – 0 (0%)

Nem entraremos na questão de perguntar se isto significa que quase 70% dos votantes não aprovam a gestão da prefeita. Pois, pode ser que sim ou pode ser que não. Deixamos isto para a análise dos leitores.

Preferimos apenas dizer que o Instituto de Pesquisa foi a AGD. Não temos margens de erros pois é impossível calculá-las, e se a amostra é representativa ou não, depende do que consideramos o universo de nossa dúvida. No fundo, no fundo, cumprimos nosso papel de usarmos o meios de que dispomos para informar à comunidade bom-conselhense sobre alguns fatos que nos atingem.

Eu adoraria, que a Prefeitura de Bom Conselho, fizesse também pesquisas, através de institutos  independentes e nos informasse os resultados, sobre os muitos aspectos do município, como foi feito em Terezinha. Já prometo que, se estas pesquisas foram feitas e nos enviarem os resultados completos eles serão aqui publicados e com todo prazer que informar nos proporciona.

É dentro deste propósito que hoje já lançamos outra enquete, ainda cheirando a milho, suando no xaxado e ralando o bucho no baião, depois do Forróbom. Perguntamos a todos:

“Qual a nota que você dá ao Forróbom 2011?”

Como a festa ainda está terminando, deixem para votar quando puderem. Por isso o tempo da enquete será ampliado para 10 dias. Quem foi à festa vota com todo os sentidos, quem não foi vota apenas com a visão e ouvidos, dos Blogs, e da Rádio Papacaça. É uma forma de participar, mesmo de longe das coisas de nossa terra. 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Forrobeco! Que beleza!




Por Zé Carlos

Hoje li uma nota da Lucinha Peixoto em nosso Mural, onde ela falava que havia visto umas fotos do São João no Beco do Dr. Raul. Fui ao SBC imediatamente e vi as fotos, e algumas delas, que são de autoria do Alfredo Camboim e da Lucila Florentino, são colocadas no meio destas minhas letras, que talvez até fossem desnecessárias.



Quem não conhece o Beco do Dr. Raul, não conhece Bom Conselho. Deveria já ter sido tombado pelo patrimônio histórico da cidade. Para mim ele é um mistério urbanístico, pois tem tudo para nunca ter existido. Só os historiadores de nossa terra é que deverão descobrir porque se cedeu um espaço tão grande para uma via, que tinha tudo para ser propriedade particular, e com uma casa construída.




Eu não sei quem teve a ideia de se apropriar do espaço para fazer festas. Para mim foi um bela ideia, nestas épocas onde os espaços são escassos em nosso centro, tomado pelos automóveis, e em que as festas já se deslocam para longe, para quem tem automóvel. Pelo que sei, depois da festa tudo volta ao normal, e o Alfredo pode ser visto em sua janela, na casa de seu pai, onde eu tanto passei um dia.



Minha colega Lucinha, como sempre muito perspicaz, notou a simplicidade e familiaridade da festa. Eu só vi isto em tempos bem remotos nos clubes, quando ainda as festas juninas tinham vez (eu não sei se agora tem). E é nesta simplicidade e familiaridade que me pego para escrever estas mal traçadas linhas.



Vi o Juarez com a Miriam. Quanto tempo. Lembrei de Dona Zuleide e de Zé Rato Branco de uma vez só. Como estou escrevendo para a família, não explico nem o  porquê. Vi Maria de Dona Lourdes, com quem estive há pouco tempo lá no cafezinho do Luis Clério, junto com Celina que também encontrei lá. Cangaceiras da melhor espécie.



Vi o conjunto musical com sanfona, triângulo e zabumba, e não vi nenhuma Calcinha Preta, nem nenhuma Garota Safada e muito menos o ritmo de Calypso. Deve ter se ouvido aquele forró suado que dancei tanto aí pelas pontas da rua.



Vi o Luís Clério e meu amigo Álvaro Gomes,  com uns semblantes um pouco tristes, mas deve ter sido porque a festa não havia nem começado, e nem o vinho tinha feito efeito ainda.  Dito e feito! Depois vi suas animações na quadrilha.



Vi o Naduca que sempre encontro no falado cafezinho, e cujo porte, em qualquer lugar mostra sempre que há um coronel presente, mas sem as mazelas coronelísticas que estão a ocorrer em nossa terra.



Vi a Socorro Godoy que cuida das mulheres de nossa terra, levando-as a reconhecer seus valores, a Sônia de seu Zé de Puluca, de quem um dia fui vizinho, a Maristela, minha ex-colega de ginásio, com o Pedro Mico, meu amigo e grande bom-conselhense. Marilene minha cunhada e Givaldo, de quem ainda estou esperando o primeiro e-mail, só para começar com as mulheres da minha terra. Juvani, amiga de infância e da Penha e Luiz Ramos, companheiro das noites cariocas.



Ainda tem os machos, os que conheço há muito tempo como o Totica, que sempre me alimenta muito bem em seu restaurante quando na terra vou,  o Alexandre Correntão, como um cowboy impecável, e outro que só conheci pessoalmente há pouco tempo, o Renato Curvelo.



Vi até o Dr. Sales cantando. Eu não sei se ele tem dotes para coisa, mas que estava empolgadíssimo, isto estava. De uma coisa eu tenho certeza, ele pode até não cantar bem, mas deve animar mais uma festa do que o Chimbinha.

Eu acho até que já escrevi demais, quando o intento era apenas mostrar as fotos. Mas, gostaria ainda de acrescentar que até me emocionei ao escrever, por descobrir que Bom Conselho se renova, apesar de tudo. Parabéns aos organizadores da festa.

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P.S.: Não pude colocar todas as fotos, nem falei de todos que conheço, pois, se o fizesse iria produzir um tratado junino. Então desculpem as vítimas, que não sei se foram as que falei ou as que não falei.

ZC

SÃO JOÃO E LUIZ GONZAGA




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

A festa de São João não pode dissociar do sanfoneiro e Rei do Baião o Luiz Gonzaga. Aqui na terra enquanto viveu foi para animar o seu povo tão carente de alegria. Suas musicas, seus xotes, baiões e toadas eram cantadas com emoção. Cantou por todos os lugares, seguindo o que pensava, “minha vida é andar por este país prá ver se encontro...” e assim era a sua vida no dia a dia.

Lembro que em Bom Conselho na metade do século passado na década de cinqüenta o Luis Gonzaga esteve cantando em nossa terra, em uma sala improvisada no Ginásio São Geraldo, numa bonita tarde de verão com a sua grande sanfona vermelha e trajado de “vaqueiro”. Foi uma festa muito bonita com centenas de pessoas o aplaudindo euforicamente, que eu acredito que muita gente desta época se lembra deste encontro com o Rei do Baião. Encerrava a sua cantoria com a musica “Vem linda brejeira por sertão, vem pró rancho a te esperar... sob palmas da platéia. Eu trepado na janela via tudo, o que me valeu uma “surra” por ter desobedecido ao meu pai.

Em todos lugares do Brasil, principalmente, em nosso querido Nordeste, as musicas de Luiz Gonzaga são ouvidas no radio e na televisão, e cada vez que ouvimos as lembranças dos festejos de São João no interior vem a nossa mente. As fogueiras com suas labaredas e fumaça, fazendo todos chorar, a mesa farta de canjica, pamonha, pé de moleque, e milho cozido. O milho assado na beira da fogueira com o radio tocando as mais lindas musicam que hoje é recordada e cantada por vários interpretes do nosso País. As brincadeiras ao redor da fogueira, do “compadre e comadre de São João”, das simpatias com a bacia de água límpida na noite onde as moças se deleitavam ou ficavam nervosas quando não via seu rosto aparecer na água, do anel de mão em mão tudo isso e muito mais acontecia na noite de São João.

Lembro muito bem dos traques que soltávamos estalando na calçada, das chuvinhas e estrelinha acendida em um tição fumegante retirado da fogueira rodopiando com a mão ao alto, com faíscas branquinhas caídas para nossa alegria na minha querida Rua do Caborje. Das pessoas sentadas nas calçadas ou visitando os seus vizinhos. Os namorados flertando com olhares marotos e a musica que encantava a ele e a todos “olha pró céu meu amor, veja como ele está lindo, olha o balão lá céu vai subindo...” de mãos dadas. Os homens se aglomeravam na calçada a comentar sobre o tempo e agricultura, a safra de milho verde, feijão e a mandioca tomando o seu “quentão”, ou algumas doses da Aguardente Galo Preto, ou o conhaque São João da Barra ou mesmo o Vermute Cinzano, enquanto as senhoras sentadas conversavam alegremente, sobre a religiosidade, o enfeite da rua com bandeirolas amarela, vermelha, azul e verde de um lado para outro ladeado por galhos de palmeiras. De quando em vez olhavam para traquinagem das crianças que corriam pela rua, com admoestação das mamães “cuidado para não cair”, “cuidado para não se queimar na fogueira, passe longe”. Era uma alegria sem fim. Luiz Gonzaga lá estava animando todos com as suas canções.

Hoje, se encontra no céu ao lado de São João, sorrindo com o seu traje de vaqueiro, seu gibão de couro, seu chapéu com várias estrelas brilhando e a sua sanfona branca de 120 baixos tocando para animar a rapaziada no céu e São João sorrindo ao seu lado e, quem sabe tocando o “triangulo” e São Pedro” na zabumba”. Juntos Luiz Gonzaga começa a cantar em homenagem ao São João que se encontra ao seu lado e que foi tão venerado pelo sanfoneiro. Puxa o fole e dá as suas primeiras notas. Afina a goela e dispara “Ai São João / São João do carneirinho / você é tão bonzinho / fale lá com São José / Prá que milho der vinte e cinco espigas em cada pé... sorri para São João que mostra São José lá no fundo sentado e assentido com a cabeça o pedido para o seu Nordeste. Depois, cantam mais outras em homenagem a São João, pois é hoje é seu dia na terra e no céu. E, começa assim “Ai que saudades que eu tenho / das noites de São João / das noites tão brasileiras, na fogueira / sob o do luar do sertão / Meninos brincando de roda (crianças na relva brincando) velhos soltando balão / (alguns balões coloridos, soltavam alegremente) Moços em volta da fogueira (que fogueira esta acessa e quantos moços ao seu redor dançando) brincando com o coração / Eita São João dos meus sonhos / Eita, saudoso sertão.

Para animar mais a festa do seu amigo São João, falou para todos que o estava escutando, vou cantar todas minha musicas em sua homenagem, olhando para São João.

Começou a cantar “São João na Roça”, Fogueira de São João, Festa no Céu (Estava acontecendo) “Olha pro céu”, “Noites Brasileiras”, “São João Antigo”, São João no Arraia”, “O Passo da Rancheira”, “A Dança da Moda”, “Lenda de São João”, “São João do Carneirinho”

Batendo no ombro de São João, com o sorriso largo o Luiz Gonzaga, disse, viste como eu te homenageei na terra e todos “terrenos” ainda vão entoar estas músicas por muitos e muitos anos. E assim deu por encerrada a festa.
(São João na Roça; 1962 RCA Victor – Relançado em CD, em 2000 pela Gravadora BMG)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Forróbom e a Bolsa Cocô


Camarote da Prefeitura no Forróbom


Por Zé Carlos

Todos sabem que tenho uma incumbência diária de ler os blogs, que estão mais perto de nós, para colocar suas notícias (com a devida citação de fontes, etc. etc.) na nossa página Deu nos Blogs. Quando criamos esta página não sabíamos que ela teria tanto sucesso. Nessa empreitada, um dos blogs que sempre nos auxilia, pela dedicação, experiência e capacidade do seu administrador, com notícias que nos incentiva a comentá-las.

Estou falando o Blog do Cláudio André, o Poeta (doravante assim chamado), que, se muitas vezes nos tenta matar de raiva por não completar as postagens e nos deixar esperando pelo final da notícias, outras vez tenta nos matar de tanto rir, e com coisas sérias, ou mesmo nos tirando o sono de curiosidade, quando fala por parábolas, como diz alguém.

Uma destas postagens foi comentada por mim algum tempo atrás (aqui) onde ele noticiava: “MORADORES SEM SANEAMENTO BÁSICO CAGAM EM BOLSA PLÁSTICA EM BOM CONSELHO”. Naquela ocasião eu escrevi, e fiz uma associação, com humor, sobre o fato e a possibilidade de criação de uma Bolsa Cocô, seguindo a profusão de assistencialismo que assola nosso país, e principalmente, nossa pobre região, usado, na maioria da vezes, para a caça desenfreada de votos.
Dias atrás me deparei com a seguinte notícia, versando sobre o mesmo tema, cocô, mas envolvendo um fato diferente. Leiam (matéria original aqui ):
“CAGARAM NO CAMAROTE DA PREFEITA
Até o camarote da prefeita Judith Alapenha foi vitima de uns "cagãos" de plantão. Foi tema da reportagem de ontem à noite na transmissão ao vivo pela Rádio Papacaça do 18º Forrobom, no Parque de Exposições Dr. Delamário Borba. Ainda bem que o Felipe Alapenha viu a "cagada" que deram no camarote da maior autoridade do municipio. É bom ressaltar que Felipe Alapenha, viu não o cara "cagando", mas, já encontrou as duas "túias de merda". Lamentei profundamente que as assessoras do camarote, Xuxa e Mãe Jeane, passaram por este vexame e tiveram que fazer uma faxina extra para deixar o ambiente detetizado. Será que vão querer insinuar que o "cagão" é da oposição? Não estão com a moléstia! Ou estão? É bom lembrar também que, os banheiros ficam atrás do camarote onde ficam as autoridades e convidados. Qual seria o motivo do desabafo do "cagão"? Não me venham com termos difíceis e probostáveis. Envie sua opinião, seu comentário. Já que não me melei, vou continuar registrando os fatos do 18º Forrobom.”
Ontem eu vi uma nota do Zé Pilintra em nosso Mural, aumentando a dose de humor para o episódio, o que me fez ri mais ainda. Seria impossível não associar o fato à matéria anterior sobre o Bolsa Cocô. Foram perguntas variadas que me surgiram nesta cabeça que sustenta, ainda, um bando de cabelos brancos. Teria sido mesmo criada o Bolsa Cocô na cidade? Será que a criando, ela não foi devidamente paga, tendo suas verbas sido transferidas para o Forróbom? Será que os protestantes não seriam os beneficiários do programa? Será que somente duas “tuias” de cocô não seriam apenas simbólicas, e outras vão aparecer ainda durante o evento?
Eu continuo dizendo, pela segunda vez, que, politicamente, o Poeta é ciclotímico. E é disto que gosto. Eu não sabia se chorava ou ria com a notícia. Escolhi a segunda alternativa, embora mantendo aquela seriedade peculiar àqueles que têm senso de humor, pois sabia que logo em seguida viriam outras notícias, como a de hoje onde ele mete o pau nos governantes de plantão (aqui ) , e com toda justiça e propriedade, por terem parado o serviço de recuperação da PE-218, antes do seu fim, como havia prometido o governador do Estado.
 Realmente, a notícia tem tudo para ser verdadeira, pois ela não diz muita a coisa a mais do que o Felipe Alapenha descreveu com suas tentativas de formatar o Forróbom, junto aos órgãos do Estado. O que é difícil de acreditar é que as manifestações excrementais no camarote da prefeita tenham sido fruto da decepção de alguém vindo de Palmeiras dos Índios para assistir às festividades juninas em Bom Conselho, e tenha tido seu carro quebrado, pelo estado da PE-218. Embora isto seja possível.
 Assim na impossibilidade, pelo menos até o momento de identificar o meliante excremental, eu ainda fico com a hipótese de que o(a)(s) culpado(a)(s) ainda provenham dos beneficiários da Bolsa Cocô. Mas, é melhor aguardarmos o resultado das investigações. Pois, a hipótese de ter sido um dor de barriga repentina, proveniente da ingestão de alguma pamonha estragada, não pode ser descartada.

domingo, 26 de junho de 2011

Mais uma semana de lambanças!!!

Nota da AGD: Desde ontem estamos tendo problemas com a recepção no nosso mural. Nossa esperança é que os "hackers" de plantão não o tenham afetado. Como não temos controle sobre isto, só nos resta esperar e rezar. Desculpem. Mas, fiquem com a programação normal, mesmo sem Mural. 




Por Zé Carlos

Nestes dias também não trabalhei. Quem disse que avô e blogueiro trabalha? E no São João, pernas pró ar que ninguém é de ferro. Vejam o texto da equipe da UOL que produz o vídeo abaixo e vamos brincar até o São Pedro clarear.

“Todo final de junho é assim: os políticos vão para as festividades de São João e as votações, e decisões ficam adiadas para o mês seguinte. Antes da debandada, o tema principal era o Senado acenando barrar o projeto do governo de manter sigilo sobre obras para a Copa do Mundo de 2014. Outro congressista que aprontou foi Sérgio “Tô Me Lixando” Moraes (PTB-RS). Dessa vez, ele ganhou o noticiário ao bater em companheiro de partido. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab andou exagerando na sabatina Folha/UOL . Já na Rússia, o primeiro-ministro Vladimir Putin virou super-herói de uma história em quadrinhos, tendo o presidente Dmitri Medvedev como seu auxiliar.”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

UvaPassa no Jô Soares


Conjunto UvaPassa

Por Zé Carlos

Eu, confesso, não consegui ficar acordado para ver a Ana Luna no Jô. Mas, hoje eu vi no YouTube, o que todos podem ver ai embaixo. Não vou aqui ficar fingindo o que não sou, ou seja, tentar ser crítico musical. Falo como leigo e fundador do conjunto CajuPassa que é mais umaprova de que minha criatividade não é tanta quanto imaginam alguns. Talvez tenha apenas senso de humor, e é por isto que gosto do UvaPassa.

Alguns dos meus colegas da CIT me criticaram quando eu publicava os vídeos do grupo e fazia ainda conexões com um conjunto com nome similar, dizendo que eu só queria, através do CajuPassa, encher a bola do UvaPassa. Que injustiça!

Reconheço, e até dou razão em algumas atitudes da Lucinha no episódio do Ronaldo, mas também, a Ana Luna não matou o homem. E só resta esquecer. Não falo pela Lucinha mas apenas do meu desejo para que isto aconteça. Portanto, cumpro meu jornalístico dever de divulgar o grupo, sabendo que posso ser mal entendido por ela, o que seria uma pena.

Ontem a Ana Luna me mandou uma mensagem pelo Facebook que dizia que a melhor forma de não ter inimigos era se unir aos desafetos. Eu respondi que não havia entendido e ela respondeu de volta dizendo que também não. Só depois de várias horas de meditação transcendental eu entendi, e a visão do vídeo abaixo me ajudou nisso. E daí já estou pensando em mudar o nome do conjunto de CajuPassa, para NeurônioPassa, e procurar outra formação agora, unissex. Desculpem, o Roberto Lira, o Beto Guerra, o Jameson Pinheiro e o Josan Viana, eu não faço mais parte do CajuPassa.





quinta-feira, 23 de junho de 2011

PAPA FIGO




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

O mês de junho é repleto de “crendices” e “simpatias” demonstrado aos longos dos anos por pessoas do meio rural do nosso Brasil. O Nordeste é o principal seleiro para estas “coisas” que acontecem durante todo o mês dedicado ao Santo Antônio, São João e São Pedro, onde os fieis buscam soluções para os seus problemas a fim de que possa ser feliz e recompensado por algum milagre destes três Santos. Os mais velhos de nossa cidade de Bom Conselho, meu berço natal, contava em suas conversas nas calçadas, nas bodegas, nos bares, nas praças e no pátio da Igreja Matriz sobre esta estranha personagem, o Papa Figo, que existia e comprovaria, pois “fulano de tal” ou “sicrano de tal” lhe afirmava que em certas cidades, vilas e povoados desapareciam “crianças” que eram vitimas deste macabro trabalho de retirar o “fígado de crianças” para sanar temporariamente uma “doença”, que nossos pais não gostavam de falar “morféia”

Muitas discussões acaloradas eram aconteceram entre aqueles que “acreditavam” e outros que não “acreditavam” e isto às vezes saiam até brigas e intrigas, por que no final muitos eram xingados e taxados como “doidos”.

Com o intuito de perseverar a nossa segurança, as recomendações de nossos pais eram ditos a todos sentados na “sala de visitas” em sofá de couro forrado com uma colcha vermelha de fustão com grandes flores amarelas e azuis.

Dizia, olhando para cada um de nós, sem pestanejar,

Olhem e preste atenção tenha cuidado com quem vocês falam, não falem com estranhos, principalmente, com velhos com “saco” ou “mochila” nas costa. Não andem na “garupa’ de nenhum cavalo ou burro. Não aceite nenhum “brinquedo”, “confeito”, “mariola”, “cocada preta”, “bolacha”, “tapioca” ou “beju”. Não aceite nenhuma moedinha. Não entre em casa de estranhos, de jeito nenhum, ouviram? Não vá para nenhum lugar que lhe chamar e nem faça mandado de ninguém, ouviu?

Não saiam de perto de casa, brinque aqui na frente. Só saiam lá para o “quadro” ou para a casa de suas tias Maria Eugenia, Joana e Maria Belo, na Rua das Águas Belas acompanhada do seu pai. Nunca vão sozinhos, entenderam? E na casa de Comadre Olindina e Dandô nem pensar, ouviram, que desobedecer apanha quando chegar a casa.

 A gente ouvia em silencio as recomendações, sentadinhos e com medo, pois, em caso de desobediência levava três “bolos” de “palmatória” nas mãos, que se encontravam penduradas no corredor da casa, em duas cores uma “branca” e a outra “preta”, e para apanhar escolhia com qual delas recebia o castigo. E para completar o castigo, não tinha direito de ir assistir a matinê no Cine Rex.  

Veja o que se conta sobre o Papa Figo, se papai e mamãe não tinha razão, será? Bem obedecíamos e nada mais.

- O papa-figo é personagem folclórico muito comum no meio rural do país, e seu aparecimento no cenário de nossas crenças e superstições provavelmente tem relação com a preocupação demonstrada pelas mães quando alerta filhos e filhas contra a presença de estranhos nas proximidades de suas casas, procurando impedir dessa forma um possível contato entre pequenos inocentes e criaturas que às vezes se aproximam deles cheio de segundas intenções.

Diz a lenda popular que essa figura não tem aparência extraordinária, conforme costuma acontecer com outros seres fantásticos conhecidos no folclore brasileiro, aparecendo algumas vezes como uma pessoa comum, igual a qualquer outra, mas que conforme as circunstâncias do momento ele pode adquirir a aparência de um velho maltrapilho, mas simpático, carregando um saco nas costas e procurando atrair crianças com o oferecimento de doces, dinheiro, brinquedos e até mesmo comida.

Papa figo é uma figura lendária do folclore brasileiro, conhecida principalmente na Bahia. Há relatos em que ele se parece com uma pessoa normal; para outros, teria unhas de ave de rapina, e orelhas e dentes de vampiro. Ele matava meninos e meninas mentirosos para chupar-lhes o sangue e comer-lhes o fígado (daí o nome, corruptela de papa-fígado). Isso porque ele sofria de uma doença rara (para alguns, o mal de Hansen, o que explicaria sua aparência grotesca), e acreditava que sangue e fígado de crianças o curariam. O mal de Hansen (também chamado de lepra) foi uma doença que matou muita gente no início do século 20, talvez daí venha a lenda. Outros relatos dão conta de que pessoas acometidas do mal de Chagas eram confundidas com o papa-figo, por causa do inchaço em algumas partes do corpo e no fígado[2].

Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro Papa-Figo, um sujeito estranho, que sofre de uma doença rara e sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento anormal de suas orelhas.

Diz a lenda, que para aliviar os sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo, precisa se alimentar do Fígado de uma criança. Feito a extração do fígado, eles costumam deixar junto com a vítima, uma grande quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para compensar a família. 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fotos do São João em Bom Conselho




Por Zé Carlos

Não consegui terminar a outra parte da série sobre os Blogs de Bom Conselho. Far-lo-ei outro dia. Hoje me deu vontade de apresentar umas fotos que vi no SBC, mostrando os dois primeiros dias do Forróbom. Elas entremeiam este texto.



Penso que já são mais de 10 anos que não apareço por lá durante estes festejos. O que lembro mais é de minha época de infância. Dizem, e é verdade comigo, que nossa memória antiga é melhor do que a memória recente. No tempo, a primeira lembrança que tenho do São João, eu ainda morava na casa onde nasci. Onde hoje, ou muito recentemente, era o forno de uma padaria, na Praça Lívio Machado, que nem sei se chama-se ainda assim.



Eu estava passeando de velocípede e alguém soltou, o que na época se chamava de cobrinha elétrica. Pois esta cobrinha veio direta e se alojou no meu calcanhar. Eu não me lembro se doeu muito. Temos a capacidade de esquecermos a dor que um dia sentimos, mesmo que a cena esteja nítida em nossa cabeça. Mas, deve ter doído sim, pois me lembro chorando e sendo levado por minha mãe que olha para alguém com cara de poucos amigos.



Depois disto, a memória dar um salto, e eu já me vejo na frente da casa de D. Júlia (que chamávamos “pimenta”, mas, não em sua frente) mãe de Naduca e avó de Niedja. Lembro manipulando umas caixas de “estalo de bebê” que eram umas bombinhas em forma de palito um pouco grosso, tendo em uma das pontas a pólvora, na qual colocávamos fogo e a jogávamos no chão e ficávamos esperando o estampido.



Uma das brincadeiras mais queridas, mas, também perigosas, era ao acender a bombinha, a jogarmos no chão e cobri-la com um objeto, que podia ser uma lata, ou uma quenga de coco, e vê-la subir alguns metros. O perigo era o tempo ser curto e a bombinha estourar quando estávamos colocando o objeto em cima.



Havia outro tipo de bomba, esta mais potente, que, se não estou enganado, chamva-se "beijo de moça". Era em forma de triângulo, onde numa das pontinhas ficava a pólvora para a primeira combustão. Ela era usada da mesma forma do estalo de bebê, mas, era mais potente.



Havia umas bombinhas redondinhas feitas de papelão, e que eram de vários tamanhos, como também existiam as bombas, menos elaboradas, feitas com cordões e vendidas na feira lá no quadro. Havia ainda os fogos, que na época eram mais dirigidos às meninas, que eram as chuvinhas e ainda as chamadas estrelinhas.



Estes não eram artefatos só para o dia do santo, ou véspera quando se dão todos os festejos maiores. Era para a semana inteira. Antes e depois do dia. No dia mesmo o que tinha de diferente era a fogueira. E a lá de casa não falhava um ano. Não me lembro se todos os anos foi assim, mas em sua maioria era ela feita de tocos, que eram as raízes das árvores que um tio meu trazia todo ano em uma carroceria de trator, deixando nosso quinhão em frente lá de casa.



Eu nem imaginava a conseqüência disto para o desmatamento de Bom Conselho e portanto, do Planeta, já que estamos nele. De fato, a festa de São João sempre contribuiu, com suas fogueiras maravilhosos para o desequilíbrio ecológico. Talvez, se fôssemos americanos já teríamos uma pesquisa que medisse os efeitos das fogueiras de São João na camada de ozônio.



E era a noite toda poluindo. A fumaça fazia parte da festa junina. E seus efeitos atmosféricos ainda estão para serem contabilizados como nosso participação alegre no processo de desertificação. Pois as queimadas de nossas roças, processo que ainda fiz parte em minha curta trajetória de fazendeiro, nada mais são do que  a de nossas fogueiras juninas elevada a alguma potência.



Mesmo em idade já avançada, mas não menos criança, eu ainda me lembro de comprar bombas enormes e sair soltando com o Almir Frederico pelas nossas ruas. Era já o São João etílico. Terminado na ressaca do dia seguinte, depois de dançar em alguma casa ao som de um sanfoneiro, não tão bom quanto Basto Peroba, mas com o mesmo efeito.



Eu sempre gostei do forró. Ritmo alegre e fácil de dançar, pelo menos quando não tínhamos que rebolar tanto. Era só arrastando os pés. E parando quando a dona da festa vinha cobrar seu quinhão, para que ela continuasse. Havia um nome para isto, mas também não me lembro. Era a sanfona, triângulo e zabumba, que um dia vi, lá no Auditório Rui Barbosa do Ginásio São Geraldo, o Luis Gonzaga tocar.



Hoje, dançar forró, dizem os dançarinos da dança do Faustão, é tão difícil que dançar lambada. Eu não saberia dançar nem um nem outro. E o Cláudio André me convidou para ser jurado de um concurso de lambada. Eu vou, se na banca de jurados estiverem também o Luís Clério, a Lucinha Peixoto, o Jodeval, o José Fernandes, e o Zé Oião, na presidência.



Ah, sim!!! As fotos são do Forrobóm. Qualquer semelhança com o meu São João, terá sido mera coincidência. Se no dia 22 estivesse lá em Bom Conselho, eu, certamente, iria para o FORROBECO.

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(*) Fotos são do SBC, do fotógrafo Zé Maria (parabéns, boas fotos).

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Gazeta Digital e os Blogs de Bom Conselho (continuação 2)



Por Zé Carlos

Já escrevo esta série a algum tempo, onde procuro descrever ou analisar, dentro da minha “leiguice”, os blogs que hoje infestam nossa cidade. Segundo o Cláudio André, agora já são mai de 40 quando no texto anterior da série ele dizia que eram 30. Que venham mais.

Os primeiros desta série podem serem vistos aqui , e aqui para aqueles que não lembram,  embora cada um capítulo pode ser lido separadamente.

O tema de hoje são dois blogs oficiais de nossa terra. Um, que foi classificado como morto no capítulo anterior e  ressuscitou, para viver de espasmos, que é o Blog da Prefeita (aqui ). O outro é o Blog do Felipe Alapenha (aqui) que digo ser oficial, por que nada mais é além de sucessor do Blog da Prefeita, e é escrito pelo filho da prefeita. Alguém propôs o título de matriz e filial, pelo fato óbvio de venderem o mesmo produto, política, mas terem formatos e idades diferentes.

Nós, a AGD, ainda não éramos nascidos. Eu já lia os Blogs e torcia pelo sucesso do Blog da CIT, feitos pelas pessoas que me deram todo o apoio durante anos, desde a fundação da CIT Ltda por mim, algum tempo antes. Em uma de suas primeiras postagens, o Blog da Prefeita dizia:

“Em recente postagem, o Blog da CIT tece alguns comentários e sugestões acerca deste blog, conforme podemos acompanhar no link: http://www.citltda.com/2010/05/o-blog-da-prefeita.html. Ao mesmo tempo em que agradeço o carinho e a atenção que me foi dispensada nesta postagem, farei alguns comentários a respeito das palavras dirigidas ao meu blog.
Antes de tudo, queria pedir desculpas ao Diretor Presidente e a todos os que fazem o Blog da CIT pelo ato falho de ter esquecido de enviar o mesmo e-mail que foi dirigido aos amigos Roberto Almeida e Ronaldo César. Eu não podia esquecer, justamente, o blog que é nosso, legítimo representante de Bom Conselho nesta imensa "blogosfera". Minhas sinceras desculpas aos leitores e autores do blog.

Não só penso como comprovei a alegria do Diretor Presidente, da Lucinha Peixoto, do Cleómenes Oliveira e dos outros, com esta matéria. E eu aqui só acompanhando e torcendo para que Bom Conselho se tornar-se uma cidade leitora, nem que fosse através dos Blogs, e saudava com prazer a advento de mais um rebento na filharada que cresce até hoje.

Alguns poucos dias antes o Blog da Prefeita já publicava o seguinte:

“Eu recomendo uma excelente leitura a todos que se interessam pelas coisas referentes à nossa querida Bom Conselho. A sugestão de leitura é o Blog da CIT, o qual faço questão de acompanhar sempre! Escrito por intelectuais que entendem bem da nossa gente e da nossa história, é uma mais que uma forma de entretenimento, também é cultura.

O endereço é: www.citltda.com

Lá você pode conferir as postagens do Diretor Presidente, José Fernandes Costa, Eliúde Villela, Jameson Pinheiro, Lucinha Peixoto, Carlos Sena, Zezinho de Caetés, José Andando de Costas... e mais um timaço de grandes escritores.
O Blog já está relacionado nesta página, na seção "Minha lista de Blogs"

Havia dois comentários que eu acho importante manter:

José Fernandes Cpsta disse...

Eu tanto recomendo o blog da CIT, quanto este, que foi criado em boa hora. E mais: também recomendo o Mural de Bom Conselho. Leiam todos, porque sempre se encontram coisas boas. Aliás, foi por meio do Mural de Bom Conselho, que encontrei o blog da prefeita Judith. Bons ventos me trouxeram esse novo blog. - Abraço a todos (as). - José Fernandes Costa - jfc1937@yahoo.com.br
9 de maio de 2010 11:40

 CIT Ltda disse...

Eu agradeço, em nome do Blog da CIT, as recomendações acima. Amanhã publicaremos nele mais alguma coisa sobre a excelente iniciativa de nossa prefeita, tomando a liberdade de sugerir uma possível tarefa para o Blog da Prefeita. Parabéns.

Diretor Presidente (Blog da CIT)
10 de maio de 2010 04:45”

É só para mostrar que as afinidades existentes com o Blog da CIT ficaram evidentes desde o início. E eu, como um participante de longe, achava isto muito bom, para Bom Conselho e para o Brasil, por que não?, pois hoje o Blog da CIT já é um blog regional, e que se espraia pelo Brasil todo.

Mas, deixemos nossas afeições de lado, e tratemos do que viemos tratar. Como dissemos acima, e não poderia deixar de ser, o Blog da Prefeita era, e ainda é um blog político, e como todos sabem, mesmo nas ditaduras mais ferrenhas, política é feita de “prós” e “contras”, e é por isto que muitos reis, imperadores, ditadores, caíram fragorosamente. Numa democracia moderna, o que o homem fez, no sentido de melhorar sua convivência sobre a terra, foi oficializar a oposição e o contraditório. Sendo assim, não passou muito tempo para que o espaço ou a “blogosfera” de Bom Conselho tentasse preencher este espaço.

O que posso dizer é que a história do Blog da Prefeita (a matriz) se confundiria com a existência de outro blog, sobre o qual já falamos, que era o Blog de Bom Conselho de Papa-caça, que chamarei de “Mister M”, daqui prá frente, não fosse pela cobertura que foi dada ao episódio de renúncia da prefeita, há mais de um ano atrás, o que nos leva antes à análise dele.

É deste episódio lamentável que vamos falar um pouco, e depois voltaremos ao contraditório com o Mister M. No dia 1 de junho de 2010, a prefeita escrevia em seu blog, publicando o seguinte (aqui):

“NOTA OFICIAL

Diante dos fatos criados na tarde de hoje, que muito movimentaram a imprensa local e regional, além de mexer com os sentimentos de muitos bonconselhenses, venho através desta nota oficial esclarecer os fatos ocorridos na tarde de hoje, dia 01 de junho de 2010.

Desde o início do meu mandato, sempre procurei pautar minhas atitudes da maneira mais correta, honesta e transparente, para que assim pudesse honrar a maiúscula votação que obtive no pleito de 2008. Procedendo assim, encontrei muitas dificuldades à frente do município. Fui muito criticada durante todo esse período, e a grande maioria destas críticas eram dirigidas de forma leviana, partindo de uma minoria que ainda não se conforma em ter perdido o poder na cidade de Bom Conselho.

Tentando sempre fazer o correto, mas sendo taxada injustamente de incompetente e irresponsável a todo o momento, o trabalho à frente da prefeitura me fragilizou de tal forma a ponto de prejudicar o meu desempenho como comandante da cidade. Analisando este quadro, da forma como coloco para vocês da maneira mais sincera possível, tomei uma decisão no dia de hoje.

Convoquei uma reunião com todo o meu secretariado, contando também com a presença da minha vice-prefeita Dida Tenório. Cogitei a possibilidade de pedir uma LICENÇA MÉDICA de alguns dias, a fim de tratar dos meus problemas de saúde e voltar ao comando de Bom Conselho mais fortalecida, para desempenhar minha função de prefeita, honrando assim o meu compromisso de sempre fazer o melhor por Bom Conselho.

Anunciei minha decisão aos meus pares, e a verdade dos fatos acabou não sendo transmitida da maneira como de fato ocorreu. O que se ouviu pela cidade, e o que foi veiculado nos meios de comunicação (blogs, rádios) é que eu havia renunciado ao cargo de prefeita. O que se viu após este anúncio foi um clima de boataria na cidade, e até mesmo de consternação por parte de algumas pessoas.

Diante dos fatos, venho tornar público que não renunciei ao cargo de Prefeita de Bom Conselho. Também quero externar que NUNCA HOUVE A POSSIBILIDADE DE RENÚNCIA. Como dito antes, cogitei a possibilidade de retirar uma licença médica, pedido prontamente aceito pela minha equipe. Entretanto, após os fatos ocorridos hoje, também retirei esta possibilidade. Desta forma, quero anunciar que também não irei me licenciar do cargo de prefeita.
Aos meus opositores, que certamente plantaram esta notícia, quero dizer que eleição se ganha nas urnas. Vou cumprir o meu mandato até o dia 31 de dezembro de 2012, se assim Deus permitir.

Ao povo de Bom Conselho, quero reforçar o que sempre falei durante toda a minha campanha política: eu nunca vou decepcionar nenhum de vocês. Peço a ajuda de todos, para que juntos possamos governar Bom Conselho, apesar das adversidades, e assim construir um município mais forte e justo para todos. Saio deste episódio muito mais fortalecida, pela sensibilidade dos meus amigos, familiares, aliados e do povo, que se fizeram presentes na minha casa, para se solidarizar em um momento difícil de saúde como este. A todos vocês, meu muito obrigada.

Judith Valéria Alapenha de Lira
Prefeita do Município de Bom Conselho”

Choveram inúmeras manifestações de apoio, entre as quais me lembro muito bem uma de Lucinha Peixoto, publicada no Blog da CIT, em que, acreditando na prefeita, chegou a desgastar sua credibilidade, dizendo que alguns blogs tinham sido açodados publicando notícias sobre a possível renúncia. Citemo-la aqui, parcialmente (o texto completo pode ser visto aqui):

“.........

Eu sabia que havia algo de errado quando li o seguinte no Blog do Roberto Almeida:

“O marido da governante bomconselhense, o médico José Alípio, concordou com a decisão da esposa, pois no exercício do cargo ela vivia doente, tendo problemas de depressão. "É preferível ela em casa, sem mandato, saudável, do que doente na prefeitura", afirmou Alípio, segundo informações de Inaldo Sampaio.”

Depois de ter lido aqui um artigo do Diretor Presidente com o título A Mulher de César (http://www.citltda.com/2009/10/mulher-de-cesar.html), orientando os homens que hoje são maridos de mulheres no poder, eu jamais acreditei que o José Alípio, que não conheço pessoalmente, desse uma declaração deste tipo. Seria demais, mesmo para todo ranço “machista” ainda existente em Bom Conselho. Por isso resolvemos esperar os acontecimentos e também um desmentido do José Alípio, pois achamos impossível, que nos dias de hoje, ainda haja homens que tenham vergonha de agir como a “mulher de César”. Repetindo o artigo, eu também acho que isto não os tornam menos machos.

Que bom que foi tudo “barriga” de blogs desinformados.

Judith, parabéns pela sua atitude firme. Cuide da sua saúde e volte, para alegria de todas as mulheres e dos homens de boa vontade. Isto será fácil porque você tem dois médicos em casa, já contando com o Felipe, que pela inteligência e sensibilidade reveladas em suas intervenções em nosso Blog, jamais deixaria sua mãe tomar uma atitude política extrema como esta.

E ao nossos blogueiros de plantão só resta aconselhar que tenham um pouco mais de paciência ao tentar furar os outros com “barrigas” intumescidas pelo viés político. Quem com “barriga” fere, com “barriga” será ferido. Em primeira mão e exclusivamente nosso Blog informa: Lula acaba de renunciar à presidência, Dilma, em solidariedade, renuncia à sua candidatura, seguida por Serra, que era Deus no céu e Lula na terra. Marina agora é candidata única. Nossas fontes são diretas do Palácio do Planalto. Foi acrecentado que a esposa de Lula, Marisa, teria declarado: "Se é para ficar fumando e bebendo e ainda tendo que aguentar a Dilma, melhor irmos todos para São Bernardo".

Lucinha Peixoto – lucinhapeixoto@citltda.com

Quando eu relembro isto eu o faço com tristeza, pois me lembro de ter visto a Lucinha Peixoto aos prantos quando descobriu que tudo o que os blogs publicaram, era verdade, e que fora a Nota da Prefeita, no mínimo, uma miragem. Se ela não fosse uma mulher de fibra nunca mais teria escrito uma linha sequer sobre o fatídico episódio. Mas, resolveu ir à luta e, pedindo desculpas a Deus e ao mundo, continuou com seus objetivos blogueiros e políticos. Graças a Deus, ela continua ai até hoje, com sua sinceridade, responsabilidade e vontade de fazer de Bom Conselho uma cidade melhor.

Agora é que estou vendo que esta postagem já está muito extensa, embora eu não tenha terminado de falar nem do blog matriz. Continuarei noutra postagem quando minhas de obrigações de avô me deixarem.

Entretanto, antes de terminar esta parte, só queria mencionar aqui o episódio lamentável em que se tornou, o que o Felipe Alapenha, ingenuamente, tentou caracterizar como a revelação do ano: Que, Lucinha não existe, e que sou eu que escrevo por ela. Apesar de acreditar nele, na primeira postagem, que ele tinha as melhores intenções, até mesmo de me elogiar, eu achei aquela história de andar arranjando provas para provar o improvável, para não passar por mentiroso, simplesmente, lamentável. Hoje já sei, que o José Fernandes, concordou com isto, mas quanto a este eu até compreendo por que ele já deu muitas provas de que a única coisa que entende de computador é usar o teclado. Talvez, ele ainda tenha aquelas tintas que eram usadas para corrigir os erros, usada por mim no tempo da Escola Pratt, de datilografia em Bom Conselho. Mas, o Felipe, que já era o menino da Lucinha desde a renúncia de sua mãe, tentar duvidar de sua existência é demais. E com aquela do IP, tentando confundir as pessoas que não entendem o que é isto, eu hoje já acredito mais no Pinocchio. Será que foi ele o redator da Nota Oficial citada acima?

(Aguardem, breve ou não, a continuação da continuação sobre os Blogs de Bom Conselho)