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segunda-feira, 6 de junho de 2011

A LITERATURA NA JUVENTUDE





Por Maria Caliel Siqueira

As diferenças entre as gerações são naturais e inevitáveis. O tempo passa, a cultura muda e as pessoas sofrem as influências do meio e da época em que se formam e amadurecem. Há uma tendência otimista de acharmos que as mudanças geracionais ocorrem sempre em linha ascendente, de modo que, em sua sucessividade, as gerações posteriores de maneira geral, aprimorariam o perfil das que lhes antecederam. Pergunto se as coisas serão mesmo assim, reconhecendo a complexidade da questão, uma vez que uma geração posterior pode ser superior às antecedentes em um determinado aspecto e inferior em outro, o que certamente dificulta o balanço final da avaliação.

Outro dia, li na revista Veja, uma extensa matéria sobre o aumento do interesse dos jovens brasileiros pela literatura, o que, se verdade, deve ser saudado como excelente notícia. Talvez suficiente para atenuar o pessimismo de muitos quanto à atual formação cultural de nossa juventude, ao que parece muito mais interessada em computadores do que em livros.

Mas, sem nenhum saudosismo, o que pensar de um Joaquim Nabuco que aos quinze anos já mantinha elevada correspondência com ninguém menos que Machado de Assis? De um Casimiro de Abreu, morto aos vinte e dois anos e de um Álvares de Azevedo, morto aos dezenove anos, ambos, deixando obras que até hoje integram o cânone de nossa poesia do período romântico? Sem falar num Castro Alves, que aos vinte e três anos, publicou suas famosas Espumas Flutuantes.

É certo que no século XIX era bem menor a expectativa de vida dos brasileiros, o que encurtava necessariamente as fases da vida, transformando mais cedo os jovens em homens feitos. Mas, seria esta uma explicação suficiente? Não me parece, pois admiti-la significa aceitar que quanto mais longa a vida do brasileiro se tornar, mais tolos serão nossos jovens, já que disporão em tese, de mais tempo para amadurecer, ou se quiserem, de mais tempo para serem jovens.

Uma coisa creio ser evidente: O crescente desinteresse de nossa juventude pela literatura, pelas coisas da cultura e da política a partir das últimas décadas do século passado. Mudaram os jovens ou mudaram os tempos?  A revista diz que o triste cenário está mudando. Tomara que seja verdade e que seja para sempre.

Ao meu leitor, saudações.

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