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Política e Economia

Política, História, Economia e Sociedade num local só


Tempos atrás eu encontrei no SBC um texto sobre a história política de nossa cidade, que era uma uma versão, um rascunho ou prévia de um livro da Celina Ferro, que possuo, e emprestei ao pessoal da CIT e ainda não me devolveram, cuja capa ainda guardo no computador, que é a imagem abaixo:



No texto digital que encontrei o Luis Clério também era colocado como um dos autores. Na melhor do que um texto que reúna tantas nuances de nossa história, para começar uma página sobre Economia e Política em nosso Blogjornal. Confesso que não pedi autorização dos autores para publicá-lo aqui. Se houver algo contra isto, os meus conterrâneos, Celina e Luis Clério, apenas me avisem, pelo e-mail a acima, ou por qualquer outro meio, que eu o tirarei do ar, além de pedir-lhes desculpas pela minha falta de educação neste ato, levado pela vontade de que nossos conterrâneos apreciem sua obra e veja a história de nossa cidade.

Se concordarem em deixar, eu e mais milhares de bom-conselhenses agradeceremos por este mundo afora pela chance de lerem sobre várias figuras e suas ações em Bom Conconselho. Leiam e  curtam nossa História Política.

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OS FUNDADORES

Quando o Brasil Colônia desenvolvia o “Ciclo do couro”, chegavam, vindos de Portugal, precisamente da cidade do Porto; três irmãos, componentes da família. “Cruz Villela’ descendentes de Judeus, foragidos da inquisição, estabeleceram-se no Brasil,onde posteriormente converteram-se ao cristianismo.
Chegados á capital da Colônia, Salvador, resolveram separa-se, O primeiro deles segue para Minas, atraído pelo ouro; o segundo se fixou-se em Sergipe e Bahia e o terceiro, Manoel da Cruz Villela,comprou de Jerônimo Burgos de Souza e Eça uma sesmaria de trinta léguas quadradas,que custou duzentos mil réis, no ano de 1712.
Compreendia o terreno das seguintes dimensões: as terras do sul de Alagoas (Palmeira do Índio Tanque d’arca,Campo de Anadias);em Pernambuco ao norte faziam divisas com o município de Garanhuns, próximo ao povoado de Brejão de Santa cruz, a leste com o poço do veado e a Oeste com o município de Águas Belas. Após as providências legais,viaja Manoel da cruz Villela á procura do sertão.
Chegando a 46 km de Garanhuns, ao norte da sesmaria, um vasta área de agreste,
A base de uma serra de mata abundante, próximo de um rio. E foi exatamente entre o rio e a serra que Manoel da cruz Villela encontrou o lugar ideal para se fixar com uma fazenda. Ali possuía os elementos indispensáveis: água, o clima de agreste para o rebanho e a serra para as plantações.

CRIAÇÃO DA FAZENDA

Criada a fazenda, Manoel da Cruz Villela comanda com perfeição os escravos, as criações, a lavoura, determinando o que há de melhor, logo surge à casa da fazenda, a senzala, o curral, etc.
O gado era criado solto no pasto.Contava apenas com a marca de uma flor –de- lis, ’que indicava a propriedade da família. Os escravos trabalhavam na lavoura nas proximidades da mata e lagoa do Bulandim, que derramava suas águas entre as serras até desembocar no riacho Lava-pés, que recebeu este nome porque os trabalhadores tinham como hábito lavar os pés quando voltavam do trabalho diário. O curioso era que estás águas serviam para atividades domésticas, para beber e cozinhar.
Com o passar dos anos, a fazenda foi prosperando, as plantações cresciam, o gado se multiplicando, sempre cuidado pelo senhor e seus escravos. Aos poucos, e quase tudo era produzido para o abastecimento da fazenda e seus moradores. Apenas se comprava sal e tecidos.Estava formada mais uma família aristocrata rural, com vida própria. Sempre que necessário, apesar de raro, iam até Pilar, antiga capital de Alagoas.E numa dessas viagens Manoel da Cruz Villela conhece uma moça, filha de um rico comerciante Português, com quem se casou e construiu uma família.
A vida transcorria normalmente, quando certa manhã estava terminando a construção do curral de pau-a-pique e foram surpreendidos por um veado que fugiu de alguns caçadores. O animal assustado correu para o curral e Manoel da Cruz Villela mandou fechar a porteira. Em seguida os caçadores chegaram em procura da caçar.Entretanto o
Fazendeiro não permitiu que o levassem, alegando que o animal havia buscado socorro em seu curral. Ofereceu um boi oito arrobas, mas aquele animal iria castrá-lo e soltá-lo para comer dias após, quando estivesse gordo.
A partir daí tornou-se costume castra os veados e caititus (porco-montês), na certeza de que mais tarde eles viriam até o caçador. Deste uso surgiu o nome de papacaça, nome com que foi conhecida inicialmente nossa cidade.
Dos seus descendentes Antonio Anselmo da Cruz Villela e Joaquim Antonio da costa pouco se saber além dos nomes e que se foram chefes patriarcas, podendo ser filho e neto de Manoel da Cruz Villela.

O POVOADO.

Com o crescimento da família e o aparecimento de outras famílias importantes, vai surgindo o povoado. Em 1774 o povoado tinha à frente Mathias da Costa Villela, neto de Manuel da Cruz Vilella, e tinha uma irmã chamada Francisca Xavier, mulher muito católica onde desejava uma igreja onde pudesse fazer suas orações e assistir a suas missas. Para satisfazer a irmã, Mathias manda ela escolher o local para construção. O local foi escolhido e colocado a pedra fundamental. Em seguida foi erguida uma pequena igreja sob a invocação de Jesus, Maria, José. Mais tarde a capela foi substituída pela atual matriz.
Apesar de distante da casa grande, ela gostou do local por ser próximo do rio. Em volta da igreja foi ser formando um largo e daí surgindo um comércio.
Matias da Costa Villela já se tornara homem influente entre os colonos e os comerciantes.
Não era só o chefe da família patriarcal. Era também chefe político da região e muito conhecido pelo nome “comandante”. Possuidor de grande autoridade e por não gostar do nome Capa-caça, mudou o nome do povoado para Papa-caça.

FREI CAETANO EM PAPACAÇA

Chegado ao povoado por volta de 1850, Frei Caetano procurou inteirar-se dos problemas que afetavam os vários setores da vida comunitária, especialmente daqueles que se prendiam aos aspectos morais, religiosos, sociais, educacionais. Dois fatos que lhe atraíram a atenção: grandes números de órfãs desvalidas e o elevado índice de prostituição. Por outro lado, a falta de uma instituição educativa, de água canalizada e tratada, de um cemitério adequado, de um templo que acomodasse o necessário número de fieis. As secas periódicas que se flagelavam animais e as plantas e tantos outros problemas foram constatados pelo venerável e também enfrentados por eles um a um.
Fez amizade com a família Villela e recebeu de Antonio Anselmo da Cruz Villela uma extensão de seis quilômetros de terra cortada pelo rio Papacacinha, onde dispôs-se a construir um colégio modelo para o sexo feminino, idéia que foi prontamente considerada pelos moradores do lugar.
A escolha da área onde iria ser edificado o educandário e a capela não foi feita arbitrariamente, pois determinados fatores indicariam a posição geográfica que melhor se adequaria a execução do projeto.
Pensou-se em denominar o projeto de “colégio de papacaça”, mas o frade não gostava deste nome e resolveu que a escola teria como padroeira Nossa senhora do Bom Conselho e se chamaria “colégio do Bom Conselho de Maria” e tendo como protetora Santa Verônica,devido ao culto de nossa senhora.
Com o empenho da população iniciaram-se os trabalhos no dia13 de fevereiro de 1853, pela manhã, após um sermão feito por Frei Caetano. Os que assistiriam á pregação do sacerdote não se fizeram de rogados e munidos de enxada, machado, foice e outros instrumentos ganharam o campo e em pouco tempo estava pronto o terreno com de 1400 palmos de comprimento e 300 palmos de largura.
Conduzia os fieis para ajudar com o material, dinheiro, os mais pobres com seu trabalho.Frei Caetano, á frente pregava as missões, trabalhava e nos sermões dizia:
-Povo de papacaça, faz penitência!Quem não carregar pedra e tijolo para fazer a casa de Deus está nas profundas do inferno!Faz penitência povo! Deita na rua e te cobre para a procissão passar por cima!
E muita gente nos dias de procissão embrulhavam-se num lençol e deitava-se no meio
nada em 1º de Março de 1853- no dia 18 do referido mês esperava “vestir três ou quatro freiras capuchinhas e entregar-lhes o Colégio de Bom Conselho.
Vale ressalvar que foi o próprio Frade Capuchinho o arquiteto quem traçou no local a planta da igreja, da clausura e dos corredores térreos.
Apesar da impossibilidade de concluir as obras do educandário na data anunciada, isso não implicaria em dizer que o fato não ocorreria em prazo mínimo, pois tendo sido os trabalhos iniciados no dia 13/02/53 já em 26/04/53 era solenemente inaugurado com o nome de Colégio Nossa Senhora de Bom Conselho 22 educandas e algumas irmãs.
Após a inauguração da primeira etapa construída, o missionário capuchinho continuou com a construção das outras etapas que formariam o colégio, no ato, inaugurando a segunda etapa em 1857, edificando dois novos corredores, refeitório, transformando o artigo em enfermaria, aumentando os salões de aulas e fazendo no lugar da primeira capela uma nova.Foram trazidas as imagens de Nossa Senhora do Bom Conselho e Santa Verônica, do Recife, pelo missionário.
Procurou organizá-lo administrativa e financeiramente a fim de que o estabelecimento pudesse arcar com as próprias responsabilidades, entregando –o nas mãos de pessoas experientes e honradas, com um regulamento interno, faltando-lhe apenas um patrimônio particular que lhe desse uma determinada renda.
Outra grande obra de utilidade para o Colégio e o Povoado foi in discutivelmente a construção dos primeiros chafarizes com a canalização do riacho Lava-pés. Mais de 10 mil
Pessoas trabalhavam na realização do aqueduto que veio a dar a Papacaça um progresso fora do comum.
Inaugurado o primeiro chafariz na noite de 28/12/1857, no pátio da Igreja Jesus, Maria, José .
O missionário mandou construir a caixa d’água de pedra e cal no Lava-pés para a qual tinha mandado busca no Recife cimento e torneiras de bronze.
Depois tratou de prolongar o encanamento até o Colégio.
Mandou escavar dois açudes de proporções bem regulares.
Após a edificação do Colégio, da Capela, das quatorze casas que serviriam de patrimônio do Educandário, da construção do aqueduto e dos dois açudes, mais três novos projetos em execução: O cemitério de Santa Marta, o da Ponte do Papacacinha e da nova Matriz.
Próxima ao Colégio foi erguida uma casa para os frades, que posteriormente transformou-se no convento dos frades Capuchinhos.
Finalmente concluída a obra do colégio, donativos eram enviados com a distância de 50 léguas e em algum tempo era criada uma fazenda de gado e por último o próprio presidente da província, conselheiro Jose Bento da Cunha e Figueiredo, a pedido do Frei Caetano, autorizou a doação de dois contos e quatrocentos mil réis e pleiteou da Assembléia Provincial uma subvenção anual de um conto e quatrocentos mil réis. O Colégio ainda tinha o rendimento de cinco mil réis das 130 alunas externas.

ÚLTIMA PROMESSA-CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ

Tendo uma pequena capela e contando o povoado mais de 400 casas, vários estabelecimentos comercias, com feiras aos sábados mantendo relações comerciais com Garanhuns, Correntes,Penedo,São Miguel dos Milagres,Maceió e outros centros,era necessária a construção de uma igreja matriz que acompanhasse o desenvolvimento da freguesia, que já se encaminhava, muito em breve, para ser vila.
A antiga capela construída por Matias da Costa Villela, no período de 1825 a1830, seria substituída por uma maior, com o objetivo de acomodar todos os fiéis nos dias de feira e de festa santa.Em 1857, contou Frei Caetano com o apoio dos fiéis para a construção de um novo templo compatível com a freguesia.Demoliu a pequena e construí uma matriz de bela arquitetura colonial e convenientes dimensões, ficando assim com 41 palmos de frente sobre 160 de fundos, mas somente concluída no seu todo em 1882 pelos seus sucessores, os missionários Frei José de Bolonha em 1876 e Frei Cassiano de Comachio, em 1822.
Os altares foram construídos posteriormente, em 1888, pelo Mons. João Marques, então pároco da freguesia de Bom Conselho.
Apesar das reformas sofridas através dos tempos, ainda se conserva boa parte da pintura original executada por Joaquim Vieira Belo –Joaquim Correntão.

COMANDO POLITICO DO CEL. AUGUSTO MARTINIANO

Apesar da conquista da construção do colégio, neste ano Papacaça foi atingido pela epidemia de cólera. Morre, entre tantos habitantes, Luiz Carlos da Costa Villela. Respondia pela chefia do povoado Antonio Anselmo, que devido a idade avançada passa o comando ao coronel Augusto Martiniano Soares Villela,neto de Matias da Costa Villela,homem de letras. Pelo fato de ter estudado em seminário em Recife, era sempre consultado sobre todos os problemas e assuntos da família e do povoado.
Segue o coronel Augusto dominado por 45 ou 50 anos, somente interrompido com a vitória em 1889 de Lourenço Ipiranga, apoiado pelos Tenório e Cavalcante, que subiram ao poder na queda do gabinete conservador do conselheiro João Alfredo.
Com o advento da República, o cel. Augusto domina novamente a situação, com plenos poderes conferidos pelo governador de Pernambuco, Barbosa Lima, permanecendo dirigindo os destinos de Bom Conselho a família Villela, ainda por mais um bom tempo.
Durante o seu reinado, o cel. Augusto ora se apresenta para prefeito, terminado o mandato indica um filho ou um outro parente sobre qual tinha todo domínio, porque não queria perder a influência política.
E assim governou o coronel Augusto Martiniano Soares Villela o município de Bom Conselho por várias décadas, com toda força nas mãos, um verdadeiro ditador, fazendo delegado, juiz de paz e outros cargos, pessoas da própria família.
Quando foi interrompido o seu domínio por ocasião das eleições de 1889, perdendo a chefia política, passando Bom Conselho a pertencer á chefia política de Dr. Jardim, juiz de direito de Garanhuns, homem temido por toda região o cel. Augusto vendo-se em perigo tratou de fazer modificações. O partido contrário crescia, pois todo município estava desgostoso com a oligarquia. Mas o coronel ainda conseguiu nomear delegado o seu parente
Camilo Peixoto Soares para substituir Bernardo Figueredo. A situação piorou quando o pai do novo delegado passou para o lado de Jose de Ferraz, cunhado de Dr. Jardim que em 1904 tornou se prefeito de Bom Conselho. Para a família Villela não ficar fora da situação pois era certa a eleição do adversário o cel. Augusto adotou uma tática Candido Carlos da Costa Villela, o pai pinto e seu primo João Peixoto passariam para o lado contrário.finalmente deu-se a eleição e José Ferraz tomou o poder.
Apesar de derrotada a família Villela sempre foi respeitada por seus adversários políticos.

OPOSIÇÃO AOS VILLELAS

A população crescendo, muitas famílias surgindo, outras chegando e vai se formando a cidade, conseqüentemente o município de Bom Conselho.O povo começa a se cansar da oligarquia dos Villelas. Começa a ser articulada uma oposição.
Quando em 1904, por ocasião da eleição do cel. José de Souza Ferraz, perde o poder o cel. Ferraz, nova eleição é realizada e mais uma vez perde a eleição o partido dos Villelas.
Vence o partido do Dr. Jardim, que pouco tempo depois morre, deixando eleito o major Pedro Urquisa Cavalcante.
Tempos depois, o major Urquisa rompe com o cel. Ferraz e vai se filiar á corrente do cel.Lìvio machado Wanderley, que era sogro do cel. José Cupertino. Sobe Livio Machado, apoiado pelos Tenório, que além de adversários políticos dos Villelas eram inimigos pessoais, embora existisse um parentesco entre as duas famílias (havia um antepassado - Francisco Tenório - Chico Tenório - casado com uma filha de Matias da Costa Villela- o comandante).
O cel. Livio Machado era grande comerciante na cidade de Bom Conselho e chefiava uma forte oposição ao Dr. Jardim e ao cel. Ferraz. A essa corrente também estava ligado José Abílio, que apesar de jovem já participava da política em Bom Conselho.
Apesar de seu pai não gostar de política, desfrutava de grande prestigio junto a matutada.E Zezé Abílio, como era conhecido, soube aproveitar a situação.
O capitão Abílio, senhor da Mata verde,dizia sempre ao filho:
“Meu filho,eu não nasci para ser político...Política não presta e se presta só presta para quem não presta...”
Apesar dos conselhos paternos,o jovem Zezé continua firme nas campanhas eleitorais até chegar ao ponto de assumir o comando da política em nossa terra.

DANTAS BARRETO E A POLITICA EM BOM CONSELHO

Tenente Costa Neto chega a Bom Conselho incumbido de organizar o partido de Dantas Barreto, com o objetivo de derrotar a oligarquia de Rosa e Silva, que já durava dezoito anos em Pernambuco. Ambos bom-conselhenses. Dantas e Costa Neto precisavam do apoio dos seus conterrâneos.
Em Bom Conselho os oficiais do tem. Costa Neto cuidaram de organizar o “Tiro de Guerra”, sendo José Abílio eleito presidente do mesmo.Como presidente do tiro de guerra, o prestigio e as influências de José Abílio foram crescendo. Já se encontravam estremecidas as ligações com o prefeito cel. Livio Machado.com a campanha eleitoral vem o rompimento. De um lado José Abílio Costa Neto e a Família Villela; do outro cel.Livio e outras famílias apoiavam Rosa e Silva.
As eleições foram marcadas para o dia cinco de novembro. Trinta dias antes, uma onda de febre tifóide invade Bom Conselho e atinge boa parte da população,incluindo José Abílio que fica impossibilitado de ajudar nos serviços da eleição a seus companheiros.
O estado estava envolvido numa verdadeira revolução. Na véspera das eleições, no Recife o Palácio do governo era palco de grande tiroteio.Em Bom Conselho, pela madrugada, chega de Alagoas o Dr. Rodrigo Tenório com mais de duzentos homens e ao lado do Tenente Costa Neto,José Abílio, que apesar de doente se fazia representar, Luiz Carlos Villela,Alípio Luna e Tantos outros, defendiam a corrente dantista e enfrentavam tremendo tiroteio,que durou duas horas, contra os Rosistas, representados pelo cel. Livio Machado, Lizimaco Vila-Nova e outros homens. A cidade ficou deserta. Neste dia não houve eleição em Bom Conselho.
Vitorioso Dantas Barreto, a chefia política de Bom Conselho é entregue ao ten. Luiz Carlos da Costa Neto. Mais uma vez o poder voltava ás mãos dos Villelas. Apesar de não usar o sobrenome, Costa Neto era um legitimo Villela.
Acompanhou o governador para recife e tornou-se deputado estadual do seu governo (1911-1912).
Vitorioso todo o grupo Dantista, José Abilio também sobe ao poder. Exercia influência direta no distrito de Taquari, pois a Mata verde (fazenda de José Abilio) pertencia a este povoado, chegando a ser nomeado sub-delegado do Taquari.
Respondia pela Delegacia de Bom Conselho o tenente Andrelino. Este veio a ter um desentendimento com José Abilio devido um dos”cabras”de José Abilio andar armado. Foi o incidente que mobilizou todas as autoridades desde o Pároco –Pe.João Clemente; o Promotor público –Dr. Paulo André;chefe político Capitão Luiz Carlos Costa Neto, que intercederam e concluíram fazendo um acordo,onde José Abilio mandaria os seus cabras para fora da cidade. Foram todos levados para a fazenda Mata Verde e lá puderam andar armados sem ferir a autoridade do Delegado de policia.

DO MENINO ZEZÉ AO PODEROSO CEL.ZEZÉ

Infiltrado na política, Zezé Abilio continua na fazenda, quando chegaram as eleições de deputado. Dr. Bento Borges, grande amigo de Dantas Barreto, candidato federal,encontrando-se no Recife manda chamar José Abilio e com um entendimento este assume o compromisso de trabalhar nas eleições em seu favor. A votação de Bento Borges foi regular, deixando D. Sinhazinha, esposa de Bento Borges, muito satisfeita. Ela manda chamar José Abilio e lhe oferece o cargo de fiscal de consumo. José Abilio recusou a oferta. Ela insiste em querer recompensá-lo. Então lembra-se de dar-lhe um lugar na Guarda Nacional. Naquele tempo Guarda Nacional era da maior importância.
Aguardando a nomeação, volta José Abilio a Bom Conselho. No Rio de Janeiro o Dr. Bento Borges recebe muitas cartas dos inimigos de José Abilio, nas quais diziam que Zé Abilio era espingardeiro conhecido em Bom Conselho e não podia fazer parte da Guarda Nacional. Todas as cartas foram entregues a José Abilio posteriormente. Finalmente, sendo presidente da República Venceslau Braz cria em bom conselho a 59ª Brigada da cavalaria e nomeia, a pedido do Dr. Bento Borges, José Abilio Coronel e comandante da mesma. Está fortalecido o prestigio do então Coronel José Abilio de Albuquerque Ávila.
A partir daí o cel. Jose Abilio passou a ter o seu lugar na política municipal, estadual e até nas eleições para presidente.
Das suas amizades as que mais lhes trouxeram repercussão foram com Manuel Borba, Agamenon Magalhães, Etelvino Lins e Barbosa Lima Sobrinho.
Com Manuel Borba, sua característica principal era a lealdade. Sempre foi fiel a Borba, chegando a deixar qualquer pergunta sobre as eleições sem respostas até que encontrasse o Dr. Borba e este lhe informasse qual a direção a tomar.
Da amizade com Agamenon Magalhães restou o deu emprego no I.A.A. como inspetor. O fato mais curioso é o coronel. Apesar de poucos estudos, ter prestado concurso de português, matemática,contabilidade e outras matérias. Quando só falava o português do sertão, esses ensinamentos serviram ao coronel. Amigo do então Ministro do trabalho, foi aprovado e logo nomeado. Permaneceu um bom tempo no cargo e mais tarde se aposentou por motivo de doença.
Durante seu domínio Jose Abilio exerceu o mandato de prefeito por quatro vezes e de deputado por duas vezes.

A AMIZADE DE BORBA E NOVAS ELEIÇÕES

Com o governo de Dr.Manoel Borba, Costa Neto assume o comando da política e aumenta o prestígio da família Villela.
Quando Chegadas as eleições municipais para a sucessão de Luiz Carlos da Costa Villela, irmão de Costa Neto,não aprova a escolha feita por Luiz Carlos e se candidata a prefeito. José Abilio fica ao lado de Josino Villela. Foi uma luta terrível e a eleição acabou por ser anulada pelo próprio governador devido aos erros e fraudes. É nomeado por Borba o comerciante José Guilherme.
Através do Dr. Ernesto Santos, então juiz de Bom Conselho,chega até Borba a fama de José Abilio e os serviços prestados por ele á policia local. Borba manda convida-lo para uma conversa. No palácio, o encontro é rápido e Borba o convida para uma conversa mais demorada na sua casa. No dia seguinte José Abilio se faz presente ao encontro.quando a conversa está iniciada, o governador queria saber como estava a situação em Bom Conselho. Já havia se dado o rompimento entre Dantas e Borba,por isso era necessário saber se existia em Bom Conselho Dantistas. A resposta de José Abilio foi que seria mais fácil perguntar a Costa Neto, de uma vez que o mesmo continuava como comandante de policia.
No mandato do prefeito Sr. José Guilherme, fazia parte das amizades do cel. José Abilio, no entanto, Borba ofereceu ao mesmo o cargo de Delegado. José Abilio recusa a oferta, alegando não estar em boas relações com então prefeito. O Dr.Borba argumenta: Se o prefeito aceitar, você aceita? A resposta: Dr. Manuel Borba. Se V.Exa. quer me nomear delegado, por que não mim da a chefia de bom conselho?
Borba fica calado e escreve uma carta ao prefeito José Guilherme.
O mesmo ao receber a carta diz que tem outro candidato para o cargo, Osório Villela, irmão de Costa Neto.
José Abilio telegrafa ao governador informando o que recebeu como resposta e fica aguardando. Borba ao receber o telegrama não acreditar, colocando em dúvida a palavra de José Abilio. Na tarde do mesmo dia chegar ao palácio o mensageiro do prefeito com a referida carta. Após ler a mesma, Borba se dirige ao Sr. Clarindo de Abreu e diz-lhe: ”Volte e vá se entender com José Abilio, atual delegado de policia e chefe político de Bom Conselho.”
José Abilio é informado por telegrama e fica surpreso.Tornando-se chefe político de Bom Conselho no dia 19 de fevereiro de 1919.
Com nova s eleições se aproximando, detendo o poder em suas mãos, convoca a mando do governador novas eleições. Indica para o cargo João Peixoto Soares e para o conselho municipal vários outros amigos. Não houve duvida: o prefeito indicado foi eleito. Diante da situação de prestigio crescente, José Abilio tira proveito em tudo. Controla os órgãos públicos e começa a fazer sua política. Apesar do passado de José Abilio ser de homem envolvido com situações às vezes de violência com muitos “cabras”, Bom Conselho passa a ter um bom tempo de ordem.
Em 1922 José Abilio publica um abaixo-assinado com o seu nome para prefeito e noventa dias antes das eleições deixa a delegacia e se candidata a prefeito do município. Candidato único, eleito, preocupa-se em administrar com equilíbrio.
Havia terminado o governo de Borba, sendo governador do estado o sr. José Bezerra.
O sucessor de Manoel Borba dava todo prestigio a José Abilio, favorecendo assim uma administração pacifica e cheia de realizações. Com um orçamento de apenas vinte e dois contos de réis, José Abilio conseguiu construir, dentre outras coisas, um teatro municipal,um açougue uma empresa de luz. Bom Conselho passou a ter outra vida e o seu comércio aumentou sensivelmente.
Infelizmente o mandato não chegou até o final, pois com a mudança de governo no estado, com a queda de Borba, passa José Abilio por muitas dificuldades, inclusive perseguições, chegando mesmo a abandonar o cargo e fugir.

DESPRESTÍGIO POLÍTICO E PERSEGUIÇÃO EM BOM CONSELHO

Durante o governo de Estácio de Coimbra, opositor de Borba, Bom Conselho [sofre com a perseguição e falta de prestígio do Cel. José Abílio. O delegado, Ten. Fonseca, tenta por várias vezes desmoralizar os partidários de Borba. Chegou José Abílio ao ponto de pedir segurança de vida ao governador, o próprio Estácio Coimbra, que envia para Bom Conselho um delegado regional, Dr. Amaro Lopes, que demitiu no mesmo dia o Ten. Fonseca e nomeou o capitão Queiroz. Volta a calma em Bom Conselho, quando acontecem as mortes de Zé Lubizome e Maracanã, dois “cabras” vindos de Alagoas por terem feito um roubo por lá. Começaram a praticar desordem altas horas da noite e foram assassinados. O fato ocorrera a cinco anos atrás. Este caso foi reaberto e José Abilio, Lizimaco Florisbelo Vila-Nova, Alfredo Canuto e Zezé Calado indiciados. Com exceção de José Abilio, todos tiveram a prisão decretada. Lizimaco por ser da guarda nacional ficou detida na prefeitura e precisamente no dia 23 de Agosto 1927 José Abílio foge. Algumas horas depois de sua fuga é decretada sua prisão.
Com a ajuda de Manoel Borba e Agamenon Magalhães, o seu advogado Brito Alves consegue proclamar José Abílio inocente num julgamento que teve uma votação de três começa a luta para libertar seus amigos, principalmente Lizimaco, que havia sido levado a cidade de Olinda. José Abilio passa a residir no Recife com o objetivo de libertar seu amigo Lizimaco. No inicio do ano de 1930, já pela segunda vez, entram em julgamento os amigos. O dia tão esperado havia chegado e Lizimaco faz sua própria defesa, auxiliando os advogados de defesa Dr. Brito Alves e Demócrito de Souza filho. Com habilidade, chegam á absolvição de todos. Passados dois anos e meio na casa de detenção o cel. Lizimaco Vila-Nova, que havia sido Delegado de policia na época do duplo assassinato; José Calado, comerciante;Alfredo Canuto, diretor da casa de detenção em Maceió. Todos amigos de José Abílio, Manoel Borba e Agamenon Magalhães foram perseguidos por serem inimigos do governador do Estado Estácio Coimbra.

DE NOVO NO PODER CEL. JOSÉ ABILIO

Após este período, volta José Abilio a Bom Conselho todos os amigos voltados ás causas da revolução de 30. Com lenço vermelho no pescoço, Ulisses Tenório chefiava o município. Respondia por Pernambuco o interventor Carlos de Lima Cavalcanti, que nomeava e exonerava os prefeitos, inclusive os de Bom conselho. Apesar do nome de José Abilio ter sido lembrado, ele só foi prefeito novamente quando disputou as eleições com Pe. Alfredo Pinto Dâmaso.
No dia da posse, 15-08-36, fez um discurso onde relatava sua vida política até então.
Continua com muito prestigio junto ao interventor do estado até a posse de Agamenon Magalhães(37), como Interventor Federal em Pernambuco. Para Bom Conselho é nomeado Josino Villela que a estas alturas já se tornara inimigo de José Abilio. Magoado e sem prestigio, retorna a Alagoas o coronel e reassume o emprego de inspetor do I.A.A. Dias depois se afasta por motivo de saúde e volta para sua terra natal.
A partir de 1943, sendo Juca Medeiros prefeito de Bom Conselho, partidário do PSD, recebe um telegrama de Etelvino Lins solicitando a formação do Diretório incluindo o nome de José Abilio. Entretanto, o coronel por ter sido presidente do partido acha desagradável se tornar apenas um membro. Para solucionar o problema, o governador Etelvino Lins manda chamar os dois e propõe:
“José Abilio vamos resolver o caso de Bom Conselho do seguinte modo: Você será o presidente do partido com direito a quatro membros e Juca Medeiros ficará com a vice-presidência e três membros, como você quer. Quantos ases nomeações serão feitos de acordo com vocês. Eu de modo algum abandonarei o Juca, você apenas dará, o nome e o mais resolverá, pois você anda doente e não pode com o peso da luta...”
Neste dia foram determinados os nomes para a composição do diretório do P.S.D. em Bom Conselho.
Com a queda do governo de Getúlio,muitas modificações são feitas em Pernambuco e em Bom Conselho. A U.D.N. cresce e toma forma a oposição a Jose Abilio e ao P.S.D. A partir daí surge um período de muita de muita luta, muitas brigas entre o cacique de Bom Conselho (como era chamado pela imprensa do estado) José Abilio e a U.D.N., encabeçada por Gervásio Pires.
Apesar de toda oposição, José Abílio é reeleito para mais um mandato de prefeito (26-10-47), se afastando para se candidatar ao primeiro mandato de deputado(1951). Eleito com 3.145 votos e empossado no dia 25 de janeiro de 1951.
Durante o primeiro mandato, José Abilio tornou-se um elemento de destaque, ora pela respostas, ora pelos seus pedidos, alguns para Bom Conselho, outros para seus afilhados, nunca para si próprio. Levando adiante sua política fiel ao P.S.D., sempre ligado a Manuel Borba e mais tarde a Agamenon Magalhães, nunca tomado uma atitude sem prévia autorização.
Findo o seu primeiro mandato de deputado, tenta reeleição, em novo pleito conseguindo uma votação de 3.127, tomando posse em 26 de janeiro de 1955. São mais quatro anos de mandato na Assembléia legislativa de Pernambuco.
Com o fim do segundo mandato, José Abilio volta a Bom Conselho e não mais se candidata. Passa a dirigir o destino de nossa terra apoiando,articulando,usando seu prestigio,seus afilhados,seus discípulos em cada pleito.
Ainda hoje sentimos a sua presença a cada eleição,principalmente nas eleições municipais, quando um candidato ou outro faz dos expedientes, fruto do autoritarismo do coronelismo.
Por não ter filhos homens, o coronel se afeiçoou a outros políticos, entretanto alguns deles já não pertence a linha do antigo psd estão filiados á corrente da U.D.N. junto aos seus familiares que apóiam plenamente o ultimo opositor do coronel, o bacharel Arnaldo Amaral.

GERVÁSIO – OPOSIÇÃO SISTEMÁTICA

Em 1945, um grupo de jovens idealistas reúnem-se e criam o Diretório da U.D.N.- União Democrática Nacional, em bom conselho, passando a fazer oposição sistemática ao Cel. José Abilio e ao P.S.D..
Gervásio ainda muito jovem estava sempre envolvido nos problemas sócio-culturais, passou também a participar da política de oposição chegando a se tornar chefe do partido.
Custou-lhe grandes aborrecimentos, tais ideais, que iam de encontro aos interesses dos coronéis que faziam parte da outra corrente. As pressões era muitas, as violências aconteciam das mais diversas. Eram bombas jogadas nas casas de seus correligionários pelos simpatizantes do partido adversário, o P.S.D., tendo inclusive, e certa vez um senhor entrar no comitê da U.D.N. a cavalo, disparando vários tiros de revolver no local onde estava afixado a o escudo U.D.N.
Muitos crimes eleitorais eram atribuídos ao cel.,entretanto o mesmo dizia que nada era de sua autoria, ignorando e não calmando atenção os autores de tais desmandos;falava o coronel –“para os meus amigos não tem defeitos; os inimigos o defeito que não tiver eu boto.” E assim ia protegendo fosse quem fosse, desde que estivesse ligado a ele e ao PDS
A cada eleição o grupo se fazia presente, com o candidato próprio, no entanto, o esquema do P.S.D. era mais eficiente, não se sabe como, mas a eleição era derrotada, até 1958, com a vitória do Dr. Cid. Sampaio, que lhe garantiu a chefia política do município.
Foi candidato a deputado por três vezes, disputando com José Abilio, ficou na suplência por duas vezes, em 1955 e 1958, chegando a se eleger em 1960,com 4.153 votos.
Com a revolução de 1964, e a queda do então governador Miguel Arraes, passou a assumir o estado, Dr. Paulo Pessoa Guerra, conseqüentemente com a mudança estrutural da política nacional, caem os coronéis da Guarda Nacional e inevitavelmente o cel. Zezé perde o prestigio.
Pela proximidade do governo, Gervásio ocupava uma cadeira na assembléia Legislativa, reassume a chefia política de nossa terra.
Unido a população, ao prefeito Dr. Raul Camboim de Vasconcelos e ao governador do estado, Dr. Paulo Pessoa Guerra, constroem o Hospital da cidade e escolhe para patrono Mons. Alfredo P. Damasco, pois o mesmo havia iniciado as obras e parado devido a falta de recursos, posteriormente sua morte.
Findo sua mandato de Deputado, com a vida estruturada em Recife,pois havia recebido um Cartório do Registro Civil na Capital, ligados a outros interesses, fica residido por lá, até sua morte. Em resgate a sua memória, o atual prefeito denominou a “Casa de Arte e Cultura Gervásio Vieira Pires”, numa justa homenagem a esse bom-conselhense.

OUTROS POLITICOS DE EXPRESSÃO

Na década de 50 alguns jovens filiados ao P.S.D. e a U.D.N. foram se firmando, candidatando-se a vereador ou tentando eleger seus amigos,até que surgem como líderes políticos. Assim aconteceu com Arnaldo Amaral, Manuel Tenório Luna, Walmir Soares da Silva. Fugindo a regra de líder, um dos políticos merece o maior destaque:é Raul Vasconcelos.
Atualmente, uma nova liderança surge: Gervásio Cavalcante de Matos, e mais recentemente desponta como político Audalio Ferreira de Araújo.

ARNALDO AMARAL - OPOSIÇÃO OBSTINADA

Quase um garoto volta do Recife, ás pressas, para atender a um chamado da família. Seu pai, José Hermínio Amaral, sofrera uma paralisia facial, tornando-se impossibilitado de prosseguir o trabalho.
Assumiu o cartório seu filho mais velho, Arnaldo, nomeado como escrevente em 1949, dias depois enfrentando o concurso de escrevente e mais tarde o de tabelião titular, assumido até os de hoje.
Com o idealismo peculiar da juventude, une-se a outros jovens - entre os quais Edjasme Tavares de Lima, Zadir Barbosa, dr Jose Barbosa - e resolver enfrentar uma eleição municipal. Após a grande vitória do partido nas eleições do governador, sagrando-se vencedor Cid Feijó Sampaio, o grupo esperava contar com o apoio de Gervásio Vieira Pires, então deputado, em eleição municipal. Gervásio achou por bem apoiar outro candidato.
Lançada a primeira candidatura, tinha como adversário o médico humanitário, Raul Camboim de Vasconcelos, muito conceituado no município. Transcorria o ano de 1963. Foi a primeira campanha de uma série, sendo derrotado. Passou a lutar por mais quatro campanhas, perfazendo um total de cinco disputas, em todas elas sendo derrotados nas urnas. Com firmeza, o grupo permanecer constante e unido a cada pleito eleitoral seja para eleição municipal, estadual ou federal.
Finalmente, talvez para marcar uma nova era, este ano, centenário da cidade , o grupo, agora PMDB.,faz uma coligação com o PTR e o PDS lançado um candidato. Concretiza assim a tão esperada vitória deste obstinado líder político e de seu partido.

Dr. RAUL - NOSSO OSVALDO CRUZ

Quando em 1963 candidatou-se prefeito, o médico humanitário Raul Camboim de Vasconcelos iniciou o trabalho com muita luta. Primeiros problemas políticos, logo depois veio o golpe de 64 e o mandato prorrogado muito problema saúde que o município enfrentava, as questões de base, a receita municipal muito pequena e sua benevolência muito grande.
Iniciou seu mandato tentando corrigir algumas deficiências de nossa cidade. Foi prefeito em segundo mandato, pois já havia respondido pelo município em 1947, substituindo Cel. José Abilio, quando afastou-se para candidatar-se a deputado estadual, terminando o mandato em 1951.
A primeira providencia foi construir o sistema de saneamento, pois vivíamos numa cidade sem esgotos. Sua administração não deixou placas mas o que foi realizado pelo bem de sua gente foi além do perceptível.
Instalou um programa de saúde ainda não visto em nossa cidade,com a ajuda de Gervásio Pires e de Paulo Pessoa Guerra,conseguindo inaugura a Unidade Mista de Saúde Mons. Alfredo Pinto Damaso, favorecendo assim toda população, que tinha apenas o posto de higiene e a Pré-maternidade Mãe sertaneja.
Durante o seu mandato procurou ajudar o povo de todas as maneiras. Ao sair que vender uma fazenda recebida em herança do seu pai, Arcôncio Camboim, para cobrir a diferença do caixa público. Por quê?
Muito simples. Com o salário muito baixo, a prefeitura sem verbas para a assistência social, ia displicentemente fazendo vales para serem descontados no salário a cada vez que alguém lhe pedia algum trocado. No final do mandato estava registrado o déficit público. Em pleno período da ditadura militar, o tribunal recusou suas prestações de contas e o exercito veio até o ex-prefeito.
Seus bens foram penhorados até que fosse feita a reposição da quantia. Alguns dias depois, a fazenda foi vendida e todo o dinheiro foi para os cofres públicos.
Foi o único caso que se tem noticia em nossa terra de alguém rico entrar na prefeitura e ao sair dela encontra-se pobre.
Hoje, Dr. Raul vive em sua casa, na mesma casa de muitos anos atrás, apreciado pela janela os acontecimentos da cidade que ele ama e que recebeu toda a sua dedicação profissional, além de suas riquezas. Rodeado pelos, filhos,netos e bisnetos, toma sua cerveja diariamente, gozando da tranqüilidade de sua consciência.

MANOEL TENÓRIO LUNA:VELHA RAPOSA

Do terraço do cel. José Abilio saíram grandes discípulos políticos.
Um deles foi Manoel Tenório Luna. Como bom aluno, aprendeu a nuanças da política partidária do passado.
Vindos de Quebrangulo-AL, seus pais e irmãos, gozavam de prestigio, pois como pertencem a família Tenório fazem parte da cúpula administrativa do município.
De todos da família apenas este tinha pretensões políticas, ingressando logo no serviço municipal.
Após o primeiro mandato de vereador, resolver partir para o sul do país,onde se fixa por um determinado tempo, voltando logo á terra do Papacaça,candidatando-se novamente a vereador e cumprindo o seu segundo mandato.
Em novas eleições é apoiado pelo cel. José Abilio e se candidata a prefeito. Eleito, cumpre seu primeiro mandato a partir de 68. Em 1976 é reeleito, passando administrar a cidade até 1983.
A ele são atribuídas muitas obras, apesar de modesto e não falar em seus feitos. Chegou a ser deputado pela nossa cidade em 1986, filiado ao `PMDB.
Atualmente “a velha raposa”, encontra-se recolhido, quase em retiro na sua fazenda, próxima á cidade, assistindo a tudo o que se desenrola no cenário público da velha Papacaça, apoiando quem goza de sua amizade.
Na eleição de 92 apoio o candidato ligado á coligação PTR, PMDB e PDS, saindo vitorioso, resgatando junto a seu povo a fé e alegria de ser bom-conselhense.

WALMIR SORES –FIGURA CONTROVERTIDA

Caminhoneiro, muito simples, jovem Walmir não imaginava o caminho que iria percorrer. Visitava a casa de cel. José Abilio, ouvia as conversas e aprendia como fazer política, com todas as formas e característica daquela época.
Candidato e eleito por duas vezes para vereador ficam definitivamente como político, formando uma nova corrente política em nossa cidade.
Eleito para prefeito em 1972, reeleito em 1982administrou nossa cidade por dez anos.
Enfrentou tempos difíceis na sua segunda gestão, devido a uma onda de violência que invadiu a cidade, chegando a vitimar varias pessoas, incluindo o candidato a prefeito, seu opositor, Marne Urquisa, em 10 de novembro de 1982.
O político Walmir é uma figura controvertida, porem de muito carisma: consegue manter no poder pelos métodos mais simples de clientelismo, da simpatia e do autoritarismo.
Apesar de não ter estudado, sempre se preocupou muito com a educação em nossa terra, sabendo-se que após o seu segundo mandato nossos estudantes,principalmente os da zona rural, receberam uma assistência mais programada.
Não foge das táticas de conseguir eleitores, batendo no ombro, dando um sorriso ou mesmo uma gargalhada estrondosa que deixe seu possível eleitor satisfeito. Mantém as portas de sua casa abertas para o povo. Com apenas um filho homem e seis filhas, todas casadas, consegue armar um esquema eleitoral invejável, pela união e o dinamismo da família.
Muitas obras em nossa cidade têm sua assinatura, prendendo-se sempre as grandes obras de concreto.
Foi infeliz quando na sua primeira gestão resolveu reformar a praça D.Pedro II, construída por Cel. José Abilio em 1937, para dar lugar a um projeto de concreto, muito diferente da nossa antiga. Foram derrubadas as belas palmeiras imperiais que adornavam o centro da cidade, não sendo perdoado até hoje.
Ocupou a cadeira de deputado estadual em 1990, eleito pelo povo de sua terra que aspirava ter um representante para lutar pelos interesses da cidade.
Porem, o poder é uma faca de dois gumes. Levado pelo desejo de voltar a administrar e dominar a sua cidade, alegando traição, de seu sucessor resolveu candidatar-se a prefeito, na eleição de 03 de outubro de 92. Em dado momento, ao dar uma entrevista ao jornal da cidade,
Afirmou que iria voltar para a prefeitura e que só iria passar o poder para alguém da própria família. Afinal gozava o prestigio para isso. Foi derrotado.
Tudo acabado, volta Walmir para Recife para cumprir a missão que lhe foi confiada em novembro de 1990: Lutar pelo bem de “Seu povo”.
Afinal foi esse seu desejo e o da população de sua terra, que não pode ser desrespeitada.

GERVÁSIO MATOS - PREFEITO EM NOVA VERSÃO

Após vinte anos de domínio exclusivo de dois homens – Manuel Luna e Walmir Soares - surge de forma inesperada o nome Gervásio Matos. A surpresa foi até para o próprio, pois até então não tinha a menor pretensão de envolvimento na política.
Apresentado pelo então prefeito Walmir Soares, Gervásio Matos teve que enfrentar um adversário veterano que representava uma preferência muito grande das famílias de Bom Conselho. Era março de 1998 e o desconhecido no mundo político iniciou sua campanha. Contou inicialmente com apoio de sua família, por sinal muito grande e bem relacionada, conseguindo reverter o quadro da campanha ainda nos primeiros comícios.
Com uma nova tática, a da conscientização, prometia nos palanques á juventude melhoria de vida. Respeitou estas promessas e quando eleito investiu maciçamente nos jovens. Ora em esporte, ora em educação, ora em saúde, ora em eventos. Foi considerado o prefeito das grandes festas. Conseguiu devolver ao povo tranqüilidade e a segurança de ir ás ruas. Levado pelo idealismo e pela vontade de aprender, não se inibiu participando de vários seminários e cursos onde aprendia o que o cargo exigia. Conheceu pessoas e lugares. Programou e executou a melhoria de vida para a cidade, investiu em obras invisíveis como educação, saúde e segurança. Efetuou muitas obras de pedra e cal, deixando sua marca em todo município.
Com a divisão administrativa da Prefeitura, proporcionou melhor andamento nos serviços internos e no atendimento à população.
Administrou modernamente, sem desprezar as nossas tradições, procurando resgatar uma a uma.
Preocupou-se com a fixação do homem em sua terra natal e promoveu o início das indústrias em nossa cidade, criado em Distrito Industrial.
Promoveu o bem-estar social com a construção de casas, creche e centro de convivência dos idosos, resgatando duas gerações desprestigiadas em nosso país: as crianças e os idosos.
Enfrentou corajosamente cada problema que se apresentava, conseguindo reverter as situações adversas que surgiam.
Com a aprovação ao seu trabalho e aos seus propósitos quando apoio e apresentou o Audalio Ferreira de Araújo, pessoa muito bem relacionada em todas as camadas da sociedade bom-conselhense, recebeu a resposta positiva ao seu trabalho, elegendo para seu sucessor alguém da sua linha política.
Mas nem só de acertos é feita a administração pública e quando decidiu construir uma escola profissionalizante no ginásio São Geraldo, diante de vários apelos da população, cedeu e modificou o projeto, para salvaguardar a memória dos seus contemporâneos.
Outro grande erro de sua administração foi à escolha e inicio da construção do centro de abastecimento de Bom Conselho em local totalmente inadequado da cidade, entre quatro escolas, e as margens do Rio Papacacinha será transformado em uma fonte de insetos e poluição, incluindo também os problemas sociais que surgirão, como prostituição, trafico de drogas, etc.
Por que não transformar a área em um espaço cultural alusivo ao centenário, com pista de Cooper, ciclovia, uma praça (por que não uma replica da antiga Pç. D. Pedro II)* ginásio de esportes, para que todos nós professores, possamos aproveitar junto com nossos alunos?
E necessário ao homem público a humildade para reconhecer que após a eleição ele passa a ser um instrumento da população, proporcionando a cada cidadão que resida em uma cidade ou região o bem-estar e a melhoria de vida.
O homem público não é o ditador, o carrasco ou justiceiro que pune o povo, condena a cada passo ou palavra dita em desacordo.
Gervásio Matos procurou aprender está lição e algumas vezes pecou por não tê –la seguido. Espero que a vivência e a experiência deem-lhe novas chances de provar que é bom aluno.

A POSIÇÃO DA IGREJA NOS MOVIMENTOS POLITICOS DE BOM CONSELHO

Desde a fundação Bom Conselho vem recebendo interferência da Igreja em seu desenvolvimento. Inicialmente, nos primórdios, com a chegada de Frei Caetano, como foi citado no capitulo anterior. Após toda a sua participação na arrancada para a composição e desenvolvimento, outros religiosos marcaram a presença em Bom Conselho. Como o cônego João Marques de Souza, que esteve na cidade de 1888 a1895. na sua partida, ele bateu uma chinela na outra para tirar o pó e disse a frase que ficou célebre:
-Bom Conselho só crescera como rabo de cavalo: para baixo.
E assim tem sido, chegando até a ser chamada atualmente de “ a terra do já teve”, por que muita coisa já tivemos e já perdemos.
Outros religiosos tiveram marcada presença Durante o governo revolucionário, o Mons. Joaquim Elysio Cavalcante chegou a ser nomeado prefeito. No entanto, foi exonerado quinze dias depois (03-11 18-11-30). Entretanto, o pároco chegado aqui em 1918, o Padre Alfredo Pinto Damaso, foi o maior destaque na política local.

PADRE ALFREDO – MUITA FÉ E MUITA BRIGA

CHEGOU A Bom Conselho no ano de 1918, sendo recebido muito bem pelos fieis da paróquia. Tempos depois foi transferido para Águas Belas com a finalidade de resolver os problemas existentes entre políticos e os índios daquela cidade.
Por considerar os índios “os donos da terra”, Pe. Alfredo chegou a se desentender com os políticos porque queria demarcar o patrimônio em favor dos nativos. Isto lhe custou muitos aborrecimentos levando-o, inclusive, ao Rio de Janeiro, onde em entrevista com Getulio Vargas expôs o caso e consegui do então presidente da Republica o compromisso de proteger os índios Funiôs. De volta a Águas Belas, conseguiu despejar das terras dos índios os ocupantes que se opunham a pagar foro. Após a resolução do problema, volta para Bom Conselho, mais ou menos no ano de 1930. Dias depois envolvendo-se em política, ao ponto de disputar a Prefeitura em campanha tendo adversário o seu grande inimigo Cel. José Abilio. Era tão pública sua inimizade que sempre ao se referir ao coronel chamava-o de “ O amarelo”. Esta inimizade rendeu muitos episódios entre os dois.
Esta eleição foi considerada muito dura. Inclusive o governador do Estado, Carlos de Lima Cavalcanti, não acreditava na vitória de Jose Abilio.
Muitos fatos ocorreram durante a campanha e a eleição, chegando a serem anuladas duas secções pelo Tribunal Eleitoral e quase um ano depois foram autorizadas as eleições complementares. Foram designados dois juizes especiais, um para cada distrito, a fim de presidir as mesmas.
O grupo do coronel utilizou entre seus mecanismos a criação de uma ala feminina, chamada e treinada por gente de Jose Abilio. As moças tomaram as ruas do Taquari e da Prata, onde acompanhavam cada eleitor de braços dados até asa proximidades das urnas. O matuto ficava envaidecido com a presença das moças bonitas e entregava-se ao esquema como se fosse uma brincadeira. Padre Alfredo tomou suas precauções. Foi até ao juiz, denunciou que os eleitores estavam voltando sobre coação. O Juiz manda chamar José Abilio, com a finalidade de apurar a denuncia, ao que José Abilio responde com a seguinte frase:
- apresentem um eleitor que votou coagido, que eu tomarei as providências!...
Como não apareceram provas, as eleições seguiram e o padre foi derrotado, cumprindo a profecia do coronel:
- O povo vai ficar com o padre na igreja e com o coronel na prefeitura”.
- Assim padre Alfredo desistiu de ter um mandato público. No entanto, cresceu sua hostilidade pelo coronel, chegando a pedir ao mesmo que do coronel sempre foi bem recebida na igreja pelo pároco.
- Diante do tratamento recebido no Taquari, o padre amaldiçoou o povoado e criou a Vila de princesa Isabel, hoje conhecida por Rainha Isabel. Com o desenvolvimento de Princesa Isabel, o distrito de Taquari, que era o maior distrito de Bom Conselho, foi decaindo ao ponto de ser totalmente destruído.
Como pároco de Bom Conselho, todos os fieis de sua época tem uma lembrança bonita do padre. Para uns ele fez o casamento, para outros batizou todos os filhos, e para outros deu primeira comunhão.
Sempre disposto mesmo quando já estava bem idoso e doente, nunca se negou a fazer um atendimento a quem quer que fosse. Não tinha horário nem expediente, viajou durante muitos anos montado a cavalo ou em lombo de burro. No final da vida usava um jeep. Viveu na mais singela humildade. Apesar der ter vindo de família abastada e ser também capitão reformado do exercito, jamais demonstrou luxo ou qualquer desperdício.
Realizou grandes festas religiosas, sendo responsável pela tradição das comemorações religiosas da semana santa e da quaresma, comemorada desde a Quarta-feira de cinzas até a festa da Páscoa. De todas as festas religiosas, a maior e mais bonita sempre foi a quaresma e a semana santa, com vias – sacras, Procissão do encontro, procissão de ramos, procissão de enfermos, Lava-pés dos apóstolos, hora da agonia, procissão do Senhor morto, onde as moça da sociedade representavam as figuras bíblicas envolvidas na paixão de cristo, como: os pecados, as virgens loucas e virgens e virgens prudentes, Ben-Hur, o cego de Jérico, Santa Verônica,os apóstolos, as almas, são Tome , todas vestidas caracterizadas como personagens, pronto para a dramatização do da Paixão. Outras festas eram realizadas na paróquia como: Festa da sagrada Família, Festa de São Sebastião, Festa de N. Sra. Do Bom Conselho,Festa de Santo Antonio, Festa de nossa senhora das Vitórias,Festa de São Francisco, além da celebração dos meses de maio e de outubro. De todas as festas apenas as de são Francisco e de Nossa do Bom Conselho eram realizadas pelos franciscanos, auxiliados pelo padre Alfredo. Havia as festas dos distritos, também realizadas sob o seu comando e sua incansável fé e liderança. Construí a ermida de Santa Terezinha, a casa do padre, na serra, para servir de local de repouso e retiro: a residência paroquial, um sobrado, chamado por ele de quixó, demolido por ocasião da construção da nova casa paroquial. Por ver muitas mulheres morrerem de parto, construí a Pré -maternidade Mãe sertaneja, na rua Mons. Marques, uma mini-maternidade, que tinha uma sala de parto equipada dos instrumentos mais usados, com pequenos apartamentos e alguns leitos para as mães pobres. Acolheu muitas mulheres para um atendimento médico ou mesmo pelos parteiros da cidade, Joaldi Soares e Dulce Guerra, pessoas que ajudaram milhares de crianças nascerem. Não esquecer dos idosos: construiu e manteve por muito tempo o Abrigo são Vicente de Paula onde recolheu diverso idoso abandonados pela família
Após algum tempo, resolveu construir um hospital. Batalhou o terreno e começou as obras. Quando a construção já tinha mais ou menos um metro de altura, Pe. Alfredo adoeceu, enquanto celebrava uma missa na igreja de são Sebastião e desmaiou. Todos os fiéis ficaram surpresos e a partir deste dia ficou publico o estado de saúde do pároco.
Muitos exames foram feitos, inclusive uma cirurgia, no entanto, tempos depois, precisamente no dia 29 de junho de 1964; Pe. Alfredo faleceu no Recife.
- Vários episódios são relatados por relatados por pessoas que conviveram com ele. Os mais conhecidos são os seguintes:
Por ocasião da construção do hospital, um senhor que tinha sua casa vizinho ao terreno do hospital resolveu construir o muro da casa mais ou menos um metro adiante do terreno do hospital. Por varias vezes o padre pediu que não construísse o muro até aquele ponto. Uma das vezes chegou a marcar com a bengala onde queria que desmanchasse. No entanto, o proprietário do muro não atendeu ao pedido do padre e no dia da sua morte, uma grande chuva caiu em Bom Conselho e o muro curiosamente caiu exatamente no local marcado pelo padre.
Outro fato curioso e de que nós tivemos noticia: Na hora em que padre Alfredo faleceu no Recife, os sinos da igreja da Aldeia, em Águas Belas, repicaram sem que tivesse alguém na igreja.
Não sabemos até que ponto podemos considerar folclore ou não, mas todas as pessoas que viviam e que vivem até hoje podem contar estes fatos.
Na manha do seu sepultamento a população encarregou-se de limpar a estrada que dava acesso á ermida e na hora do seu sepultamento reuniu-se uma multidão em Bom Conselho jamais vista e jamais repetida. Deixou uma carta testamento determinando suas vontades para o povo de bom conselho e distribuindo seus pertences aos parentes e amigos.
Passados 28 anos após sua morte, pessoas visitam seu túmulo, pagam promessas e alcançam graças, invocando a Santa Terezinha através do padre Alfredo, grandes graças e favores.
Em sua homenagem foi construído, um praça e colocado o seu busto. Por ser de gesso, o tempo destruiu e em breve espera-se que seja colocado um novo, desta vez de um material digno do grande sacerdote que foi para bom conselho.

CARTA TESTAMENTO DO PE. ALFREDO PINTO DAMASO, PAROCO DE BOM CONSELHO

Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo. Amém.
Sentido-me gravemente enfermo, além da pior das enfermidades a velhice, quero deixar alguns esclarecidos e algumas determinações sobre coisas de minha pobre vida.
Estou nas mãos de Deus- Meu pai- e d´Ele aceito alegremente tudo o que ele houve disposto sobre a minha vida.
A ele peço perdão pelos meus enormes pecados e deficiências. “ a ele ofereço a minha morte. Quero que ela seja um ato de amor a santíssima Trindade assim como um ato de total submissão e adoração á sua vontade Soberana. Também de amor a Santa igreja. Tenho muito medo da justiça de Deus, mas tenho uma confiança ilimitada na sua misericórdia Infinita. Sou pobre. O pouco que possuía já foi distribuído. Pouquíssimo resta. Para maior clareza desejo e determino o seguinte:
1)º Na cidade de Bom Conselho, nos fundos da casa paroquial,construí um sobradinho que determinei “ O Quixó” para minha residência. Quero e faço doação deste humilde prédio á SOCIEDADE DE SÃO VICENTE PAULO – “ Casa de São Vicente” que tem personalidade jurídica, para o fim de auxiliar com seus rendimentos ao “Abrigo D.Moura” ou a Casa da caridade de velhos indigentes, que temos conservado e amparado até hoje com as esmolas dos bons paroquianos. Terei o uso fruto enquanto viver e quero que seja inalienável perpetuamente. Conflito no critério justiça do nosso bispo diocesano. No alto da Ermida de Santa Teresinha, num pequeno sitio, junto á capela que tem já seu patrimônio em terra e casas de aluguel, fiz também um sobradinho para residência do Vigário ou do Capelão.do mesmo modo quero que seja incorporado ao Patrimônio da Ermida, com as mesmas condições acima determinada:
2º) Biblioteca: quase desaparecida! Não convém dizer. Restam poucos livros todos eles quero que façam parte da biblioteca do meu irmão mais novo, por um educado – Jorge Pinto Damaso. Quanto porém aos livros eclesiásticos ficarão sob seus cuidados e destinado ao primeiro sacerdote da família que venha a ordenar-se futuramente.
3º) Minha casa: É paupérrima. Nunca me incomodou a falta de conforto. O meu irmão Jorge disponha de tudo como quiser –lembrando –se de deixar cadeiras e camas á casa paroquial. Lembrando –se também do Paulo e da velha Júlia.

ATENÇÃO

No caso de morte aqui no Recife – é preferível – o sepultamento aqui mesmo para evitar atrapalhação e despesa no seio da família – no chão ( cova bem funda). Enterro paupérrimo. Não convém transportar para Bom Conselho. Para que? Melhor aqui mesmo.
No caso de Bom Conselho, se morto lá – seria sepultamento no pátio da Ermida ( antes da entrada do enrolado) numa rede, presente de Alfredo Canuto – rede de linho – do amazonas. E dentro do caixão da caridade, se os índios reclamarem – seria na capelinha da Aldeia.
Ass: Pe. Alfredo Pinto Dâmaso

CONSTRUÇÃO DA ERMIDA DE SANTA TEREZINHA

Aproximando – se o centenário da paróquia de Jesus, Maria e Jose, padre Alfredo Pinto Damaso, então pároco local, adquiriu de Francisco de Ferreira Bento e sua mulher D. Maria Rosa dos Santos uma parte da terra localizada serra do Gico, conforme registro em cartório de imóveis, fls 58 do Iv. 37 nesta cidade, no ano de 1937, o terreno onde foi erguida a ermida de santa Terezinha do menino Jesus.
A pedra fundamental foi lançada no dia 28 de abril de 1935, após autorização de D. Manoel Antonio Gouveia, segundo bispo de Garanhuns. No entanto, as obras foram interrompidas devido ao falecimento deste bispo em 19 de maio de 1937. em 12 de junho de 1937, realizou-se uma santa missa e foi colocada a placa de mármore na pequena igreja, ainda em construção.
Sua inauguração realizou-se finalmente no dia 07 de janeiro de 1940, sendo bispo da diocese D. Mario Miranda Vilas – Boas, quando realizava visita a esta paróquia.
O habito da peregrinação foi adquirido com o passar dos anos, sendo que a primeira realizada pelos prisioneiros de Garanhuns.
Trabalharam na construção alguns pedreiros da cidade, sempre orientados pelos mestres Jose Barbosa e João Vieira Belo. Sua pintura foi executada por Joaquim Vieira Belo, o Joaquim Correntão.
Foi construída com doações do povo de Bom Conselho, que levava tijolos, pedrês, areia, cimento, cal e até água na cabeça até o topo serra. Liberados por padre Alfredo todos os fieis participavam sendo os ricos com doações e esmolas e os pobres com trabalho e mão – de –obra. E a exemplo de frei Caetano foi construída a Ermida de Santa Terezinha e a casa do padre.
Em 22 de maio de 1941 alguns devotos de santa Terezinha do menino Jesus abriram um estrada até a ermida e fizeram a doação de quinze cruzeiros alusivos ás quinze estações da via – sacra, onde os fieis fazem suas penitencias até hoje.
Foram doadores dos cruzeiros em madeira os seguintes senhores e suas famílias: Francisco Vicente e Agustinho, Expedito Amaral, mestre Fausto, Abilio Alapenha, João Taveira, João Gomes, capitão Felix, Cassiano, capitão Pedro Zuza, João Reif, Antonio Penedo, Barretinho, Estevão Malafaia, capitão Antonio Meireles, coronel Alípio Luna.
Em 1987, por ocasião do jubileu de Ouro, exigência do próprio Pe. Alfredo, foi realizada uma grande festa e a partir daí, todos os anos se realiza a festa de santa Terezinha com uma procissão de fieis, trazendo a santa nos braços. Dias depois, a santa é levada ao seu santuário em uma carreta que percorre toda cidade. Esta festa mobiliza toda a paróquia, com uma grande demonstração de respeito.
É importante ressaltar que o Mons. Alfredo Pinto Damaso encontra – se sepultado dentro da igreja, atendendo um pedido do mesmo, no mês de junho dia 29, também dia de São Pedro, é realizada uma missa com a presença de muitos fieis que conviveram com o padre Alfredo e conversavam a sua fé no sacerdote.
Este ano foi feito o calçamento e as escadarias que dão acesso á serra possibilitando aos fieis, devotos de santa Terezinha e padre Alfredo melhores condições para chegar até o santuário.

PADRE CARICIO...E UM SÓ REBANHO

Com o morte de padre Alfredo outros padres vieram de forma interina assumir a paróquia. No dia 31/11/65, chega a Bom Conselho padre Edgar Caricio de Gouveia, que foi pároco durante 19 anos. Saiu de Bom Conselho quando foi promovido a bispo e recebeu a diocese de Irecê /BA, para trabalhar.
Em entrevista, Dr. Caricio fala sob sua estada, da seguinte forma:
- minha chegada a Bom Conselho foi marcada por uma grande adesão do povo. Teve muita compreensão, neste sentido, porque todos formaram um só rebanho em meu respeito. Eu respeitei religiosamente os princípios dos adversários políticos do Mons. Alfredo. Nunca procurei discutir com eles certas coisas, mas houve um profundo respeito a minha pessoa e portanto eu os respeitei muito. Achei que cada um tem o direito de pensar como quiser, embora respeitando os princípios dos outros. Nesta linha, eu procurei caminhar até o fim da minha passagem por essa paróquia e fui bem sucedido.
- A posição da igreja durante o tempo em que foi pároco foi de grande fidelidade aos princípios do catolicismo e ao papa. Seguindo sempre os caminhos tradicionais que a igreja apresentava, procurou formar um só rebanho em torno do único pastor,DEUS.
Se antes existia em Bom Conselho oposição declarada ao Pároco, com padre Caricia as forças políticas não se manifestaram claramente, havendo ocasiões de toda comunidade se mobilizar para a construção da Atual casa Paroquial e todos ficarem juntos de mãos dadas na mais perfeita unidade de pensamento. Todos colaboram, prestaram sua assistência, atingindo êxito as promoções realizadas a tal fim.
Dentro de seu trabalho pastoral, desempenhava com muito brio e decência. Procurou cumprir a agenda de seu antecessor, dando assistências aos seus paroquianos da melhor forma possível. Conservou as tradições religiosas da cidade. Apesar de reduzir o numero de figurantes da procissão de Senhor Morto, a mesma continuou tão bonita como antes.
Auxiliava as irmãs religiosas, com aulas de francês no colégio N. Sra. Do Bom Conselho, oferecendo ás alunas um aprendizado de boa qualidade do idioma estrangeiro.
Por ocasião da visita da imagem de N. Sra. Aparecida, o núncio apostólico do Brasil acompanhava a imagem chegando a Bom Conselho ficou muito satisfeito com o trabalho realizado pelo padre. Em reconhecimento, o promoveu a Monsenhor. Toda paróquia ficou feliz, manifestando – se com muitas palmas, durante alguns minutos.
Foi tão grande a identificação do padre caricio com a terra e seu povo que sua família, mãe e irmãs vieram morar em Bom Conselho e as que aqui faleceram foram sepultadas e não em Quipapá, sua terra natal.
O povo bom-conselhense tem muita admiração e agradecimento ao padre Edgar Caricio e quando soube da sua promoção para bispo, entre lagrimas, lenços brancos e muitas mãos acenando, deram adeus ao bom Pastor que partia.
D. Caricio continua cidadão bom-conselhense, pois aqui reside sua irmã, é aqui que vota e presta sua declaração de imposto de Renda.
Quando indagado sobre o seu trabalho material, se posicionou sempre com uma pequena reforma na igreja, uma pintura, etc., eu vi que era necessário e que foi feito com muita eficiência, como também se listou muito, a construção da casa paroquial. A casa que funcionava era muito pequena.
- Eu construí a casa a paroquial com muito sacrifício, mas com o apoio de todos. Por exemplo, fizemos um grande bingo com cinco carros. Todos colaboraram. Todos prestaram a assistência devida para o êxito daquele movimento em prol da igreja e da casa paroquial. Tudo foi feito com muita alegria e muita satisfação por todos
- Quando foi embora para a Bahia, deixou grandes amizades e sempre que se refere a Bom Conselho se tornou no meu tempo, grande família.

FREI DIMAS – UMA REVOLUÇÃO CULTURAL

Diante de uma igreja conservadora de padres seculares, de uma educação religiosa voltada para as formas voltada para as formas tradicionais, surge um novo líder.
Chegado de Caruaru, Frei Dimas – José Marleno -, transformou Bom Conselho com os seus trabalhos religiosos, suas missas movimentadas e concorridas pelos jovens da cidade. Em todos os horários a igreja ficava lotada e entoava os mais modernos cânticos.
Foi uma grande revolução religiosa e cultural. O frade participava dos ritos eclesiásticos com o mesmo entusiasmo com que desenvolvia seu trabalho de professor do mais novo colégio da cidade – Escola Frei Caetano de Messina – tendo assumido tempos depois a direção do mesmo. A partir daí, Bom Conselho não foi mais o mesmo.
Sua contribuição a historia é inegavelmente de grande valia. Trabalhou com a juventude, proporcionando a cada um condições de se educar em uma escola democrática onde a arte era sua grande arma de conquista.
Neste período, precisamente em 1973, Bom Conselho participa do programa de televisão da rede Jornal do Comercio, campeonato das cidades e frei Dimas unido ao povo sob o patrocínio do então prefeito Walmir Soares, produzem um show que vence a cidade de surubim com larga vantagem.
É uma grande conquista e um grande momento para a cidade das escolas,pois, a partir de sua chegada os jovens passaram a participar mais ativamente da vida sócio-cultural de nossa terra. Criou movimentos artísticos, que há muito não havia, deu impulso á banda Marcial da Escola F. Caetano de Messina, que sob sua regência transformou –se em cartão de visita, chegando a participar de concursos e encontros de bandas e outros eventos até hoje.
Irrequieto, frei Dimas promove expedições e escavações arqueológicas em nosso município e encontra diversas ossadas gigantes, de animais já extintos. Não pára e cria o instituto Marcelino Pão e Vinho, uma escola para atender ás crianças de pré – escolar. Não sendo muito feliz, mais tarde veio a encerrar suas atividades.
Percebendo a necessidade de atender aos adultos, consegue para Bom Conselho o curso madureza, atual supletivo, favorecendo a dezenas de adultos a realização dos estudos. Posteriormente conseguiu o 1º grau realizou em dois anos, que permaneceu por maior tempo e a Escola frei Caetano abrigou todo esse pessoal oferecendo uma chance que jamais tivera. Muitos deles prosseguiram os estudos chegando a fazer, mais tarde, curso superior, dentro de suas habilidades.
Muitas outras mudanças foram realizadas em nossa terra, enquanto sua permanência entre nós. Alguns de seus discípulos são hoje bons professores da escola frei Caetano e de outras escolas. Muitos outros partiram em busca de novos horizontes e hoje são pessoas de destaque na vida profissional e social.
Após vários anos de atividade em nossa cidade, a ordem Franciscanas, a que pertence,achou por bem transferir frei Dimas para outra cidade e até hoje os jovens procuram preservar os seus ideais plantados na terra do papacaça e na Escola estadual Frei Caetano de Messina.

OUTROS PADRES IMPORTANTES

Outros padres e frades estiveram aqui e deixaram seu testemunho, cada um de modo, cada um com sua contribuição.
Do seminário vinham os conselhos sábios, nas palavras do Frei Leão de Viçosa, durante suas duas passagens aqui em Bom Conselho, trabalhou baseado na fé e nos ensinamentos bíblicos.
Posteriormente chegaram outros frades, pois a paróquia passou a ser administrada pelos frades franciscanos. Com a chegada de Frei Hélio, foi um choque muito grande, afinal era muito novo, brincalhão, dançava nos bailes e tomava uísque. Foi muito trabalho para pessoas aceitarem o comportamento extrovertido e extravagante do pároco da cidade. Muitas vezes as moças que visitavam a cidade, não sabendo que o mesmo fosse um padre chegavam a tentar uma conquista. Ficavam desapontadas quando o mesmo lhe falava que era padre.
Outros frades de valor estiveram aqui, Frei Babosa, Frei Severino e atualmente o nosso pároco, Frei Zico, apesar de jovem e de ter assumido sua primeira paróquia, tem demonstrado grande força de vontade e dedicação a seu rebanho.
Com uma visão muito prática, procurou resolver os problemas dos idosos do Abrigo São Vicente de Paula, colocando-os para morar na casa Paroquial e junto a um grupo de fiéis, a Prefeitura Municipal e ajudas da Alemanha está construído uma nova casa destinada aos idosos e ao Abrigo São Vicente de Paula, que será inaugurada muito em breve. Outras obras estão sendo executadas, como a Casa do Estudante Carente, onde jovens da Zona Rural terão abrigo, estudo e uma atividade produtiva, dentro de suas habilidades. Para esse projeto também recebeu ajuda da Alemanha.
Como diz o próprio Frei Zico-‘’Minha passagem deve ficar marcada onde quer que eu vá, para que não seja uma passagem em vão.’’
Quando a sua atividade pastoral tem desenvolvido dentro de uma nova dinâmica, onde cada periferia recebe a ajuda espiritual em seu bairro, com missa, palestras e outras atividades referentes ao trabalho de catequese.
São muitos os planos do jovem frade, que estão sendo elaborados, espera-se que se tenha tempo e condições de realizá-los.

A PRIMEIRA IGREGA EVANGÈLICA

São pioneiros na fundação da primeira Igreja Evangélica Presbiteriana de Bom Conselho o casal João José de Oliveira Campos e D. Maria Oliveira, sua esposa, quando em 1929, cediam sua casa às primeiras reuniões, posteriormente, os primeiros cultos, presididos pelos americanos, Dr. Thaylor e Dr. Nevelly, missionários vindos de Garanhuns para evangelizar em nossa cidade.
Gozava de certo destaque o casal que recebiam os missionários, pois o Sr. João José era medico prático muito conhecido e farmacêutico homeopático com larga experiência nos tratamentos a base de ervas e plantas. Para todos era apenas, “João Boutler”, pois recebera este nome devido a um bom tempo trabalhando ao lado do médico americano Dr. Boutler. Aos poucos algumas famílias foram se aproximando ao ponto de ser formada a primeira congregação.
Em 1930, já formada a pequena congregação, transferiu-se para a rua Sete de setembro nº 149, tendo como lideres Sr. Manoel batista de Macedo e José Campos de Oliveira. Foram muitas perseguições, pois até aí, a cidade era totalmente católica e com a invasão dos “bodes” tudo que acontecia era motivo para ser considerado um castigo dos céus. Contam os idosos, que certa vez, por ocasião de fortes chuvas, caiu um raio na igreja Matriz, chegando a destruir a cruz e parte de umas das torres, foi danificada. Coincidentemente no dia anterior tinha falecido um comerciante evangélico por nome Justo Cordeiro. As pessoas católicas fervorosas e fanáticas atribuíram este fato a um “castigo dos céus”. Eram tantos os escárnios e as perseguições que Manoel batista de Macedo chegou a ser expulso da cidade, voltando tempos depois.
Com a evolução da congregação em igreja, funda –se em 1931 a sociedade Auxiliadora Feminina –SAF que já comemorou seus 50 anos. Por ocasião do jubileu de ouro da mesma foi realizada a reunião das Federações das SAFs; Reunião dos Presbíteros; e União da mocidade Presbiteriana.
O atual templo situado á Pç. Dantas Barretos foi construído em 1946, quando contava com numero significativo de membros tendo –se destacado alguns deles que tornaram pastores, sendo notável o seu desempenho. São eles:

-Revdº-Zenas Campos
-Revdº- João Campos
-Revdº- Cilas Campos
-Revdº-Elias Sabino
-Revdº- Abel cordeiro
-Revdº- Manoel Cavalcante
-Revdº-Jason oliveira dos Anjos
-Revdº-Eronides Batista, este filho do saudoso Manoel batista de Macedo.

Dentre os presbíteros destacamos a participação do Sr. Genésio Cordeiro, atuou durante 42 anos tendo inclusive, conduzido os trabalhos da igreja sozinho por muitos anos. Assumiu diversas vezes muitas funções dentro da igreja, excetuando - se ministrar a Santa Ceia, Batismo, e Casamentos. Chegou a ser convidado para se ordenar pastor, tendo recusado o convite.
Faleceu em 26/11/90, deixando o legado de seu exemplo e seu testemunho.
Atualmente a igreja encontra – se dirigida pelo Revdº José Ernando Pereira de Vasconcelos, desempenhando um trabalho eloqüente, incluindo o programa “Cristianismo, a melhor Resposta”, na Rádio Papacaça com o apoio e participação de alguns membros.
Foram organizadas diversas congregações ao longo dos anos, como: Pedra de Fogo, Monte Alegre, Saloá e Ebenezer. As duas últimas já são duas novas igrejas, fruto dos trabalhos da igreja Presbiteriana do Bom Conselho.

CIDADE DAS ESCOLAS – OS PRIMEIROS MESTRES

No século passado não existia em Bom Conselho alguém ou escola responsável pela educação masculina, pois as famílias de posses recorriam as escolas das cidades vizinhas e até das capitais de Maceió e Recife. As moças já contavam com a existência do colégio N. Sra. Do Bom Conselho. Muitos rapazes pobres recorriam aos seminários pelo fato de ser mais cômodo, pois ali tinham a moradia, a educação, tudo isso, gratuito. Foi por estes motivos que muitos rapazes estudavam nos seminários e após os estudos concluídos renunciavam a vida religiosa.
No final do século passado, surgiu um professor que veio mudar o destino dos rapazes da nossa terra.
Mestre Laurindo Seabra era professor muito severo, que ensinava aos meninos e rapazes a ler. Seguia a metodologia de que ”a letra com sangue entra” e a cada erro seja tabuada, nas argüições, nas sabatinas, recorria da velha palmatória, dos castigos ajoelhados sobre sementes de milho e outros. Segundo Arthur Carlos Villela, em suas memórias, “ele dava aulas de ceroulas compridas e suspensórios”. Nos dias de domingo, segundo o senhor Barretinho, “trajava – se de paletó, chapéu de massa e bengala, quando ia a missa.” Foram muitos anos de luta para professor de renome, pois dentre seus alunos destaca –se o Dr. Agamenon Magalhães, e num gesto de gratidão homenageou o velho mestre com a construção do grupo que trás seu nome.
Faleceu em 1936, nosso herói, após um trabalho de muita dedicação, semeando o saber em muitas crianças, que mais tarde se destacaram na vida pública de Bom Conselho.
É este mesmo período a participação valiosa da Mestra beatriz, figura humana que encarou a educação como uma missão. Em suas aulas utilizava de carinho, dedicação e honestidade profissional. O ano letivo em sua escola, iniciava – se no dia 03 de janeiro e terminava ás vésperas do natal.
De muita religiosidade, tocava órgão na igreja, pertencia ao apostolado da oração da igreja Matriz e nas missas entoava os hinos e benditos.
Com o seu método e ao som da cantoria do Bê-á-bá, alfabetizava, recitava a tabuada e tirava os “noves-fora ”.
Foi uma verdadeira mãe- mestra de seus alunos e obrigava – os, todos os dias ao entrar e ao sair da escola, dar-lhe a benção.
Faleceu entre 1932 e 1933, com mais de sessenta anos de idade.
Em 1968 recebeu do programa “aliança para o progresso”, onde americanos e brasileiros unidos, investiram em educação e saúde, a justa homenagem de ter um grupo escolar com o seu nome.

O SECULAR COLÉGIO N. Sra. DO BOM CONSELHO

Tudo começou a semente plantada por frei Caetano de Messina, ainda no século passado.
Durante todos esses anos, sempre firme, esteve no colégio de nossa senhora do Bom Conselho, abrigando entre suas paredes estudantes e religiosas.
Tem sido um trabalho serio e persistente desde a sua fundação em 1853. Muitas mulheres saídas desta casa tornaram – se figuras importantes nos mais diversos cenários, em nossa região.
Foi o primeiro colégio do agreste Pernambucano a formar professores, no curso normal Rural, 1º Ciclo. As professoras formadas aqui saiam com muita credibilidade e competência.
As festas do colégio sempre foram uma beleza impar, a partir da festa religiosa de N.Sra. do Bom Conselho, como também as escolares.
Foram inúmeros os seus momentos de gloria, podendo criar a festa do centenário em 1853, quando na ocasião as professoras ex- alunas fizeram a doação do documento á nossa senhora do Bom Conselho.
Outros momentos foram importantes na vida desta casa, tornando–se difícil enumera. Aqui foram realizados grandes encontros da congregação; muitas participações na vida social da cidade sempre que seus salões são cedidos as recepções de casamentos, bodas de prata, etc.
Apesar da imponência do seu prédio da paz que inspira aos seus visitantes, o colégio passa por grandes dificuldades, até em manter as suas noviças. Boa parte do seu patrimônio se encontra improdutivo.
O terreno já não rende o suficiente e o numero de irmãs que produzem é muito restrito, pois a maioria delas se encontram idosas e doentes não podendo trabalhar mais.
Da estrutura da congregação muito se conserva, entretanto do ensino tradicional muito pouco nos resta.
Foi um colégio exclusivamente feminino, passando a misto apenas na década de 80, com a finalidade de solucionar os problemas financeiros, porem pouco ajudou, haja visto, atualmente só existir o primeiro grau ( até a 8ª série), perdendo o segundo grau, este ano, por total falta de condições financeiras, pois a crise que enfrenta o pais não poupou a grande obra de frei Caetano.
É necessário que uma medida urgente seja tomada, quer pelas autoridades civis e eclesiásticas para devolver ao colégio o seu objetivo inicial: Abrigar meninas órfãs, resgatando sua filosofia e desejo do seu criador.
Concluindo, é muito triste vê uma obra tão bonita e importante, que tantos serviços prestou a nossa terra venha a sucumbir diante dos nossos olhos e nada seja pelos habitantes desta terra.

CRIAÇÃO DO GINÁSIO SÃO GERALDO

Na década de 30, chega a Bom Conselho, um jovem, chamado de Valdemar Gomes de Santana, formado em humanidades pelo colégio salesiano do Recife
E junto a outros jovens idealistas, Gervásio Vieira Pires, fundaram e construíram o centro Lítero Cultural que tinha como objetivo ensinar as crianças abandonadas. Tamanho foi o entusiasmo, que tempos depois, Valdemar Santana, Gervásio Pires e Dr. Joaquim Cirilo, juiz de direito da comarca de Bom Conselho fundaram o instituto São Geraldo, que funcionou basicamente de 1944 a 1947. contaram com o apoio de muitas pessoas da cidade, que fizeram doações e cooperaram como puderam.
Com a colaboração de alguns bom-conselhense e o idealismo de Valdemar, Gervásio e Dr. Cirilo surgiu o Ginásio são Geraldo em 1948, contra tudo e contra todos os poderosos.
Compreendia o poder o grupo político do PSD e os sócios do são Geraldo faziam parte da U.D.N., corrente política adversária.
Era pensamento dos “homens do poder” daquela época, que uma escola de porte, chefiada por pessoas de visão política iria mudar a mentalidade das pessoas; após estudar e receber esclarecimento e até hoje esta filosofia permanece.
Durante a construção muitas vezes as paredes que estavam sendo construídas eram derrubadas á noite; no outro dia, Prof. Valdemar responsabilizava o cel. Jose Abilio, representante da corrente política e chefe político da cidade. Era uma eterna briga entre eles, pois o Coronel negava qualquer participação nos atos.
Atribui – se que o são Geraldo só chegou a ser concluído, devido as influencias de Dr. Cirilo em Bom Conselho, pois sendo juiz, havia muito respeito a sua pessoa.
Superado os problemas com a fundação e construção o ginásio passa a funcionar legalmente em 1948. em 1954, cria o 2º ciclo, o curso pedagógico ( equivalente ao segundo grau de magistério) e em 1956 realiza as solenidades de formatura de seus primeiros alunos- mestres.
Continuava prof. Valdemar no são Geraldo, Dr. Joaquim Cirilo e Gervásio Vieira Pires unidos na educação de jovens de Bom Conselho.
Entretanto, os caminhos desses homens foram tomando rumos diferentes.
Gervásio já se tornara político e os compromissos na capital o prendiam cada vez mais.
Permanece em Bom Conselho prof. Valdemar e Dr. Cirilo lutando pelo crescimento de ensino, o que lhe valeu o titulo de Baluarte da Educação em Papacaça; o ginásio são Geraldo, formara algumas dezenas de professores, já somara outro curso de 2º grau, desta vez, o curso Técnico de Contabilidade, quando as dificuldades chegaram a escola.
Os primeiros problemas se agravaram com os atrasos nos pagamentos das bolsas escolares, que os governos municipais, estaduais e federais favoreciam aos estudantes carentes e muitas vezes só eram pagas no final do ano letivo.
Com o surgimento dos colégios Souto filho e estadual frei Caetano de Messina oferecendo inicialmente o primeiro grau, em seguida com a criação do segundo grau de boa qualidade, cientifico e contabilidade, provocou o agravamento da crise ao ponto da escola não mais sobreviver.
Como recurso, prof. Valdemar utilizou um artifício muito comum em algumas faculdades, nos dias de hoje, matricula alunas portadoras de diplomas de segundo grau, no curso pedagógico sem exigir freqüência. “As fantasmas” como eram chamadas, foram aumentando de tal modo que chamou a atenção da secretaria de educação e após uma denúncia, a inspeção chegou ao são Geraldo e constata as irregularidades tornando –se impossível prosseguir o trabalho educacional, chegando a encerrar suas atividades em 1978.
Em 1979 faleceu o prof. Valdemar, o último baluarte do Ginásio são Geraldo, segundo José Duarte, “decepcionado, sentido – se abandonado por todos os jovens que ele educou e que agora esses ex – alunos procuravam outras escolas para educar seus filhos.”
Atualmente o prédio do ginásio sapo Geraldo abriga uma pré-escola do estado. Paralelamente o prefeito, Gervásio Matos, está construindo a escola técnica profissionalizante São Geraldo, no terreno anexo ao antigo prédio, onde futuramente deseja criar a fundação de ensino Valdemar Gomes de Santana.

A ESCOLA DA COMUNIDADE

Em 1963 exatamente no final do ano, um grupo de pessoas lideradas pelo tenente coronel Florisbelo Vila-Nova, conseguiram através do Deputado Roberto Phaelante, genro de Ademar da Costa Carvalho também deputado ligado ao Sr. Gervásio Vieira Pires, conseguiram para a nossa cidade a primeira escola que daria condições ás pessoas de baixa renda conseguir estudar ou formar seus filhos.
Foram tempos muito difíceis. Inicialmente, a primeira turma que pretendia enfrentar o admissão ao ginásio, turma muito grande, contando com um numero grande de adultos, pessoas da comunidade que não tinham estudado por não haver escola noturna e o ginásio Souto Filho chegara para solucionar estes problemas.
O tenente- coronel Florisbelo Vila – Nova havia sido indicado para ser o diretor e este lutando muito, enfrentando diversos problemas conseguiu vence –los e em março de 64 já havia cursado regulamente duas turmas, uma de admissão e uma de primeira série ginasial.
Com muita boa vontade um grupo de professores, os mesmos dos colégios particulares, davam sua colaboração, muitas vezes sem receber salários.
Aos poucos o ginásio Souto Filho foi ser firmando e em 1967, realizava a sua primeira festa de conclusão do curso Ginasial. Com uma festa muito bonita. Era a consagração do trabalho daquela equipe que lutava contra ás adversidades. Mas, surgia um novo problema, como prosseguir os estudos?
Prof. Valdemar Gomes para atender as necessidades daqueles estudantes, cria o curso Pedagógico á noite, pois já contava no são Geraldo com o ensino noturno e o curso técnico de contabilidade, fechando posteriormente.
Tempos depois, Florisbelo se transfere para outra cidade e a direção do Souto Filho é entregue ao prof. Manoel Barros de Miranda, este continua a luta e em 1970 consegue o curso técnico de contabilidade, realizando sua primeira solenidade de formatura no dia 03 de janeiro d 1973, da qual eu orgulhosamente fazia parte como formanda.
Com transferência do prof. Manoel Barros de Miranda, vieram muitos outros professores a dirigir o então colégio Comercial Souto Filho, entre eles prof. Joaldi Soares, prof. Geraldo Guedes de Araújo, profª Mercês Estevão, prof. Hildeberto Campos e outros.
Como o regulamento determinava o colégio deveria ser administrado da seguinte forma:
Na direção um professor e um conselho comunitário presídio pelo prefeito do município.
Com tas mudanças políticas, sempre interferia no andamento do colégio, provocando crises. Em uma dessas crises, vereadores acompanhados de alguns professores, conseguem com o governador do estado a liberação de alguns professores contratados pelo estado para prestar a serviços no colégio e essa crise foi superada.
Posteriormente nova mudança de governo, nova crise, nova diretoria, novos problemas. A partir deste momento o Colégio Comercial Souto Filho passa a diminuir a matricula que resulta no inevitável fechamento.
Transcorria o ano de 1983 e em menos de dez anos, duas boas escolas deixaram de existir na “Cidade das escolas”.
O Colégio Comercial Souto Filho sempre funcionou no prédio do grupo escolar Mestre Laurindo Seabra, durante 20 anos.

ESCOLA FREI CAETANO DE MESSINA

Estava o prédio do seminário são Fideli ocioso há vários anos, quando o governo do estado, representado por Dr. Paulo Pessoa Guerra e o secretario de educação Dr. Roberto Magalhães, solicitou dos frades Capuchinhos a cedência do prédio a fim de instalar um escola estadual.
Inicialmente ficou determinado que a direção da escola deveria ser entregue a um religioso da ordem Franciscana e designaram para exercer o cargo de primeiro diretor, Frei Bernardo.
Em 1970, a direção da escola foi entregue a Frei Dimas (José Marleno), este solicitou a criação do curso cientifico, a nível de 2º grau. Entretanto as dificuldades para se conseguir professores eram inúmeras, levando o frade a convidar professores da cidade vizinha de Garanhuns.
Imediatamente o convite foi aceito e alguns dias depois contava, o colégio, com os professores (também estudantes da Faculdade de Formação de professores de Garanhuns), Luis Carlos Pessoa, Fernando Souto, Carlos Alberto Guilherme, Edson e a saudosa Profª Dora (Maria das Dores).
Com a conquista do segundo grau, logo veio uma outra, que seria tornar a escola mista. Não era lógica uma escola estadual só para homens.
Primeiramente o ingresso se deu no segundo grau, posteriormente no primeiro grau, a partir daí muita coisa cresceu no campo educacional.
Tornou – se um marco importante na vida educacional dos jovens papacaceiros, dando origem a vários movimentos, inclusive a banda Marcial. Após sua transferência, por questões religiosas, passou a dirigir o colégio, o também franciscano, frei Leão de Viçosa – Nicio Peixoto – que desenvolveu um trabalho de excelente qualidade.
Algum tempo depois com a transferência de frei leão para Maceió e a ordem franciscana abrindo mão da direção do colégio passa o comando para as mãos do prof. Luis Carlos Pessoa, até os dias atuais.
São muitos os momentos de gloria desta escola, nos seus 25 anos, podendo relacionar alguns:
- Participação no campeonato das cidades;
- Concurso de bandas marciais;
- Vitória no vestibular e o triunfo profissional de seus ex-alunos;
- Ingresso de alguns deles, no corpo docente da escola;
- Festa dos casais;
- Outros eventos, etc.
Atualmente a escola possui o curso técnico de contabilidade e o curso de estudos gerais (antigo cientifico) e o primeiro grau, atendendo uma população de 2000 alunos.

CERU – CENTRO DE EDUCAÇÃO RURAL CEL. JOSÉ ABILIO

Em 1977 era prefeito de Bom Conselho o sr. Walmir Soares da Silva e tendo boas relações com o governo estadual, conseguiu para nossa cidade um colégio com boas instalações, equipamentos de primeira qualidade e uma filosofia de trabalho muito abrangente e profunda.
É inaugurado o CERU em 02 de agosto de 1977 e para o prédio foram removidos os alunos e professoras de três outras escolas: Dircéia Vilela, Zélia Dias, e cel. José Abilio.
Iniciou suas atividades com os alunos de 5ª série no ano seguinte e em 1980 era feita a primeira festa de conclusão do primeiro grau.
Foi designado para dirigir a escola a Professora Jaciara Pereira de Souza, que o fez com muito mérito, deixando o cargo em 1987, por questões políticas.
Passou a dirigir o CERU o prof. Joaldi Soares por quase quatro anos, aposentando – se por tempo de serviço. Para seu cargo foi designado o prof. Alberto Torquato Ramos, que responde atualmente.
A filosofia inicial da escola era servir de apoio ás escolas da zona rural, para isso contava com o efetivo e competente desempenho do grupo de Estudos.
Era formado por uma equipe de cinco ou seis professores que assistiam e repassavam as determinações da secretaria de educação; capacitava o professor – leigo; promovia o aluno da zona rural proporcionando um ensino votado para a agricultura e pecuária.
Os próprios alunos, com auxilio de um professor, desenvolvia os trabalhos de horta, granja e jardins, chegando a ser premiado em concurso realizado entre outros CERUs do estado de Pernambuco, como o de melhor desempenho.
A comercialização dos produtos era feita pelos próprios alunos na cadeira de técnicas comerciais, que funcionava em sala – ambiente muito bem equipada, integrada também ás aulas de educação para o lar, educação artística e escola de danças folclóricas.
O grupo de danças foi varias vezes convidadas a se apresentar no Recife, no centro de convenções e em outras localidades e eventos. Apesar de funcionar muito bem foi extinto após as mudança de governo e a transformação do CERU em escola de magistério.
Como toda escola de Bom Conselho, possui Banda Marcial de grande porte, não ficando a dever a nenhuma outra.
Dos grandes momentos nos resta lembrar: as formaturas, os encontros de professores e finalmente os seus quinze anos de existência.
Recebeu como patrono cel. José Abilio em homenagem ao grande chefe – político de nossa terra por 50 anos.
Após uma busca muito grande com seus cursos, firma – se o CERU como escola de magistério, sendo considerado o melhor curso de magistério da rede oficial do estado de Pernambuco.

O MOVIMENTO ESTUNDANTIL

O movimento estudantil nos anos 60 era ativo, responsável e organizado. Com a U.E.B. – União dos Estudantes de Bom Conselho, criada em 10/06/59, tudo era determinado e a participação dos jovens era maciça, no dia 1º aniversario da organização foi também inaugurada a sede própria cedida pelo prefeito Valdemar Guedes, no antigo prédio do clube dos 30.
Durante cinco anos o movimento atuou com muita competência preparando o individuo para o exercício da cidadania.
Através do jornal “Tribuna Estudantil” se fazia ouvir, conscientizando os seus leitores com artigos de qualidade, sempre dirigidos aos jovens.
Foram anos de muita luta e muito sucesso, quando em 1962 realizou –se o Congresso dos Estudantes Secundaristas aqui em Bom Conselho.
Foi um movimento impar. Todos os estudantes foram mobilizados, hospedando os visitantes em suas casas, formando uma participação brilhante.
Nossos representantes, precisamente, Joseleno Vieira Belo chegou a participar do congresso nacional dos estudantes secundaristas.
Anualmente eram realizadas as eleições para diretório e a cada gestão o movimento crescia, com biblioteca, jogos, competições, eventos culturais, tudo voltado para o desenvolvimento consciente do cidadão.
Com a revolução de 64, tudo foi desarticulado. Os estudantes participantes do movimento foram rotulados de comunistas, perseguidos, outros presos e outros chegaram a passar alguns dias fora de suas casas.
O jornal saiu de circulação e aquela juventude que antes participava, passou a se calar, se afastar uns dos outros. Poucas amizades resistiram as pressões da Ditadura Militar.
O entusiasmo deu lugar a desconfiança: a coragem ao medo: medo daquele regime estranho onde era proibido aos jovens pensar e falar.
Tudo era perigoso. Algumas casas fechadas, algumas famílias sobressaltadas, alguns jovens desaparecidos, outros confinados longe da família.
Por quase trinta anos não vimos os nossos estudantes nas ruas questionando, exigindo, posicionando –se. Finalmente em fins de agosto deste ano, ressurge o movimento estudantil. Tomando as ruas, estão eles lá, organizados estudantes e professores na luta pelo ”impeachment” do presidente Fernando Collor.
A praça D. Pedro II volta a receber seus estudantes ativistas, agora de “cara pintada”, gritando palavras de ordem, lutando por dias melhores, resgatando o direito constitucional de exercício da cidadania, com muita dignidade, liderada agora pelo estudante Zenon Nogueira, quase uma criança, mas com uma visão de quem viveu muitos anos, chamando os jovens á responsabilidade de uma participação atuante e significativa, trazendo de volta a tradição bom-conselhense de que os grandes movimentos, as grandes oposições tem sempre á frente um jovem idealista.

CULTURA

FOLCLORE

De modo geral a nossa cultura é constituída de conhecimentos básicos indispensáveis para a nossa convivência, entretanto pouco se conserva de nosso patrimônio histórico e cultural.
Partindo dos nossos hábitos, que já perderam com as novas gerações e as interferências de outras regiões e até as importadas, porém resistindo a tudo e a todos ainda encontramos em nossa zona rural os mais puros grupos folclóricos como os aboiadores, os reisados, os cocos de roda, as zabumbas, as cantadeira de incelência, os pastoris, jogos populares, as cantigas de roda e as brincadeiras infantis. Na área urbana temos grupos que desenvolvem essas atividades, como as escolas, o Núcleo da FUNDAC, etc., se apresentando sempre nas festas internas ou quando solicitadas, resistindo as inovações culturais.

ARTESANATO E ARTE

A nossa região é muito rica e variada em artesanato, haja visto contarmos com mais de uma centena de artesões cadastrados na casa de arte e cultura Gervásio Vieira Pires, inaugurada recentemente para apoiar o artesão local.
Dividindo por área temos:
Nos trabalhos com fios, existe um numero indefinido de jovens e mulheres que trabalham com as técnicas de crochê, tricôs, tapeçaria, bordados á amo e á maquina, costuras, metalassê, etc., muitos deles ligado a FUNDAC.
Outros artesões independentes trabalham com tecelagem, macramé com cordas pinturas em tecidos, serigrafia, pinturas em nogueiro ou nogueirama, destacando nesta arte Fernando Lima, pintor primitivista.

ESCULTORES

Como escultores em madeira temos grandes artistas, os mais importantes são:
+ Irineu Feitosa, grande mestre que passou para muitos jovens a técnica e a arte de entalhe. Junto a sua esposa, Dalva Feitosa, trabalhou muitos anos na fabricação de imagens de gesso dos santos mais conhecidos e as figuras dos presépios da cidade.
+ Eduardo discípulo de Sr. Irineu que desenvolve um trabalho de muita qualidade.
+ Cláudio Anjo, herdou de seu pai, o velho Anjo, o talento para o desenvolvimento de uma técnica e uma ate tão valorizada. Participou de vários salões em Recife sempre com destaque.
+ Natalício Góes, residindo atualmente no sul do pais, desempenhou sua arte com muito destaque e talento. Realizou varias exposições em Maceió e em Garanhuns.
+ Antonio Francelino, desenvolve o seu trabalho de forma magistral, tendo suas peças “ O CAÇADOR”, símbolo de Bom Conselho de Papacaça.
+ Adriano Santana e seu pai Zeneto Santana, dois talentos em uma só casa, completando o cenário de nossos escultores.
PINTURA EM TELA
Muitos são os talentos nesta área. Temos as pintoras Berenice Vieira Belas, Eronisia Azevedo, Irene Alves, Telma Beijoino, Auxiliadora Vieira Pires, Filha do saudoso Gervásio Pires, e outras Porem, entre telas e pinceis uma família se destaca pelo talento, técnica e arte, Nara Tavares e as filhas Carmem Cleide formada em comunicação visual pela UFPE e participante de varias exposições e salões de arte em Recife e Carmem Lucia, médica geriatra, que na horas vagas trabalha com pinceis maravilhosamente.

MÚSICA

O maior destaque para as notas musicais fica com o talentoso José Duarte, autodidata, possuidor de peças musicais, valsas, machas carnavalescas, hinos religiosos, maestro da antiga Banda de musica Villa – Lobos.
Outro talento que destacamos é o musico Sebastião Moraes, o conhecidíssimo Basto Peroba, que desde pequeno toca acordeom, chegando a ser comparado com os grandes mestres da “sanfona”. Participou da gravação de muitos discos, de cantores nordestinos. Atualmente é proprietário do conjunto Metamorfose Musical e também “ Basto Peroba e seu Regional”, muito solicitado nos períodos juninos.
EM CENA, LEDA!
Após um tempo distante, volta a Bom Conselho a estudante de historia natural, leda Cavalcanti. Com a sua chegada a nossa cidade passou a se transformar. Contratada posteriormente pelo colégio Frei Caetano, leda se encarregou das aulas de educação física e daí para as aulas de teatro foi um pulo. Desenvolveu um trabalho muito bonito e deixou plantadas as sementes de sua arte no corpo de Balizas do colégio Frei Caetano de Messina e em muitas outras áreas. Realizou grandes espetáculos de danças e desfiles colaborando com o desenvolvimento cultural.

PEDRO DE LARA – O excêntrico que deu certo.

São poucas as noticias deste bom-conselhense, quase tudo que se sabe a seu respeito é o que se vê e ouve pela televisão.
Infância de menino pobre, desde cedo já ajudava ao medico da cidade, chamado Dr. Lessa. Eram recados, mandados e la ia Pedro de Lara, como era conhecido.
Diante de quadro de tamanha pobreza, o pequeno Pedro resolveu partir para outras terras. Lá se foi, com apenas doze anos de idade. Após muitas lutas, estudo re dedicação, desponta para o Brasil o esotérico Pedro de Lara, profundo conhecedor dos segredos dos sonhos e da grafologia, alcançando grande sucesso.
Nunca voltou a sua terra natal, porem na ocasião do “campeonato das cidades”, programa apresentado pela televisão Jornal do Comercio, foi solicitada a sua presença e o mesmo compareceu, contribuindo para a vitória na disputa com surubim, terra do saudoso Chacrinha.
Sempre que fala de sua terra, de suas lembranças, fala de forma folclórica e extravagante levando as pessoas a duvidar de sua seriedade, porém suas verdades variam de acordo com suas fantasias.
Esta figura controvertida conseguiu vencer longe de sua terra e sempre fala de seu Papacaça com carinho dos que amam sua terra natal.

VALORES DO PASSADO

Entre os valores do passado podemos destacar a pianista Iracema Tenório Braga, que em sua juventude chegou a dar concertos no teatro Santa Isabel, no Recife.

D. Iracema ou vó Iracema como gostava que seus alunos a chamassem, foi uma artista que viveu entre nós bom-conselhenses, com o seu grande talento, ensinado os princípios de musica, piano e desenho a varias gerações de jovens, ora no colégio são Geraldo, ora em sua residência sempre com carinho, técnica e talento.
Apos sua morte ficou esta lacuna que jamais foi preenchida.

Outro grande artista foi o pintor Joaquim Correntão, como era conhecido. De Tamanho talento foi responsável pela pintura da igreja matriz e da Ermida de santa Terezinha. Contavam os mais velhos, que certa vez, ao procurar emprego de pintor, chegou a uma construção e o mestre – de – obras não acreditou na sua capacidade profissional. Percebendo o que se passava na cabeça do tal homem, Joaquim ficou magoado e quando chegou a hora do almoço, todos largaram e foram embora. Nosso artista resolveu dar uma lição; desenhou e pintou uma mosca na parede que havia sido pintada. Quando o mestre voltou, tentou varias vezes tirar o inseto até quando percebeu perguntou quem era o autor de tal brincadeira Joaquim se apresentou e falou que era sua. Apesar de esta com muita raiva, o mestre- de – obras o contratou, pois reconhecera o seu talento.

POETAS MODERNOS

CARLOS ALBERTO BARROS DE SENA

Ou simplesmente, CARLOS SENA:
Autor de três livros de poesias: “sujeito composto” (1981); “Frente e Verso” (1983); “ Verbo ser”, onde ele fala de si, da sua infância, dos seus sonhos e das suas insônia. Transcreve suas emoções de forma direta, também suas criticas ás condições de vida ou subvida do povo nordestino. Não poderia faltar o poema dedicado aos amigos de infância e até a “Zé Bebinho”, que o assustava nos becos por onde passava, todos os seus livros estão com as edições esgotadas.

DORALICE SOARES DE MORAES:

Apesar de nova entre os poetas, já s e encontra com o seu primeiro livro “reticências de vida” esgotado.
São poesias que falam da busca interior, uma procura do conhecimento mais profundo do ser.
O seu estilo difere dos demais, não tem nome nenhum dos seus poemas do seu primeiro livro. Já se encontra em fase de publicação o seu segundo livro.

LITERATURA

Pouco é divulgado entre os bom-conselhense,o valor de seu filho mais ilustre, DANTAS BARRETO. Alem de general, herói da guerra do Paraguai e governador do estado de Pernambuco, foi também escritor, chegando a se tornar imortal na Academia Brasileira De Letras, entre suas obras podemos destacar: “Margarida Nobre”, “ Destruição de Canudos”, ”Acidentes de Guerra”, “Impressões militares”, Expedições a Mato Grosso”, “Comentários”, Ultima expedição Contra Canudos”, e a peça em 4 atos” A condessa Herminia” Escreveu para numerosos periódicos, entre eles a “revista Americana” e a “Revista da SOCIEDADE fênix Literária”, Onde são encontrados os seus trabalhos: “ Dois pintores da renascença”, “ O Plebeu e a Fidalga” “ A Poesia do século XIX e “ Do Atelier para o Templo”.

VIDA SOCIAL

Ainda era uma fazenda de gado, povoada pela família Villela, quando despertava para á vida social, a localidade que mais tarde veio a ser Bom Conselho.
As diversões e o lazer neste período da nossa historia, se prendia aos acontecimentos religiosos, alguns casamentos, batizados, quermesse, grandes procissões, alguns saraus, recitais de poesias sempre realizados nas residências dos fazendeiros.
Os ambulantes eram esperados com ansiedade pelas moças para conhecer as novidades em tecidos e a moda feminina. Cinta – se que por ocasião da Proclamação da Republica e a aprovação da primeira Constituição, surgiu um tecido chamado de constituição que se transformou na grande atração das moças e das costureiras. Eram belos vestidos, usados para brilhar nos salões, quando participava das festas ou na igreja, quando participava das procissões.
Foi a partir da década de 20, que Bom Conselho contava com uma vida social movimentada; os grupos se organizavam e as festas populares concentrava um numero significativo de gente e as melhores famílias.
Os concursos de beleza passaram a ser realizados na década de 30 e precisamente no ano de 1934, foi eleita Miss BOM CONSELHO, Berenice Feliciano, aos 15 anos de idade, conservando até hoje a beleza e a elegância de sua juventude, quando em companhia de seu esposo, o comerciante José – Correntao- Vieira Belo, deslizam nos salões de baile dos clubes locais.


“DO CENTRO LÍTERO CULTURAL AO CLUBE DOS 30”

Segundo o Sr. José Correntão, baseado em suas lembranças pude apurar que o “ Centro Lítero Cultural surgiu do ideal de alguns jovens, Gervásio Pires, Tenorinho, Expedito Amaral, Gaudêncio e outros amigos, com o objetivo de ensinar a crianças que não tinham pais ou mesmo que tivessem; também ensinavam adultos que não tiveram oportunidade de aprender. Tudo era precário. Foi daí que surgiu a idéia do instituto são Geraldo. Tempos depois os salões de baile surgiram e sempre foram bem freqüentados durante muitos anos.”
Com a orquestra Vila - Lobos do Maestro José Duarte, o Zé Puluca, eram animados os bailes, as festas, as solenidades e os grandes carnavais.
Desde aquele tempo, a vida social entra em crise a cada campanha política, pois algumas pessoas assumem o partido de forma tão apaixonada que não conseguem fazer a distinção entre política e sociedade. Após cada eleição a cidade permanece dividida por um bom tempo.

VAI OU RACHA

Foi durante uma dessas crises, que surgiu uma agremiação carnavalesca, chamada ”vai ou racha”, encabeçada pelo jovem José correntao, os irmãos e alguns amigos. Seguiram estes jovens, algumas das melhores famílias da cidade e o vai ou racha passou a ser o salão das grandes festas sociais, sendo registrado, inclusive, os grandes desfiles do bloco carnavalesco com as mais ricas fantasias de seus componentes, que pelo fato de pertencerem ás famílias ricas, caprichavam em suas vestes, não podendo ser igualadas pelos outros blocos que não dispunham de recursos.
Com o passar do tempo o prédio onde funcionava o “Centro” foi ficando pequeno para as grandes festas, os grandes bailes, os grandes carnavais, apenas as matines eram realizadas lá e José de Puluca com sua orquestra enchia aquele salão de boleros, fox – trot, marchinhas, sambas e samba – canção; ás vezes arriscava um rock e outros ritmos modernos. As tardes do domingo eram magníficas. As moças com suas saias rodadas, os sapatos Luis XV, os rapazes de terno e gravata black – tié, os sapatos brilhando, as camisas engomadas, os cabelos arrumados com brilhantina faziam a composição dos anos dourados.
Diante dos problemas ocasionados pela falta de condições, do clube
O Sr. José Galdino Alves, empresário sócio dos lacticínios Santa Maria,na época, era também presidente do centro, que já havia mudado de nome e era agora clube dos 30, pois haviam trinta sócios, resolveu construir uma nova sede, hoje é o prédio da secretaria municipal de educação, na av. xv de novembro. Foi ótimo. A cidade aprovou e muito se desenvolveu o nosso acontecimento social, com registro grande bailes, grandes desfiles.
O domingo á tarde também trazia grande expectativa masculina, para ver as moças internas no colégio N. Sra. do Bom Conselho,quando saiam a passeio pelo quadro (centro) da cidade, “naquela praça”, a antiga, cheia de palmeiras imperiais, pés de rosas e canteiros de margaridas, que foi substituída pela atual, tudo acontecia naquele cenário e naqueles domingos cheios de sonhos e romantismo. Eram bilhetes, recados e os mais ousados arriscavam um beijinho rápido, escondido das “irmãs”, acompanhantes das internas.

O CINE TEATRO REX – Quem não se lembra?

Era um prédio muito bonito onde grandes filmes eram exibidos, grandes espetáculos de teatro eram trazidos para Bom Conselho. A sociedade comparecia em massa e os grandes momentos ficavam por conta dos filmes de Elvis Presley, Sarita Montiel e outros dramas,quando a juventude comparecia para copiar os modelos das roupas, os ritmos alucinantes, e até mesmo a choradeira no final da fita, quando a mocinha ficava junto de seu herói após grandes sofrimentos.
No entanto, por conta de uma administração municipal, sem visão, este prédio foi destruído dando lugar a prédio muito simples, que seria o Mercado de carne.
Nosso jovem não era diferente dos outros, acompanhava a moda, dançava e cantava as canções de sucesso nas serenatas; á janela de sua amada. Costume este conservado até a década de 70, sendo os últimos seresteiros Paulo de Tarso Albuquerque (Paulo índio), Pedro Ramos( Dodô), que encantavam nossas noites de lua, fazendo solo para as vozes dos boêmios Antonio Vila Nova ( Tonho Raul ), Alexandre Canuto e outros que acompanhavam ás vezes bem desafinados, mas entre uma cerveja e outra era valido para declarar um grande amor ou uma grande fossa.
Com evolução da cidade, a sede social do clube dos 30, tornou – se insatisfatório e o idealismo de seu presidente na época, sr. Marne Geordemar Urquisa, fez com que lutasse e conseguisse uma nova sede, que veio a satisfazer a expectativa da sociedade. Na planta original já existia um parque aquático que foi realizado posteriormente na gestão do sr. José Maria Tenório Taveira, com o apoio de muitos bom-conselhenses
A inauguração da nova sede se deu no carnaval de 68 quando se cantava a marcha:
“Esse amor de carnaval,
Durou uma canção,
Foi uma serpentina partida,
Que você jogou no salão”...
E assim, como uma “serpentina”, a vida de Marne foi partida inexplicavelmente, quando disputava as eleições de prefeito em 1982.
Atualmente a vida social de Bom Conselho cresceu bastante, apesar das crises, tendo inclusive a sede social do clube dos 30, passado por um leilão, por conta de uma divida trabalhista, sendo recorrido e tornado o leilão sem efeito, em junho de 92, tente se erguer e sobreviver para continuar proporcionando momentos de alegria e prazer em seus associados e visitantes. Tudo foi possível graças ao amor que os filhos de Bom Conselho tem por nossa, cada um de seu jeito, participando da forma que teve condições.
Lado a lado temos a Associação Atleticana Banco do Brasil, que participou de modo brilhante com boas instalações, uma bela quadra coberta, duas piscinas e um salão de festas muito bom.
A população prestigia a nossas associações se fazendo presente a cada evento produzido.

OS CARNAVAIS DO PASSADO

Desde os primeiros tempos, Bom Conselho sempre foi terra dos grandes carnavais, acompanhou a programação das grandes cidades, os rapazes e as moças se organizavam em blocos carnavalescos, realizavam batalhas de confetes, elegiam a rainha do carnaval, que desfilava em carro alegóricos. Ainda hoje os mais idosos e os contemporâneos falam da beleza das suas rainhas.
Em 1958 a coroa ficou com a beleza de Miriam Vieira Belo, hoje sra. Juarez Tenório, que herdou de sua mãe a beleza; em 1956, a coroa foi para a cabeça de Fanife Ferro, hoje sra. Severino Tenório Pinto, que foi reeleita em 1959; Este ano seguindo a tradição a coroa e a faixa esta com a bonita e a jovem Milena Urquisa, eleita rainha do carnaval centenário (1992).
Mas nem só de beleza se fez o carnaval de Bom Conselho, desde o aparecimento do vai ou racha, a festa do momo sofre grandes modificações. O centro Lítero que naquele tempo já se tornara um salão dançante, já promovia grandes carnavais, estava feita a concorrência, qual dos dois deveria fazer o melhor carnaval.

Surgiram os desfiles dos blocos, pelas ruas, os que mais se destacaram eram:
- Vai ou Racha; A rosa; A nega da costa; O leão do norte; as moreninhas; O Macaiba; O Paga nada; O bola de ouro: vai quem pode; e o infantil, O amigo da onça.
Todos eles apresentavam um verdadeiro show. As moças e os rapazes se organizavam e faziam grandes fantasias, toda cidade participava, cada um dentro do grupo social que pertencia. Os fazendeiros também participavam de forma característica, enfeitavam os cavalos, se caracterizavam e dava seu desfile, á tarde, junto com as agremiações.
Das festas do modo foram surgindo os grandes carnavalescos, os mais comportados outros mais excêntricos, irreverentes, como foi o caso de Frederico (coveiro do cemitério) criador da tiririca, que desfila até hoje, sua forma autentica, acompanhado por sanfoneiro, invadem as ruas assustando crianças e deixando os adultos curiosos com os tipos extravagantes, por eles compostos.
Dos blocos dos sujos que saiam pela manhã, a turma do funil, aglomerava as moças e rapazes da sociedade; e dos casais, determinava a condição essencial para fazer parte do mesmo era ser casado e se fazer acompanha do cônjuge.

OS CARNAVAIS ATUAIS

Apesar de pequenas modificações, os carnavais ainda conservam características básicas. Pela manha os blocos de sujos invadem a cidade, hoje com novas denominações. As caveiras (o maior deles); O xipe; Ajamé; Poca oio; Vambora amar; Padeiros; Fuscão preto e outros, que movimentam a cidade com o tradicional mela – mela.
Apenas o clube dos 30 realiza bailes e matinês carnavalescos, sempre muito animados, todas as famílias se dirigem aos seus salões onde se brinca durante quatro noites com muita animação.
Em 1990, tivemos dois bonecos que resgataram dois personagens carnavalescos, o Zé pelo sinal, que foi homenageado pelo Zé do boné, e a nega da costa, que homenageava as grandes folias, que arrastaram pelas ruas da cidade um grande numero foliões, durante o tríduo carnavalesco daquele ano.
Sempre á tarde o espetáculo fica por conta do desfiles dos blocos carnavalesco e as escolas de samba Vera Cruz, pertencente ao Vera cruz futebol clube, que participa ativamente da vida social cultural, com presenças marcadas nos eventos locais.
Dentre os blocos carnavalescos que desfilam á tarde, os mais importantes são:
(Fuscão preto;O vencedor;Os padeiros;Os artista,apresentando suas fantasias simples, mas com muita alegria, na preservação de nossa cultura e a escola de samba “Unidos do Vera Cruz”.
OS GRANDES ARRAIAIS
O período junino em Bom Conselho e outro período de destaque na vida social.
Iniciamos o Ciclo junino com a festa dos casais, festa realizada pela escola frei Caetano de Messina, onde são convidados os casais que destacam na vida sócio – econômica da cidade. E um sucesso. Muitos casais aguardam com ansiedade para participar com muito entusiasmo. É um dos grandes acontecimentos sociais vividos atualmente.
Nesta gestão municipal de Gervásio Matos, surgiu o lado popular das festas juninas. Utilizando a quadro de esportes Otavio Gonçalves, onde muitas quadrilhas de rua desfilam a tradições e animam os festejos, a do Vera Cruz se faz presente e se destaca devido à característica primitiva do folguedo e quase sempre se faz vencedora. Terminada cada apresentação, a população toma conta do grande palhoção e das barracas de comidas típicas, durante a segunda quinzena de junho.

OUTROS ACONTECIMENTOS SOCIAIS

A vida social também se confunde com a vida religiosa da cidade, de uma vez que os acontecimentos religiosos tomam o impulso e atraem pessoas de outras localidades, alguns bom-conselhenses, outros, apenas pessoas que querem participar destes eventos.
Freqüentemente fatos isolados assumem a projeção de acontecimentos sociais, quando reúnem – se pessoas em torno de alguns eventos como casamentos, formaturas, concurso de beleza. Bom Conselho foi conhecida como a “Terra de Mulher bonita”, sendo destaque até hoje, a beleza das jovens. Nos anos 30, Berenice Vieira Belo- miss Bom Conselho- 34; Marluze Urquisa – Miss Bom Conselho-68; Tereza Benjoino a mais bela estudante anos – 60; Miriam Vieira Belo e Fani Ferro que dividiram as glórias dos carnavais dos anos 50.
Atualmente temos as faixas de beleza nas mãos das jovens: Flávia Claudine Miranda Ferro – garota bom-conselhense; Michelly Tenório Paes – Garota verão; Michelle Tenório Benjoino de Moraes – A mais bela estudante – 92; Milena Urquisa Galvão- Rainha do carnaval –92.
O sete de setembro, a festa da Independência em Bom Conselho é um acontecimento social, pois os desfiles da escola são tão produzidos que de cívico fica bem pouco. O mais alto e esperado é quando as balizas entram em cena. Desde o tempo do são Geraldo, quem não se lembra da 1ª. Baliza, Marluce Urquisa, “fechando” a cidade em 62 desfilava em frente da Banda Marcial, totalmente masculina?
Há trinta anos que no dia sete de setembro as escolas de segundo grau, sejam particulares ou da rede oficial (estadual e municipal), compondo um corpo de ginástica rítmica orientada e seguindo os ensinamentos da Professora Leda Cavalcanti, apesar de já não morar em Bom Conselho deixou seu legado sendo transmitida anos após ano por alunas que se dedicam a este trabalho.
E assim no dia da pátria, já não e tão cívico e sim um acontecimento social. Da antiga festa resta o desfile da Maçonaria – Loja Segredo e Caridade - que da um toque solene aos festejos cívicos, da festa da Independência.

ECONOMIA MUNICIPAL

Durante a criação da fazenda e o povoado de Papacaça, tudo era produzido num verdadeiro estilo feudal, apenas eram comprados sal e tecidos. Entretanto desde os primórdios as atividades ligadas ao setor primário foram as mais que se destacaram, conservando as raízes até os dias atuais.
Nas décadas de 30,40 e 50 nossa cidade dispunha de farta agricultura e pecuária chegando a pesar na economia do Estado. Levados por esta produção, o comércio era de boas proporções chegando a abastecer alem da região, boa parte dos sertões de alagoas. Aqui era vendida a maioria dos viveres daquele povo.
Com o desenvolvimento da cidade vizinha Garanhuns a chegada a estrada de ferro até ela, o comercio daquela cidade prosperando dia a dia, deste lado problemas políticos internos se agravando, prejudicando o desenvolvimento local, tudo isso provoca uma grande evasão dos nossos compradores que ate então favoreciam o nosso comercio, esta pena pagamos até hoje pois os nossos consumidores preferem comprar em outra cidade, levando nossa riquezas embora a investir no comercio local. Alegam a falta de opção, falta de condições e outras coisas mais. De real só temos que a cada cruzeiro saído de nossa terra é mais um cruzeiro somado nas riquezas da outra cidade.
Posteriormente com a queda da agricultura, o município passou a se dedicar mais a pecuária, criando gado, especialmente de vacas leiteiras, transformando a região anteriormente agrícola, com boas fazendas de café, milho, feijão e outras culturas, em cercados de capim, palma e outros pastos destinados a alimentação dos rebanhos, provocando mesmo uma transformação em nossa vegetação.

MAIOR BACIA LEITEIRA DO ESTADO

Com o aumento da pecuária, as grandes vacarias vão surgindo, conseqüentemente o leite passou a ser nossa maior fonte de renda. Muitos fazendeiros industrializavam e industrializavam até hoje, de forma artesanal em suas próprias fazendas. Ali é fabricado o queijo de manteiga, ou requeijão; o queijo de coalho e a manteiga, entre eles destacam-se alguns da família Ferro, que desenvolvem esta atividade há quase cinqüenta anos, passado de geração a geração.
No entanto o maior destaque é para o sr. José Galdino Alves, que de simples fabrica na fazenda Santa Maria, no ano de 1947, transformou nossa cidade na maior bacia leiteira do estado, poucos anos depois.
Em sociedade com algumas pessoas do Recife, surge os lacticínios Santa Maria, respondiam pela administração os três sócios majoritários, sr. Antonio Eduardo M. Simões; sr. Alberto Eduardo M. Simões sr. José Galdino Alves, sr. Arnaldo da Silva Regatas e o chamado Dawsk, estes últimos representavam pequena parte do capital.
Do grupo só sr. José Galdino é bom-conselhense; homem simples, de poucas letras, porém de uma visão futurista, progressista batalhando e muito trabalhador que logo impressionou aos seus sócios pela capacidade administrativa. Foi daí que surgiu a época de ouro do leite em nossa terra.
A santa Maria, como era identificada, iniciou sua produção em torno de 10 toneladas por semana, recebia toda produção leiteira da região. Tempos depois expandiu – se para o vizinho Estado de Alagoas e abriu uma filial em batalha, então maior bacia leiteira do seu estado. Estava formando o intercambio entre os dois estados.
Com a produção aumentada passamos a fornecer nossos produtos de São Paulo a Manaus, chegando a uma produção diária de 15 toneladas.
Quando em 1974, por problemas internos foi dissolvida a sociedade, passou Bom Conselho a contar com mais de uma centena de pessoas desempregadas e nos outros núcleos Recife, Salvador e Batalha o restante totalizando em quatrocentos o total de desempregados.
Fechada a única industria de representação, estamos com uma agricultura sem significado e com uma produção de leite sem consumo, surgem algumas pequenas fabricas, que vieram a fechar posteriormente por falta de estrutura, capital de giro e outros problemas. Torna – se difícil a situação para os produtores que recorrem ao Governo do Estado um posto de resfriamento de leite da CILPE, que permanece até hoje, somado a mais outros dois, o da Betânia (Vale Dourado) r o posto da cooperativa de Produtores de leite do santo Antonio, organizada pelos próprios, a fim de buscar uma saída para o seu produto.

NOVAS PERSPECTIVAS ECONÔMICAS

Com a mudança do governo municipal, assumindo a Prefeitura o sr. Gervásio Cavalcanti de Matos uma nova perspectiva surge para os bom-conselhenses. Levados pelo idealismo do atual prefeito, surgem novas esperanças com o inicio do distrito de nossa cidade. É feita uma campanha apelando aos conterrâneos de posses, que invistam em nossa região, canalizando recursos para nossa terra.
Segundo o mesmo, o seu maior sonho é montar uma industria em Bom Conselho. Para isso já construí a parte estrutural e aguarda a liberação do projeto pela sudene, Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste para montagem de uma industria de tubos de Pvc e de roupas de malhas.
Concluído este projeto, irá gerar mais de 100 empregos diretos; outros 100 indiretamente; outras perspectivas na busca de sócios para construir um hotel, que faz parte do projeto político elaborado pela SUDENE, para explorar os nossos recursos turísticos, que só poderá existir após a construção do referido hotel.
Existe ainda uma expectativa muito grande em torno do desenvolvimento econômico,de uma vez que foi criado através de Lei Municipal o parque industrial, oferecendo incentivos fiscais, assegurando a construção de mais duas empresas. É cogitada também a construção de uma fabrica de Vitamina C, a base de batata doce, no distrito de Rainha Isabel, com a participação da prefeitura, população e o grupo estrangeiro.
Concluído estes projetos vamos verificar que após o Centenário, nosso município terá uma outra vida econômica, passando a viver de outra forma neste segundo século, com maior numero de empregos, pois há cinco anos atrás, a nossa oferta de empregos diretos. Concluindo o Parque industrial nos teremos uma vida econômica ideal, onde o bom-conselhense passará a crê mais em si próprio, em seu potencial e em sua capacidade empresarial e política, para fixar o nosso povo em nossa terra.
Esperamos que o comércio cresça e volte a abastecer a nossa terra; que nossa gente se compromete a consumir aqui e não continua enriquecendo as cidades vizinhas que não nos valorizam e não nos prestigiam.

EVOLUÇÃO POLÍTICA

Em 1712 chega o português Manoel da Cruz Villela, se estabelece, constituiu uma família iniciando o povoado através de seus descentes Antonio Anselmo da Costa Villela e Joaquim Antonio da costa, possivelmente filho e neto respectivamente do patriarca Manoel da Cruz Villela, vindo mais tarde a assumir o patriarcado da família. Em 1825 foi construída a primeira capela, a mando de Matias da Costa Villela, sob a invocação de Jesus, Maria e José, e em 12 de junho de 1837, pela Lei nº45, foi elevada a freguesia sob a denominação de Papacaça, tendo o seu primeiro vigário padre João Clemente da Rocha.
Em 25 de junho de 1848 pela Lei Provincial de nº204, o território dessa freguesia foi anexado ao território dessa freguesia foi anexado ao território de correntes. A 30 de maio 1849, por efeito da Lei Provincial nº239, volta a freguesia a sua primitiva sede,restaurando – se em sua plenitude pela Lei Provincial nº246, de 30 de Abril de 1860, quando Papacaça foi elevada a categoria de Vila, com a denominação de 1861 foi inaugurada a Vila de Bom Conselho, denominação dada por Frei Caetano de Messina. Em 07 de junho de 1872 foi criada a comarca de Bom Conselho, pela Lei Provincial nº157. O decreto 5.004, de 10 de junho de 1872 considera a comarca de primeira Entrância e o Decreto 5.139, de 13 de novembro do mesmo ano nomeia o Dr. João Vieira de Araújo, primeiro juiz de direito.
Em 03 de agosto de 1892, pela Lei Provincial nº52, determina o prazo. Para a distribuição do município autônomo. E a 28 de dezembro de 1892 constituiu – se município autônomo tendo sido seu primeiro prefeito o coronel Augusto Martiniano Soares Villela; sub-prefeito: Francisco Teixeira de Macedo e o conselho Municipal: Tenente Cândido Carlos da Costa Villela, Antônio Idelfonso da Silva Amaral, Capitão Tude Pinto Costa, Joaquim Vieira de Souza e tenente João Tenório Mascarenhas.