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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COISAS QUE A GENTE SABE, MAS NÃO ACREDITA





Por Carlos Sena (*)

O ser humano é complexo e isso o torna maravilhoso. Dentro desse prisma, não me cansa observar as nossas contradições acerca da vida no geral e da felicidade no particular. Ser feliz é o que se quer (Ah esse maldito fechecler?), mas a gente não se desliga completamente de certas coisas, até que elas mesmas aconteçam. A gente sabe, por exemplo, que tudo tem seu tempo certo. Sabe que o tempo é quem dá respostas para perguntas que não fizemos; sabe que não existe acaso e, desta forma, tudo na vida tem um preço, um apreço e fim. A gente se trucida por dentro querendo resolver coisas que não dependem de nós dentro do nosso “tempo”, esquecendo que as coisas têm os tempos delas. A gente, muitas vezes tem essa consciência bem clara, mas não a dominamos ao ponto de não sofrermos diante dos fatos contrariados. Assim, temos que, aos poucos ir moldando a vida e as emoções sem “peitar” o que não depende de nós ou que, mesmo dependendo, tem um tempo específico de espera pra ser cumprido noutros vieses etéreos...

Ignorar que a vida tem relação direta com os movimentos cósmicos, magnéticos, energéticos, etc., é ir contra uma realidade que se apresenta todo dia em nossa frente. Talvez isto para muitos seja ainda “relativo”, ou “coisa de religião”, mas não é. Afinal, a vida não é “só isso que se vê, é um pouco mais”... Para aqueles que têm positivamente essa consciência, os fatos nem sempre são compreendidos nos seus tempos, ou seja, ainda provocam angústia e até desespero, porque há “coisas que a gente sabe, mas não acredita”. A gente sabe do tempo, sabe que as coisas não acontecem por acaso, mas mesmo assim não deixamos de ficar incomodados com alguns acontecimentos sobre os quais a gente gostaria de modificar, mas não pode. O tempo das coisas é o tempo delas; o nosso é o nosso. O tempo dos dois vai acontecer subjetivamente quando a gente menos esperar. Respostas que a gente queria num tempo e vem num outro; amores que não chegam num tempo, chegam noutro; pessoas que nos deixam num tempo, mas nem sempre chegam noutro e por ai vai.

Assim, diante de certas situações de conflitos interpessoais o melhor remédio é deixar que o tempo se encarregue de nos dá as respostas. Há ocasiões em que dizer que não disse não adianta; como não adianta também dizer para alguém APAIXONADO que seu amor não é pessoa correta. Porque diante de várias versões há perversões, jogos condenáveis de Inter-pessoalidade. Por isso, melhor aguardar e, como dizem no meu Nordeste: “o apressado come cru”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 07/01/2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

FUTEBOL x AGRESSÕES





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

O futebol está perdendo o entusiasmo do torcedor ordeiro. A bagunça e a violência estão ocorrendo em todos os recantos do País, principalmente em nosso querido Estado de Pernambuco. As noticias são assustadoras. Em todos os jogos acontecem agressões, crimes, com as transloucadas torcida, que se dizem ORGANIZADAS, no meu entender DESORGANIZADO. Há muito tempo, fui assistir a um jogo do meu querido SPORT CLUB DO RECIFE, em uma noite enluarada. O estádio cheio de torcedores vibrantes, com bandeiras e com os seus gritos de guerra. Os gritos e os aplausos eram sentido por todos que assistiam a peleja Sport e Náutico. O Sport venceu a partida, mas a torcida nos encurralou.  Nas ruas adjacentes do estádio e na Praça do Derby os grupos de torcida organizada JOVEM se enfrentavam com correrias pelas ruas com paus, pedras e socos e pontapés, fazendo que todos que estavam nestas imediações se protegessem.  A policia age. As sirenes das viaturas policiais quebravam o silencio da noite. Prendia.  Levava os arruaceiros em fila indiana em grande numero de vândalos, para pátio do Quartel Geral, mas o que fazer, soltava depois e ai a bagunça começava novamente pela Avenida Conde da Boa Vista. Os ônibus eram depredados, com chutes e batidas com paus na lataria, amassando. A gritaria ensurdecedora e os palavrões na ordem da noite. Apanhei ônibus mais ou menos as vinte e três horas e trinta minutos no Derby. O ônibus cheio com torcedores, fantasiados a gritarem. Por coincidência tinha um torcedor da FANAUTICA, sentado e encolhido nas últimas cadeiras. Quando estes torcedores do meu time SPORT deram com a sua presença, queria lincha-lo, joga-lo do ônibus abaixo. Foi aquele sufoco. Uns queriam outros não. E ai foi uma batalha entre eles, torcedores do SPORT, socos e pontapés no interior do ônibus, não respeitando as pessoas que iam para casa após um dia de trabalho. O medo tomou conta do coletivo. Um cidadão aperreado pediu ao motorista que parasse em uma Delegacia a fim de contornar aquela situação. Quando o motorista ameaçou parar foi contido por dois jovens lhe ameaçando. E ai a pergunta: quando teremos paz nos estádios? Acredito que a cada dia a violência toma conta de toda a população. Não existe policia que dê jeito. São milhares de pessoas que saem dos estádios em direção a suas residências, apenas contem àqueles vândalos que estão mais próximos. Estas gangs se reúnem e deixam passar o alvoroço para depois tomar conta do “pedaço” e fazer as suas atrocidades. Quantas pessoas inocentes já não foram agredidas e mortas em jogos de futebol? Cada dia os jornais e a televisão nos mostra este acinte que sofrem as pessoas que vão aos estádios se divertir, saem penalizado com algum tipo de agressão, parando em hospitais e no cemitério. Agora mesmo, o Juiz determinou que as torcidas organizadas não pudessem entrar nos estádios uniformizados. Será que vai valer? Acredito que não. A confusão vai continuar. Ao término de cada partida, mesmo sem uniforme padronizado, se organizam pelas ruas e praça para se agredirem e a aqueles que ali estão presentes. No meu pobre entendimento, deveria estes marginais que agridem e fazem confusão passar pelos menos quatro meses em prisão e depois ser sentenciados a prestarem serviço em locais públicos, mesmo assim a justiça não permite.  Eu por exemplo não irei mais a nenhum estádio, prefiro ficar em casa e assistir pela televisão, quando é transmitido, tomando um aperitivo e um tira gosto é mais seguro. Minha mãe, Nedi de saudosa memória aconselhava aos seus filhos – “Boa romaria faz que em sua casa esteja em paz”. Estou seguindo o conselho e seguirei sempre o conselho de mãe e dos mais velhos, eles são proféticos. 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Resultado de nossa enquete - Uma análise muito simples





Por Zé Carlos

Realmente Bom Conselho respira política, e isto é notado em nosso Mural, em que não param os elogios, críticas, comentários e análise sobre nossa vida neste campo. E bastou uma simples enquete perguntando a respeito do desempenho do jovem Danilo Godoy, em seus primeiros dias como prefeito, para que isto ficasse constatado.

Foram 194 votantes, o que para os padrões do nosso blog é um número expressivo, levando em conta o fato de que não temos nenhuma política explícita de arrebanhar seguidores e nem campanhas para que nos acessem. De uma forma ou de outra as enquetes animam os blogs de maneira geral e continuaremos a fazê-las, e aproveitando o interesse de nossa cidade pelos nossos políticos e pelo que os políticos de fora fazem que afetam Bom Conselho.

É um erro pensar que um blog local, como nos consideramos para cidade de Bom Conselho, não possa tratar de assuntos mais abrangentes do ponto de vista espacial, e a prova disto é que uma de nossas páginas mais visitadas é a Deu nos Blogs, onde tentamos aliar como fontes, blogs locais e nacionais, com notícias até mesmo do exterior.

O bom-conselhense sempre foi um curioso nato e isto independe de onde ele esteja. Ainda somos todos filhos da Cidade das Escolas e uma grande porção estudou no Ginásio São Geraldo, que garantiu e nos deu, a quase todos, o segredo da vitória. Ou seja, gostamos de aprender e de nos informar sobre tudo, pelo menos na minha geração. E o que podemos fazer em prol das novas gerações é manter esta vontade de aprender.

Passaremos, em nossas enquetes a abordar questões maiores, espacialmente falando, e que envolvam fatos relacionados a nossa vida política. E desde já agradecemos aos que votaram em nossa enquete atual, sobre a qual sentamos aqui para comentar o resultado, mas, está difícil. Vamos lá então.

Perguntamos em nela: “Como você avalia os primeiros dias do governo de Danilo Godoy?

O resultado foi o seguinte:

Excelente  49 (25%)
Bom  8 (4%)
Regular  15 (7%)
Ruim  27 (13%)
Péssimo  95 (48%)

É muito difícil analisar um resultado de uma enquete, em blogs, sem chamar atenção para suas limitações e também para as diferenças de uma pesquisa estatística mais elaborada. Para os estatísticos a principal falha das enquetes como a nossa é que não podemos estimar o que eles chamam de “margem de erro”. Ou seja, no ramo da Estatística ninguém está absolutamente certo nem absolutamente errado. Tudo depende das margens de erros e das probabilidades que ela envolve.

No entanto, mesmo que não tenhamos margens de erro “a priori”, os seus resultados nos deixam lições de como algumas pessoas estão vendo e avaliando a administração do Danilo Godoy. E pelos resultados, não podemos inferir que haja uma boa avaliação dos seus primeiros meses.

Quando acontece isto, o analista começa logo a procurar as causas desta avaliação e todas, da distância em que nos encontramos sãohipóteses, e muitas vezes que nem podem serem comprovadas, embora algumas possam ser.

A primeira, e penso que seja a mais forte, é que é muito difícil se verificar resultados bons em apenas 2 meses de governo. Muitos dos votantes no entanto, não devem ter considerado isto como válido, ou ter levado em conta o que se pode e o que não se pode fazer neste período.

Outra hipótese que sempre levanto em todas as enquetes, e é também verdadeira, é que ela não é representativa dos bom-conselhenses, pela discriminação que ainda existe em relação ao acesso à internet. Então não adianta chegar e dizer que 61% dos bom-conselhenses consideram os primeiros dias do prefeito como “ruim” ou “péssimo”, isto pode ser verdade, mas, não temos nem margem de erro para dizer o quanto.

Dentro do aspecto político não é bom o resultado para o Danilo, e aqui, minha postura é apenas como a de um político aristotélico, sem maiores interesses concretos na política local. Mas, o que prometemos é que enquetes posteriores procurarão sondar os bom-conselhenses em outros períodos de governo, esperando que as coisas melhorem para ele e para a cidade.

O que notamos no resultado, que acompanhamos ao longo dos 10 dias em que a enquete esteve no ar foi uma polarização entre o “péssimo” e o “excelente”, e nestes casos não dá para deixar de observar o viés políticos dos votos, depois de uma eleição ainda recente.

Esperamos que nas próximas, o eleitores já tenham guardado seus títulos e já estejam vendo o resultado da administração do Danilo em sua vidas.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A verdade sobre o Programa Bolsa Família




Por Zezinho de Caetés

O texto que abaixo transcrevo, eu vi primeiro no Deu nos Blogs, uma coluna desta AGD que vem acertando em cheio em suas escolhas de publicação. É do Carlos Alberto Sardenberg, publicado originalmente em O Globo de 21/02/2013 (“A bolsa é para a escola”).

Eu o achei um dos melhores escritos dos que foram escritos sobre o Programa Bolsa Família, tanto na parte informativa como na análise técnico/política.

Ele mostra que o programa em si não é uma novidade e nem uma criação do PT nem do Lula. Se quisermos escolher um único introdutor dele aqui no Brasil, eu diria que o “culpado” por isso é o Cristovam Buarque. E veja as aspas no culpado.

Isto porque ninguém de bom senso pode ser contra a um programa que visa matar a fome de quem dela é possuidor, sem ser um voluntário para isto (eu respeito os jejuadores e faquires). E é esta universalidade ou talvez unanimidade ou consenso sobre ele, que, contraditoriamente, traz os maiores de seus problemas. Como o programa é bom, todos querem ser o seu pai ou sua mãe.

Eu me lembro de médicos que ao prestar seus serviços aos mais pobres, eram tidos, em meu interior, como verdadeiros deuses e até mesmo santos. Desta adoração para a câmara de vereadores e prefeitura e para a política em geral era um curto passo. Juscelino e ACM, por exemplo, não me deixam mentir. Isto acontece quando alguém é ungido pela comunidade como o pai do Bolsa Família. E o meu conterrâneo Lula, atualmente, é tido como este pai, e está tentando colocar a Dilma como a mãe. Fora, é claro, os centenas de milhares de pais e mães postiços, que andam por aí.

Os candidatos de oposição, por não poderem fugir do programa, ao invés de tentar desmistificar isto, esclarecendo a população de que o programa não tem dono, nem pai, nem mãe, buscam se transformar em pai adotivo dele, o que não vem dando certo nos últimos tempos, e o PT bolsista continua no poder.

E, ainda pior, é que aquele que é considerado o pai do programa, já foi o seu maior crítico. Vejam o filme no final deste texto que segue, e o vejam até o final, para ver quanta desfaçatez.

Antes disso eu queria trazer a brilhante conclusão do artigo, para que aqueles que não cheguem ao seu fim tenham pelo menos um resumo da obra do Sardenberg:

“E QUER SABER? TER TODOS OS POBRES RECEBENDO DINHEIRO DO GOVERNO NÃO SIGNIFICA QUE ACABOU A POBREZA. É O CONTRÁRIO, É SINAL DE QUE A ECONOMIA NÃO CONSEGUE GERAR EDUCAÇÃO, EMPREGO E RENDA PARA ESSA GENTE. O FIM DA POBREZA DEPENDE DE DOIS OUTROS INDICADORES: CRIANÇAS E JOVENS NAS ESCOLAS E QUALIDADE DO ENSINO.”

Agora fiquem com o escrito completo, enquanto eu vou fiscalizar como andam as crianças da faxineira de Lucinha Peixoto na escola.

“Os programas tipo Bolsa Família nasceram no âmbito do Banco Mundial ─ e aqui no Brasil com o trabalho de Cristovam Buarque ─ com base numa teoria precisa.

O primeiro ponto foi a análise, em diversos países, dos programas que entregavam bens e serviços diretamente às famílias pobres (alimentos, roupas, remédios, material escolar, instrumentos de trabalho etc). O governo comprava e distribuía.

Já viu. Havia problemas de eficiência e de corrupção. Estudos mostraram que, do dinheiro aplicado na América Latina, a metade se perdia na burocracia e na roubalheira.

Melhor mandar o dinheiro direto para as famílias. Mas isso bastaria? A resposta foi não, com base na seguinte avaliação: as famílias não conseguem escapar da pobreza porque suas crianças não frequentam a escolas. E não frequentam porque precisam trabalhar (na lavoura ou nas cidades, caso dos meninos) e cuidar dos outros irmãos, caso das meninas. Apostando que crianças com educação básica têm mais oportunidade de conseguir empregos bons, a ideia é clara: é preciso pagar para as famílias manterem as crianças na escola. Daí o nome oficial do programa no Banco Mundial: Transferência de Renda com Condicionalidade. O cartão de saque do dinheiro contra o boletim escolar.

Parece óbvio, mas houve forte debate. Muita gente dizia que pais e mães gastariam o dinheiro em cachaça, cigarros, jogos e coisas para eles mesmos, usando os filhos apenas como fonte de renda. O bom-senso sugeria o contrário. As pessoas não são idiotas nem perversas, sabem do que precisam.

Havia também uma crítica política, curiosamente partindo da esquerda. Dizia que distribuir dinheiro era puro assistencialismo, esmola e, pior, prática eleitoreira dos coronéis para manter o povo pobre e ignorante. Mas essa é outra das teses que a esquerda no poder jogou no lixo.

O fato é que se começou com programas experimentais na América Central, com patrocínio do Banco Mundial, e funcionou muito bem. Nos anos 90, a ideia se espalhava pela América Latina. No Brasil, com o nome de Bolsa Escola (designação introduzida por Cristovam Buarque) apareceu em 1994, em Campinas, e logo depois em Brasília (com Buarque governador). Foi ampliado para nível nacional no governo FHC, em projeto liderado por Ruth Cardoso. Surgiram ainda por aqui programas paralelos, como vale-transporte e bolsa gás. Lula juntou tudo no Bolsa Família, que passou a ampliar.

Não se trata, pois, de dar dinheiro aos pobres. Se fosse apenas isso, seria mesmo caridade pública sem efeitos no combate duradouro à pobreza. Trata-se de colocar e manter as crianças na escola, ou seja, abrir a oportunidade para esses meninos e meninas escaparem da pobreza.

No México, aliás, o programa chama-se Oportunidades e o dinheiro entregue à família aumenta na medida em que a criança progride na escola. Vai até a universidade. Há também uma poupança depositada na conta de crianças, que podem sacar o dinheiro quando se formam no ensino médio.

Em muitos lugares, há limitação no número de bolsas por família, com dois objetivos: estimular o controle da natalidade (ou reduzir o número de filhos) e desestimular a acomodação dos pais. Também se introduziram outras condicionalidades, como a frequência das mães nos postos de saúde, especialmente para o acompanhamento pré-natal e parto, e das crianças, para as vacinas. Ao boletim escolar acrescenta-se a carteirinha do ambulatório.

Resumindo, o programa funciona no curto prazo ─ ao dar um alívio imediato às famílias mais pobres ─ e no médio e longo prazos, com a escola.

Mas há uma tentação perversa. Como o programa funciona imediatamente, assim que a família recebe o primeiro cartão eletrônico, há um estimulo para que os políticos se empenhem em distribuir cada vez mais bolsas. É voto na veia. Ao mesmo tempo, esse viés populista desestimula a cobrança da condicionalidade. Pela regra, se as crianças desaparecem da escola ou não progridem, a bolsa deve ser cancelada. Mas isso pode tirar votos, logo, é melhor afrouxar os controles.

Resumindo: há o risco, sim, de um belo programa social se transformar numa prática populista. Quando os governantes começam a se orgulhar do crescente número de bolsas distribuídas e nem se lembram de mostrar os resultados escolares e índices de saúde, a proposta já virou eleitoral.

E quer saber? Ter todos os pobres recebendo dinheiro do governo não significa que acabou a pobreza. É o contrário, é sinal de que a economia não consegue gerar educação, emprego e renda para essa gente. O fim da pobreza depende de dois outros indicadores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino.”


sábado, 23 de fevereiro de 2013

ACADEMIA PESQUEIRENSE DE LETRAS





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Varias cidades do nosso Pernambuco, criaram na comunidade um centro cultural onde por eles transmite a cultura e as atividades do Município entregando-se a rede social de comunicação. Cidades como Caruaru, Garanhuns, Petrolina, Belo Jardim, Pesqueira, Serra Talhada, Abreu e Lima, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e tantas outras, membros intelectuais da cidade formam um grupo para divulgar aos quatro cantos do mundo sua imagem e a sua cultura. Na GAZETA nº 325 edição de 16 a 30/11/2012, pagina 4 - nosso querido informativo das atividades sociais, políticas e religiosas, da nossa querida cidade, encontrei uma matéria que nos deixa sensibilizado e orgulhosos a - II SEPLA – SEMANA PESQUEIRENSE DE L ETRAS E ARTES, dirigida pelo nosso querido conterrâneo SEBASTIÃO GOMES FERNANDES, Presidente da ACADEMIA PESQUEIRENSE DE LETRAS E ARTES onde expressa: - A SEPLAN é um movimento literário criado pela nossa ACADEMIA e tem como objetivo propiciar a egrégia sociedade pesqueirense, aos admiradores das letras e artes, aos nossos estudantes e a nossa comunidade, momentos e oportunidades de descontração e de conhecimento literários e artísticos, disse o Presidente da Academia - e acrescenta – contribuir com idioma nacional, cultivando-o e estimulando o estudo e o ensino; estimular e cultivar a produção literária e artística dos seus membros; fomentar e estimular as artes plásticas e cênicas, a produção música, áudio visual e o artesanato; cultivar e estimular o estudo da memória e da historia Pernambucana e, sobretudo, dos municípios que fazem parte da nossa jurisdição; manter intercâmbio cultural e social com entidades congêneres a exemplo do que estamos fazendo neste conclave com a nossa coirmã ACADEMIA BELOJARDINENSE DE LETRAS E ARTES.

 E bom que se diga Bom Conselho não pode ficar de fora desta irmandade. Repito, não pode e não deve!  Temos gente valorosa que detém o vigor das letras e de uma intelectualidade que esbanja sabedoria. Por que não planejar a criação de um espaço onde se possa dialogar, informar as nossas atividades literárias? Em nossa querida cidade existe um extraordinário numero de escritores e de poetas. E as artes? Apresenta-se na cidade uma gama extraordinária de artesãos. Como ficar as escondidas em divulgar os nossos trabalhos literais e privar a sociedade destes trabalhos e conhecimento, são um passo que não deve ser evitado. Quantos escritores renomados têm o nosso Bom Conselho? Alguns desenvolvem trabalhos maravilhosos em outras comunidades, mas que não esquecem o seu torrão natal e, podem muito bem contribuir na formação da ACADEMIA BONCONSELHENSE DE LETRAS - ABCL. Já é tempo de arregaçar as mangas, e elaborar um PROJETO de divulgação da nossa cultura, da nossa cidade, os seus pontos turísticos. Como perpetuar o nome daqueles que deram a vida e contribuíram com engrandecimento da nossa cidade, para as novas gerações, se não temos um espaço de dialogo e discussão sobre a vida destas personalidades? Estas personalidades já são e será para a população jovem uns eternos desconhecidos. Uns ainda ouvirão o eco “eu já ouvi falar”, outros “quem foi” e outros ainda, “porque dar o nome de pessoas ou datas as ruas, avenidas e praças com nomes de pessoas que os moradores ignoram o que foram para a comunidade”? É tempo de resgatar este precioso acervo que é visto diariamente pela população. Tenho certeza que brevemente, alguém levantará a bandeira para a criação da nossa ACADEMIA BONCONSELHENSE DE LETRA – ABCL, e assim possamos ser conhecidos em todo território nacional como a CIDADE DAS ESCOLAS e da CULTURA. Vamos pensar nisto.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

133 PECADOS LISTADOS NA BÍBLIA.





Por Carlos Sena. (*)

Ufa! Eu nem sabia, mas há 133 pecados listados na Bíblia. Alguma coisa deve estar furada nessa história. Se há 133 pecados quem os contou? Será que houve por parte dos "textificadores" algo como um “congresso” ou uma “oficina” para tirar como indicativo o que seriam os 133 pecados? Qual o critério adotado para se definir um pecado mortal, um venial, ou sei lá mais qual? E nesse tempo todo não houve novos pecados? Afinal o mundo mudou e com eles as pessoas, a tecnologia, a ciência, os modos de vida. Todos mudaram. Como ficou por exemplo um pecado que era  mortal como desobediência a pai e mãe? Hoje, boa parte dos filhos mandam os pais tomarem naquele lugar e o que é pior: eles vão! Mas isso não era um “pecadão”? No passado, lá na minha terra Bom Conselho de papacaça, comer carne na sexta-feira da paixão era um pecado mortal, um “pecadão”, mas hoje se come todo tipo de carne, inclusive "humana" e não é pecado. Os próprios padres comem carne (todas).  Também os pais não batiam nos filhos e por aí se seguiam outros e outros pecados grandes, médios e pequenos que hoje nem sequer são, digamos assim, pecado. E agora senhora bíblia? Como não tive a curiosidade de pinçar os cento e trinta e três pecados, gostaria de ver se nessa lista está a pedofilia que abalou a igreja católica tão metida a ser a “palmatória do mundo”... Queria ver se nessa lista de pecados está o pecado mortal que é ser padre e casar com mulher. Por que os padres católicos que deveriam seguir a risca os mandamentos, principalmente o “crescei e multiplicai” não cumprem isso? Não seria esse um grande pecado?  Não é pecado mortal? Então por que os padres são quase que excomungados da igreja? Há uma afirmação que diz que os padres não podem se casar com mulheres (alguns se casam com homens) porque a igreja sempre foi riquíssima. Deixar os padres casarem seria ter que dividir o patrimônio com mulher e filhos e demais descendentes. Faz sentido. Nesse caso, se isso estiver na lista dos pecados, os  “legisladores” o fizeram em causa própria.

Deixemos para lá. Verdade é que pecado bom só presta grande e cabeludo. Mas para as igrejas o pecado é questão de sobrevivência. Como elas sobreviveriam se nós, pobres tementes a Deus não tivéssemos uma igreja caótica, digo católica ou evangélica ou pentecostal – mais pente do que costais, a nos atemorizar com o pecado? Tem que ser casado, pois amasiado é pecado; tem que só fazer sexo com mulher, pois procria e não dá nem “lobisomem nem jacaré”... O que a gente não entende, nem entra nas nossas “coxas” conceituais é o falso moralismo. Esse sim deveria ser pecado. Mas não. Ele flutua nas hostes religiosas e sociais como forma gritante de controle social deslavado – algo como “o que os olhos não veem o coração não sente”... Nem Jesus estaria vendo?

Depois da chamada “revolução de março de 1964” o Brasil teve que escrever uma nova Constituição Federal. Depois houve uma Constituinte em 1988 que está vigorando até hoje, porque precisava o país ser adequado a nova realidade do mundo. Esse é o mesmo raciocínio que imagino se adequar a essa questão meio babaca dos 133 pecados da Bíblia. Fico imaginando que os salmistas, os textificadores, os padres, papas, etc., todos aqueles que criaram esse “check- List”  moral se aqui estivessem morreriam de vergonha diante da loucura e da piração que a gente vê por aí. Talvez morressem mais pela sua pouca capacidade posta na feitura de um “cardápio de pecados” que fosse genérico e que fosse se adequando aos tempos. O danado é que, de fato eu nem mesmo sei se são genéricos! Se forem, eis aí uma prova de que a gente não é o pai nem a mãe do “genérico”. Mas lá como cá, pecado é uma coisa doida, do controle das pessoas por aqueles que se dizem donos da verdade, embora sejam apenas donos das sua inúmeras mentiras.

Fica a dica. Quem descobrir a lista dos pecados que são 133 (por que não um numero redondo?)faz a gentileza de me dizer o link para eu ir buscar e completar esse artigo. Essa crônica. Artigo? Crônica? Porra nenhuma, talvez um pecado original, originalíssimo que certamente não está entre os 133.

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(*) Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Testemunhos do Vovô Zé - Saindo do carnaval e caindo na piscina



Davi e Miguel relaxando depois de um
dia intenso de atividades com o
Vovô Zé.


Por Zé Carlos

Este fim de semana me travesti, outra vez, de Vovô Zé e enfrentei o Davi e o Miguel, meus netos, em minha casa. Ainda aproveitando o feriado estendido do Carnaval, ambos vieram para gastar todo o meu “gás”, um restinho que não havia sido gasto na folia de momo. Em contrapartida tomei uma boa dose de vitamina N que recomendo a todos, embora saiba, que só os que consumiram por muito tempo a vitamina F possa dela usufruir. Para quem ainda não teve contacto com esta vitamina primordial pode ler minha propaganda dela aqui mesmo nesta AGD (aqui).

O que me impressiona é a evolução deles, dentro de suas respectivas idades. O Davi tem apenas 4 anos e já sabe contar até 30 (minto, ele vai dizendo 27, 28, 29 e depois vinte e dez, que não deixa de ser 30, para o orgulhoso Vovô Zé, que, bestamente, tenta corrigi-lo). O Miguel com 1 ano e meio, ainda balbuciando as primeiras palavras já opera um IPad ou Tablet como ninguém, dando aulas a sua avó. Isto tudo eu lembro, relembrando de minha época de criança, que só fui à escola aos 5 anos e só aprendi o “a” aos 6. Escrever, só cobrindo as letras, e, lembro, quando cheguei à escola de Dona Lourdes Cardoso e ela me mandou copiar uma letra da outra foi um sacrifício maior do que o Tiririca fez para provar que sabia escrever alguma coisa.

Os tempos são outros e os meninos são outros. E me arrisco até dizer que os avós são outros também, embora a evolução não seja tanta para esta faixa etária. Lembro que não conheci meu avô materno e meu contacto com meu avô paterno foi quase nenhum, pela própria característica masculina da época, na qual, os afazeres domésticos eram coisas de mulher, e cuidar de netos era, por excelência, um afazer doméstico. Mesmo assim eu gostava quando o contacto se estreitava um pouco, pois isto era lucrativo, terminando normalmente com 2 mil réis em minha mão.

Hoje já não remunero o Davi nem o Miguel em espécie, pelo menos por enquanto, pois eles ainda não sabem, pela idade, o poder do dinheiro, pois quase nunca o veem. Em seu lugar ficou o cartão de crédito, com o qual os engano com um deles já com o prazo de validade vencido. É o Vovô Zé enganador, embora já tenha vontade de dar a cada um uma nota de 2 reais que deve valer o mesmo que 2 mil réis, naquela época. Não posso, pois dinheiro é tido como anti-higiênico. E eu respeito a diretriz dos pais, mesmo tendo sobrevivido firme e forte manuseando notas mais sujas do que as fichas de determinados políticos.

O Davi, o neto mais velho, já me chama para conversar e eu aceito fazê-lo, e a conversa flui com toda naturalidade e me surpreende pelo aumento do seu vocabulário. Fora os termos tradicionais com que ele me chama,como malucão, burrão, gordão, barrigudão etc, já há outros que também não são tão lisonjeiros assim doidão e monstrão. Os pais, cumprindo suas funções reclamam com ele, dentro da linha: respeite os mais velhos, mas, o Vovô Zé adora ser assim tratado com toda espontaneidade, sendo também reprimido pela filha (é a dose normal de vitamina F, que ela retruca dizendo que também está sofrendo com a vitamina P).

E o Miguel, o neto mais novo, segue o professor Davi. Tudo que o irmão faz é imitado nas coisas boas e nas coisas ruins. Quando o mais velho tem um pouco de raiva dos pais, não podendo reagir diretamente, ele sobe nas cadeiras, já sabendo que não cai, somente para que o irmão vá atrás e aperreie os pais, pois estes sabem que ele cai. São estratégias de sobrevivência que se adquire na infância, e todos nós humanos temos que passar um dia. Muitas vezes a melhor forma de enfrentar uma adversidade é a menos óbvia, mesmo que não pareça simples. Não estou querendo dizer aqui que o meu neto vá ser prefeito de Caruaru, mas, se for, o Vovô Zé dará todo seu apoio.

Enfim, foi mais um fim de semana alegre e feliz, principalmente, porque nenhum dos dois tinha qualquer virose para evitar cair na piscina com o Vovô Zé. Só eles me fariam cair naquela água fria. Mas, o que não fazemos pelos netos!?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Brasil, a corrupção e a internete





Por Zezinho de Caetés

A desfaçatez na política brasileira chegou ao seu ápice com a eleição de Renan Calheiros à presidência do Senado. Nunca na história deste país se viu tanto descaramento, vindo de todos os lados, de dois poderes da república que deveriam pelo menos ter respeito pelo povo brasileiro.

Depois de um abaixo assinado na internete ter alcançado o número de mais de 1 milhão e meio de assinaturas, pedindo o impeachment do Renan, ele reage com cinismo ao fato, dizendo que isto é coisa de estudante. Eu lá votei e faz tempo que não aliso o traseiro nos bancos escolares. Mas, mesmo se fosse de estudantes e jovens? Já tivemos os “caras pintadas” em outras épocas, que foram muito eficientes.

Hoje a realidade é outra e a internete é um meio que vive causando rebuliços pelo mundo afora. Quem hoje não admite que ela tem muito a ver com a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos? E mesmo com a primeira mulher presidenta, no Brasil? Por que não teria com o primeiro presidente do senado retirado pela opinião pública?

Disto trata o bom texto do Fernando Gabeira, publicado no Estadão no dia 16/02/2013, com o sugestivo título de “Não em meu nome”, que transcrevo abaixo. Eu apenas acrescento alguns fatos mais recentes que me levam a crer que a nossa falta de vergonha já chegou à imprensa internacional.

Por exemplo, segundo o próprio Estadão, a revista britânica The Economist, com a qual Dilma costuma discutir, por ela ser verdadeira, chama os políticos brasileiros de “zumbis”, quando diz que eles mantém no poder figuras públicas envolvidas até o pescoço em casos de corrupção, com é o caso exemplar do Renan, durante muito tempo.

A prestigiosa revista ainda chama atenção para a última renúncia de Renan, quando foi acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista de uma construtora. Mas, o pior, segundo a revista foi o apoio de nossa presidenta à sua candidatura, quando apareceu no início do governo como a “faxineira da república”, pela sua rigidez na punição de ministros envolvidos em episódios de corrupção.

Citando os casos de Maluf e Genoino, ambos condenados pelas mesmas práticas nocivas, e que ainda permanecem em seus postos apesar de tudo, conseguindo sobreviver junto com o Renan a “qualquer número de pancadas aparentemente fatais”, ela continua a nos envergonhar, e com razão.

E nós, aqui perto dos acontecimentos, e como brasileiros só temos uma esperança no poder que nos restou, e que coloca a ética num outro patamar, pois lida com a lei, apesar destas não se confudirem, mas devem estar próximas, o Judiciário. Os restantes já estão quase todos dominados e já em campanha para eleger o novo presidente.

Fiquem com o texto do Gabeira e que a internete nos salve a todos, fazendo com que o Corisco se entregue.

“Mais de 1 milhão de pessoas assinaram um manifesto contra Renan Calheiros na presidência do Congresso Nacional. Movimentos como esse têm grande valor simbólico. Equivalem às manifestações modernas em que se protesta contra algo vergonhoso ou sanguinário com cartazes que dizem: “Não em meu nome”.

São bons para mostrar que o País não é homogêneo e que alguns governantes tomam atitudes francamente rejeitadas por milhares de seus conterrâneos.

Em termos internacionais, isso é a notícia. Calheiros passaria em branco se fosse apenas Calheiros com seu rebanho, notas frias, bela amante e um lobista de empreiteira para pagar suas contas. Mas é um presidente do Congresso rejeitado por milhões.

Uso o plural porque o manifesto tem pouco mais de uma semana de vida e muitos que rejeitam a presença dele ainda desconhecem sua existência ou ainda hesitam em manifestar sua rejeição.

O manifesto vai encontrar um poderoso muro de cinismo, com materiais impenetráveis, entre eles a crença da esquerda de que os meios justificam os fins. Essa camada é difícil de atravessar porque se mescla com uma vitimização geral.

Na Venezuela, Hugo Chávez tenta convencer as pessoas de que o capitalismo e o imperialismo são uma boa razão histórica para que um ato nobre não coincida com sua legalidade.

Os textos de Lenin autorizam essa interpretação. Não creio que o PMDB precise de alguma teoria, mas Calheiros mencionou os objetivos nacionais, aos quais a ética deve ser subordinada. Estrangularemos e saquearemos, pois, em nome dos objetivos nacionais, que não foram explicitados porque servem melhor assim, numa forma altamente abstrata.

Sarney disse, em seu discurso, que a paixão pela política e pelo bem comum é maior que a paixão pela vida. Em outras palavras, ele seria capaz de morrer pelo bem comum.

Imagens fora do lugar. Sarney poderia ter dito isso durante a ditadura militar, quando essa frase altissonante poderia ser posta à prova.

Sarney sabe muito bem que hoje, se quiser discutir questões de vida ou morte, deve falar com os médicos no Instituto do Coração ou outros especialistas que cuidam de sua saúde. Passou o tempo do heroísmo, porque, como dizia Brecht, o País já não necessita de heróis.

Outro componente do cinismo é supor que a maioria eleitoral dá direitos ilimitados aos ungidos pelo voto popular. Daí em diante é seguir em frente com a frase de Disraeli nos lábios: “Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe”.

Há um amálgama de Maquiavel, Disraeli, Max Weber mal digerido, pois o sociólogo alemão considerava uma ética totalitária a pura expressão os meios justificam os fins. No fundo mesmo, a substância mais gelatinosa e agregadora da camada de cinismo é o desprezo até pela racionalização. Os fins são a riqueza pessoal, alguns imóveis em Miami, uma fazenda de gado.

Como dizia o poeta, os amigos não avisaram que havia uma revolução. E ela transformou tão radicalmente as relações que frases como a de Disraeli, preferidas como néctar da sabedoria política, se tornam cômicas e ingênuas.

Aos jovens de hoje basta dar alguns toques no computador para saberem, em minutos, tudo o que existe publicado sobre os políticos. Com uma câmera de US$ 400 é possível filmá-los com uma definição quatro vezes maior que o HD de seus televisores. O Congresso, em tempos como o nosso, está na vitrine, como aquelas mulheres do Distrito da Luz Vermelha, em Amsterdã.

Não estou comparando os políticos às prostitutas. Seria injusto para com certos políticos e prostitutas. Digo apenas que ambos estão expostos, elas física, eles virtualmente. Com a bunda de fora, muitos ainda não se deram conta de que estão na vitrine. Não pensam no futuro, na rejeição popular, nos problemas que trazem para suas próprias famílias.

Alguns deles, em breve, não poderão frequentar lugares públicos nas metrópoles brasileiras. Terão de viver uma realidade separada. Seus jatinhos decolam e aterrissam discretamente, seus percursos urbanos serão feitos de helicóptero.

Tornaram-se pássaros e vão flutuar na atmosfera por algum tempo, até que uma tempestade os jogue no chão enlameado.

Imagino o que pensam: nada disso nos derrota nas eleições, temos maioria. Prosseguiremos assim porque, com raros incidentes, sobrevivemos bem ao longo da década.

O que pode acontecer quando um Congresso se degrada ostensivamente em plena era da informação? A escolha de Calheiros e Alves para a direção das Casas do Congresso abre nova etapa, atenuada pelas festas do carnaval.

Já passamos por fases difíceis. Ouço algumas vozes de desespero. Mas a experiência mostrou que, nesses momentos, o importante é não desesperar, não jogar fora o Brasil com a água do banho. Pelo menos 1 milhão de pessoas pensam como nós sobre a escolha de Renan Calheiros. E elas dizem claramente com a assinatura do manifesto: não em meu nome.

Há um Brasil que resiste e nele há espaço e gente suficiente para não nos sentirmos sós e pacientemente encontrarmos uma saída para o impasse.

Alguns novos países, o nosso inclusive, talvez nem tivessem 1 milhão de pessoas quando iniciaram sua trajetória para a independência. Nem havia internet.

Os brasileiros fora do País, que são quase 2 milhões, também podem ser acionados e, de lá, contribuir na campanha contra Renan. Com tantas conexões e a inteligência coletiva em cena, impossível não encontrar os meios de abalar um jovem coronel incrustado no topo de uma instituição nacional.

É um problema novo que vai roubar tempo e energia, mas não a esperança. Vamos a ele, sem desânimo e, se possível, com algum humor.

Depois de eleito, Renan aparece numa foto, em Brasília, com uma espada apontada para seu pescoço. É apenas um efeito visual, desses que acontecem em solenidades militares. Do jeito que olhava a espada, imagino que comece a perceber a trapalhada em que se meteu. Precisamos ajudá-lo a compreender.

No tempo em que eu estava lá, fui o mais explícito possível: se entrega, Corisco.”

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DF - BRÁS-ILHA





Por Carlos Sena (*)

Estou aqui no DF: Distrito Federal. Ou no GDF como também se chama - mais chama do que cala e calando consente nem sempre o que se quer. Brasilia, penso, que se quis torná-la híbrida como o Brasil, mas ficou mesmo um pouco do Brás - aquele bairro paulista - uma ilha, só que pintada com outros matizes. Assim, Brás-ilha. A sensação que nos dá é que aqui é um grande Brás disfarçado, ou um pavão que tenta esconder os pés horroros com sua plumagem bela e esplendorosa. Principalmente no quesito parecer (sendo) ou em sendo nunca parecer. O perfil das pessoas daqui é complexo e não poderia ser diferente, pois afinal aqui é um "mosaico"  tal qual o Brás que representa o país pela sua mistura nem sempre fina. Predomina o movimento linguístico e gastronômico mineiro," centroestino", de modo Geral. Aqui abunda pimenta. Melhor do que pimenta na bunda. Abunda musica sertaneja e aqui não é melhor o sertanejo na bunda. Por isto é que acho tudo isso muito fantástico pra quem vem de pernambuco - um estado de espírito que, sendo plural nos torna singulares pro resto do mundo. Sim, digo resto porque fora pernambuco tudo o mais é resto. Calma: resto na lógica da sobra, porque nem toda sobra é resto. E, como sobra, há sobra demais por aqui, como por exemplo qualidade de vida. Nem tanto assim, mas é o maior IDH do país. Por outro lado, a questão politica por aqui é uma sofreguidão. BSB é uma vitima de maus governos. Coincidência com o poder central tão perto? Talvez sim, talvez não. Brasilia é assim mesma: um eterno "talvez sim e talvez não", principalmente pra quem vem de fora trabalhar. Algo mais ou menos assim: uma pessoa é super gentil com você na rua, mas é bom você logo imaginar que "talvez sim". O contrário é igualmente verdadeiro, não nessa mesma ordem. Resultado da mistura dos povos dos diferentes estados? Pode ser, mas também pode não ser. Brasilia é meio assim: "pode ser e pode não ser". Você pode achar movimentos culturais importantes, mas eles não dizem que Brasilia é assim, cultural, como Rio, São Paulo, Recife, Salvador, etc. Nessa configuração a cidade se nos apresenta sendo o que não é, mas sempre será uma surpresa em que o que de fato seja é descoberta de cada um. Complexo? Sim. Porque é uma cidade misteriosa, sexualizada, moralista onde não deveria ser e falso moralista onde não carecia. Brasília é cheia de eixos e tesouras e subterrâneos. Túneis por aqui não faltam. A própria catedral - um dos símbolos mais bonitos daqui é cheia de estacionamentos no seu subsolo. Eu me assustei quando pude ver isso! E os mistérios? Esses estão todos no misticismo do planalto central e nas pessoas desconfiadas, arredias que pululam pelas quadras (aqui não tem rua nem beco) a qualquer hora do dia ou da noite. E a questão da sexualidade? Ora, uma cidade cheia de eixo que entra e eixo que sai é, essencialmente, sexualizada ou erotizada, melhor dizendo. As "tesourinhas" que são a confluência entre os eixos W e L mais parecem os testículos masculinos como o segmento do pênis que são as vias de acesso às quadras mais importantes. Coisas da minha cabeça? Pode ser. Mas tem lógica e muitos sabem disso, mas poucos botam no papel o que sentem por mede de serem mal interpretados. Por medo de que lhe digam: "fulano só pensa naquilo". Eu penso na-quilo e no grama. Afinal sou integrado no mundo que tem que se render às evidências de que pensar "naquilo" é, sobre muitos ângulos de visão, saúde mental.

Pois é. Trancafiado num apartamento cedido de arrego por uma grande e generosa amiga, pra romper a solidão do serrado e não me serrar feito o "serra-velho" do nordeste, escrevo. A escrita é a libertação dos escritores e dos escriDORES como eu. Há quem, generosamente, me chame de escritor, mas prefiro escriDOR, porque faço da escrita meu divã psicanalítico. Aproveito isso para fotografar sob meu ponto de vista essa cidade que termina sendo mara. Maravilhosa, mais vistosa do que mara, porque mara tá no canã, porque mara tá no pelô, porque mara tá no tambor, porque mara tá no bacalhau na vara, tá no alto e tá na sé. Tá na fé dos para quem há fé de mais e fé de menos (fede).

Pra encerrar, pois muitos devem ter desistido no meio da leitura, digo que o que mais me incomoda por aqui é o "não me toque de algumas pessoas": muitas vezes você nem chega perto de uma pessoa (uma trombada por exemplo) e elas já estão pedindo desculpas. Parece uma cantiga da perua. Agora, se você cair na rua, nem se preocupe que logo vai aparecer muita gente que, de longe nem chega perto. Exagero a parte, mas é meio assim que não funcionam as relações sociais na nossa BSB. Essas relações são categóricas, sociológicamente falando. Ademais e uma cidade que dá medo, mas dá prazer pelo que ela nos proporciona de desafios a serem vencidos todo dia. Dizem que Brasilia é uma questão objetiva: ou se ama ou se odeia. Eu, fiel a minha tradução, fico no meio.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 05/01/2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A seca nordestina, a propaganda dos governos e as joias da coroa





Por Zezinho de Caetés

Mais uma vez encontro um sulista falando da seca do Nordeste. E o primeiro não foi o D. Pedro II, com certeza. E o pior de tudo, é que parece que eles a veem com mais isenção do que nós.

Vivemos muitas vezes numa situação de auto-louvação, principalmente, quando chega o carnaval, onde nossos problemas parecem sumir. E eles não sumirão enquanto a água não aparecer para que a região tenha um sustento permanente.

Eu nunca fui a favor da tal de transposição do Rio São Francisco, por vários motivos, sendo o principal, seu teor explosivo para propaganda política em detrimento de soluções mais simples e mais baratas. E é desta transposição basicamente do que trata o Elio Gaspari no texto abaixo, publicado no Blog do Noblat, com o título: “Governos espetaculares fazem espetáculos”.

Ele junta a vergonha que é a obra de transposição do Rio São Francisco que entra governo e sai governo e a obra permanece, como diz ele, sem produzir um “copo d’água” sequer para o sertanejo sofredor, com a crítica aos gastos de propaganda de todas as esferas de governo.

O caso emblemático é o do Cid Gomes, em cujo governo, redistribuiu a renda do nordesta, mais do que qualquer política da antiga e morta SUDENE, em direção da Bahia, contratando a Ivete Sangalo. Mas, a seca continua por lá e cada dia pior.

O que mais me impressiona é que o Cid Gomes é do PSB, o mesmo partido do nosso governador, que, mesmo não precisando até agora da ajuda dos artistas bahianos para fazer o povo dançar, não deixa de ser um propagandista contumaz do próprio governo. Tudo se passa como se houvesse uma competição para venda de um produto corriqueiro em qualquer mercado.

A existência dos chamados “marqueteiros” é o cancro da política moderna, onde, cada dia mais os fins estão justificando os meios, e os fins não são “matar” a sede do nordestino, e sim, continuar no poder.

E a vida continua boa para todos que se locupletam dos recursos públicos e os desviam de suas finalidades. E cada dia mais, com o aumento do tamanho do estado, aumentando sua inoperância ao enfrentar problemas como a seca, que em pleno século XXI, ainda clama pela venda das joias da coroa, para acabá-la. Só que a coroa que resta é a presidenta.

Fiquem com o Gaspari, que eu vou tomar meu copo d’água antes que alguém sugira levar o Rio Capibaribe para o sertão.

“Desde o ano passado, o semiárido nordestino atravessa uma grave seca. Na Bahia, em Sergipe, Alagoas e no Maranhão, 75% dos municípios estão em estado de emergência. No Ceará, são 177 em 184. Lá, as chuvas do ano passado ficaram em metade da média habitual e neste ano estão abaixo do terço (55,1 milímetros contra 161,8). Há 136 municípios dependendo de carros-pipa para atender perto de um milhão de pessoas. Em algumas cidades, as escolas dependem do socorro de vizinhos.

Os investimentos feitos na região mostraram-se insuficientes para enfrentar uma calamidade natural que, segundo os meteorologistas, tende a se agravar. Estima-se que as chuvas deste ano serão poucas.

A mais vistosa ação do governo federal tem sido um filme de um minuto que a Secom botou nas televisões da região. Nele, Chambinho do Acordeon, feliz e sorridente, anda pela caatinga informando que “a seca sempre vai existir, mas o sertanejo vai poder se defender cada vez mais dela”. Cantando louvores aos investimentos feitos pelo governo, informa que “o sertanejo é um cabra forte, só precisa de apoio, e vai ter cada vez mais”.

 Os sertanejos que estão sem o abastecimento de carros-pipa não precisam de propaganda. O que lhes falta é água. Esse tipo de marquetagem no meio de uma seca chega a ser deboche. Para falar sério, o aparelho de autoglorificação da doutora Dilma deveria anunciar, ao fim de cada clipe, quanto gastou na marquetagem e quantos carros-pipa ela pagaria.

Durante a seca de 1998, Lula visitou o interior do Ceará acompanhado de José Genoino, cuja família morava em Jaguaruana. Culpou a desatenção dos tucanos e prometeu rios de mel. Nas palavras de Nosso Guia: “O sofrimento do povo nordestino só vai acabar no dia em que a gente tiver políticas de investimento para tornar esta terra produtiva. E essas políticas, o PT tem”.

Qual era? “O Fernando Henrique veio ao Ceará na campanha de 1994 e prometeu transpor as águas do Rio São Francisco. Mas até agora não trouxe sequer um copo de água. Ele foi mentiroso e vai mentir de novo prometendo a obra para ganhar voto”.

Em 2003, eleito, Lula prometeu: “Nesses quatro anos, 24 horas por dia serão dedicadas para fazer aquilo em que acredito: a transposição das águas do Rio São Francisco”. Ficou oito anos, a doutora Dilma juntou mais dois, e depois de dez anos o “copo de água” ainda não apareceu.

A opção preferencial dos governos pela propaganda e pelos espetáculos criou um novo estilo de administração e, nele, o governador do Ceará, Cid Gomes, tem se revelado um talento à altura de Steven Spielberg. No ano passado, a Viúva entrou com boa parte do custo da festa de inauguração de um centro de convenções abrilhantado pelo tenor espanhol Placido Domingo. A tertúlia custou R$ 3,1 milhões e alegrou três mil convidados.

Até aí tudo bem, pois de fato havia um centro de convenções. Em janeiro passado, ele pagou um cachê de R$ 650 mil à cantora Ivete Sangalo para lustrar a inauguração do Hospital Regional Euclides Ferreira Gomes, em Sobral, berço político de sua família desde a proclamação da República.

Cadê o hospital? Houvera o show, o prédio estava pronto, mas não havia funcionários. Até hoje, ele funciona como posto de saúde, só com consultas e raios X. Hospital mesmo, só em maio.

Assim como a Secom poderia investir em carros-pipa o que gasta em propaganda, Cid Gomes poderia ao menos fazer a caridade de só patrocinar shows quanto tiver serviço para entregar.”

sábado, 16 de fevereiro de 2013

FAZENDO DIFERENTE EM CADA ANO





Por Carlos Sena (*)


Se você quer fazer algo diferente no ano novo que se avizinha, não vá muito longe. Fazer algo diferente na vida não é fazer o que está no alcance das mãos. O verdadeiro ‘FAZER” acontece quando você faz pelos outros aquilo que nem mesmo você acreditava que pudesse ser feito. O primeiro passo desse “FAZER” é o amor. Aquele preconizado por Jesus Cristo e que se resume a “Amar ao próximo como a si mesmo”... Se você já exercita isso em todo seu curso de vida, certamente não vai ter dificuldades maiores. Porque o verdadeiro amor não é o que une homem e mulher, mas o que une pessoas, sexualidades, sexos, nexos, côncavos, convexos. Assim, o principio do “fazer” diferente começará a tomar forma, a virar realidade concreta. Por que isto? Ora, sempre que chega o ano novo, as pessoas se prometem:  perder peso, deixar de fumar, deixar de beber, deixar de “putanhar”, deixar de... Como contrapartida, se dizem querer trabalhar, estudar, casar, ter filhos, ser uma nova pessoa. Alvíssaras, mas isso é muito pouco. Certamente que quem não se ama jamais poderá fazer algo diferente como deve ser feito, ou seja, pelo outro. Como disse, esse é o verdadeiro fazer. Há outros fazeres que podem servir de gradação para se chegar ao ápice do verdadeiro FAZER: se você é chefe, deixe de praticar assédio moral com seus funcionários; se você tem colegas de trabalho, deixe de se meter na vida intima deles; se você tem amigos gays deixe-os ser feliz, pois afinal, eles sendo felizes sobra mais mulher pra você; se você acha que gentileza é coisa brega, não é não. Pratique a gentileza e certamente outros te serão gentis; se você só quer se relacionar com pessoas ricas, poderosas e bem de vida financeira, procure mudar esse conceito, pois as maiores podridões do mundo estão nas mansões dos ricos que geralmente são habitadas por poíticos corrutos e outros pilantas.

Portanto, não adianta falar que o mundo está violento – a violência está dentro de você; não adianta dizer que o governo é ladrão, pois você nem se lembra em quem votou nas ultimas eleições, nem acompanha os candidatos em quem votou; se você acha que a educação vai mal, eduque-se por dentro; se você acha que o sus vai mal, lute para que a verba de financiamento da saúde aumente; se você acha que todo politico calça quarenta, modifique esse conceito, pois há políticos sérios, poucos, mas há. Se você acha lindo um torcedor fanático chorando por um time de futebol ou por um cantor ou grupo musical famoso, mude de ideia porque a idolatria é tão antiga quando seu conceito de querer ser moderno sendo antigo e ultrapassado a esse ponto. Se você acha que o “amor” está fora da morda, repense: o amor aos pais, a um homem ou a uma mulher, o amor à natureza, o amor a si próprio jamais serão démodés.

Como se vê, é difícil senão quase impossível querer fazer no ano seguinte algo de diferente sem romper paradigmas. Quem sabe um dia a gente não cai na vida e, solidariamente, começa a fazer diferente pelo outro? Esse é o verdadeiro fazer, no meu modo de ver o mundo. Não sei se chego lá, mas tento. No meu mundinho eu tento e, feito formiguinha, consigo fazer diferente em cada ano. No mínimo, quando eu descobri que me amava, senti que estava começando a fazer diferente pelos outros... Afinal, esse é o princípio do verdadeiro FAZER.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 30/12/2012

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A escolha do Papa e a reza do Leonardo Boff





Por Zezinho de Caetés

Eu, como quase todo brasileiro, sou católico apostólico romano, principalmente, porque minha família, vinda de Portugal e com sangue espanhol o era, e até tentou que eu fosse mais religioso do que o sou. Mas, foi em vão.

Entretanto, pegou-nos durante o carnaval (a mim depois, pois não acompanhei o mundo durante esta período, a não ser que se chame de mundo as troças de Olinda) a notícia de que o Papa renunciaria com data e hora marcada. Coisas mesmo da Igreja. Teremos mais um mês para curtir a renúncia do Papa, quando ainda ele ainda é Papa.

Eu penso que isto, se não fosse dentro dos padrões religiosos do Vaticano seria um verdadeiro terror. Não só os padrões religiosos, mas, a pequena influência que este estado tem na economia mundial, a não ser na bolsa de alguns fiéis mais caridosos.

Já imaginaram, se o Obama dissesse que iria renunciar daqui a 30 dias? Seria um perigo para o mundo. Ou, melhor, já pensaram se o Renan declarasse da cadeira da presidência do Senado que iria renunciar no dia 31 de março? Haveria dois meses de carnaval no Brasil, com desfiles de escola de samba e tudo. Ambas as hipóteses dificilmente serão verificadas, por vários motivos.

Transcrevo, abaixo, um texto do Elio Gaspari que vi no dia 12/02/2013 no Globo, onde ele mostra, com sua erudição jornalística, as firulas que podem existir no próximo conclave que elegerá o novo Papa.

Eu não esqueço o que li da colega e amiga Lucinha Peixoto (aqui) onde ela, inteligentemente, associou a renúncia do Papa com o mensalão. Talvez, a hipótese dela, que pode se tomar como mais uma de suas jocosidades, não seja não descabida assim. Hoje o meu conterrâneo Lula tem um influência mundial e por que não pode ter influenciado o Bento XVI em sua decisão?

Vejam que o importante e inusitado do fato é a renúncia e não a substituição do Papa que já tivemos muitos durante o tempo recente. A renúncia já é diferente. A alegação da doença pode ser verdade, mas, não seria motivo de renúncia, a não ser num caso extremo de completa incapacidade, o que não parece o caso.

Então, deve ter caroço maior no meio do angu papal. A influência da Igreja é enorme e há forças de todos os lados tentando mandar. Ora, se para substituir o Sarney houve aquela quizumba toda, e ele, só é papa no Maranhão, imaginem lá em Roma. A meu ver a hipótese mais provável é de que o Bento XVI quer sim influir na escolha do seu sucessor. Mesmo que não seja a versão da Lucinha a correta.

Todos dirão que ele ficará trancado rezando, mas, mesmo assim ele estará rezando para que seja um conservador como ele, seu substituto, o que para mim é muito bom.

E aí corre na frente da disputa o cardeal de São Paulo, o Odilo Sherer, que parece não gostar muito de padre de passeata, pois não se bica com a CNBB. Vamos esperar o grande conclave e que vença o melhor, com a ajuda de Deus.

Fiquem com o texto do Elio Gaspari, lendo e rezando para que Deus ilumine os cardeais durante o conclave. E rezem muito e com fé, temos que ultrapassar as rezas do Leonardo Boff, e, quem sabe, do Lula.

“Tudo o que se pode esperar da escolha do sucessor de Bento XVI é o fim de um Vaticano eurocêntrico. Desde que Karol Wojtyla tornou-se João Paulo II, a Europa é o centro das atenções da Cúria. O Papa polonês cumpriu uma fenomenal missão histórica ajudando a desmontar décadas de tolerância com as ditaduras comunistas.

Seu sucessor teve um pontificado medíocre enrolado pela tolerância com escândalos sexuais e financeiros de sacerdotes. Um deles passou de raspão pelo Brasil, num trambique do namorado da atriz Anne Hathaway, sócio do sobrinho do atual decano do Colégio de Cardeais, o poderoso ex-secretário de Estado Angelo Sodano. A moça micou em US$ 135 mil e o rapaz foi preso nos Estados Unidos.

As dificuldades do Vaticano com suas finanças são antigas. Foi Pio IX quem avisou: “Posso ser infalível, mas estou falido.” Já os desempenhos sexuais de alguns sacerdotes, mesmo sendo coisa antiga, tornaram-se uma encrenca recente, com a qual João Paulo II e Bento XVI nunca conseguiram lidar direito, envenenando a missão pastoral de dioceses europeias e americanas.

O eurocentrismo da Cúria Romana refletiu-se no Brasil. Durante o pontificado de Paulo VI, Pindorama passou de dois para oito cardeais. Hoje tem cinco. Bento XVI deixou sem o barrete cardinalício as arquidioceses do Rio e de Brasília. Porto Alegre teve cardeal e está sem. Recife, a primeira sé cardinalícia brasileira, está na segunda divisão desde os anos 60, quando a ditadura hostilizava D. Helder Câmara e não queria vê-lo cardeal.

Se foi econômico com os barretes brasileiros, Bento XVI foi generoso aspergindo-os pela Europa. Elevou a diocese de Valencia (800 mil habitantes), na Espanha, mas não confirmou o barrete de Porto Alegre (1,5 milhão de habitantes).

Quem especular o nome do sucessor de Ratzinger pode jogar cara ou coroa. Nos seis últimos conclaves elegeram-se três favoritos (Ratzinger, Paulo VI e Pio XII) e três azarões (João Paulo II, João Paulo I e João XXIII, um gorducho que mal cabia nas vestes preparadas pelos alfaiates que trabalharam durante o conclave.)

Pode-se esperar que, depois de um Papa saído da academia de teólogos e da burocracia de Roma, venha um pastor, como os dois João Paulo e João XXIII. Um administrador de diocese do Terceiro Mundo uniria o útil ao agradável.

É assim que entra nas listas, com um sopro romano, o cardeal de São Paulo, D. Odilo Scherer, pastor de uma das maiores arquidioceses do mundo.

Aos 63 anos, teria um longo pontificado. Ele tem uma característica anfíbia. É brasileiro, mas, como quatro outros cardeais brasileiros (Claudio Hummes, Paulo Evaristo Arns, Aloisio Lorscheider e Vicente Scherer, seu parente distante), descende da imigração alemã. A mola mestra da eleição dos dois últimos papas foi a capacidade de articulação da hierarquia alemã.

D. Odilo lidera a facção conservadora do clero brasileiro, derrotada na última eleição da CNBB e nas eleições gerais em que se meteu. Para consumo mundial, preenche o requisito de um Papa do Terceiro Mundo, condição só superável pela escolha de um africano como Francis Arinze, de Lagos. Mais que africano, Arinze tem 80 anos e passou 25 em Roma. Seria um Papa de transição.

Com uma eleição marcada para o fim de março e um Papa vivo, vem aí um conclave inesquecível.”

TRÊS COISAS DA VIDA.





Por Carlos Sena (*)

Tenho em minha frente três coisas: a tela em branco do world, a vida me esperando pra acordá-la e um ano velho que cochila esperando o novo. Tenho em minha frente a ilusão de que o mundo eu traço no ato de escrever – romper a solidão do world; dar um punhado de “chumbinho” a esse velho  ano pra ele logo ir dormir e nos deixar sossegado com um novo ano. Quanto acordar a vida, aí é onde a porca torce o rabo. Até hoje não aprendi direito fazer isso, embora tente todo dia, fazendo hora extra, mas quando penso que consigo, pimba: a vida permanece “dormindo”, até parecendo que foi a musa inspiradora do nosso hino nacional: “deitado eternamente em berço esplêndido. Parece mesmo que é mil vezes mais fácil romper um papel em branco ou mesmo um World em branco e até esperar o ano “cochilar” do que acordar a vida. Certo, haverão de dizer, “a vida não dorme, nós é que não sabermos acordar pra ela”. Pode ser, mas não se acorda pra vida sem ela e ela, do alto de sua atemporalidade os instiga, nos cutuca, nos invade. Quando a gente imagina que ela nos invadiu, então, sorrateira, vai embora e a gente fica “chupando o dedo”...

Um belo dia, a gente “chupando o dedo” – meio desconsolado –  se sente como se estivéssemos querendo tirar a pedra de Drummond do meio do caminho, lembram? Pois é e  “agora José”? Agora, ora, ora. Deixar a vida levar ou fingir que por ela se deixa conduzir, compreendendo o princípio da ilusão. A mesma ilusão que nos ilude imaginando que com um novo ano a gente muda de vida, fica sem dívidas ou sem dúvidas. Engano. Essa é a pegadinha da vida que nos faz iludir querendo acordá-la.
Sabe que mais? Imagino mesmo que o melhor da vida é a dádiva: de aproveitar todos os minutos dela e transformá-los em eternidade; não julgar ninguém, não condenar ninguém, não fustigar ninguém. Beijar na boca muito, sorrir muito ou chorar. Saber que a morte é certa, mas que a vida é não lhe marca hora e sentir a existência como se fosse um perpetuo inexistir.

Imaginar que depois de três mil anos dC a humanidade continua com essas dúvidas é, de fato, motivo de não levarmos ela tão a sério no quesito “acordá-la” – como se acorda uma pessoa e depois conversar com ela. Não adianta. A vida é um “ai que mal soa”, já nos dizia um poeta português chamado Gil Vicente.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/12/2012

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Bacalhau do Batata e o calor do Aécio





Por Zezinho de Caetés

Eu estou voltando de um cansativo carnaval. Gosto da brincadeira, mas, a idade já reclama entre um ladeira e outra de Olinda. E também, sem tempo de ingerir meu combustível natural, a internete, fico mais sem fôlego ainda. Hoje, já quarta-feira de cinzas ainda tenho vontade de ir ao Bacalhau do Batata, mas, refreei-me, ou meu corpo o fez por mim. Volto a ingerir minha dose diária de raios catóditos na frente do computador.

E, não poderia ser diferente, estou defasado no tempo, e para comentar tenho que escolher textos que falem do futuro para não ficar totalmente defasado. Encontrei um com o título: “Calor à vista”, do Ruy Fabiano publicado no 09/2/2012 no Blog do Noblat.

Fiquei pesando que o termo calor seria um referência às consequências de ingerir uma dose de 51, como meu conterrâneo fazia antes da doença terrível que o acometeu (talvez, devido a esta hábito). Não era. Ele se referia a uma declaração do Aécio de que, depois do carnaval, a oposição vai “voltar quente” e fervendo para cima do governo.

Eu já estava com minhas dúvidas congeladas quanto a isto, exatamente, pelos motivos que o texto referido acima e reproduzido logo a seguir, também menciona. Realmente, nunca houve um tempo tão bom para a oposição quanto o ano passado e este ano. Passaram-se seis meses de julgamento do mensalão, onde se mostrou o que realmente é o objetivo do lulo/petismo, e a oposição nem ligou. Talvez com medo do mensalão mineiro, que se compararmos com o verdadeiro mensalão, foi furto de galinha de capoeira. Nunca a economia esteve tão ruim por mais de uma década, e o Lula está ingressando na sala de justiça, para que ela seja feita por completo.

E quem começa a fazer oposição não é oposição, e sim, os que querem sair do governo, como o Eduardo Campos, que apenas é o primeiro de uma longa fila. Política que um quê de oportunismo.

Já estava na hora do despertar para que não corramos o risco de passar mais 6 anos de deboche com a sociedade brasileira, que é enganada diuturnamente por um discurso de diminuição de desigualdades que nos levará, a todos, à miséria, isto é, menos os apaniguados do lulo/petismo, que vivem à tripa forra com o dinheiro público.

E vejam que não falei nem na Dilma. Quem? Existe alguém com este nome? Realmente, o poste fala e escutamos o sapo sem barba. Fiquem com o Ruy Fabiano, que vou terminar de ver, pela TV, o Bacalhau do Batata.

“O senador Aécio Neves manda avisar que, depois do carnaval, a oposição vai “voltar quente”. A metáfora térmica sugere que a oposição, enfim, começará a cumprir seu papel, o que, a não ser por espasmos episódicos, não o fez nestes onze anos de PT.

Não se fez presente, por exemplo, a nenhuma sessão do Mensalão no STF. Também não se manifestou quanto ao desafio da Câmara de não cumprir a decisão do Supremo de cassar o mandato dos mensaleiros. Esteve sempre a reboque do noticiário.

É hora, enfim, de entrar em cena. Nestes onze anos, a oposição conseguiu pelo menos duas CPIs importantes – a da Petrobras e a do MST, ambas no governo Lula -, mas não extraiu delas nenhum dividendo político. É como se não tivessem chegado a existir; quem sabe não existiram mesmo.

A desculpa de que é minoria não cola. O PT também o era ao longo dos oito anos de FHC e conseguiu, mesmo sem quórum para condenar ninguém, expor o governo a sucessivos – e consideráveis - desgastes. Credenciou-se assim a suceder os tucanos, que, até aqui, não se credenciaram a nada.

Na CPI das Privatizações, por exemplo, o PT conseguiu passar a ideia de que teria havido grandes escândalos, não confirmados anos depois pela Justiça, que absolveu todos os acusados.

Mas, do ponto de vista político, prevaleceu o discurso que o PT pôs em cena. Poucos sabem da absolvição; muitos sabem das acusações.

Mesmo no caso do Mensalão, tema que esteve aos cuidados de três CPIs, que funcionaram simultaneamente, nada foi obtido. A oposição fez a aposta errada: achou que não precisava pedir o impeachment de Lula porque ele acabaria sangrando em praça pública e seria carta fora do baralho na sucessão. Não foi.

Muito ao contrário, reelegeu-se e escapou de ser incluído na denúncia do procurador-geral da República ao STF.

Somente agora, com os desdobramentos do julgamento, e com as denúncias de Marcos Valério, Lula volta a figurar no rol dos suspeitos.

Mesmo assim, não se vê na oposição nenhuma cobrança mais veemente em relação ao assunto. A imprensa denuncia e a oposição silencia, o que leva alguns petistas a sugerir que a verdadeira oposição é a imprensa.

Mas a imprensa não cria os fatos; veicula-os. Quem deve deles tirar consequências políticas é a oposição.

Nas campanhas eleitorais que marcaram a Era Lula, os partidos de oposição não fizeram nenhuma cobrança quanto a uma entidade como o Foro de São Paulo, fundada em 1990 pelo PT, que a comanda.

O Foro reúne os partidos de esquerda do continente e, durante anos, abrigou, entre seus quadros, criminosos das Farc, as Forças Armadas revolucionárias da Colômbia.

As Farc, com o se sabe, vivem do tráfico de cocaína e do sequestro de pessoas. Mantêm, na selva amazônica, um campo de concentração, que chegou a reunir mais de oito mil prisioneiros.

A ex-senadora e ex-candidata à presidência da República da Colômbia, Ingrid Bettencourt, foi sequestrada em plena campanha eleitoral, em 2002 e ficou seis anos cativa das Farc.

O tratamento que recebeu, no campo de prisioneiros, seria subscrito pela Gestapo.

O PT não só convive com as lideranças das Farc, como acolhe e dá residência no país a seus líderes expatriados. Mais: recebeu ajuda financeira da quadrilha para campanhas eleitorais. E sugeriu que se transforme num partido político, disputando eleições, sem prestar contas à Justiça.

Tudo isso foi noticiado pela imprensa brasileira e internacional, mas não gerou, da parte da oposição, nenhuma ação significativa.

Os contratempos políticos dos governos do PT – o de Lula e o de Dilma – são provocados dentro da sua própria base.

Discute-se se Dilma é suficientemente petista, se Lula quer comandar um governo paralelo, se o governador Eduardo Campos quer melar a reeleição da presidente, se o PMDB é um bom parceiro etc.

A oposição não dá trabalho. Consegue perder uma eleição em São Paulo em pleno julgamento do Mensalão, em que o candidato petista teve como cabo eleitoral ninguém menos que o réu José Dirceu, condenado como chefe de quadrilha.

Aécio Neves, no entanto, parece determinado a tirar a oposição do freezer e “voltar quente”.

Assunto não lhe faltará: a economia vive dificuldades, há novo escândalo (e cabeludo) na Petrobras, a base está se estranhando, o acórdão do Mensalão será publicado e os condenados presos, e Lula começará a enfrentar o Judiciário.

Não faltam motivos para aquecer, mas jamais faltaram.”