Por Carlos Sena (*)
Se você quer fazer algo diferente
no ano novo que se avizinha, não vá muito longe. Fazer algo diferente na vida
não é fazer o que está no alcance das mãos. O verdadeiro ‘FAZER” acontece
quando você faz pelos outros aquilo que nem mesmo você acreditava que pudesse
ser feito. O primeiro passo desse “FAZER” é o amor. Aquele preconizado por
Jesus Cristo e que se resume a “Amar ao próximo como a si mesmo”... Se você já
exercita isso em todo seu curso de vida, certamente não vai ter dificuldades
maiores. Porque o verdadeiro amor não é o que une homem e mulher, mas o que une
pessoas, sexualidades, sexos, nexos, côncavos, convexos. Assim, o principio do
“fazer” diferente começará a tomar forma, a virar realidade concreta. Por que
isto? Ora, sempre que chega o ano novo, as pessoas se prometem: perder peso, deixar de fumar, deixar de beber,
deixar de “putanhar”, deixar de... Como contrapartida, se dizem querer
trabalhar, estudar, casar, ter filhos, ser uma nova pessoa. Alvíssaras, mas
isso é muito pouco. Certamente que quem não se ama jamais poderá fazer algo
diferente como deve ser feito, ou seja, pelo outro. Como disse, esse é o
verdadeiro fazer. Há outros fazeres que podem servir de gradação para se chegar
ao ápice do verdadeiro FAZER: se você é chefe, deixe de praticar assédio moral
com seus funcionários; se você tem colegas de trabalho, deixe de se meter na
vida intima deles; se você tem amigos gays deixe-os ser feliz, pois afinal,
eles sendo felizes sobra mais mulher pra você; se você acha que gentileza é
coisa brega, não é não. Pratique a gentileza e certamente outros te serão
gentis; se você só quer se relacionar com pessoas ricas, poderosas e bem de
vida financeira, procure mudar esse conceito, pois as maiores podridões do
mundo estão nas mansões dos ricos que geralmente são habitadas por poíticos
corrutos e outros pilantas.
Portanto, não adianta falar que o
mundo está violento – a violência está dentro de você; não adianta dizer que o
governo é ladrão, pois você nem se lembra em quem votou nas ultimas eleições,
nem acompanha os candidatos em quem votou; se você acha que a educação vai mal,
eduque-se por dentro; se você acha que o sus vai mal, lute para que a verba de
financiamento da saúde aumente; se você acha que todo politico calça quarenta,
modifique esse conceito, pois há políticos sérios, poucos, mas há. Se você acha
lindo um torcedor fanático chorando por um time de futebol ou por um cantor ou
grupo musical famoso, mude de ideia porque a idolatria é tão antiga quando seu
conceito de querer ser moderno sendo antigo e ultrapassado a esse ponto. Se
você acha que o “amor” está fora da morda, repense: o amor aos pais, a um homem
ou a uma mulher, o amor à natureza, o amor a si próprio jamais serão démodés.
Como se vê, é difícil senão quase
impossível querer fazer no ano seguinte algo de diferente sem romper
paradigmas. Quem sabe um dia a gente não cai na vida e, solidariamente, começa
a fazer diferente pelo outro? Esse é o verdadeiro fazer, no meu modo de ver o
mundo. Não sei se chego lá, mas tento. No meu mundinho eu tento e, feito
formiguinha, consigo fazer diferente em cada ano. No mínimo, quando eu descobri
que me amava, senti que estava começando a fazer diferente pelos outros...
Afinal, esse é o princípio do verdadeiro FAZER.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 30/12/2012
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