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sábado, 16 de fevereiro de 2013

FAZENDO DIFERENTE EM CADA ANO





Por Carlos Sena (*)


Se você quer fazer algo diferente no ano novo que se avizinha, não vá muito longe. Fazer algo diferente na vida não é fazer o que está no alcance das mãos. O verdadeiro ‘FAZER” acontece quando você faz pelos outros aquilo que nem mesmo você acreditava que pudesse ser feito. O primeiro passo desse “FAZER” é o amor. Aquele preconizado por Jesus Cristo e que se resume a “Amar ao próximo como a si mesmo”... Se você já exercita isso em todo seu curso de vida, certamente não vai ter dificuldades maiores. Porque o verdadeiro amor não é o que une homem e mulher, mas o que une pessoas, sexualidades, sexos, nexos, côncavos, convexos. Assim, o principio do “fazer” diferente começará a tomar forma, a virar realidade concreta. Por que isto? Ora, sempre que chega o ano novo, as pessoas se prometem:  perder peso, deixar de fumar, deixar de beber, deixar de “putanhar”, deixar de... Como contrapartida, se dizem querer trabalhar, estudar, casar, ter filhos, ser uma nova pessoa. Alvíssaras, mas isso é muito pouco. Certamente que quem não se ama jamais poderá fazer algo diferente como deve ser feito, ou seja, pelo outro. Como disse, esse é o verdadeiro fazer. Há outros fazeres que podem servir de gradação para se chegar ao ápice do verdadeiro FAZER: se você é chefe, deixe de praticar assédio moral com seus funcionários; se você tem colegas de trabalho, deixe de se meter na vida intima deles; se você tem amigos gays deixe-os ser feliz, pois afinal, eles sendo felizes sobra mais mulher pra você; se você acha que gentileza é coisa brega, não é não. Pratique a gentileza e certamente outros te serão gentis; se você só quer se relacionar com pessoas ricas, poderosas e bem de vida financeira, procure mudar esse conceito, pois as maiores podridões do mundo estão nas mansões dos ricos que geralmente são habitadas por poíticos corrutos e outros pilantas.

Portanto, não adianta falar que o mundo está violento – a violência está dentro de você; não adianta dizer que o governo é ladrão, pois você nem se lembra em quem votou nas ultimas eleições, nem acompanha os candidatos em quem votou; se você acha que a educação vai mal, eduque-se por dentro; se você acha que o sus vai mal, lute para que a verba de financiamento da saúde aumente; se você acha que todo politico calça quarenta, modifique esse conceito, pois há políticos sérios, poucos, mas há. Se você acha lindo um torcedor fanático chorando por um time de futebol ou por um cantor ou grupo musical famoso, mude de ideia porque a idolatria é tão antiga quando seu conceito de querer ser moderno sendo antigo e ultrapassado a esse ponto. Se você acha que o “amor” está fora da morda, repense: o amor aos pais, a um homem ou a uma mulher, o amor à natureza, o amor a si próprio jamais serão démodés.

Como se vê, é difícil senão quase impossível querer fazer no ano seguinte algo de diferente sem romper paradigmas. Quem sabe um dia a gente não cai na vida e, solidariamente, começa a fazer diferente pelo outro? Esse é o verdadeiro fazer, no meu modo de ver o mundo. Não sei se chego lá, mas tento. No meu mundinho eu tento e, feito formiguinha, consigo fazer diferente em cada ano. No mínimo, quando eu descobri que me amava, senti que estava começando a fazer diferente pelos outros... Afinal, esse é o princípio do verdadeiro FAZER.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 30/12/2012

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