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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

SEU LUIS!





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Estive nestes últimos dias  na boa praia Perua Preta em Tamandaré, para descansar o juízo, que anda muito carregado. Lá caminhando sob o sol frio da manhã, descansa a mente, não na sua totalidade, pois os pensamentos mesmo distantes perambulam. Participando a noite da Santa Missa na bela Igreja Matriz de São Pedro, do amigo Padre Arlindo, conhecido desde que ele era Coroinha,  ele comentou em sua homilia uma verdade que nós ignoramos -  “que todos nós amamos mais o inimigo do que o amigo”, pois este desafeto não sai do nosso pensamento, dia e noite, e isto incomoda a nossa vida, pois sempre teremos aquele rancor no coração, se não houver o perdão para florescer o amor, nada adianta. A vida é bela e necessitamos vivenciar esta beleza que Deus nos concedeu.

“Contou - Aconteceu a bastante tempo, quando tinha 16 anos, morando no bairro do Rio Doce / Olinda. Numa certa manhã, seu irmão, mandou que ele levasse um rádio na oficina de Seu Luis, a mais ou menos cinquenta metros de sua residência para ser instalado. Entregou o rádio às nove horas da manhã, e o Seu Luis prometendo entregar o carro às quatro horas da tarde. Até ai, tudo bem. Às quatro horas da tarde, voltou para apanhar o carro e como não encontrou nem o carro e nem seu Luis, resolveu esperar, sentado em frente à oficina. Por volta da cinco e meia da tarde, vinha da praia e bêbado, dirigindo o seu carro sem autorização e sem a instalação do rádio. Desceu cambaleando abriu a oficina para apanhar algum objeto. Pedi ao Seu Luiz o rádio, que se encontrava na mesa ainda com invólucro vindo da loja, pois não queria que ele fizesse o serviço. Seu Luis no auge de sua cachaça se negou a entregar-lhe e ele sentou no capu do carro e disse – só saio daqui quando o Senhor me der o rádio. Foi aquela contenda. Seu Luis queria que eu descesse e eu não queria. Acalorada a discussão foi criada e nesta ocasião seu Luis me deu murro que eu cai do outro lado. Uma hematoma foi gerada em meu rosto. O ódio subiu na minha cabeça e como não podia enfrenta-lo, por trata-se de um sujeito com os seus um metro noventa e cinco de altura fiquei amuado sentado no meio fio. Tudo que não prestava apresentou-se em minha mente. Desejava mata-lo, se assim o fosse. Voltei para casa esmurrado e choramingando de raiva. Ai começou crescer o ódio no meu coração. Não pensava em outra coisa, a não ser em Seu Luis. Neste tempo frequentava a Matriz de São Francisco de Assis, participando da celebração da Santa Missa como coroinha e participava do Encontro de Jovens, e tinha que passar em frente à oficina do Seu Luis. Evitava. Muitas das vezes, quando via a oficina aberta, desviava de caminho somente para não ver a cara daquele sujeito barbudo. A raiva, o rancor aflorava em meu coração. Não tinha. mais sossego na vida. Pensava a cada instante no seu Luiz. Ia-se a padaria comprar o pão, lá estava o Seu Luis; se ia comprar carne no açougue, lá estava seu Luis; se ia a feira comprar tomate, batata doce, laranja, cenoura e cebola, lá estava o Seu Luiz; se pegava o ônibus lá estava o Seu Luis; se ia para escola, pensava em Seu Luis; almoçando o jantando o meu pensamento era para Seu Luis e se ia dormir sonhava com Seu Luiz. Era um inferno.  Vejam vocês meus queridos irmãos e irmãs como era ruim esta minha vida. Não pensava em outra coisa se não fosse na figura do Seu Luiz. Carreguei por muito e muito anos esta rancor que tinha no coração. Desejava tudo acontecesse ao seu Luiz. Uma doença grave, uma atropelamento, um assalto seguido de morte, tudo que era de ruim desejava que acontecesse com o Seu Luiz. Aquele rancor já esta me prejudicando na minha adolescência. Não podia continuar com este rancor, haja vista, que a minha vocação para o sacerdócio não comungava com esta atitude, mantendo esta raiva que nutria em mim. Era um desafio afastar de mim este acontecimento que acontecera há anos.   Certo dia resolvi tomar a atitude de perdoar o Seu Luis. Sabia que era difícil, mas a raiva que tinha já estava passando. Não podia nutrir este sentimento, pois já me preparava pra ingressar no Seminário. Ao me levantar, em uma manhã ensolarada, tomei a decisão é hoje que eu falo com o Seu Luis dizendo para ele que eu estava perdoando e que apagasse aquele fato de sua vida. Foi tiro e queda. Ao chegar à oficina, Seu Luis ficou espantando. Olhei para ele e disse – me dê um abraço e vamos esquecer o que aconteceu – foi um abraço sincero, que emocionou seu Luiz que choramingou e ajoelhando-se pediu perdão por aquele desgraçado dia. Ficamos “amigos e aquele rancor saiu dos nossos corações e com isto a VIDA tornou-se BELA”.

Sai da Igreja pensando e refletindo comigo mesmo este relato. Não é uma verdade? Quando não simpatizamos com alguém, quando as desavenças ocorrem conosco passamos a nutrir uma insatisfação em nossa vida, tornando-a incomoda e sem sossego. Portanto, aprendemos a PERDOAR, pois assim a vida torna-se MAIS BELA.

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