Por Carlos Sena. (*)
Ufa! Eu nem sabia, mas há 133
pecados listados na Bíblia. Alguma coisa deve estar furada nessa história. Se
há 133 pecados quem os contou? Será que houve por parte dos
"textificadores" algo como um “congresso” ou uma “oficina” para tirar
como indicativo o que seriam os 133 pecados? Qual o critério adotado para se
definir um pecado mortal, um venial, ou sei lá mais qual? E nesse tempo todo
não houve novos pecados? Afinal o mundo mudou e com eles as pessoas, a
tecnologia, a ciência, os modos de vida. Todos mudaram. Como ficou por exemplo
um pecado que era mortal como
desobediência a pai e mãe? Hoje, boa parte dos filhos mandam os pais tomarem
naquele lugar e o que é pior: eles vão! Mas isso não era um “pecadão”? No
passado, lá na minha terra Bom Conselho de papacaça, comer carne na sexta-feira
da paixão era um pecado mortal, um “pecadão”, mas hoje se come todo tipo de
carne, inclusive "humana" e não é pecado. Os próprios padres comem
carne (todas). Também os pais não batiam
nos filhos e por aí se seguiam outros e outros pecados grandes, médios e
pequenos que hoje nem sequer são, digamos assim, pecado. E agora senhora
bíblia? Como não tive a curiosidade de pinçar os cento e trinta e três pecados,
gostaria de ver se nessa lista está a pedofilia que abalou a igreja católica
tão metida a ser a “palmatória do mundo”... Queria ver se nessa lista de
pecados está o pecado mortal que é ser padre e casar com mulher. Por que os
padres católicos que deveriam seguir a risca os mandamentos, principalmente o
“crescei e multiplicai” não cumprem isso? Não seria esse um grande pecado? Não é pecado mortal? Então por que os padres
são quase que excomungados da igreja? Há uma afirmação que diz que os padres
não podem se casar com mulheres (alguns se casam com homens) porque a igreja
sempre foi riquíssima. Deixar os padres casarem seria ter que dividir o
patrimônio com mulher e filhos e demais descendentes. Faz sentido. Nesse caso,
se isso estiver na lista dos pecados, os
“legisladores” o fizeram em causa própria.
Deixemos para lá. Verdade é que
pecado bom só presta grande e cabeludo. Mas para as igrejas o pecado é questão
de sobrevivência. Como elas sobreviveriam se nós, pobres tementes a Deus não
tivéssemos uma igreja caótica, digo católica ou evangélica ou pentecostal –
mais pente do que costais, a nos atemorizar com o pecado? Tem que ser casado,
pois amasiado é pecado; tem que só fazer sexo com mulher, pois procria e não dá
nem “lobisomem nem jacaré”... O que a gente não entende, nem entra nas nossas
“coxas” conceituais é o falso moralismo. Esse sim deveria ser pecado. Mas não.
Ele flutua nas hostes religiosas e sociais como forma gritante de controle
social deslavado – algo como “o que os olhos não veem o coração não sente”...
Nem Jesus estaria vendo?
Depois da chamada “revolução de
março de 1964” o Brasil teve que escrever uma nova Constituição Federal. Depois
houve uma Constituinte em 1988 que está vigorando até hoje, porque precisava o
país ser adequado a nova realidade do mundo. Esse é o mesmo raciocínio que
imagino se adequar a essa questão meio babaca dos 133 pecados da Bíblia. Fico
imaginando que os salmistas, os textificadores, os padres, papas, etc., todos
aqueles que criaram esse “check- List”
moral se aqui estivessem morreriam de vergonha diante da loucura e da
piração que a gente vê por aí. Talvez morressem mais pela sua pouca capacidade
posta na feitura de um “cardápio de pecados” que fosse genérico e que fosse se
adequando aos tempos. O danado é que, de fato eu nem mesmo sei se são
genéricos! Se forem, eis aí uma prova de que a gente não é o pai nem a mãe do
“genérico”. Mas lá como cá, pecado é uma coisa doida, do controle das pessoas
por aqueles que se dizem donos da verdade, embora sejam apenas donos das sua
inúmeras mentiras.
Fica a dica. Quem descobrir a
lista dos pecados que são 133 (por que não um numero redondo?)faz a gentileza
de me dizer o link para eu ir buscar e completar esse artigo. Essa crônica.
Artigo? Crônica? Porra nenhuma, talvez um pecado original, originalíssimo que
certamente não está entre os 133.
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(*) Publicado no Recanto das
Letras em 05/01/2013
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