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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A escolha do Papa e a reza do Leonardo Boff





Por Zezinho de Caetés

Eu, como quase todo brasileiro, sou católico apostólico romano, principalmente, porque minha família, vinda de Portugal e com sangue espanhol o era, e até tentou que eu fosse mais religioso do que o sou. Mas, foi em vão.

Entretanto, pegou-nos durante o carnaval (a mim depois, pois não acompanhei o mundo durante esta período, a não ser que se chame de mundo as troças de Olinda) a notícia de que o Papa renunciaria com data e hora marcada. Coisas mesmo da Igreja. Teremos mais um mês para curtir a renúncia do Papa, quando ainda ele ainda é Papa.

Eu penso que isto, se não fosse dentro dos padrões religiosos do Vaticano seria um verdadeiro terror. Não só os padrões religiosos, mas, a pequena influência que este estado tem na economia mundial, a não ser na bolsa de alguns fiéis mais caridosos.

Já imaginaram, se o Obama dissesse que iria renunciar daqui a 30 dias? Seria um perigo para o mundo. Ou, melhor, já pensaram se o Renan declarasse da cadeira da presidência do Senado que iria renunciar no dia 31 de março? Haveria dois meses de carnaval no Brasil, com desfiles de escola de samba e tudo. Ambas as hipóteses dificilmente serão verificadas, por vários motivos.

Transcrevo, abaixo, um texto do Elio Gaspari que vi no dia 12/02/2013 no Globo, onde ele mostra, com sua erudição jornalística, as firulas que podem existir no próximo conclave que elegerá o novo Papa.

Eu não esqueço o que li da colega e amiga Lucinha Peixoto (aqui) onde ela, inteligentemente, associou a renúncia do Papa com o mensalão. Talvez, a hipótese dela, que pode se tomar como mais uma de suas jocosidades, não seja não descabida assim. Hoje o meu conterrâneo Lula tem um influência mundial e por que não pode ter influenciado o Bento XVI em sua decisão?

Vejam que o importante e inusitado do fato é a renúncia e não a substituição do Papa que já tivemos muitos durante o tempo recente. A renúncia já é diferente. A alegação da doença pode ser verdade, mas, não seria motivo de renúncia, a não ser num caso extremo de completa incapacidade, o que não parece o caso.

Então, deve ter caroço maior no meio do angu papal. A influência da Igreja é enorme e há forças de todos os lados tentando mandar. Ora, se para substituir o Sarney houve aquela quizumba toda, e ele, só é papa no Maranhão, imaginem lá em Roma. A meu ver a hipótese mais provável é de que o Bento XVI quer sim influir na escolha do seu sucessor. Mesmo que não seja a versão da Lucinha a correta.

Todos dirão que ele ficará trancado rezando, mas, mesmo assim ele estará rezando para que seja um conservador como ele, seu substituto, o que para mim é muito bom.

E aí corre na frente da disputa o cardeal de São Paulo, o Odilo Sherer, que parece não gostar muito de padre de passeata, pois não se bica com a CNBB. Vamos esperar o grande conclave e que vença o melhor, com a ajuda de Deus.

Fiquem com o texto do Elio Gaspari, lendo e rezando para que Deus ilumine os cardeais durante o conclave. E rezem muito e com fé, temos que ultrapassar as rezas do Leonardo Boff, e, quem sabe, do Lula.

“Tudo o que se pode esperar da escolha do sucessor de Bento XVI é o fim de um Vaticano eurocêntrico. Desde que Karol Wojtyla tornou-se João Paulo II, a Europa é o centro das atenções da Cúria. O Papa polonês cumpriu uma fenomenal missão histórica ajudando a desmontar décadas de tolerância com as ditaduras comunistas.

Seu sucessor teve um pontificado medíocre enrolado pela tolerância com escândalos sexuais e financeiros de sacerdotes. Um deles passou de raspão pelo Brasil, num trambique do namorado da atriz Anne Hathaway, sócio do sobrinho do atual decano do Colégio de Cardeais, o poderoso ex-secretário de Estado Angelo Sodano. A moça micou em US$ 135 mil e o rapaz foi preso nos Estados Unidos.

As dificuldades do Vaticano com suas finanças são antigas. Foi Pio IX quem avisou: “Posso ser infalível, mas estou falido.” Já os desempenhos sexuais de alguns sacerdotes, mesmo sendo coisa antiga, tornaram-se uma encrenca recente, com a qual João Paulo II e Bento XVI nunca conseguiram lidar direito, envenenando a missão pastoral de dioceses europeias e americanas.

O eurocentrismo da Cúria Romana refletiu-se no Brasil. Durante o pontificado de Paulo VI, Pindorama passou de dois para oito cardeais. Hoje tem cinco. Bento XVI deixou sem o barrete cardinalício as arquidioceses do Rio e de Brasília. Porto Alegre teve cardeal e está sem. Recife, a primeira sé cardinalícia brasileira, está na segunda divisão desde os anos 60, quando a ditadura hostilizava D. Helder Câmara e não queria vê-lo cardeal.

Se foi econômico com os barretes brasileiros, Bento XVI foi generoso aspergindo-os pela Europa. Elevou a diocese de Valencia (800 mil habitantes), na Espanha, mas não confirmou o barrete de Porto Alegre (1,5 milhão de habitantes).

Quem especular o nome do sucessor de Ratzinger pode jogar cara ou coroa. Nos seis últimos conclaves elegeram-se três favoritos (Ratzinger, Paulo VI e Pio XII) e três azarões (João Paulo II, João Paulo I e João XXIII, um gorducho que mal cabia nas vestes preparadas pelos alfaiates que trabalharam durante o conclave.)

Pode-se esperar que, depois de um Papa saído da academia de teólogos e da burocracia de Roma, venha um pastor, como os dois João Paulo e João XXIII. Um administrador de diocese do Terceiro Mundo uniria o útil ao agradável.

É assim que entra nas listas, com um sopro romano, o cardeal de São Paulo, D. Odilo Scherer, pastor de uma das maiores arquidioceses do mundo.

Aos 63 anos, teria um longo pontificado. Ele tem uma característica anfíbia. É brasileiro, mas, como quatro outros cardeais brasileiros (Claudio Hummes, Paulo Evaristo Arns, Aloisio Lorscheider e Vicente Scherer, seu parente distante), descende da imigração alemã. A mola mestra da eleição dos dois últimos papas foi a capacidade de articulação da hierarquia alemã.

D. Odilo lidera a facção conservadora do clero brasileiro, derrotada na última eleição da CNBB e nas eleições gerais em que se meteu. Para consumo mundial, preenche o requisito de um Papa do Terceiro Mundo, condição só superável pela escolha de um africano como Francis Arinze, de Lagos. Mais que africano, Arinze tem 80 anos e passou 25 em Roma. Seria um Papa de transição.

Com uma eleição marcada para o fim de março e um Papa vivo, vem aí um conclave inesquecível.”

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