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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A seca nordestina, a propaganda dos governos e as joias da coroa





Por Zezinho de Caetés

Mais uma vez encontro um sulista falando da seca do Nordeste. E o primeiro não foi o D. Pedro II, com certeza. E o pior de tudo, é que parece que eles a veem com mais isenção do que nós.

Vivemos muitas vezes numa situação de auto-louvação, principalmente, quando chega o carnaval, onde nossos problemas parecem sumir. E eles não sumirão enquanto a água não aparecer para que a região tenha um sustento permanente.

Eu nunca fui a favor da tal de transposição do Rio São Francisco, por vários motivos, sendo o principal, seu teor explosivo para propaganda política em detrimento de soluções mais simples e mais baratas. E é desta transposição basicamente do que trata o Elio Gaspari no texto abaixo, publicado no Blog do Noblat, com o título: “Governos espetaculares fazem espetáculos”.

Ele junta a vergonha que é a obra de transposição do Rio São Francisco que entra governo e sai governo e a obra permanece, como diz ele, sem produzir um “copo d’água” sequer para o sertanejo sofredor, com a crítica aos gastos de propaganda de todas as esferas de governo.

O caso emblemático é o do Cid Gomes, em cujo governo, redistribuiu a renda do nordesta, mais do que qualquer política da antiga e morta SUDENE, em direção da Bahia, contratando a Ivete Sangalo. Mas, a seca continua por lá e cada dia pior.

O que mais me impressiona é que o Cid Gomes é do PSB, o mesmo partido do nosso governador, que, mesmo não precisando até agora da ajuda dos artistas bahianos para fazer o povo dançar, não deixa de ser um propagandista contumaz do próprio governo. Tudo se passa como se houvesse uma competição para venda de um produto corriqueiro em qualquer mercado.

A existência dos chamados “marqueteiros” é o cancro da política moderna, onde, cada dia mais os fins estão justificando os meios, e os fins não são “matar” a sede do nordestino, e sim, continuar no poder.

E a vida continua boa para todos que se locupletam dos recursos públicos e os desviam de suas finalidades. E cada dia mais, com o aumento do tamanho do estado, aumentando sua inoperância ao enfrentar problemas como a seca, que em pleno século XXI, ainda clama pela venda das joias da coroa, para acabá-la. Só que a coroa que resta é a presidenta.

Fiquem com o Gaspari, que eu vou tomar meu copo d’água antes que alguém sugira levar o Rio Capibaribe para o sertão.

“Desde o ano passado, o semiárido nordestino atravessa uma grave seca. Na Bahia, em Sergipe, Alagoas e no Maranhão, 75% dos municípios estão em estado de emergência. No Ceará, são 177 em 184. Lá, as chuvas do ano passado ficaram em metade da média habitual e neste ano estão abaixo do terço (55,1 milímetros contra 161,8). Há 136 municípios dependendo de carros-pipa para atender perto de um milhão de pessoas. Em algumas cidades, as escolas dependem do socorro de vizinhos.

Os investimentos feitos na região mostraram-se insuficientes para enfrentar uma calamidade natural que, segundo os meteorologistas, tende a se agravar. Estima-se que as chuvas deste ano serão poucas.

A mais vistosa ação do governo federal tem sido um filme de um minuto que a Secom botou nas televisões da região. Nele, Chambinho do Acordeon, feliz e sorridente, anda pela caatinga informando que “a seca sempre vai existir, mas o sertanejo vai poder se defender cada vez mais dela”. Cantando louvores aos investimentos feitos pelo governo, informa que “o sertanejo é um cabra forte, só precisa de apoio, e vai ter cada vez mais”.

 Os sertanejos que estão sem o abastecimento de carros-pipa não precisam de propaganda. O que lhes falta é água. Esse tipo de marquetagem no meio de uma seca chega a ser deboche. Para falar sério, o aparelho de autoglorificação da doutora Dilma deveria anunciar, ao fim de cada clipe, quanto gastou na marquetagem e quantos carros-pipa ela pagaria.

Durante a seca de 1998, Lula visitou o interior do Ceará acompanhado de José Genoino, cuja família morava em Jaguaruana. Culpou a desatenção dos tucanos e prometeu rios de mel. Nas palavras de Nosso Guia: “O sofrimento do povo nordestino só vai acabar no dia em que a gente tiver políticas de investimento para tornar esta terra produtiva. E essas políticas, o PT tem”.

Qual era? “O Fernando Henrique veio ao Ceará na campanha de 1994 e prometeu transpor as águas do Rio São Francisco. Mas até agora não trouxe sequer um copo de água. Ele foi mentiroso e vai mentir de novo prometendo a obra para ganhar voto”.

Em 2003, eleito, Lula prometeu: “Nesses quatro anos, 24 horas por dia serão dedicadas para fazer aquilo em que acredito: a transposição das águas do Rio São Francisco”. Ficou oito anos, a doutora Dilma juntou mais dois, e depois de dez anos o “copo de água” ainda não apareceu.

A opção preferencial dos governos pela propaganda e pelos espetáculos criou um novo estilo de administração e, nele, o governador do Ceará, Cid Gomes, tem se revelado um talento à altura de Steven Spielberg. No ano passado, a Viúva entrou com boa parte do custo da festa de inauguração de um centro de convenções abrilhantado pelo tenor espanhol Placido Domingo. A tertúlia custou R$ 3,1 milhões e alegrou três mil convidados.

Até aí tudo bem, pois de fato havia um centro de convenções. Em janeiro passado, ele pagou um cachê de R$ 650 mil à cantora Ivete Sangalo para lustrar a inauguração do Hospital Regional Euclides Ferreira Gomes, em Sobral, berço político de sua família desde a proclamação da República.

Cadê o hospital? Houvera o show, o prédio estava pronto, mas não havia funcionários. Até hoje, ele funciona como posto de saúde, só com consultas e raios X. Hospital mesmo, só em maio.

Assim como a Secom poderia investir em carros-pipa o que gasta em propaganda, Cid Gomes poderia ao menos fazer a caridade de só patrocinar shows quanto tiver serviço para entregar.”

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