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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CHATO DE GALOCHA





Por Carlos Sena (*)

Você diz que sou um chato. Eu fico triste e acho que, de fato,  chato sou. Chato é um estado de quem não é. Chato é quem você pergunta “como vai e a pessoa diz”. Então você tem que ser chato pra barrar a pessoa e fazê-la deixar de dizer “como vai” senão você não suportará tanta chatice. Chato é você dar bom dia no elevador e não ter resposta de ninguém, principalmente quando só tem uma pessoa dentro dele. Chato é coisa de chato, mas é coisa de quem não se acha assim mesmo sendo. Chato não é a coceira que o bichinho faz no entreperna. O bichinho chamado chato terá se inspirado em nós, humanos, ou o contrário? Não importa, a chatice é filha pródiga do nosso egocentrismo que se alimenta de uma suposta modernidade para ser exagerado em tudo, inclusive na inconveniência que produz o chato. Há quem diga que chato não é a chatice que o chato faz, mas o que ele, o chato, pode proporcionar. Muitas vezes o chato beira a idiotice, mesmo sabendo que a idiotice contém o chato sem obrigação de a ordem ser subvertida. Assim, enquanto houver chato haverá galocha. Chato de galocha, quem já não se expressou assim? Pois é. Acho mesmo que a galocha não merece o chato, mas todo ele gosta de galocha porque ela, sendo de borracha parece que o isola dos choques que ele leva com a insatisfação das suas vitimas.

Portanto, se você tiver dúvidas de sua chatice, é só testar: se alguém te perguntar como você vai e você disser, você é um chato de galocha. Pronto. Essa é a regra geral, mas você pode ter a sua em particular, porque há momentos na vida que até ler sobre o chato se torna chato.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 26/12/2012

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