Por Carlos Sena (*)
Na virada haverá virada? O que dá
pra rir dá pra chorar, pois é. Na virada é que muita gente leva a pior ou se
vira da melhor maneira. Afinal, ninguém é peixe, mas, a gente sempre se vira
como pode. O peixe no óleo quente quem lhe vira é o quituteiro, nós nem sempre.
Dependendo de quem seja o quituteiro, pois há quituteiro de gente. Afinal, o
verbo “comer” foi por nós, humanos, subvertido na sua pior tradução. O homem,
sexo masculino, é o maior useiro e vezeiro disso, posto ser ele o dominador, o
“rei da cocada preta”... Na virada, portanto, tudo pode virar. Vira-se o ano
doze em treze, vira-se lobisomem, há mulher que prefere virar jacaré e por aí
vai.
Na virada, certamente haverá todo
tipo delas e pra todos os gostos. Há na virada, inclusive quem troque de
morada, quero dizer, há quem morra em plena virada – troca a terra pelo céu...
Céu da boca? Pode ser. Afinal é melhor a certeza do céu da boca do que a
incerteza do céu dos santos. No céu da boca a gente degusta maravilhas da
gastronomia e, talvez, não se consiga maravilhas do outro lado da eternidade.
Como se vê tudo mesmo caminha para a viração, ou seja, para a virada. Há casulo
virando borboleta, há borboleta virando as asas pra voar solene noutros
pomares. Há rola virando roleta, há vinha virando vinheta, há sala virando
saleta, há punho virando rede. Assustou? Pois bem, o susto é a virada da
calmaria; é o outro lado do horizonte
certo pelo incerto.
Deste modo, esperar a virada do
ano é apenas virar com ele a folhinha do tempo: se a folha vira, o tempo vira,
a gente vira. Não se queira diferente do peixe que além de fresco fica frito
pra boca da gente. Prefiro assim, uma virada informal. Mas há quem goste dela
FORMAL e dentro do “armário”. Pra não
perder a rima lhes digo que não sou santo “sudário”. Melhor o armário vez por
outra aberto do que nunca rompido em seu lacre da viração. A vida é assim cheia
de viradas e virações. Outro dia,
perguntado "COMO VAI"?, um senhor respondeu: “vou feito gás de
cozinha escapando quando posso”. É assim mesmo, pois quem não sabe se virar
escapa feito o gás. E, se no dia da virada, você não conseguir, escape. Escape
num sonho e vá pras estrelas. De lá, é só olhar sem vê-las e lá mais que da pá
virada, serás luz neon a virar o edredom da ilusão e se esconder por sobre...
Mas nunca, em tempo algum, escape pelo cano, como carro velho que incomoda a
todos pelo escape.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 27/12/2012
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