Por Zezinho de Caetés
Eu estou voltando de um cansativo carnaval. Gosto da
brincadeira, mas, a idade já reclama entre um ladeira e outra de Olinda. E
também, sem tempo de ingerir meu combustível natural, a internete, fico mais
sem fôlego ainda. Hoje, já quarta-feira de cinzas ainda tenho vontade de ir ao
Bacalhau do Batata, mas, refreei-me, ou meu corpo o fez por mim. Volto a
ingerir minha dose diária de raios catóditos na frente do computador.
E, não poderia ser diferente, estou defasado no tempo, e
para comentar tenho que escolher textos que falem do futuro para não ficar
totalmente defasado. Encontrei um com o título: “Calor à vista”, do Ruy Fabiano publicado no 09/2/2012 no Blog do
Noblat.
Fiquei pesando que o termo calor seria um referência às consequências de ingerir uma dose de
51, como meu conterrâneo fazia antes da doença terrível que o acometeu (talvez,
devido a esta hábito). Não era. Ele se referia a uma declaração do Aécio de que,
depois do carnaval, a oposição vai “voltar
quente” e fervendo para cima do governo.
Eu já estava com minhas dúvidas congeladas quanto a isto,
exatamente, pelos motivos que o texto referido acima e reproduzido logo a
seguir, também menciona. Realmente, nunca houve um tempo tão bom para a
oposição quanto o ano passado e este ano. Passaram-se seis meses de julgamento
do mensalão, onde se mostrou o que realmente é o objetivo do lulo/petismo, e a
oposição nem ligou. Talvez com medo do mensalão mineiro, que se compararmos com
o verdadeiro mensalão, foi furto de galinha de capoeira. Nunca a economia
esteve tão ruim por mais de uma década, e o Lula está ingressando na sala de
justiça, para que ela seja feita por completo.
E quem começa a fazer oposição não é oposição, e sim, os que
querem sair do governo, como o Eduardo Campos, que apenas é o primeiro de uma
longa fila. Política que um quê de oportunismo.
Já estava na hora do despertar para que não corramos o risco
de passar mais 6 anos de deboche com a sociedade brasileira, que é enganada
diuturnamente por um discurso de diminuição de desigualdades que nos levará, a
todos, à miséria, isto é, menos os apaniguados do lulo/petismo, que vivem à
tripa forra com o dinheiro público.
E vejam que não falei nem na Dilma. Quem? Existe alguém com
este nome? Realmente, o poste fala e escutamos o sapo sem barba. Fiquem com o
Ruy Fabiano, que vou terminar de ver, pela TV, o Bacalhau do Batata.
“O senador Aécio Neves manda avisar que, depois do carnaval, a oposição
vai “voltar quente”. A metáfora térmica sugere que a oposição, enfim, começará
a cumprir seu papel, o que, a não ser por espasmos episódicos, não o fez nestes
onze anos de PT.
Não se fez presente, por exemplo, a nenhuma sessão do Mensalão no STF.
Também não se manifestou quanto ao desafio da Câmara de não cumprir a decisão
do Supremo de cassar o mandato dos mensaleiros. Esteve sempre a reboque do
noticiário.
É hora, enfim, de entrar em cena. Nestes onze anos, a oposição
conseguiu pelo menos duas CPIs importantes – a da Petrobras e a do MST, ambas
no governo Lula -, mas não extraiu delas nenhum dividendo político. É como se
não tivessem chegado a existir; quem sabe não existiram mesmo.
A desculpa de que é minoria não cola. O PT também o era ao longo dos
oito anos de FHC e conseguiu, mesmo sem quórum para condenar ninguém, expor o
governo a sucessivos – e consideráveis - desgastes. Credenciou-se assim a
suceder os tucanos, que, até aqui, não se credenciaram a nada.
Na CPI das Privatizações, por exemplo, o PT conseguiu passar a ideia de
que teria havido grandes escândalos, não confirmados anos depois pela Justiça,
que absolveu todos os acusados.
Mas, do ponto de vista político, prevaleceu o discurso que o PT pôs em
cena. Poucos sabem da absolvição; muitos sabem das acusações.
Mesmo no caso do Mensalão, tema que esteve aos cuidados de três CPIs,
que funcionaram simultaneamente, nada foi obtido. A oposição fez a aposta
errada: achou que não precisava pedir o impeachment de Lula porque ele acabaria
sangrando em praça pública e seria carta fora do baralho na sucessão. Não foi.
Muito ao contrário, reelegeu-se e escapou de ser incluído na denúncia
do procurador-geral da República ao STF.
Somente agora, com os desdobramentos do julgamento, e com as denúncias
de Marcos Valério, Lula volta a figurar no rol dos suspeitos.
Mesmo assim, não se vê na oposição nenhuma cobrança mais veemente em
relação ao assunto. A imprensa denuncia e a oposição silencia, o que leva
alguns petistas a sugerir que a verdadeira oposição é a imprensa.
Mas a imprensa não cria os fatos; veicula-os. Quem deve deles tirar
consequências políticas é a oposição.
Nas campanhas eleitorais que marcaram a Era Lula, os partidos de
oposição não fizeram nenhuma cobrança quanto a uma entidade como o Foro de São
Paulo, fundada em 1990 pelo PT, que a comanda.
O Foro reúne os partidos de esquerda do continente e, durante anos,
abrigou, entre seus quadros, criminosos das Farc, as Forças Armadas
revolucionárias da Colômbia.
As Farc, com o se sabe, vivem do tráfico de cocaína e do sequestro de
pessoas. Mantêm, na selva amazônica, um campo de concentração, que chegou a
reunir mais de oito mil prisioneiros.
A ex-senadora e ex-candidata à presidência da República da Colômbia,
Ingrid Bettencourt, foi sequestrada em plena campanha eleitoral, em 2002 e
ficou seis anos cativa das Farc.
O tratamento que recebeu, no campo de prisioneiros, seria subscrito
pela Gestapo.
O PT não só convive com as lideranças das Farc, como acolhe e dá
residência no país a seus líderes expatriados. Mais: recebeu ajuda financeira
da quadrilha para campanhas eleitorais. E sugeriu que se transforme num partido
político, disputando eleições, sem prestar contas à Justiça.
Tudo isso foi noticiado pela imprensa brasileira e internacional, mas
não gerou, da parte da oposição, nenhuma ação significativa.
Os contratempos políticos dos governos do PT – o de Lula e o de Dilma –
são provocados dentro da sua própria base.
Discute-se se Dilma é suficientemente petista, se Lula quer comandar um
governo paralelo, se o governador Eduardo Campos quer melar a reeleição da
presidente, se o PMDB é um bom parceiro etc.
A oposição não dá trabalho. Consegue perder uma eleição em São Paulo em
pleno julgamento do Mensalão, em que o candidato petista teve como cabo
eleitoral ninguém menos que o réu José Dirceu, condenado como chefe de
quadrilha.
Aécio Neves, no entanto, parece determinado a tirar a oposição do
freezer e “voltar quente”.
Assunto não lhe faltará: a economia vive dificuldades, há novo
escândalo (e cabeludo) na Petrobras, a base está se estranhando, o acórdão do
Mensalão será publicado e os condenados presos, e Lula começará a enfrentar o
Judiciário.
Não faltam motivos para aquecer, mas jamais faltaram.”
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