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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Bacalhau do Batata e o calor do Aécio





Por Zezinho de Caetés

Eu estou voltando de um cansativo carnaval. Gosto da brincadeira, mas, a idade já reclama entre um ladeira e outra de Olinda. E também, sem tempo de ingerir meu combustível natural, a internete, fico mais sem fôlego ainda. Hoje, já quarta-feira de cinzas ainda tenho vontade de ir ao Bacalhau do Batata, mas, refreei-me, ou meu corpo o fez por mim. Volto a ingerir minha dose diária de raios catóditos na frente do computador.

E, não poderia ser diferente, estou defasado no tempo, e para comentar tenho que escolher textos que falem do futuro para não ficar totalmente defasado. Encontrei um com o título: “Calor à vista”, do Ruy Fabiano publicado no 09/2/2012 no Blog do Noblat.

Fiquei pesando que o termo calor seria um referência às consequências de ingerir uma dose de 51, como meu conterrâneo fazia antes da doença terrível que o acometeu (talvez, devido a esta hábito). Não era. Ele se referia a uma declaração do Aécio de que, depois do carnaval, a oposição vai “voltar quente” e fervendo para cima do governo.

Eu já estava com minhas dúvidas congeladas quanto a isto, exatamente, pelos motivos que o texto referido acima e reproduzido logo a seguir, também menciona. Realmente, nunca houve um tempo tão bom para a oposição quanto o ano passado e este ano. Passaram-se seis meses de julgamento do mensalão, onde se mostrou o que realmente é o objetivo do lulo/petismo, e a oposição nem ligou. Talvez com medo do mensalão mineiro, que se compararmos com o verdadeiro mensalão, foi furto de galinha de capoeira. Nunca a economia esteve tão ruim por mais de uma década, e o Lula está ingressando na sala de justiça, para que ela seja feita por completo.

E quem começa a fazer oposição não é oposição, e sim, os que querem sair do governo, como o Eduardo Campos, que apenas é o primeiro de uma longa fila. Política que um quê de oportunismo.

Já estava na hora do despertar para que não corramos o risco de passar mais 6 anos de deboche com a sociedade brasileira, que é enganada diuturnamente por um discurso de diminuição de desigualdades que nos levará, a todos, à miséria, isto é, menos os apaniguados do lulo/petismo, que vivem à tripa forra com o dinheiro público.

E vejam que não falei nem na Dilma. Quem? Existe alguém com este nome? Realmente, o poste fala e escutamos o sapo sem barba. Fiquem com o Ruy Fabiano, que vou terminar de ver, pela TV, o Bacalhau do Batata.

“O senador Aécio Neves manda avisar que, depois do carnaval, a oposição vai “voltar quente”. A metáfora térmica sugere que a oposição, enfim, começará a cumprir seu papel, o que, a não ser por espasmos episódicos, não o fez nestes onze anos de PT.

Não se fez presente, por exemplo, a nenhuma sessão do Mensalão no STF. Também não se manifestou quanto ao desafio da Câmara de não cumprir a decisão do Supremo de cassar o mandato dos mensaleiros. Esteve sempre a reboque do noticiário.

É hora, enfim, de entrar em cena. Nestes onze anos, a oposição conseguiu pelo menos duas CPIs importantes – a da Petrobras e a do MST, ambas no governo Lula -, mas não extraiu delas nenhum dividendo político. É como se não tivessem chegado a existir; quem sabe não existiram mesmo.

A desculpa de que é minoria não cola. O PT também o era ao longo dos oito anos de FHC e conseguiu, mesmo sem quórum para condenar ninguém, expor o governo a sucessivos – e consideráveis - desgastes. Credenciou-se assim a suceder os tucanos, que, até aqui, não se credenciaram a nada.

Na CPI das Privatizações, por exemplo, o PT conseguiu passar a ideia de que teria havido grandes escândalos, não confirmados anos depois pela Justiça, que absolveu todos os acusados.

Mas, do ponto de vista político, prevaleceu o discurso que o PT pôs em cena. Poucos sabem da absolvição; muitos sabem das acusações.

Mesmo no caso do Mensalão, tema que esteve aos cuidados de três CPIs, que funcionaram simultaneamente, nada foi obtido. A oposição fez a aposta errada: achou que não precisava pedir o impeachment de Lula porque ele acabaria sangrando em praça pública e seria carta fora do baralho na sucessão. Não foi.

Muito ao contrário, reelegeu-se e escapou de ser incluído na denúncia do procurador-geral da República ao STF.

Somente agora, com os desdobramentos do julgamento, e com as denúncias de Marcos Valério, Lula volta a figurar no rol dos suspeitos.

Mesmo assim, não se vê na oposição nenhuma cobrança mais veemente em relação ao assunto. A imprensa denuncia e a oposição silencia, o que leva alguns petistas a sugerir que a verdadeira oposição é a imprensa.

Mas a imprensa não cria os fatos; veicula-os. Quem deve deles tirar consequências políticas é a oposição.

Nas campanhas eleitorais que marcaram a Era Lula, os partidos de oposição não fizeram nenhuma cobrança quanto a uma entidade como o Foro de São Paulo, fundada em 1990 pelo PT, que a comanda.

O Foro reúne os partidos de esquerda do continente e, durante anos, abrigou, entre seus quadros, criminosos das Farc, as Forças Armadas revolucionárias da Colômbia.

As Farc, com o se sabe, vivem do tráfico de cocaína e do sequestro de pessoas. Mantêm, na selva amazônica, um campo de concentração, que chegou a reunir mais de oito mil prisioneiros.

A ex-senadora e ex-candidata à presidência da República da Colômbia, Ingrid Bettencourt, foi sequestrada em plena campanha eleitoral, em 2002 e ficou seis anos cativa das Farc.

O tratamento que recebeu, no campo de prisioneiros, seria subscrito pela Gestapo.

O PT não só convive com as lideranças das Farc, como acolhe e dá residência no país a seus líderes expatriados. Mais: recebeu ajuda financeira da quadrilha para campanhas eleitorais. E sugeriu que se transforme num partido político, disputando eleições, sem prestar contas à Justiça.

Tudo isso foi noticiado pela imprensa brasileira e internacional, mas não gerou, da parte da oposição, nenhuma ação significativa.

Os contratempos políticos dos governos do PT – o de Lula e o de Dilma – são provocados dentro da sua própria base.

Discute-se se Dilma é suficientemente petista, se Lula quer comandar um governo paralelo, se o governador Eduardo Campos quer melar a reeleição da presidente, se o PMDB é um bom parceiro etc.

A oposição não dá trabalho. Consegue perder uma eleição em São Paulo em pleno julgamento do Mensalão, em que o candidato petista teve como cabo eleitoral ninguém menos que o réu José Dirceu, condenado como chefe de quadrilha.

Aécio Neves, no entanto, parece determinado a tirar a oposição do freezer e “voltar quente”.

Assunto não lhe faltará: a economia vive dificuldades, há novo escândalo (e cabeludo) na Petrobras, a base está se estranhando, o acórdão do Mensalão será publicado e os condenados presos, e Lula começará a enfrentar o Judiciário.

Não faltam motivos para aquecer, mas jamais faltaram.”

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