Em manutenção!!!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Testemunhos do Vovô Zé - A VITAMINA "N"



Miguel e Davi produzindo Vitamina "N" 


Quando já podemos apelar para o Estatuto do Idoso sem medo de que verifiquem se nosso cabelo é pintado de branco ou não, ou seja, entramos de verdade na idade que alguns consideram “boa”, passamos também a nos preocupar com o “até quando” a bondade da idade continuará.

E  para isto, na época moderna, não há como fugir do médico. E junto com ele dos exames de saúde que nos atormentam a todos. Junto com eles aparece o nosso desejo de informação sobre como poderemos perpetuar não só a espécie de forma genérica e sim com podemos perpetuar-nos na boa vida, até que a morte nos separe dela.

Não me lembro qual a semana, mas foi recentemente, li uma revista a qual falava sobre uma tal de VITAMINA DO SOL.

Antes de entrar nas virtudes e malefícios desta vitamina, devo esclarecer, a ideia de tocar no tema me veio das reuniões que às vezes tenho com pessoas da mesma idade. Penso até que cada faixa etária tem um assunto favorito. As crianças tem os brinquedos, os adolescentes as namoradas, os casados os filhos, e os avós os netos, os bisavós, talvez, os bisnetos e assim por diante. No meu caso que só fui um avô temporão, além dos netos, o que sobrou foi o assunto das vitaminas.

Em qualquer reunião da nossa faixa etária lá está o conselho amigo sobre o que se deve tomar para evitar o reumatismo, o ácido do úrico, o diabetes, os pelos na orelha, a falta de desejo sexual, o crescimento exagerado das sobrancelhas e até a espinhela caída. São discussões e muito palavrório sobre os males e benefícios de cada remédio e também de cada médico ou especialidade. E não dar para fugir do assunto mesmo que queiramos nos comportar como criaturas normais.

Daí voltamos e nos interessamos pela reportagem da vitamina D, chamada a VITAMINA DO SOL, sobre a qual revista nos diz que continua a surpreender a medicina com novos efeitos benéficos para nosso corpo. Quem em nossa faixa etária perderia a oportunidade de chegar com uma notícia dessas na próxima reunião de velhos?

E lá fui eu ler a revista com aquele monte de informações, como por exemplo, que o sol é a principal fonte de vitamina D e que esta é tão importante para a mulher grávida quanto para um atleta olímpico. Quase pulo esta parte, porque não me servia, para ir direto ao ponto de que ela também é muito boa para o idoso e para o gordo. Esta Vitamina é tão importante que não é mais considerada vitamina, e sim um hormônio, que não sei bem o que é mas para o nosso tema não tem interesse.

Sabemos apenas que a Vitamina D, como quase todas as coisas do mundo, pode ser benéfica ou maléfica dependendo “da hora e do lugar, como são as coisas da vida”. E as suas virtudes ou malefícios tem muito a ver com suas fontes. Como sabemos, o sol é uma grande fonte desta vitamina para nosso corpo, mas, entre os efeitos maléficos está o câncer de pele, que, eu já tive dois e estou tentando evitar o terceiro. No entanto, seus efeitos benéficos vem muito dos alimentos, como o óleo de fígado de bacalhau, destacado pela revista.

Quando li isto, é que perdoei meus pais por ter-me, quase debaixo do chicote, me levado a tomar vidros e vidros de Emulsão de Scotth. Nunca vi um remédio tão ruim, ao ponto de não aconselhá-lo a mim filha para dá-lo aos meus netos. No entanto, mesmo sem aconselhar, se eu vir, um dia, meu neto chorando para não tomar este remédio, mesmo com o coração partido eu não interferirei com seus pais. Espero que não seja necessário o chicote pois hoje devem existir outros remédios menos amargos.

Toda esta cantilena sobre vitaminas e remédios para ir ao ponto. No último dia 18 de janeiro foi o aniversário do meu neto mais velho, o Davi. Já são 4 anos de avoenguice coruja e de felicidade. Não houve uma comemoração formal porque ele quis fazer seu aniversário na escola, quando as aulas começarem. Festa para o qual já fui convidado por ele, mas, desconvidado pela mãe dele, pois a festa da escola será só para seus coleguinhas e quem será o patrono é o Capitão América. Que pena. Eu iria filmar e fotografar mais do que o que fiz recentemente na terra do Capitão.

E antes que digam que este texto virou um samba do crioulo doido, por eu estar tomando Vitamina D em excesso, eu explico.

Descobri, nestas idas e vindas do Vovô Zé que não há melhor remédio para minha idade, e seu problemas, do que uma dose de netos. E eu chamei este remédio de VITAMINA “N”. Serve para quase tudo. O reumatismo é curado de imediato ao jogar uma partida de futebol ou carregar o Davi na “corcunda”. A diabetes é esquecida pois não recuso um pedaço de bolo de suas festas. A pressão alta nivela imediatamente depois de um sorriso do Miguel. A depressão desaparece imediatamente depois de uma corrida de cavalo de pau pela sala, com direito a pega de boi. A ansiedade vai para o espaço quando os vemos felizes e sorridentes tocando bateria e outros instrumentos.

Porém, como já dissemos, a VITAMINA “N” não é um milagre e só vemos isto na hora que eles vão tomar suas vacinas. O choro deles anula quaisquer efeitos benéficos. Mesmo assim, tenho certeza, a VITAMINA “N” ainda é o melhor remédio para nossa faixa etária. O pior de tudo é que não a podemos comprar em farmácia. Sua produção depende dos nossos filhos. Que eles não me leiam, pois podem até me cobrar caro pelas próximas doses.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CARTA AO JORNALISTA ULISSES PINTO - 1



Jornalista Ulisses Pinto (Foto: Blog do Roberto Almeida)


Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Esta correspondência foi a inicio entre outras e outras ao Jornalista Ulisses Pinto em Garanhuns, sobre a degradação da Casa de Estudante de Garanhuns, quando da nossa visita a esta querida terra de Simôa Gomes.

“Olinda, 02 de setembro de 1997.

Há muito tempo venho tentando sensibilizar a classe estudantil de Garanhuns, no sentido de recuperar as instalações da Casa do Estudante de Garanhuns, localizada no Parque Euclides Dourado, mas, infelizmente, nenhuma manifestação, até o presente momento. Tenho colocado pequenas notas no jornal o “Diário de Pernambuco” de 1992, sobre este clamor e, como são pequenas notas e não disponho de cargo de relevo no Estado e, nem mesmo no Município, a minha voz não tem eco. Mas, mesmo assim vou continuar esta luta até o fim, ou seja, a de sensibilizar as autoridades em restaurar à dignidade de um espaço criado com muitos esforços e sacrifícios pelos idealizadores e construtores desta obra, que era um sonho na época e, que se tornou uma realidade na década de 60. Felizmente, foi uma época de estudantes entusiastas, como você bem sabe, porém, o tempo passa e fica somente a saudades deste tempo. Hoje, praticamente inexiste uma estirpe de estudante, da qual fiz parte de 1958 a 1967, quando deixei a nossa querida Garanhuns, ficando o pé na capital pernambucana, hoje, residindo na cidade de Olinda. Acredito que você, acompanhou esta trajetória, isto é, a construção da Casa do Estudante de Garanhuns. Vários estudantes e personalidades, na época, como o idealizador, Geraldo Calado (busto em frente à casa do estudante, sisudo e contrariado com o abandono do seu ideal), Prof. Valderedo Veras, Erasmo Vilela, Epaminondas, Alzira da Mota Valença, Luzinete Lapaorte, Izaura Medeiros e tanto outras personalidades inesquecíveis do mundo das letras de nossa cidade, que lutaram tenazmente para a realização deste empreendimento e, que hoje, sentimos o tempo consumir, sem que haja, uma voz, em Garanhuns, que se levante contra este absurdo. Você que foi e, é ex-aluno do glorioso e inesquecível Colégio Diocesano de Garanhuns, do qual me sinto honrado por ter e ser ex-aluno lembra-me e você deve se lembrar, que por ocasião do cinquentenário , em 1965, hospedamos naquele espaço, a Casa do Estudante de Garanhuns, muitos alunos que disputavam torneios internos durante a grandiosa festa de aniversario do nosso querido Colégio Diocesano, alunos estes, que hoje, despontam como autoridades no cenário brasileiro, como Joaquim Guerra, João Roma Filho, Carlos Wilson e tantos que me fogem a memória, mas, que por certo, você se lembrará de tantos outros nomes, que estiveram presentes a este evento, e que lá se hospedaram. No final das comemorações do cinquentenário do Diocesano, um lauto almoço, foi servido nas dependências da Casa do Estudante de Garanhuns, comparecendo varrias autoridades, juntamente, com todos os professores do Diocesano. Veja você, caro Ulisses Pinto, como é bom recordar e, estas recordações não podem morrer assim repentinamente, por falta de comprometimento dos estudantes da terra de Simôa Gomes. Fiquei, devera contente quando em uma nota de esclarecimento, o Secretario Municipal, o Sr. Alexandre Marinho, em 02/02/95, em resposta à nossa nota no Diário de Pernambuco de 26/01/95, o Secretario acima mencionado, informava o seguinte  conforme suas palavras – Quanto a Casa do Estudante,  a nossa proposta é a de transforma-la em Casa de Passagem destinada à recuperação de meninos e meninas de rua viciados em substancia psicoativas – e completava, - Esperamos brevemente poder receber, novamente, o caro visitante (?) em nossa cidade, já então com estes dois lugares completamente recuperados (o outro lugar seria a recuperação do Parque Euclides Dourado), Fiquei, contente e alegre com esta decisão, infelizmente não aconteceu. Mas, acredito, piamente, que existem pessoas, ainda, sensíveis quanto a este reclamo, VOCE. Por isso, estou te escrevendo e ao mesmo tempo, pedindo encarecidamente, que faça à sua voz ecoar e ser ouvida aí em Garanhuns, pois, você como jornalista, que é, e tem prestigio na cidade de Garanhuns e no Agreste Meridional e no Estado de Pernambuco, quem sabe, que o caminho certo da recuperação da Casa do Estudante de Garanhuns não esteja próximo. Sei que a lute é ferrenha, mas, você, tem uma arma, que é a palavra, tanto escrita como falada. Caro Ulisses, conto com você, para empreitada, a recuperação da Casa do Estudante de Garanhuns e, sei que você não fugira da luta. Para teu conhecimento, estou enviando a Xerox das pequenas notas publicadas no Jornal Diário de Pernambuco. Caso você ache necessário, envie Xerox destas notas aos poderes competentes do Município. Conto com você!

Um abraço fraterno, de
José Antonio Taveira Belo”

Nota:
1. Não recebi resposta desta missiva do Jornalista Ulisses Pinto por escrito e, sim em um bate papo sobre o assunto na Avenida Santo Antonio, informando que esta envidando esforços para que a Casa do Estudante fosse restaurada para servir aos alunos que viessem de outros Municípios,
2. Na última vez que estive em Garanhuns, a Casa do Estudante continuava fechada, sem apresentar nenhuma atividade, porém já com outro aspecto. Espero que um dia seja restabelecida as atividade para acolher estudantes de outros Municípios, cumprindo a missão para que foi criada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

SANTA MARIA




Por Carlos Sena (*)

Conheci Santa Maria. Pensem numa terra linda e cheia de vida por todos os lados. É uma cidade das mais importantes do Rio Grande do Sul. As relações INTERPESSOAIS por lá, como de resto em todo o sul e sudeste, são muito eivadas a conservadorismo. Isso fica claro sempre que o assunto "xenofobia" volta a tona no que toca a nós, nordestinos. Certamente não é todo mundo do sul e sudeste que trata com preconceito os nordestinos, mas fica para toda a nação nordestina esse cisma com isso que é condenável sob todos os pontos de vista: o preconceito - seja ele de que natureza for. O que meu comentário tem a ver com Santa Maria e essa tragédia? Aparentemente nada, mas tudo se quisermos entender coisas simples de quem é conservador sendo pessoa ou sendo estado, região, etc. A tragédia, certamente, poderia ser evitada! Todos verão no decorrer das notícias. Os jovens mortos são vítimas, pois ser jovem é querer ir pra balada, ir pra noitada, paquerar, namorar, ficar, etc... Nesse etc... é que fica o questionamento. É de se esperar que um estado tão conservador como o Rio Grande do Sul no geral e Santa Maria no particular, tenham maior rigor nas liberações dos espaços públicos e mais: o rigor deve sê-lo na vigilância sanitária e na segurança e manutenção dos espaços públicos e, principalmente, privados. Complexo? Certamente. Mas tudo nesse país parece muito parecido quando o assunto é a pouca responsabilidade com a população e com sua segurança. As casas noturnas deitam e rolam de acordo com o que acham certo e, dessa forma, burlam impostos, não seguem recomendações de segurança especialmente dos bombeiros, etc. Muitas vezes uma casa noturna não tem sequer alvará de funcionamento mas funciona. Ou seja, não funciona. No geral subornam maus funcionários da prefeitura e outros atores importantes dessa situação, pois o importante é ganhar dinheiro. Isso ficou claro com a tragédia de Santa Maria quando os seguranças travaram as portas, mesmo sabendo que se tratava de incêndio. Eles queriam que ninguém saísse sem pagar a comanda. Muitos não saíram também porque perderam a vida.

Prato cheio pra imprensa, como foi com o ”bateau mouche”, lembram? Lá morreram gente graúda inclusive Iara Amaral, atriz da Globo. Sabem em que deu aquela tragédia? Acertaram: NADA. Como em nada vai dar essa até que uma outra aconteça para a imprensa dizer que foi maior ou menos do que a anterior.

Onde ficam os pais desses jovens? Certamente que não podem ser culpados, mas devem começar a entender que num país escroto como o nosso, não é seguro seus filhos ficarem, sequer, na rua além da madrugada.

Desse episódio fica para nós, nordestinos, a compaixão. Diferente de muitos sulistas que nos trucidam, nos diferenciam, nos chamam por adjetivos desqualificadores da nossa inteligência e da nossa cultura. Trucidam os Gays e por aí vão. Essa é a grande contradição de quem se diz conservador. Conservem os patrimônios públicos e privados, pois se essa tragédia fosse no Recife, por exemplo, seria vista como um desleixo de cidade "tupiniquin" que não tem conhecimento ou de quem não leva nada a sério por conta, talvez, do suposto subdesenvolvimento que eles nos atribuem pela pecha de sermos nordestinos. As exceções são muitas, mas não é pra elas que me dirijo. Lamentamos a morte de tanta gente jovem e bonita daquela cidade linda que um dia eu fui lá fazer uma palestra.

E as autoridades? Ah, os conservadores sudestinos não ligam muito pra isso. Agora se fosse questão moral, o mundo desabaria...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/01/2013

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A fala da presidenta





Por Zezinho de Caetés

Recentemente, a nossa presidenta voltou a torrar nosso dinheiro para fazer um pronunciamento na TV. Para aqueles que não sabem, isto custa uma fortuna e as emissoras embolsam o nosso dinheiro em forma de renúncia fiscal. Inicialmente, o objetivo do pronunciamento seria para dizer que a conta de luz vai baixar para consumidores e produtores que usam energia elétrica. Quem poderia ser contra algo assim?

O surpreendente é que isto só possa ter sido feito agora de uma forma tão atabalhoada e em forma de campanha petista à presidência.

 Ora, a grande gerente do planalto deveria saber que o Brasil é um país de economia mista (infelizmente, tendendo agora para um capitalismo de estado tosco) onde as empresas precisam de lucros para sobreviver, e que é a concorrência, ou a regulação independente que faz levar os preços a seus níveis mais baixos possíveis, num setor como o energético, que até já foi monopólio pela dificuldade de se ofertar infraestrutura em geral num regime de mercado (diga-se, obstáculos já superados nas economias maduras).

Não bastassem estas dificuldades da própria economia, vem a presidenta fazer campanha política, para contrabalançar as caminhadas do Lula pelo país, e divide o país entre os “contras” e os “não contras” à queda das tarifas de energia elétrica. E logo, num momento em que nem São Pedro está cooperando muito com o setor, não mandando chuva nem mesmo para o sul maravilha. Então, o que temos? Por um lado se baixam as tarifas, usando dinheiro nosso (do Tesouro, é nosso) e diminuindo a rentabilidade das empresas numa época onde o país recorre às termo elétricas (feitas ainda no governo anterior ao petismo), que são mais caras e mais poluentes, elevando a carga de subsídios que serão necessários para que a presidenta não passe tanta vergonha como já passou com outras promessas feitas (cadê as creches? E os 4 milhões de casas? E as UPAs?.....).

E brevemente, para mostrar a capacidade gerencial do PT, teremos aumento da gasolina. Imperativo, pois se não houver a PETROBRÁS vai à falência. Será que a presidente virá, em cadeia nacional, anunciar o aumento? E é com estas barbeiragens que vem por aí a inflação, e a desorganização da economia, e começaremos tudo de novo.

Mas, fiquem com texto lúcido e esclarecedor da jornalista Miriam Leitão do O Globo da semana passada, e que mostra como temos falta de estadistas neste país. E não estou falando de quem existem homens estadistas e outros não. O que há são homens que sabem ser estadistas quando devem ser e pensar nas próximas eleições quando devem pensar. Hoje há apenas quem pense nas próximas eleições. Que pena!

“A mensagem da parte final da fala da presidente Dilma Rousseff lembrou o princípio usado na propaganda oficial do governo Médici. Confundiu crítica, ou análise que contrarie o discurso oficial, com falta de amor à pátria. Misturou governo e nação.

Como sabem os que combateram o regime, entre eles a própria presidente, governos são sempre temporários e não são a encarnação da país.

Discordar de uma decisão governamental, apontar riscos, não é torcer contra. Só governos de índole autoritária fazem esse tipo de interpretação. Se esse for o tom da campanha da presidente por mais um mandato será lamentável.

Convocar rede nacional de TV e rádio para o início extemporâneo de campanha eleitoral é irregular. A rede está à disposição do governante para assuntos de interesse coletivo e para informações úteis para a população.

Convocá-la para anunciar a queda do preço da energia faz sentido, o que transformou a natureza do pronunciamento foi o tom escolhido pelo marqueteiro da presidente, na segunda metade do texto lido por ela, de ataque a todos os que não cultuam o governo. Seria, segundo diz a peça publicitária, coisa de gente sem fé no Brasil.

A primeira parte foi apresentação entusiasmada da sua visão da conjuntura, o que é normal. Depois, virou palanque fora de época. Mas, por uma questão de método, nenhum gestor, público ou privado, deve acreditar na inexistência de risco de curto, médio e longo prazos em qualquer projeto.

A queda do preço da energia tem o benéfico efeito de reduzir o custo das empresas, aumentando a competitividade do país, e de diminuir o peso da luz no orçamento das famílias. Ótimo.

O problema é que a medida teria que vir com uma campanha de redução do consumo, porque neste exato momento o baixo nível dos reservatórios está exigindo o uso das térmicas que encarecem a energia. Portanto, quanto maior for a demanda, mais alta fica a conta a ser paga mais tarde.

Se a redução do preço for entendido como um estímulo ao consumo, num momento de escassez, o resultado será o oposto do que busca o programa.

Parte da redução do preço será coberta por recursos do Tesouro, o que, no final das contas, é dinheiro de todos nós. Parte é resultado da antecipação do fim dos contratos com as empresas. A elas foi dado um prazo exíguo e duas opções: permanecer com o mesmo contrato até a sua expiração ou renová-lo por 30 anos com uma indenização pelo investimento ainda não amortizado. Os cálculos do que seria pago às empresas foram abaixo do que se esperava.

Algumas recusaram e isso não as faz inimigas do país, integrantes do pessoal “do contra”. Foi uma decisão gerencial. Se o próprio governo ofereceu dois caminhos é porque ambos eram possíveis e tinham perdas e ganhos. A maioria das que aceitaram a fórmula do governo é de estatais federais.

Há vários fios desencapados no setor de energia e seria bom se o governo tivesse uma atitude mais sóbria em relação ao tema.

O atraso nas linhas de transmissão, principalmente as que estão sob a responsabilidade da Chesf, é uma das inúmeras frentes de trabalho. O setor de transmissão precisa de muito mais investimento para renovação das linhas e modernização de sistemas obsoletos. As empresas têm que investir mais, e a maneira como foi conduzido esse programa as descapitalizou.

A queda das ações torna difícil buscar recursos no mercado de capitais e limita o endividamento.

As hidrelétricas construídas muito longe dos centros de consumo exigirão um enorme esforço para não se reproduzir, em grande escala, o que está acontecendo com os parques eólicos: começarem a gerar antes de estarem prontas as linhas de transmissão. O custo total para o país de não usar os parques eólicos pode chegar a R$ 1 bilhão.

Há dentro do governo relatórios alertando para vários desses riscos. De vez em quando a imprensa consegue capturar um. Ou há gente “do contra” infiltrada ou o governo deveria avaliar esses alertas internos com mais atenção.

Há fatos intrigando especialistas ouvidos pelo governo que podem indicar que há sistemas de previsão internos que precisam ser aperfeiçoados. Tudo isso deveria estar sendo analisado com cuidado. Mas o governo preferiu transformar a energia em bandeira política e entregou o tema ao maniqueísmo próprio dos marqueteiros das campanhas eleitorais.”

sábado, 26 de janeiro de 2013

A semana - A franjinha de Michelle e o rabo da lagosta





Por Zé Carlos

Eu só comento o filme da UOL, desta semana, de enxerido e para não perder o hábito. Não há muito o que comentar. Embora, pensando bem, para quem passou uma temporada na terra do Tio Sam e visitou Washington, sabe quanto aquela terra respira poder. Então não me surpreendi que a franjinha da primeira dama Michelle Obama fosse uma das atrações do filme.

Hoje, penso ser os Estados Unidos um país neurótico, e cuja neurose foi causada pelo seu poder político e econômico no mundo. No mesmo local onde, esta semana, assistimos a uma bela festa de posse (que na Venezuela foi uma mera formalidade, pois o presidente não apareceu), não podemos entrar livremente em Museus e nem mesmo andar pelas ruas sem sermos perseguidos por câmeras e guardas. Visitei quase uma dezena de museus na capital americana, e em todos, tive vasculhada a minha pobre bolsa de blogueiro. A revista para entrar nos belos jardins da Casa Branca é mais rigorosa do que as dos aeroportos, onde também sofri muito.

No entanto, é um país em que se fala livremente da franjinha da Michelle sem causar nenhuma reação como aquelas que vemos aqui se disséssemos que a Dilma é a cara da Mônica, sem o coelhinho, mas, com uma lula na mão. E isto é muito bom.

Eu não sabia que o governador da Paraíba era casado com uma ex miss. Pelas fotos apresentadas no filme é plenamente justificada a despesa do Palácio Buriti (será este mesmo?) com os sais de banho. O belo deve ser bem tratado. Tenho certeza que no Palácio do Planalto não se incorre neste tipo de gasto há muito tempo. A cauda da lagosta, bem, isto eu não sei nem para que é. Se ainda fosse de peixe....

E vocês, ao ver o filme, notarão que ele parece ter sido uma versão completamente feminina da série. A despesa com sais de banho na casa da Denise Rocha, deve ultrapassar de muito a despesa do governo paraibano. Eu vi na TV que o governador da Paraíba teve um acidente de avião. Se sua esposa estivesse a bordo, já se teria encontrado a causa: O piloto perdeu a concentração.

Bem, leiam abaixo o roteiro resumo do filme e vejam o filme da UOl. Divirtam-se dançando com o Obama e Michelle que eu fico aqui dançando samba.

“O Escuta Essa! desta semana traz mulheres ligadas ao poder que vêm dando o que falar. Nos Estados Unidos, Michelle Obama talvez tenha chamado mais atenção do que o marido, Barack Obama, que tomou posse pela segunda vez como presidente do país, em função da franjinha que adotou como novo visual. No Brasil, a primeira-dama da Paraíba, Pâmela Bório, Miss Bahia em 2008 e apresentadora de TV, fez com que o governo do Estado passasse a ser alvo de investigação do Tribunal de Contas local. Entre os gastos suspeitos estão R$ 144,80 em sais de banho e a aquisição de 60kg de cauda de lagosta de primeira. E o carnaval deste ano contará com a participação daquela que ficou conhecida como o Furacão da CPI: Denise Rocha. Ela desfilará por uma escola de samba do Rio.”


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CARTA AO JORNALISTA ULISSES PINTO



Jornalista Ulisses Pinto (Foto: Blog do Roberto Almeida)


Por José Antônio Taveiro Belo / Zetinho

Remexendo os meus papeis, encontro uma cópia da carta endereçada ao Jornalista Ulisses Pinto, de saudosa memória, em 22 de dezembro de 1997 sobre alguns fatos que aconteceram nas cidades de Bom Conselho e Garanhuns, que afetaram a comunidade. Alguns foram restabelecidos outros ainda estão para acontecer, depois destes anos todos, precisamente há quase treze anos.

 Olinda, 22/dez/97.

Caro Ulisses Pinto,

 Recebi o Jornal Imprensa do Agreste de 06 a 12 do corrente, onde você inseriu uma nota na sua coluna LETRAS EM MARCHA, que me sensibilizou bastante. Lendo a sua coluna como você escrevia no Monitor (infelizmente fechou por incapacidade do Governo Municipal) sempre com coerência e exatidão. Você bem sabe caro Ulisses, como me é cara a cidade de Garanhuns, que me acolheu com carinho vindo da minha querida terra natal – Bom Conselho – (também fechou o jornal A GAZETA, editada pelo conterrâneo Luiz Clério Duarte) e por isto temos que lutar pelo desenvolvimento da terra que amamos. Todos nós, temos a obrigação desta tarefa. A Casa de Estudante representa para nós (principalmente para mim) que lutei com os demais companheiros da época para construir e vê a destruição do patrimônio que tanto trabalho deu é muita dor. Mas graças a Deus uma voz (fora a sua) que se levanta para pedir ao Prefeito para restaura-la o Deputado Carlos Batata. Não sei se já é jogada política, pois, estamos à volta com as eleições no próximo ano, e caso seja restaurada vai tomar para si esta luta. Não tem problema, o principal é que a Casa do Estudante volte a servir aos estudantes, pois, este era o ideal do Geraldo Calado. Ate aqui, eu não entendo porque Givaldo Calado não se pronunciou a respeito deste assunto, haja vista, que a obra e ideia foram do seu irmão, portanto, caberia a ele (Givaldo) a manter a memória viva do irmão, mais nem tudo é o que nós queremos e pensamos. Lê no Diário de Pernambuco, que existe uma crise no abastecimento de leite para a Parmalat e caso persista esta crise a fábrica encerrar as suas atividades. Já pensou que prejuízo traria para o Município? Cadê o Governo Municipal? Encontra-se totalmente inoperante diante destes fatos que afloram no Município. Será que já foi resolvido o problema da Rede de Combate ao Câncer em Garanhuns? Todos nós esperamos que sim. Estou te enviando um exemplar do Jornal A FONTE que é editado por mim aqui em Olinda/Rio Doce. É um informativo católico que distribuímos na comunidade 2.000 exemplares. Encontra-se com alguns erros (falta revisar, falha nossa!) mais atingiu os objetivos> No próximo estamos a melhorar. Bem, caro jornalista Ulisses, se eu fosse escrever sobre tudo que acontece em nossa terra daria vários livros, portanto, desejo-lhe um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de repleta paz e saúde e o que nos interessa, juntamente com todos os teus familiares. Um abraço fraterno de José Antonio Taveira Belo – Olinda/PE”

Graças a Deus A GAZETA jornal da nossa querida cidade de Bom Conselho, foi restabelecida pelo dinâmico conterrâneo Luiz Clerio Duarte que não mediu esforços para continuar a luta jornalística na cidade. Hoje é o órgão de comunicação querido por todos os seus leitores; O Jornal MONITOR da cidade de Garanhuns, depois de encerrado as suas atividades foi adquirido a logomarca            O MONITOR pelo Jornalista Humberto de Morais que circulou e depois houve uma paralisação. Se não me engano já se encontra circulando pela cidade; quando a CASA DO ESTUDANTE, localizada no Parque Euclides Dourado houve certo melhoramento mais esta longe de ser um local ideal para os estudantes que viriam de outros Municípios. De qualquer forma, recebi do Ulisses uma resposta positiva sobre o assunto.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

RECADO AO MUNDO





Por Carlos Sena (*)

O mundo nem precisa se acabar. Pra que esse trabalho “Senhor Mundo”? Precisa não. A gente mesma tá cuidando disso, não vê o que fazemos com a natureza? Não vê o que fazemos com os nossos irmãos a quem tanto discriminamos e a quem tanto fazemos sofrer? Olha seu “Mundo” viver por aqui tá difícil demais. Só tem valia por aqui quem tem dinheiro. É um tal dum capital pra lá, capital pra cá que a gente fica sem “interior”, literalmente. Pro Senhor vê “seu Mundo”, a gente vê o povo todo se preocupando com quem os outros dormem. Perdão, com quem os outros ficam acordados e além: preocupados com que tipo de sexo eles se envolvem. Por aqui, seu Mundo, os pastorecos pentecostais e alguns padres da igreja caótica, digo, católica, ficam perseguindo os gays o tempo todo, deixando de ir pra rua gritar contra a corrupção que vem dizimando o país. Deixam, também, de ir pra rua para que o SUS tenha mais verba federal e para que a Educação seja de qualidade e para que não se troque apoio politico por liberação de faculdades “pés-de-escada”.

O mundo, meu Senhor Mundo, já está se acabando e o que é pior: aos poucos. Em cada pessoa que não perdoa o semelhante, o mundo morre um pouco; em cada politico que rouba verba da educação e da saúde o mundo morre um pouco; em cada pessoa que chora porque seu time foi campeão, mas não chora quando os pais morrem, o mundo morre um pouco; em cada pessoa que ignora o outro, que só vive pra levar vantagem em tudo, que não tem ética no que faz e no que diz, o mundo morre um pouco; em cada jovem que não respeita os pais, que segue a risca o que a mídia manda, o mundo morre um pouco; em cada plantinha que não consegue nascer, em tantas outras que são obrigadas a morrer em um milhão de outras que não conseguem frutificar, purificar o ar, melhorar o planeta, o mundo morre um pouco.

Assim, Senhor Mundo, não gaste “vela boa com defunto ruim”. Isso aqui já virou uma bandalheira que a gente nem sabe se tem mais jeito. Certamente que a gente nem tem certeza que o Senhor queira mesmo acabar com essa “carcaça”, com essa “joça”. Às vezes, Senhor Mundo, penso que esse boato que o mundo vai se acabar no dia 21 de dezembro de 12, é invenção do CUPIM. Dele mesmo, o cupim. Por quê? Explico: quando o mundo se acabou pela primeira vez, Noé juntou em sua arca todos os seres vivos, menos o cupim. Ele não tava doido de levar o cupim, pois a Arca logo estaria diluída por eles. Pois bem: eles, Seu Mundo, não morreram, mesmo ficando fora da Arca. Abrigaram-se nas árvores e estão aí até hoje em todos os lugares. No Brasil, ficam preferencialmente no Distrito Federal e fazem estragos horrorosos. Só que ficaram (os cupins de verdade) de se vingar de nós e essa vingança é baseada no tal calendário dos Maias que, encerrando seu ciclo nessa data, estaria em tese se acabando o mundo. Como nós humanos somos frouxos e bestas, acreditamos até em Papai Noel e conto de carochinha, estamos aí, imaginando esse “acabar de mundo” alardeado por todos.

Mas, encurtando nossa prosa, Senhor Mundo, não precisa se preocupar. Como já lhe disse, a gente está se encarregando de acabar o planeta. Pergunte primeiro aos políticos. Depois aos rios, aos mares, à natureza e terá a certeza disso, se é que já não a tens.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/12/2012

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Família PT-Brasil





Por Zezinho de Caetés

Semana passado li, no O Globo, um texto do Carlos Alberto Sardenberg, e que transcrevo abaixo, no qual ele faz um resumo em seu título: “O mau desempenho do governo Dilma”, e que eu tento interpretá-lo aqui contando a história da Família PT-Brasil.

Era uma vez um família que tinha muitos filhos e que vivia muito sacrificada, lutando e labutando pela sobrevivência. Todos estes filhos, já crescidos, viviam em condições diferentes de vida e os pais, procuravam ajudá-los a seguirem em frente com o pouco que ganhavam.

Houve um período em que só o pai mandava na família que aprendeu com o avô dos meninos, quando vivo, que o segredo para manter o progresso era sempre, nunca gastar mais do que ganha, nunca comprar fiado, e não querer dar o passo maior do que a perna. E seguindo estes conselhos o pai conseguiu fazer com que ele e os filhos ficassem um pouco mais ricos ao ponto de os mais ricos se sentirem tão bem, que começaram, sob a orientação paterna, a doar um pouco do que ganhavam aos irmãos mais pobres, fazendo com que a desigualdade entre eles fosse menor.

Conta-se que alguns dos filhos não podiam nem colocar os seu filhos numa universidade e com a melhoria de vida da família, causada em grande parte pela melhoria das outras famílias em geral, arranjou-se até dinheiro para eles entrarem na universidade prounidos.

Havia até um filho muito pobre, que até passava fome e recebeu uma bolsa cheia de dinheiro todo mês, que dava para comer, mas, o pai exigia que ele vacinasse e colocasse os netos na escola.  E todos diziam que aquela família ia muito bem.

Num determinado ano o pai achou que deveria se ausentar e deixar a mãe controlando tudo enquanto ele corria o mundo dando palestras ficando com dinheiro só para ele e sem pensar nos seus filhos. Para fazer com que a mãe ficasse no comando, o pai teve que gastar muito e exigiu dos filhos que gastassem também, mesmo que para isto tivesse que tomar dinheiro emprestado ao agiota da esquina.

O pai conseguiu o seu intento de deixar a mãe no comando, no entanto, a partir daí ela teria que pagar as dívidas contraídas no processo para assumir o poder familiar. Durante um tempo ela ainda obteve crédito dos vizinhos e seus filhos acreditavam nela e seguiam suas determinações. E tudo ia bem, exceto por alguns lances de alguns dos filhos que o pai havia designado para ajudá-la foram descobertos roubando de outros filhos e ela teve que reprimir, fazendo uma faxina geral na casa, mesmo sem punir os culpados, porque como sabemos: filho é filho.

Mas, a coisa, ficou não feia, principalmente, depois que alguns vizinhos tiveram dificuldades também, que os filhos começaram a não acreditar mais na capacidade de comando da mãe, e, conta-se, até alguns deles começaram a querer a volta do pai.

E hoje o que se vê é uma família apática e desconfiada de sua mãe, sem nenhuma coragem para trabalhar, mesmo que todos os dias recebam pitos dela. E parece que, com a situação ruim dos vizinhos, a renda muito menor da família e os erros cometidos pela mãe no comando, estão cada dia mais tirando a confiança da família, que prefere agora tirar os incentivos que aumentaram a igualdade familiar, por acharem que os mais pobres ao invés de seguirem trabalhando para sair das bolsas, querem é ficar nelas para sempre.

Agora a mãe Dilma não sabe o que faça a não ser andar atrás do pai Lula para se aconselhar, e este, quer mesmo é voltar ao comando. Leiam agora o texto do economista que faz uma análise técnica da situação da Família PT-Brasil.

Começa com expectativa parecida com a de janeiro de 2012. Pelo consenso fora do governo, o Brasil crescerá um pouco mais, com pouco menos inflação do que no ano passado.

No quesito crescimento, espera-se até um bom salto. Mas ilusório. O salto só será largo, se ocorrer de fato, porque se parte de um resultado muito ruim, a expansão em torno de 1% do PIB de 2012.

Comparados com isso, tornam-se bastante positivos os 3,3% esperados para 2013, conforme consta do último Relatório de Mercado, resumo dos cenários do setor privado (bancos, consultorias e faculdades), publicado toda segunda-feira pelo Banco Central.

Em janeiro de 2012, também se esperava uma expansão dos mesmos 3,3%, mas nesse caso vindo dos 2,7% de 2011. Contava-se, pois, com modesta aceleração.

Já para a inflação, esperava-se uma queda mais acentuada, de 6,5% (o resultado final de 2011, no teto da margem de tolerância) para 5,3%, número então considerado mais comportado.

Tudo somado e subtraído, no ano passado o pessoal estava mais otimista com a inflação; neste ano, com a volta do crescimento. E todos, governistas e não governistas, já dão de barato que inflação de 4,5%, a antiga meta, ficou para nunca mais. Quer dizer, nunca mais no período Dilma.

Mas há uma diferença notável nos dias de hoje em relação ao começo do ano passado: o pessimismo está disseminado. Percebe-se um sentimento entre a descrença e o ceticismo em relação às metas e planos do governo. A presidente perdeu o benefício do início do mandato.

Um ano atrás, a maioria culpava o mundo tanto pelo baixo crescimento quanto pela inflação mais elevada. A maioria ainda depositava confiança nas promessas oficiais.

Hoje, tirante os militantes, essa confiança se foi. Mesmo os analistas ainda alinhados com o governo ou aqueles que, por razões diversas, têm medo do governo — um grupo expressivo — recheiam de ressalvas seus cenários mais positivos.

Se o governo controlar seus gastos sem truques.... se avançar nas privatizações de infraestrutura.... se intervier menos no setor privado.... se cuidar da inflação... se mudar o modelo de consumo para investimento... então o Brasil cresce 3%, com sorte uns 3,5%.

É muito “se” e pouca fé.

Faz sentido. Olhem o retrospecto. O governo roubou descaradamente nas contas públicas para fechar o superávit primário. A dívida líquida é função desse superávit, de modo que, se este é roubado, aquela também está falsificada. Ela subiu, não caiu. Os investimentos caíram, as privatizações continuam atrasadas. O protecionismo argentino derruba as exportações industriais brasileiras e a presidente, a nossa, não dá um pio. Ninguém acredita quando o BC diz que busca a meta de 4,5% de inflação.

Por que 2013 seria diferente de 2012?

Acrescentem aqui as preocupações recentes com energia. Sem entrar no problema, notem o ambiente: o governo jura que não faltará energia, que o preço da tarifa cairá pelo menos 16% e que não há qualquer emergência.

Mesmo assim, relatórios internos de empresas registram a preocupação com o fornecimento. E, de novo, mesmo os analistas que descartam qualquer risco de racionamento notam que a tarifa não poderá cair o tanto anunciado pelo governo.

Logo, a inflação será maior que a prevista. E acrescentam que, se o país crescer os 4% e tanto desejados pelo governo, aumenta o risco de faltar e/ou encarecer a energia.

A presidente queixa-se do pessimismo e até identifica grupos que considera responsáveis por esse ambiente. Tem sido injusta.

Não há ninguém boicotando seu governo, nem a oposição. Aliás, qual? Há analistas e críticos mais severos, mas a maioria se divide em quatro categorias: os que, legitimamente, torcem para o governo; os respeitosos, que sempre encadeiam elogios antes de fazer uma crítica; os puxa-sacos que têm algum benefício a defender; e os que têm medo de serem atingidos por algum raio governamental.

Obviamente, nenhum é responsável pelo mau desempenho do governo. A presidente deveria buscar culpados ao seu lado.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A semana - Passaporte para o céu, com o Batman e mascando coca





Por Zé Carlos

No final de semana que passou, não pensei em blogs. No entanto, antes de sair para uma curta e divertida viagem vi o filme feito pela a UOL sobre a semana que passou e como não pude conter o riso, já havia decidido, quando voltasse apresentá-lo aqui na AGD.

Ontem já havia programado o texto do Carlos Sena sobre a profissão mais antiga da terra, a de puta (dizem tanto isto e eu não sei o porque, a não ser que se considere a Eva do ramo, lá no início de tudo), a qual ele demonstra seu apreço, e eu com ele. Afinal de contas, até hoje a profissão não é reconhecida. Talvez, porque não houvesse previdência que aguentasse pagar tanta aposentadoria.

Mas, volto aos temas envolvidos no filme e que me chamaram a atenção. Primeiro é o R. R. Soares, um pastor evangélico que, recebeu um passaporte diplomático do Itamarati. Se realmente foi verdade, como o filme insinua, não pequemos, abramos conta no Itaú, Bradesco ou Banco do Brasil, e transfiramos direto para a conta do pastor o dízimo devido e esperemos nossos passaportes diplomáticos. No céu São Pedro nem abrirá nossas malas e o pastor gozará com nosso dinheiro aqui na terra. Li, algum tempo atrás que um dos filhos de Lula também teve passaporte diplomático, e mais recentemente, que a Rosemary Noronha, além de ter passaporte tinha uma mala diplomática. Será que eles eram da igreja do R. R.?

Em seguida vem mais uma do país do carnaval. E não deu outra o ministro Joaquim Barbosa vai brilhar na grande festa de momo. Suas máscaras já estão nas ruas e o grande herói em quadrinhos, o Batman, terá sua capa requisitada para compor as fantasias dos foliões com a máscara do ministro. Eu acho muito justa a homenagem pelo que ele fez pela judiciário brasileiro, que merece uma homenagem positiva. Já os outros poderes, pelo que fizeram em recentes momentos, os homens que os compõem terão suas devidas máscaras, mas, para espantarem crianças ou servirem para os blocos da La Ursa quer dinheiro e quem não der é mensaleiro.

Algumas pessoas exigem que sejam liberados documentos das forças armadas que falem de ETs (Extra-Terrestres). Eu não sei por que o segredo em relação a isto. Segundo um dos depoimentos no filme isto não interfere em nossa segurança nacional para ser um segredo de estado. O que eu pergunto é: e se interferisse, seria bom o mau divulgar os documentos? As consequências, penso eu, seriam as mesmas de sempre. Daria samba ou máscaras de carnaval.

Finalmente, há um clipe muito interessante, e a música idem, que aborda a descriminalização da folha de coca na Bolívia. Certamente, este hábito cairá em desuso em breve naquele país. Basta verem que se mantiverem o hábito o país não terá muito o que exportar, e a sua economia entrará em declínio. Mas, o bom mesmo é a música.

Vejam abaixo o resumo dos produtores da UOL e o filme da semana. Espero que riam também.

“Ufólogos pressionam o governo brasileiro a liberar documentos sobre ETs, mas Brasília preferiu liberar mesmo foi o passaporte diplomático para o líder evangélico R.R. Soares. Esses são dois dos temas do "Escuta Essa!" desta semana, que tem ainda o Carnaval do ministro Joaquim Barbosa. Para completar, os bolivianos festejaram porque a ONU descriminalizou a folha de coca, afinal, essa é "da boa".”

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PUTAS - um apreço.





Por Carlos Sena (*)

Gosto muito das putas. Acho que essa história de “mulher da vida fácil” é balela. Afinal, vender o que não se tem não é fácil. Isso mesmo. As putas vendem o que não tem, porque o prazer que elas fazem os homens sentirem não seria por elas vendido se a vida lhes tivesse dado melhor sorte. Ou não! Tanto isso é verdadeiro que elas não beijam. Se “beijar se apaixonam” muitas dizem. Apaixonadas irão “dar de graça”. Se derem de graça vão viver de quê? A menos que algum homem as assuma como já aconteceu com muitas, mas isso é pra elas como que ganhar na loteria. Há inclusive casos que elas voltam pra rua e, se os seus homens não permitirem separam-se deles. Leva-nos a crer que o vício as torna dependentes, qual uma droga forte tipo cocaína.

Como se vê, esse lado delas é pouco alcançado por muitos. Puta é como alça de caixão, quem chega bota a mão. A situação piora quando o tempo passa e a idade chega. Puta velha tem pouco destino: ou será puta barata de rua para aqueles que não têm muita grana; ou será cafetina no modelo mais tradicional, ou moderna com o nome de agenciadora de menores e de maiores. Mas, puta é puta. Ou rapariga. Ou messalina. Ou rameira, quenga. Ou...

A sabedoria das putas é impressionante. Não a sabedoria dos livros, mas da vida. Às vezes fico pensando se os pais de garotos, ao invés de leva-los pra zona (ainda existe?) os levassem para conversar com elas e ouvir delas o que sabem da vida, do mundo, do certo e do errado. Há muitas que fogem essa expectativa e nada sabem. Mas, no geral, elas sabem e entendem bem de sofrimento e até de prazer. Certo que não merecem confiança na forma como costumamos falar de confiança. Mas elas são calejadas com a vida, formadas na faculdade ABRE E FECHA PERNA e alhures.

Como é natal, lembro-me de uma passagem atribuída a Dom Helder. Aconteceu em Fortaleza: uma puta, após a missa do galo celebrada pelo Dom, o procurou e fez a seguinte pergunta: “Dom Helder, eu sou prostituta e todo ano, no Natal, eu vou a um presidio e “me deito” com um preso como forma de dar um presente de natal”, o que o Senhor acha? Tua consciência já te deu essa resposta, disse o Dom, como que dizendo “Julgar o quê” e pra quê? Essa passagem eu sempre recupero nos natais, pois acho que elas, as putas, devem sofrer muito mais do que aqueles para quem a solidão se perpetua mais no natal. Na verdade essa faceta que foco nas putas é um pouco da realidade dos profissionais do sexo, sejam putas, putos ou derivados.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 14/12/2012

sábado, 19 de janeiro de 2013

A FESTA DA AMIZADE





Por Zé Carlos

Mais um ano e não pudemos estar presentes ao Encontro de Papacaceiros. Ou seria Encontro de Bom-conselhenses? Bem, não vamos discutir a dúvida e vamos ficar com A FESTA DA AMIZADE, que é o que se encontra na imagem divulgadora que publicamos aqui há muito tempo atrás na nossa página AVISOS E COMUNICAÇÕES.

Vendo um pouco a programação e o que realmente foi executado não dá para discordar de nossa amiga Lucinha Peixoto, mesmo que não compactuemos com seu radicalismo, de que houve uma diferença. Pelos meus padrões de conduta esta diferença foi para melhor. Menos gente, menos bandas, menos barulho, mais aconchego, mais recato, mais abraços, mais beijos, e mais encontros.

Ficamos também com as fotos, e já um tempo depois do caso passado, pois tivemos nossa “festa da saúde” com exames mil, sem podermos compartilhar dos momentos no dia e na hora. E agora podemos repassar as fotos publicadas pelo Site de Bom Conselho. Não sentimos que faltou muita gente em relação aos anos anteriores. Como também, até hoje só fomos ao Encontro pelas fotos, não é possível avaliar o grau de emoção.

Se tirarmos pela nossa emoção em vermos alguns dos festeiros, a festa valeu a pena, e procuraremos, como sempre o fizemos, comparecer no próximo ano. E quando os anos vão passando, os que passaram o fizeram ligeiro, mas, os que vêm demoram bastante. Talvez, seja uma defesa natural para o fato de que não podemos chegar à próxima festa. Porém, como bons brasileiros não devemos desistir nunca.

Estivemos em Bom Conselho no final de ano. Estávamos “livres” dos netos que nos mantêm numa prisão de segurança máxima, em que pagamos nossa pena por ter filhos, e só podemos dizer: podem nos prender, nós não merecemos ficar soltos, pois avô é uma ameaça à sociedade, pela deseducação que proporcionam aos netos. No fim do ano tivemos nosso indulto de final de ano e fomos à nossa terra e até comentamos aqui algumas coisas que lá vivemos, e que continuaremos depois.

Por enquanto pulamos nossas narrativas para publicarmos algumas fotos que vimos na mídia eletrônica e que nos chamaram a atenção de alguma forma. Não haverá comentários sobre elas, a não ser aqueles que cada um que as vejam, façam, como nós fizemos. Esta é a nossa FESTA DA AMIZADE.






























Bem, paremos por aqui. Cada uma destas fotos daria um texto longo se puxássemos pela memória. E não esgotamos as fotos que deveriam estar aqui. São muitas emoções. No próximo Encontro, não faltaremos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

GALO PRETO





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Ninguém de sã consciência gosta de ser apelidado. O seu nome verdadeiro deve ser usado que é o nome do Batismo, dado pelos seus pais no inicio da vida. Mas isto, comumente não acontece. Os apelidos são ditos a toda hora, uns carinhosos e outros degradantes. As pessoas que recebem apelidos são cognominadas em casa, na escola, no clube e assim as pessoas carregam por toda vida, tornando-se suplicio para muitos e para outros carinhosos. Os apelidos quando incomoda a pessoa passam a ser frequentemente chamado a fim de irritar são os mais ouvidos, pois muitos destes apelidos trazem consequências danosas às pessoas, e muitas vezes levam as agressões e até morte pode acontecer, como muitos fatos já divulgados. Os palavrões, gestos obscenos é observado pelas ruas quando acontece o xingamento, principalmente a pobre das nossas mãezinhas é penalizada por desaforos e desacatos aos gritos. Quantas mortes já não houve neste mundão do meu Deus. Muitos levam a sério, outros na brincadeira outros revidem com ironias, outros agridem. Na minha vida mundana, nas peladas de futebol, pelos bares, nas esquinas, na escola e faculdade e nos pensionatos do Bairro da Boa Vista que vivi bastante tempo lembro-me de vários apelidos que ocorria, no dia a dia.  Vejamos alguns – Papa-figo, Vaquinha Mococa, Urso Branco, Da Mula, Preguinho, Sarara, Pé Grande, Vaca Loura, Gogo da Ema, Mosca Morta, Galo Preto, Pinguço, Rato Branco, Baleia, Caça Níquel, Papagaio, Pinóquio, Visconde de Sabugosa, Pé na Cova, Negão, Crioulo Doido, Maguary, Serra Velho, Oio de Vidro, Pinóquio, Pena Branca, Caçaco, Ratinho, Muriçoca, Papa Rato, Rato Branco, Muçurungo, Mentirinha, Ternurinha, Lagartixa, Calango, Maria Mole, Ratazana, Boca Mole, Barrigudo, Dentuço, Zarolho, Pé de Chinelo, Mangangá, Bem-te-vi, Chica Louca, Maria Mole, Pau Mole, Catapora, Satanás, Seboso, Dorme Sujo, Sagui, Bunda Mole, Maisena, Caroço, Fraldinha, Bruguelo, Baixinha, Tarzan, Fininho, Batatinha, Azeitona, Boneco, Cagão, Pé de Chinelo, Burrinho, Buchudinha, Caipora, Abusado, Perereca, Sapo Boi, Zarolho, Vaquinha Mococa assim por diante. Os apelidos carinhosos têm efeitos ao contrario, traz carinho e amor daqueles que se expressam no chamamento e que existem designando pelo nome próprio – Zetinho, Dodora, Marquinhos, Rafa, Neném, Socorrinho, Mariinha, Zefinha, Manezinho, Lourdinha, Mariquinha, Dorinha, Carminha, Lucinha, Glorinha, Zezé, Toinho, Totonho, Miguelzinho, Manezinho, Rafinha, Juninho, Zequinha Zito, Chiquinho, Chico, Carlinhos, Pedrinho, Paulinho, Arnaldinho, Tanzinho, Zezito, Mané, Luizinho.  

GALO PRETO é o apelido de um colega morador do nosso bairro Jardim Atlântico, pele de cor morena escura. Cabeleira totalmente branca. Todo instante rindo e soltando piadas. Não se incomoda que lhe chame somente ele dizia “é a mãe”, rindo. Somente bastava olhar para ele e, “É a mãe”. E assim se passava para uma brincadeira sem molesta-lo na sua identidade. Ao contrário, conheci um elemento no bairro da Boa Vista, onde morei por vários anos, em pensões, apelidado de GALO BRANCO. Este era enfezado. Não gostava que alguém lhe chamasse por este nome. Brigava se possível fosse com quem quer que seja. Todos nos evitarmos a falar com ele, nas mesas de bares, pois sabíamos que lhe aborrecia e se retirava do local. Certa vez, um intruso lhe chamou de GALO BRANCO, recebeu uma bofetada caindo no chão estatelado. Foi levado para a Delegacia da Rua do Aragão por aquela agressão. Foi solto após de duas horas de conversa com o Delegado. No dia seguinte lá esta ele comentando o fato que aconteceu na Delegacia, disse ele – O Senhor é metido a valentão não é? Vive agredindo todos, pois nós já sabemos que de vez em quando o Senhor faz peripécia? Claro que não Doutor! Eu sou um homem sereno afeito a brigas e desordens. O Senhor sabe que eu não gosto de apelido. Não gosto mesmo! Vou ao bar tomar meu aperitivo sossegado. Sento lá no meu canto quieto. E ai vem qualquer um me chamar de GALO BRANCO. Como eu não gosto reajo. O sangue sobe na cabeça e eu não me dou conta da atitude que tomo. Arrependo-me, mas já tem acontecido o fato. Se eu fosse o Senhor não ligava para este apelido de GALO BRANCO, disse o Delegado. Até o Senhor Delegado está me chamando de GALO BRANCO. Não é possível, exclamei. Sai direto para o Bar Santa Cruz e tomei uma cerveja bem geladinha para esfriar os córneos. Na saída indo para a pensão, passando pela Rua Santa Cruz, em frente ao Mercado da Boa Vista, ouvi – GALO BRANCO, GALO BRANCO. Fiquei fulo da vida. Voltei quebrei os copos da mesa e ai foi uma confusão com o Zequinha, um moreno forte que me derrubou no calçamento dentro do Mercado. Machuquei o braço esquerdo. Fui para o quarto sentindo dores. No outro dia, GALO BRANCO! Fiquei roxo de raiva, mas me contive, apenas disse – È A MÃE.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Hugo Chavez. Por quem devemos rezar?





Por Zezinho de Caetes

Recebi de um amigo um imeio que parece de humor negro mas quando se trata dos comandantes do Idiotas Latino Americanos, como o Hugo Chavez, nossa sensibilidade humana diminui muito, e resolvemos transcrever aqui a piada, mesmo sem sabermos, como todo o povo venezuelano, se estaríamos rezando para um vivo o para um morto.

A mensagem começa pedindo para rezemos com fé e seu assunto é: Corrente de orações para Hugo Chaves. Diz ainda que repassa esta corrente a pedido de um amigo venezuelano. Eu o repassei pelos amigos brasileiros que, como eu, acham que o flerte acintoso do nosso governo com o comandante do “bolivarianismo” (que até agora ninguém entendeu bem o que é a não ser a diplomacia petista) é um mais um deboche com o povo brasileiro. Vejam o imeio:

Orar com fervor!!!!!

A TODOS:

EL COMANDANTE HUGO CHÁVEZ SE ENCUENTRA EN CUBA EN GRAVE ESTADO DE SALUD POR CULPA DE UNA BACTERIA. LOS INVITAMOS A  TODOS A ORAR POR LA SALUD DE LA BACTERIA, QUE RESISTA LOS ANTIBIÓTICOS Y QUE SEA FUERTE PARA QUE PUEDA CULMINAR CON ÉXITO SU  MISIÓN...

Eu não costumo rir da desgraça dos outros, e quando da doença do meu conterrâneo Lula, até rezei a sério pela sua recuperação, porque ele não escondeu sua doença e, nisto não pode ser dito nada dele, a não ser, que usou a divulgação da doença para comover o povo. No caso do Chaves é mesmo para enganar o povo venezuelano e minha risada com a piada não me causou problema algum de consciência.

Dentro do tema, mas, fora da piada, reproduzo o texto do Sandro Vaia, publicado no Blog do Noblat em 11/01/2013, para vocês tentarem entender o que se passa na Venezuela hoje. O título do texto é: “O Itamarati bolivariano”. Fiquem com ele, que eu vou rezar pela bactéria.

“O movimento bolivariano, seja lá o que isso signifique, teve neste dia 10 de janeiro o seu ápice de surrealismo, com a oficialização do mandato de um presidente que já governa há 14 anos e tomou – mas não tomou - posse, de corpo ausente, de um cargo conquistado em eleições recentes.

Como se sabe, a Constituiçao venezuelana, que se presta a assumir as mais diversas formas, como uma bala puxa-puxa com que as crianças gostam de brincar, institucionalizou a reeeleição perene, fazendo da alternância de poder um intrincado quebra-cabeças difícil de montar ou uma montanha difícil de escalar.

Formalmente, a Venezuela não é uma ditadura, mas também seria um exagero chamá-la de democracia. Um lugar onde o presidente ocupa a rede nacional de televisão para falar de 3 a 4 horas por dia durante cerca de 260 dias por ano não chega a ser um exemplo de oportunidades iguais para todos.

Reza a Constituiçao chavista do país, elaborada pelo partido de Hugo Chavez e interpretada por uma Suprema Corte expurgada de juízes independentes, que o presidente da República deve tomar posse no dia 10 de janeiro diante da Assembléia Nacional, ou se isso nao for possível, diante do Tribunal Supremo de Justiça.

Como Hugo Chavez está em Havana convalescendo ( seria essa a palavra certa?) de sua quarta operação contra um misterioso câncer na região pélvica, deu-se um daqueles fenômenos que uma escola de escritores latino-americanos chama de “realismo fantástico”: o mandato do presidente começou sem a presença do presidente.

Com a transparência que caracteriza os regimes autoritários e populistas não só da América Latina mas de qualquer parte do mundo, o governo venezuelano nao informa com a devida clareza qual é o verdadeiro estado de saúde do presidente operado e quais são as verdadeiras chances de que venha a tomar posse dentro do tempo hábil previsto pela própria Constituiçao, antes que se comece a contar o tempo previsto para a marcação de novas eleições.

Uma confusão e tanto. Maduro, o vice nao eleito e nomeado pelo próprio Chavez como seu sucessor, governará por tempo indeterminado até que se saiba se o próprio chefe terá condições de assumir e quando.

Como aconteceu antes em Honduras e no Paraguai, a diplomacia brasileira nao hesitou em tomar a posição mais duvidosa possível, desde que o rigor técnico histórico do Itamaraty foi substituído pelo ativismo partidário do governo petista.

Em vez da cautela da diplomacia, o Itamaraty optou mais uma vez por aplicar o ativismo da ideologia com todos os riscos que isso traz para a reputação do País.”

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A SOLIDÃO, O LIMÃO E O NATAL.





Por Carlos Sena (*)

A solidão que já se coloca como um dos piores males do século adora o Natal. Se perguntarmos a ela qual é seu período de “safra” certamente nos dirá “O NATAL”. Vejo esse tipo de solidão, como observo os meninos de rua se “amorcegando” nos ônibus nas grandes cidades. Como nos diz Alceu em uma das suas canções: “A solidão é fera, a solidão devora”. Completo que ela mais devora do que fere, mas quando fere também nos dizima porque resvala na alma.

Conta-se que um poeta atrevido, na tentativa de desmistificar a solidão teria escrito: “tão doce passageiramente doce é a solidão/Mas, deem-me um amigo em seu retiro a quem eu possa sussurrar: a solidão é doce”... De fato a solidão é acre, qual um limão. Com uma diferença a favor do limão: a gente pode fazer uma limonada dele, da solidão não. Elas, a Dona Solidão parece ser construída com a fuga dos conceitos; parece ser mantida com a retirada da autoestima; parece ser nutrida pelo silêncio das sombras que acompanham os solitários no alto das suas solidões.

Contudo, a solidão, melhor que o limão, tem jeito. Mesmo que falte jeito, ao ser humano é dada a capacidade de se repaginar, de se refazer, de se sentir parte do todo, tendo dentro de si o todo e as partes. O limão, não. O Natal é neutro. Ele entra nessa prosa como Pilatos entrou no credo. Credo em cruz Ave Maria mãe de Deus e Nossa Senhora. Um credo bem rezado dizem fazer a diferença no trajeto do rompimento da solidão, principalmente nas épocas natalinas. Na verdade, a solidão é ela independente de tempo ou de festa. O Natal é “prato cheio” hospedeiro dela pela sensibilidade que aflora nos humanos. De fato, solidão é um estado de espírito como sempre foi. Há quem se sinta sozinho na multidão e acompanhado estando apenas consigo mesmo.

Solidão é conceito. Diferente de conceito de bom ou ruim. Porque a solidão de um é diferente da do outro e, muitas vezes uma coisa ruim o é pra todos. Por isto, no natal é bom exercitar, por exemplo, que tudo passa inclusive nós. Até a uva passa, passa. Que diremos nós. Fico pensando na cidade de SOLIDÃO em Pernambuco, criado em meados do século XIX e com um pouco mais de cinco mil habitantes. Imagino a solidão por lá, mas dizem que o nome não se prende ao sentimento em si que a solidão provoca, mas por conta do isolamento geográfico em que se encontrava quando foi “construída”... Independente, solidão é um estado de espírito que pode se transformar até em patologias. Afinal, há quem se acostume sozinho. Afinal, há quem goste dos olhos e quem goste da ramela. É isso. Nada de solidão nesse natal. Isso pode representar falta de amor próprio e sem ela a gente não sobreviverá nessa sociedade tão marcada pelo individualismo.

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(*)Publicado no Recanto de Letras em 14/12/2012

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

MIUDINHO





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Jovem de 25 anos. Magro e baixinho com os seus 1m60, Frio e calculista. Sua lei é matar ou morrer. Não dispensava covardia dos companheiros e nem tampouco reação das vítimas.  Mata antes. Não titubeava em apertar o gatilho da sua arma nas suas investidas para concretizar o seu intento por mais difícil e perigosa que ela seja. Tudo era planejado minuciosamente, com antecedência a fim de ter sucesso no empreendimento. Dias e mais dias era dedicada a vigília dos movimentos do banco que seria assaltado. Sua especialidade – Assalto a Banco – fora esta atividade nunca assaltou pessoas e nem outros estabelecimento não dava lucro, o que arrecadaria era valores mixurucas não valia a pena arriscar a vida.  Banco sim era arriscado mais o lucro era certo. Na sua mente já tinha o banco que iria assaltar. Convocou os seus colegas, Calunga, um sarara de olhos verdes cujo trabalho era estudar toda a área, desenhando as ruas de menos movimento; Biu, um moreno forte e ágil para verificar a presença dos policiais nas ruas, nos turno e o horário; Zequinha, um baixinho de olhar duro, olhos pretos e cabelos encarrapichados para observar quantos vigilantes tinha o banco. Todos eles sabiam manejar a pistola com maestria e tinha coragem de enfrentar qualquer adversidade, mesmo com a própria morte. A noite na sala Miudinho dava as ordens e procurava saber detalhes, como a residência do gerente e do tesoureiro; horário da chegada do carro forte; quantos vigilantes a agencia dispunha; quantos caixas a agencia possuía; a localização do cofre e a sala da gerencia e do tesoureiro, tudo era detalhada para não falhar na empreitada. Somos quatro e não admito erro. Se “cair” na malha da policia, bico calado, caso contrário – morte. Nos dias que se seguia foram observados todos os passos da agencia. O dia que antecedia o assalto o Miudinho dava uma checada em todos os lugares, sem ser percebido. No dia do assalto chegaram logo cedo no local. Separados e já com a tarefa que cada um ia realizar. Na praça ficou um sentado lendo o jornal, observando toda a movimentação; outro estacionou o carro em lugar estratégico livre do transito; o outro passeou pela calçada observando a quantidade de vigilantes que agencia dispunha e Miudinho encostado no poste na calçada do banco fumando e se fazendo que estivesse procurando alguma coisa. Por volta das 7h30min, o carro forte estacionou. Quatro homens armados se puseram em posição estratégica com suas escopetas e revolveres enquanto dois saiam com quatro malotes verde entrando na agencia apressadamente. Dez minutos depois saíram entraram no carro forte e foram embora. Miudinho levantou a mão como sinal e dois chegaram à antessala. Chamaram o vigilante, e quando este chegou a poucos metros foram rendidos e colocados na parede de costa; o funcionário estava contando os pacotes do dinheiro chegado fora surpreendido por dois assaltantes de revolver em punho. Levaram os malotes, mas quando ia saindo da agencia deparam com dois policias na frente da agencia. Saíram atirando em plena rua em desabalada carreira, até o ponto onde estava o carro parado. Miudinho foi preso e levado para a Delegacia e depois do depoimento foi levado para penitenciaria. A noite na prisão, foi colocado em uma cela com oito detentos. Todos de alta periculosidade. Sansão, Cabeleira, Bicudo, Papa Figo, Negão, Bozó, Curió e Zabelê estes novos companheiro de cela. Arranjou-se no canto da cela, com um cobertor. Foi logo chamado pelo Sansão, para ditar as ordens ali dentro. Ficou sabendo da limpeza, da dormida que não tinha para todo mundo, revezavas e assim por diante. A noite um dos caras veio tirar “onda” dando “cantada” dizendo “carne nova no pedaço” e riam. Lá no recanto ele deitado em chão frio, ouvia as piadas. “quem vai primeiro”, “vai tu!” “eu não, primeiro o chefe” e assim por diante. No quarto dia o assedio ia se consumar. No passeio da tarde Miudinho disse para si mesmo - vou detonar este cara à noite. Foi à cantina comprou uma garrafa de coca cola. Bebeu o liquido e quebrou ficando somente com o gargalho pontiagudo. Guardou no bolso e colocou perto de si. À noite lá pelas 10 horas, Sansão chegou perto lhe alisando. Companheiro sou um homem me deixa em paz. Que nada rapaz é coisa rápida. Vai prá La, E ele insistia. Deitou-se ao seu lado. Ao deitar de papo prá cima começou alisar. Neste momento, Miudinho pegou o gargalho e enfiou com toda a força que tinha na garganta de Sansão. O sangue espirou  e ele começa a se debater como galinha levando a mão ao corte. Os olhos esbugalhados fitava Miudinho sentado ao seu lado rindo. O silencio da noite foi quebrado com o grito dilacerante. Os outros presos se levantam e Miudinho com o gargalho na mão ameaçou quem chegasse perto. Disse rindo,  “que sirva de lição para vocês”. Eu sou homem e para mim tanto faz matar como morrer, mas eu prefiro a primeira opção. Os agentes penitenciários chegaram e o levaram para outro pavilhão.

(Relato em mesa de Bar, por um desconhecido nos anos 90, tomando uma cerveja na mesa ao lado da nossa, por tras do Cinema São Luiz, numa sexta feira a tarde.)