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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PUTAS - um apreço.





Por Carlos Sena (*)

Gosto muito das putas. Acho que essa história de “mulher da vida fácil” é balela. Afinal, vender o que não se tem não é fácil. Isso mesmo. As putas vendem o que não tem, porque o prazer que elas fazem os homens sentirem não seria por elas vendido se a vida lhes tivesse dado melhor sorte. Ou não! Tanto isso é verdadeiro que elas não beijam. Se “beijar se apaixonam” muitas dizem. Apaixonadas irão “dar de graça”. Se derem de graça vão viver de quê? A menos que algum homem as assuma como já aconteceu com muitas, mas isso é pra elas como que ganhar na loteria. Há inclusive casos que elas voltam pra rua e, se os seus homens não permitirem separam-se deles. Leva-nos a crer que o vício as torna dependentes, qual uma droga forte tipo cocaína.

Como se vê, esse lado delas é pouco alcançado por muitos. Puta é como alça de caixão, quem chega bota a mão. A situação piora quando o tempo passa e a idade chega. Puta velha tem pouco destino: ou será puta barata de rua para aqueles que não têm muita grana; ou será cafetina no modelo mais tradicional, ou moderna com o nome de agenciadora de menores e de maiores. Mas, puta é puta. Ou rapariga. Ou messalina. Ou rameira, quenga. Ou...

A sabedoria das putas é impressionante. Não a sabedoria dos livros, mas da vida. Às vezes fico pensando se os pais de garotos, ao invés de leva-los pra zona (ainda existe?) os levassem para conversar com elas e ouvir delas o que sabem da vida, do mundo, do certo e do errado. Há muitas que fogem essa expectativa e nada sabem. Mas, no geral, elas sabem e entendem bem de sofrimento e até de prazer. Certo que não merecem confiança na forma como costumamos falar de confiança. Mas elas são calejadas com a vida, formadas na faculdade ABRE E FECHA PERNA e alhures.

Como é natal, lembro-me de uma passagem atribuída a Dom Helder. Aconteceu em Fortaleza: uma puta, após a missa do galo celebrada pelo Dom, o procurou e fez a seguinte pergunta: “Dom Helder, eu sou prostituta e todo ano, no Natal, eu vou a um presidio e “me deito” com um preso como forma de dar um presente de natal”, o que o Senhor acha? Tua consciência já te deu essa resposta, disse o Dom, como que dizendo “Julgar o quê” e pra quê? Essa passagem eu sempre recupero nos natais, pois acho que elas, as putas, devem sofrer muito mais do que aqueles para quem a solidão se perpetua mais no natal. Na verdade essa faceta que foco nas putas é um pouco da realidade dos profissionais do sexo, sejam putas, putos ou derivados.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 14/12/2012

Um comentário:

  1. José Fernandes Costa21 de janeiro de 2013 às 21:09

    Já conversei com putas chinfrins e putas com alguma pose. - Já ouvi coisas de arrepiar. A maioria deixa a casa dos pais, porque a miséria que persegue todos tira a luz de esperança de qualquer um / uma. - Então, elas fogem de casa e vão em busca de coisas menos ruins. E terminam na prostituição. - Aí comem o pão que o diabo embrulhou. - E, na velhice, quando não estão numa daquelas opções citadas, vão trabalhar para a cafetina, em troca de um prato de comida e de uma colchão velho pra se espichar à noite. - Como toda regra tem exceção, a começar pela menstruação, algumas são um pouco espertas e terminam a vida sofrendo menos. - Conheci putas miseráveis em Quebrangulo, em Palmeira dos Índios, no Rio de Janeiro, em Cajazeiras, em São Paulo etc. A realidade é uma só. - CONCORDO com seu texto, mesmo com as exceções da regra. - E mais, se elas estiverem de regra ou de paquete, como se dizia no Rio, ou menstruadas, não trabalham. - E se não trabalham, não ganham./.


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