Por Carlos Sena (*)
Meu mundo quantas vezes já se
acabou? Entre mundos acabados e caídos, eis-me aqui. Inteiro, meio colado, mas
inteiro. Minhas fissuras são recordações de vida – carimbos da confissão
subliminar que vivi com tudo de direito e que também não. Triste de quem em
vida não se vê acabando com o mundo que desmorona quando a gente perde quem
ama; quando a gente é tratada como traste por chefes ou por amigos ou por
familiares; quando a gente quebra a cara e tem que recomeçar diante de um mundo
cheio de cordeiros, mas cercados de lobos por todas as partes; quando a gente,
diante de uma “virgula” desmorona, cai em efeito “dominó” diante de nós mesmos;
quando a gente constrói sonhos sobre o sim e a vida nos retira deles
abruptamente e nos diz “não”; quando morre alguém que leva consigo parte de nós
– um filho, um pai, uma mãe, ou aquele que a gente elegeu como se fosse tudo
isso junto. Esse mundinho lá de fora não me aterroriza de acabar. A gente anda
pelas ruas e vê tanta gente “morta” caminhando em busca de sonhos que os outros
construíram pra elas; gente que pra mim e pra muitos a gente olha pra elas na
rua, mas não vê – elas simplesmente não existem porque o mundo delas já se
acabou há tempos. Por isso é que digo que o mundo que se exploda. Eu também já
vi meu mundo se acabar por puro prazer, pela entrega ao ser amado que nos leva
aos céus, mais parecendo que o mundo se acaba e vira sonho junto do outro...
Ademias é folclore. Conversa fiada de quem não tem o que fazer.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 14/12/2012
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