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sábado, 12 de janeiro de 2013

Eu e o Recife no hospital





Por Zé Carlos

Hoje baixei o hospital. Passarei um dia inteiro em um lugar que não gosto de vir nem para visitar os outros (a não ser em maternidades), e hoje estou aqui confinado. Não se preocupem os meus amigos pois o máximo que pode ocorrer comigo é ficar cego. E como comprovei durante minha vida, na vivência com o meu pai, isto não é o fim do mundo. Quanto aos meus inimigos, se tiver feito algum ao longo da vida, mesmo a contragosto, não se alegrem, porque, mesmo cego, estou de olho.

Pelo nome do hospital ninguém deve ficar constrangido: HOPE, que numa língua estrangeira quer dizer Esperança. É um hospital de olhos e vim fazer uns exames que duram o dia inteiro. E se depender de sua estrutura administrativa e do espaço físico ninguém terá problema de visão ao visitá-lo.

De qualquer forma, sendo um hospital, eu gostaria mesmo era de estar em casa ou num outro lugar qualquer que não inclua nem Santa Marta nem Santo Amaro. O que me deixa mais triste ainda é que, mesmo sendo um exame que dura o dia todo, pois ele é feito três vezes ao longo do dia, com intervalo de 4 horas de um para o outro, eu não posso ir e voltar para casa neste período.

Por que? Perguntarão aqueles que moram numa cidade com um pouco de mobilidade urbana. Ou mesmo aqueles que não ficam reclamando por querer entrar com um processo para exigir o direito constitucional de ir e vir. Aqui no Recife, a mobilidade urbana, ou a falta dela, já pode ser vista como um crime contra os seus cidadãos. Eu moro, talvez, uns 4 quilômetros afastado do hospital. Uma distância que poderia ser percorrida a pé em menos de uma hora. Mas, não temos garantia de que ao fazermos este percurso de ida e volta, usando outro meio de transporte, com a garantia de chegada na hora do outro exame.

E pior do que tudo, seria difícil convencer, o pessoal do estacionamento de que estamos fazendo exame o dia todo e não devemos pagar o serviço 3 vezes. Então qual a solução para nós que vivemos numa cidade doente em sua mobilidade, e que deveria estar no hospital, e não nós? Ficar o dia todo no hospital e fazer de contas que estamos num hotel 5 estrelas. E até elogiarmos o hospital em que estamos pois, ele nos dá todas as condições de fazermos os exames com internet, mesas para computador, restaurantes, etc. O problema: O plano de saúde não paga estes extras, e eles não são baratos, sendo talvez mais uma fonte de lucro para o setor de saúde privada.

E não podemos reclamar dos gestores do hospital, mas, podemos e devemos bradar aos quatro ventos a incapacidade de nossos gestores urbanos, em nos proporcionar mobilidade. Brevemente, aqui em Recife, teremos que fazer todo o trabalho num só local, pois não temos mais nenhuma capacidade de locomoção. As condições do trânsito são tão precárias e o tempo que se perde é tanto, que ao longo do caminho temos vontade de mudar nossa rota para a Tamarineira, se lá ainda aceitassem doidos.

Sei que é um exagero o que falei, entretanto, se tudo continuar com esta tendência, em breve futuro não será mais. O nosso direito de ir e vir não existirá mais. Talvez tenhamos que pagar mensalmente a alguém para sair de casa. E o próximo mensalão será o flanelão, ou Ação Penal 1470 onde, com certeza, os flanelinhas condenados serão presos.

P. S.: Este texto foi escrito ontem.

3 comentários:

  1. José Fernandes Costa12 de janeiro de 2013 às 12:01

    Por não ser inimigo do Zé Carlos, faço algumas observações no que concerne às palavras dele: a primeira é que eu não preciso recorrer a línguas estrangeiras para traduzir a sigla Hope: Hospital de Olhos de Pernambuco. Não confundam com o Hospital Esperança, da mesma organização comercial. A segunda: o prefeito não solicita exames de vista, por não ser médico. Se o prefeito fosse Humberto Costa, poderia. Mas, Humberto já era. - A terceira: o Hospital da Tamarineira ainda aceita loucos, graças ao prefeito João da Costa, que botou na chuva o cavalinho do arcebispo dom Xavurido. Quarta: há duas esperanças de o trânsito de Recife melhorar nesta cidade lixão. Uma é quando o prefeito Geraldo Julio executar os planos que já estão traçados. Mesmo contra a vontade dos grandes comerciantes, como os donos de cursinhos, igrejas, hospitais, Clube Português etc. Também é possível que as concessionárias de automóveis parem um pouco de despejar carros novos nas ruas, financiados em 100 meses. O IPI deve voltar à alíquota anterior. - Quinta: enquanto isso não vem, o Zé Carlos deve comprar uma motoca. E sair por aí doidão ruas afora. - Sexta: como o Zé Carlos não quer pagar pelo estacionamento do Grupo Hope, se ele vender o próprio carro, será um veículo a menos em Recife. E já melhora o trânsito. - Sétima: que o Zé Carlos compre um apartamento ao lado do Hope e tudo fica fácil. Exemplo: eu moro atrás do Hospital Santa Luzia. Por isso, não pago estacionamento. Quando preciso, faço exames que duram o dia todo, indo e voltando a pé. É bem saudável. No Santa Luzia também há estacionamento. Mas eu não preciso dele. E, se precisar passar por lá de carro, pra dar um recado ou apanhar alguém, tenho uma tolerância de alguns minutos. Então, com isso consigo safar-me. - Oitava: se o Zé Carlos entrar com um processo pelo direito de ir e vir, vai pagar os honorários de sucumbência aos advogados dos demandados. Por que o Zé Carlos pode usar os dois pés e ir aonde bem queira. - Nona: se ele não pode mais ir e vir sozinho, deve contratar um guardador de velhos. É o que se chama, em linguagem disfarçada, cuidador de idosos. - Décima: e o Zé Carlos pode, ainda, mudar-se para Glória do Goitá, aqui bem pertinho. Lá existem todos os serviços médico-hospitalares e não há carros. Iria haver só o carro do Zé Carlos./.

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    1. Realmente eu não sabia que a Tamarineira ainda estava aceitando loucos. Mudarei de rota na próxima consulta. Obrigado pelo comentário.

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  2. José Fernandes Costa12 de janeiro de 2013 às 18:45

    Sim, meu caro Zé Carlos: o Hospital Ulisses Pernambucano, é conhecido como Hospital da Tamarineira. E é o mesmo a que você se referiu. - Ele continua no mesmo ritmo, atendendo aos doentes com transtornos psíquicos. - Contudo, ele não trata da visão de quem pode pagar planos de saúde e que é mentalmente são. - O que é o seu caso. - Então, você não pode e não deve ir pra lá. - E longe de mim a ideia de lhe sugerir o Hospital Ulisses Pernambucano = Tamarineira, para se tratar. - Você tem muito juízo e bastante serenidade. - Benza-o Deus, como dizia a minha avó Aurora. - Isto é, que Deus benza e abençoe você, com toda a sua saúde./.

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