Por Carlos Sena (**)
Recife não só tem briga politica
e de politicagem. A briga politica é briga boa, só desonera quando as vaidades
pessoais a transformam em politiqueiras. Recife é também assim. Só que
ultimamente tem ocorrido mais politicagem do que politica e o detalhe: dentro
do partido que, briga após briga com a oposição, presenteou a cidade com uma
obra de Niemayer. Ainda bem. O Parque
Dona Lindu que tanta polêmica causou está firme, pujante, lindo, forte. Melhor:
a associação dos moradores de Boa Viagem que na época vociferou contra, entrou
na justiça, fez manifesto no calçadão, ficou calada diante das evidências do
parque que hoje faz de Boa Viagem, uma selva de pedra menor. A paisagem ficou
mais leve por conta dos traços do gênio da sensibilidade arquitetônica.
Niemeyer não é mais um arquiteto – é uma marca que quem olha já sabe e logo diz
(mesmo os menos perspicazes) “essa obra é a cara de Niemeyer”. E é mesmo, como
no caso do Parque Dona Lindu, no Recife.
Hoje, quando o mundo todo fala da
genialidade dele e da sua sensibilidade, fica provado que genialidade e
sensibilidade não são incompatíveis com a simplicidade. Essa mesma simplicidade
que alguns “Zés Ruelas” da política não exercitam. Constroem uma escola mais
preocupados com o nome deles aposto na placa do que com a educação que uma
escola vai proporcionar. Niemayer era a antítese disso. Como se diz no popular
tinha “panos pras mangas” e não questionava se a mangas eram curtas ou
compridas, ou mesmo se os panos eram de linho ou de chita. Pra ele, esse
arquiteto atemporal, a beleza só tinha sentido em sua obra se fosse bela pra
todos. Num prédio publico ela caprichava ainda mais. Ele pensava que os pobres
poderiam observá-lo com o sentimento de pertencimento dele. Esse era o viés
mais importante do seu trabalho, ou seja, o humano e a sua decência – coisa que
o “povinho” que hoje habita a capital do país por ele construída nunca aprendeu
em forma de lição acoplada ao poder politico que lá desempenham em nome do
povo.
Recife hoje deve estar feliz mais
ainda. Porque foi no governo popular que a obra de Niemeyer (talvez uma das
suas últimas) foi construída a duras penas. Os socialites de Boa Viagem devem
estar com o “rabinho entre as pernas” – não só porque o “gênio da arquitetura
mundial” deixou uma obra sua na cidade, mas, e acima de tudo, porque, diferente
do que eles diziam Boa Viagem ficou um bairro mais feliz. E a felicidade era o
foco de Oscar.
No rumo desta prosa saudosa,
certa feita na Avenida Atlântica em Copacabana, certo Senhor sentou-se num dos
tantos quiosques que ocupam aquela orla marítima. Olhamos em volta e vimos que
poderia ser ele. Mas será ele, perguntei a um amigo. Parece, respondeu. De
repente veio o garçom e ele fez um pedido. O garçom retorna com o pedido
atendido: uma cachacinha branquinha, naquele copo fininho apropriado. Ele tomou
de um gole só! Ao se levantar e quando começou a caminhar, a gente não tinha
dúvidas: era ele, o grande Oscar Niemeyer! A nossa dificuldade no
reconhecimento não foi por outra coisa, senão pela simplicidade dele caminhando
como um simples mortal. Lembram lá em cima da citação aos “Zés Ruelas”? (*)
Hoje, dia 6 de dezembro de 2012,
seu corpo vem para ser velado no Palácio do Planalto – a sede do governo
federal em Brasília. Algo como “a obra de arte reverenciando o artista morto; o
artista "se vai" e a obra vira porto”. Como agora estou passando uma
“chuva em Brasília”, da janela da minha sala vejo o Palácio se engalanando para
esperar o corpo do gênio da arquitetura mundial.
(*) Zé Ruela é uma expressão
muito utilizada aqui em Brasília. É como se fosse o nosso “Zé ninguém”, “Zé
Povinho”... Também se utiliza para chamar um politico ruim de “Zé Ruela” ou
assemelhado.
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(**) Publicado no Recanto de
Letras em 06/12/2012
O Parque Dona Lindu foi feito graças à tenacidade de um prefeito. Todas as vezes que aquela obra foi embargada, o prefeito obedeceu à Sua Excelência, o juiz que decretara o embargo. E o então prefeito recorria dos embargos. E outro juiz mandava que a construção do parque continuasse. - E quem era que requeri os embargos? - A Associação dos IDIOTAS de Boa Viagem. Aliás, os IDIOTAS de Boa Viagem têm horror a povo. Para aqueles IDIOTAS que puseram a cauda entre as pernas, povo é Zé-ninguém ou Zé-ruela ou Zé-povinho. - Mas o parque está lá, com mil e uma utilidades. E os IDIOTAS de Boa Viagem e arredores continuam com a viola no saco. - E esse povo de quem os IDIOTAS se servem, tem acesso às mil e uma utilidades que acontecem nas dependências do Parque Dona Lindu. - Para desespero dos IDIOTAS, que pensam que mandam na consciência do povo trabalhador. - 2. Quanto a Oscar Niemeyer, eu sou muito miudinho para comentar a GRANDEZA DAQUELE MESTRE HUMILDE E GÊNIO. - Contudo, lembro-me de que um IDIOTA MAIOR, de nome Reinaldo Azevedo, um ente insignificante, teve a petulância de dizer alto e bom som que OSCAR NIEMEIER foi "metade gênio e metade idiota". - Só um quadrúpede como esse cafajeste Reinaldo Azevedo poderia dizer tamanha asnice. Pior é que há muita gente transcrevendo os coices desse PATIFE Reinaldo Azevedo. - Assim como os de outros PATIFES IGUAIS ao traste Reinaldo Azevedo./.
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