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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

RECADO AO MUNDO





Por Carlos Sena (*)

O mundo nem precisa se acabar. Pra que esse trabalho “Senhor Mundo”? Precisa não. A gente mesma tá cuidando disso, não vê o que fazemos com a natureza? Não vê o que fazemos com os nossos irmãos a quem tanto discriminamos e a quem tanto fazemos sofrer? Olha seu “Mundo” viver por aqui tá difícil demais. Só tem valia por aqui quem tem dinheiro. É um tal dum capital pra lá, capital pra cá que a gente fica sem “interior”, literalmente. Pro Senhor vê “seu Mundo”, a gente vê o povo todo se preocupando com quem os outros dormem. Perdão, com quem os outros ficam acordados e além: preocupados com que tipo de sexo eles se envolvem. Por aqui, seu Mundo, os pastorecos pentecostais e alguns padres da igreja caótica, digo, católica, ficam perseguindo os gays o tempo todo, deixando de ir pra rua gritar contra a corrupção que vem dizimando o país. Deixam, também, de ir pra rua para que o SUS tenha mais verba federal e para que a Educação seja de qualidade e para que não se troque apoio politico por liberação de faculdades “pés-de-escada”.

O mundo, meu Senhor Mundo, já está se acabando e o que é pior: aos poucos. Em cada pessoa que não perdoa o semelhante, o mundo morre um pouco; em cada politico que rouba verba da educação e da saúde o mundo morre um pouco; em cada pessoa que chora porque seu time foi campeão, mas não chora quando os pais morrem, o mundo morre um pouco; em cada pessoa que ignora o outro, que só vive pra levar vantagem em tudo, que não tem ética no que faz e no que diz, o mundo morre um pouco; em cada jovem que não respeita os pais, que segue a risca o que a mídia manda, o mundo morre um pouco; em cada plantinha que não consegue nascer, em tantas outras que são obrigadas a morrer em um milhão de outras que não conseguem frutificar, purificar o ar, melhorar o planeta, o mundo morre um pouco.

Assim, Senhor Mundo, não gaste “vela boa com defunto ruim”. Isso aqui já virou uma bandalheira que a gente nem sabe se tem mais jeito. Certamente que a gente nem tem certeza que o Senhor queira mesmo acabar com essa “carcaça”, com essa “joça”. Às vezes, Senhor Mundo, penso que esse boato que o mundo vai se acabar no dia 21 de dezembro de 12, é invenção do CUPIM. Dele mesmo, o cupim. Por quê? Explico: quando o mundo se acabou pela primeira vez, Noé juntou em sua arca todos os seres vivos, menos o cupim. Ele não tava doido de levar o cupim, pois a Arca logo estaria diluída por eles. Pois bem: eles, Seu Mundo, não morreram, mesmo ficando fora da Arca. Abrigaram-se nas árvores e estão aí até hoje em todos os lugares. No Brasil, ficam preferencialmente no Distrito Federal e fazem estragos horrorosos. Só que ficaram (os cupins de verdade) de se vingar de nós e essa vingança é baseada no tal calendário dos Maias que, encerrando seu ciclo nessa data, estaria em tese se acabando o mundo. Como nós humanos somos frouxos e bestas, acreditamos até em Papai Noel e conto de carochinha, estamos aí, imaginando esse “acabar de mundo” alardeado por todos.

Mas, encurtando nossa prosa, Senhor Mundo, não precisa se preocupar. Como já lhe disse, a gente está se encarregando de acabar o planeta. Pergunte primeiro aos políticos. Depois aos rios, aos mares, à natureza e terá a certeza disso, se é que já não a tens.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/12/2012

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