Por Zezinho de Caetés
Nesta tórrida tarde desta quarta-feira eu leio um texto do
Rolf Kuntz no Estadão. Seu título: “A era do deboche”. Eu não deveria fazer
nariz de cera algum para seu escrito pois ele fala por si só. Mas, é o vício
que tenho. O que se há de fazer.
Realmente nunca se viu tanto deboche junto com estamos vendo
em toda América Latina, com entronização do Chaves morto, e com as peripécias
da Cristinha lá pelas terras portenhas. E se juntarmos o que está ocorrendo no
Brasil, termos o século do deboche. Depois que um bandido é colocado no
Congresso para fazer nossas leis, o que será do nosso Código Penal.
Sei que amanhã os petralhas que debocham de nós com o poder
da compra de voto pelos programas sociais vão chamar o escritor de “patife” e “cafajeste”, como se dizer a verdade desse causa a todos estes adjetivos.
É sempre assim. Se não têm argumentos para rebater apela-se para o xingamento. É
o que temos em nosso país hoje: Um grande deboche com todos seus sinônimos.
No entanto, o Brasil vem reagindo e o povo já começa a ver
que a tal da ascensão social tão propalada está entrando em fase terminal pela
besteira que estão fazendo com os fundamentos de nossa política econômica. E
isto chegará às classes menos favorecida pela informação mais cruel, seu
endividamento e perda de emprego. Não desejo isto para o Brasil, mas os
petralhas estão a exigir para se manter no poder. Cairão do cavalo. Fiquem com
o Rolf Kuntz
“Mais uma vez as chuvas do verão destroem, desalojam e matam, de modo
tão previsível quanto as bandalheiras orçamentárias, mas o governo federal só
gastou no ano passado cerca de um terço ─ 32,2% ─ das verbas previstas para
prevenção, enfrentamento de desastres e reconstrução. O Tesouro pagou R$ 1,85
bilhão dos R$ 5,75 bilhões autorizados, segundo números oficiais tabulados pela
respeitada organização Contas Abertas. Nada espantoso, nada anormal. A
normalidade inclui, segundo altos funcionários da Fazenda, malabarismos
contábeis para a encenação do cumprimento da meta fiscal. Foi tudo legal, tudo
certinho, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Não seria mais fácil,
mais claro e mais decente reconhecer o mau resultado e tentar, se fosse o caso,
justificá-lo? Em outros tempos, com certeza. Na era do deboche, é igualmente
normal deixar a aprovação do Orçamento para depois, porque o Executivo dará um
jeito de garantir as despesas, dentro ou fora dos padrões constitucionais.
Neste tempo bandalho, o poder público tem prioridades muito mais
interessantes que administrar a vida coletiva e servir aos interesses da
sociedade. É preciso aproveitar o tempo e o dinheiro dos contribuintes para
financiar empresas selecionadas, proteger setores amigos, oferecer contratos a
grupos felizardos e pôr as estatais a serviço de projetos políticos pessoais e
partidários. Também natural ─ como consequência ─ foi a deterioração da
Petrobrás, depois de anos de submissão a decisões centralizadas no Palácio do
Planalto. Com persistência, a nova presidente, Graça Foster, talvez consiga
arrumar a empresa, se ficar no posto por tempo suficiente. Tem mostrado
disposição para o trabalho sério, mas sua figura contrasta, perigosamente, com
a maior parte do cenário.
Na era do deboche, os padrões políticos e gerenciais se degradam em
quase todos os cantos e todos os níveis do sistema de poder. Um bonde sai dos
trilhos, por falta de manutenção, e passageiros morrem. A primeira reação das
autoridades é lançar suspeitas sobre o motorneiro, também morto no acidente.
Uma criança baleada fica oito horas sem atendimento, embora levada a um
hospital. Resposta oficial: o médico faltou. Faltou, sim, mas essa é a resposta
errada. Pode ter sido irresponsável, mas também poderia ter sido atropelado ou
atingido por um raio. Em qualquer cidade gerida com um mínimo de competência e
seriedade, os serviços públicos essenciais funcionam como um sistema. Não havia
outros médicos disponíveis? Não se podia mobilizar uma ambulância para levar a
vítima a um lugar onde recebesse assistência? Na segunda maior cidade de uma
das dez maiores economias do mundo, a falta de um único funcionário pode
comprometer o socorro de emergência a uma pessoa ferida ou doente.
Mas o padrão se repete. Na capital federal, crianças ficaram sem
atendimento porque plantonistas faltaram para prestar exames de residentes.
Nenhum administrador sabia? Afinal, quem aplicou o exame? Novamente: que
porcaria de sistema administrativo deixa a segurança dos pacientes na
dependência de jovens profissionais? Sistemas organizados para funcionar de
verdade têm mecanismos de segurança. São impessoais. Nenhum dirigente de nível
superior tem o direito de renegar a própria responsabilidade para transferi-la
aos subordinados na ponta da linha.
Na era bandalha, quem se importa com a escala das responsabilidades e
com a qualidade gerencial do setor público? O governo brasileiro comprometeu-se
em 2007 a hospedar a Copa do Mundo de 2014. Em 2011, quando o novo governo se
instalou, nada, ou quase nada, havia sido feito para preparar o País. Havia
atraso nas obras de aeroportos, estádios, estradas e sistemas urbanos de
transporte. Os atrasos continuam, mas os custos subiram, muito dinheiro foi
desperdiçado e mais ainda será perdido.
Nesta fase debochada, os apagões se multiplicam e chegam a atingir
vários Estados, às vezes por várias horas. Os altos funcionários do sistema
falam em raios, depois em falhas humanas. A chefe de todos recomenda aos
jornalistas uma gargalhada, se alguém mencionar novamente a queda de um raio.
Mas quem tem autoridade para pôr ordem na casa e cobrar seriedade na gestão do
sistema?
Em tempos bandalhos, o presidente da Câmara dos Deputados promete asilo
a condenados num processo penal ─ criminosos, portanto ─, se a Justiça ordenar
sua prisão. Qual o próximo passo: votar a revogação das penas? Combinaria bem
com os padrões atuais de normalidade. Quando o Congresso adia a votação do
Orçamento, crianças ficam sem assistência médica porque o serviço hospitalar é um
desastre, a economia emperra porque a infraestrutura se esboroa e a diplomacia,
outrora competente e respeitada, se torna subserviente à senhora Cristina
Kirchner, a piada final é atribuir os males do País ao câmbio valorizado e aos
juros. Abaixo o real, e tudo será resolvido.”
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