Por Zezinho de Caetés
Quando eu pensava que o ano começaria melhor, do ponto de
vista político, e com uma democracia revigorada pelo julgamento do mensalão,
eis que surge, em seus primeiros dias um fato que, se não abala as estruturas
legais do país, subverte o que os homens deveriam pensar em termos de moral e
ética.
Já sabemos que o José Genoíno tomou posse na câmara federal,
aproveitando o lugar de alguém que se elegeu prefeito. Não há nenhuma norma
legal que o impedisse de cometer tal sandice, mas, do ponto de vista do homem,
Genoíno, é um verdadeiro desastre. Tudo se passa como se ele fizesse como o
irmão, que foi pego com a cueca cheia de dólares. Mas, pensando bem, o que se
poderia esperar de um homem que foi guerrilheiro para implantar uma nova Cuba
no Brasil? Que ele aceitassem decisões de um órgão supremo da nossa justiça “burguesa”?
E como esmiúça o Sandro Vaia no texto abaixo (publicado em
04/01/2013 no Blog do Noblat), ele era um dos mais ponderados entres seus
colegas de partido, que nasceu pregando uma revolução. Hoje todos sabemos que
tudo isto era cascata e que o objetivo mesmo era o de ficar rico com a tomada
do poder, como em qualquer país do socialismo real. Aqui, graças ao nosso
camaleão, o Lula, o partido subiu ao poder e logo nos seus albores, começou a
roubar para governar e se perpetuar no poder, como está provado e comprovado
pelo STF.
Depois de 3 meses de debates, o Genoíno é considerado um
bandido corrupto e formador de quadrilha pela democracia que ele diz ter
ajudado a criar. Em seu final o STF decide, por uma questão de coerência com as
leis do país, que os condenados não poderão exercer cargos ou funções
puúblicas. Então o que o que faz o Genuino, sob o manto protetor do partido
mais corrupto que este Brasil já teve? Vai á câmara que o investe na função de
legislador, ou seja, para fazer as leis que ele mesmo não respeita.
Talvez ninguém queira ler o artigo abaixo, e mencionado
acima quando souber o seu título: “Genoino
- Condenado por desobedecer leis, agora apto a escrever leis”, porque ele
resume tão bem o texto do jornalista e o que eu quis escrever aqui que se torna
quase redundante. Porem eu aconselho que o leiam e vejam quanto temos que lutar
para um dia vivermos num estado democrático de direito onde não ocorram
tamanhas aberrações.
“"Tenho a consciência serena dos inocentes”.
José Genoino é um homem de palavras e sentenças cortantes.
Durante vários anos foi a voz oficial do PT na imprensa
conservadora.Teve uma coluna fixa na página 2 do Estadão e mais do que isso, o
insuspeito voto de um dos ícones do reacionarismo burguês que forma a opinião
do jornal.
Durante muito tempo, José Genoíno foi o petista limpinho, civilizado e
ordeiro que tornou respeitável a opinião do partido revolucionário que queria
queimar as instituições para implantar seu modelo socialista. A face palatável
do partido para os burgueses que tinham horror aos barbudos revolucionários.
Até o cavanhaque dele, a la d`Artagnan, era mais fotogênico, arrumadinho,
geometricamente bem cortado.
José Genoino sempre foi um homem honrado e o seu passado de luta
revolucionária uma medalha de honra ao mérito como aquelas que os meninos bem
comportados ganham nos colégios internos.
Enfim, um fenômeno: um revolucionário respeitado e querido pelos
reacionários.
Na época do mensalão, José Genoino carregava o andor de presidente do
Partido dos Trabalhadores, como uma espécie de avalista das boas intenções do
partido. Como desconfiar de um partido entregue à presidência de um sacristão
de bons modos como ele?
Depois aconteceu o que todo mundo sabe. Aos poucos, enquanto as
investigações iam avançando e as evidências da existência do mensalão foram se
acumulando, Genoino foi perdendo a altivez, o peito empombado murchou um pouco
e a voz metálica foi perdendo o tom afirmativo, altaneiro e superior. Não
bastasse o mensalão, veio o patético episódio dos dólares na cueca.
Genoino se escondeu na humildade, passou por um início de depressão,
escondeu-se no quarto dos fundos de sua casa, perdeu o brilho, seu orgulho
empanou-se. Ele tornou-se opaco.
Condenado a seis anos de prisão por corrupção e formação de quadrilha,
será beneficiado com regime semi-aberto e poderá trabalhar normalmente de dia e
dormir na prisão. Se comparado a José Dirceu, dito o chefe da quadrilha, um mal
menor.
Suplente de deputado assumiu a vaga do titular numa cerimônia realizada
quinta-feira na Câmara. Filigranas jurídicas sobre a viabilidade ou não de um
recurso à Suprema Corte, última instância do julgamento, permitiram que fosse
diplomado.
Zangado, mal humorado e tratando a pontapés a imprensa que sempre lhe
estendeu tapete vermelho, parece de mal com a vida assumindo um dos maiores
paradoxos vivos criados pela adolescente democracia brasileira: temos, sabe lá
por quanto tempo, uma pessoa condenada por desobedecer à lei considerada apta a
escrever leis.”
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