Por Zezinho de Caetés
Hoje estou com ressaca de posse. Esclarecendo, vi tantas
posses no dia primeiro que me embriaguei com a alegria dos participantes. O
Brasil todo estava em festa pelo espetáculo democrático proporcionado pelas
eleições municipais.
O nosso grande problema é que uma democracia não se faz
apenas de eleições. Sem um arcabouço institucional adequado para o seu
exercício é impossível que se faça a vontade do
povo. A democracia direta é um sonho que os gregos enterraram há muito
tempo e que é tão utópica quanto o socialismo que hoje não existe mais, ou, se
existe, é completamente deteriorado como em Cuba, Coreia do Norte e China. No
sistema indireto ou de democracia representativa com divisão de poderes, que é
o que funciona atualmente, sem uma constituição e um sistema legal adequados,
ela não funciona.
E nós, ao contrário dos Estados Unidos começamos como um
império, que de bom nos deu a unidade terrritorial, mas de ruim nos deu um
sistema federativo capenga que nos causa nossas grandes dificuldades. Hoje os
Estados e Municípios são entes de direito sem o serem de fato, porque nosso
arcabouço institucional não permite seu funcionamento. Continuamos sendo um
império, com rainha e tudo, onde os municípios vivem a mendigar de joelhos
diante do trono do Planalto, pela sua sobrevivência.
E a alegria do dia primeiro já se transformou hoje em
tristeza e decepção pela carência de tudo, e principalmente, no Nordeste onde
senti, em minhas andanças, a crueldade de uma seca para qual D. Pedro queria
doar as joias de sua coroa, objetivando sua eliminação. Mas, pelo jeito, nem a
Rainha Presidenta está interessada em resolvê-la, porque os projetos faraônicos
como o da Transposição do Rio São Francisco estão parados. São as políticas
imediatistas de mais de uma década de PT, a minarem nossa já combalida
economia. Congelaram a miséria com o Bolsa Família e congelaram os municípios
com uma política econômica que mexe com os recursos dados como esmola aos entes
menores da federação de fancaria.
Hoje neste começo de ano, mantendo minha atitude de
prestigiar sempre quem escreve melhor do que eu, eu transcrevo abaixo um texto
do Marco Antonio Villa, de quem ganhei um livro de presente (sobre o julgamento
do século e o maior escândalo, até aqui, da história do Brasil), e que ainda
vou ler, sobre o que ele chamou em seu título “A década perdida” e que foi publicado no Estadão no início da
semana.
Fiquem com o Villa enquanto eu fico observando a festa do
Geraldo Júlio com o dinheiro do Estado todo para alavancar a candidatura do seu
guru à presidência. Ainda bem para o Recife que não merecia mais Joões (que me
perdoe o D. João VI).
“A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 foi recebida como um
conto de fadas. O país estaria pagando uma dívida social. E o recebedor era um
operário.
Operário que tinha somente uma década de trabalho fabril, pois aos 28
anos de idade deu adeus, para sempre, à fábrica. Virou um burocrata sindical.
Mesmo assim, de 1972 a 2002 ─ entre a entrada na diretoria do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e a eleição presidencial ─, portanto,
durante 30 anos, usou e abusou do figurino do operário, trabalhador, sofrido. E
pior, encontrou respaldo e legitimação por parte da intelectualidade
tupiniquim, sempre com um sentimento de culpa não resolvido.
A posse ─ parte dos gastos paga pelo esquema do pré-mensalão, de acordo
com depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público ─ foi uma consagração.
Logo a fantasia cedeu lugar à realidade. A mediocridade da gestão era visível.
Como a proposta de governo ─ chamar de projeto seria um exagero ─ era
inexequível, resolveram manter a economia no mesmo rumo, o que foi reforçado no
momento da alta internacional no preço das commodities.
Quando veio a crise internacional, no final de 2008, sem capacidade
gerencial e criatividade econômica, abriram o baú da História, procurando
encontrar soluções do século 20 para questões do século 21. O velho Estado
reapareceu e distribuiu prebendas aos seus favoritos, a sempre voraz burguesia
de rapina, tão brasileira como a jabuticaba. Evidentemente que só poderia dar
errado. Errado se pensarmos no futuro do país. Quando se esgotou o ciclo de
crescimento mundial ─ como em tantas outras vezes nos últimos três séculos ─, o
governo ficou, como está até hoje, buscando desesperadamente algum caminho. Sem
perder de vista, claro, a eleição de 2014, pois tudo gira em torno da
permanência no poder por mais um longo tempo, como profetizou recentemente o
sentenciado José Dirceu.
Os bancos e as empresas estatais foram usados como instrumentos de
política partidária, em correias de transmissão, para o que chamou o ministro Celso
de Mello, do Supremo Tribunal Federal, de “projeto criminoso de poder”, quando
do julgamento do mensalão. Os cargos de direção foram loteados entre as
diferentes tendências do Partido dos Trabalhadores (PT) e o restante foi
entregue à saciedade dos partidos da base aliada no Congresso Nacional. O PT
transformou o patrimônio nacional, construído durante décadas, em moeda para
obter recursos partidários e pessoais, como ficou demonstrado em vários
escândalos durante a década.
O PT era considerado uma novidade na política brasileira. A “novidade”
deu vida nova às oligarquias. É muito difícil encontrar nos últimos 50 anos um
período tão longo de poder em que os velhos oligarcas tiveram tanto poder como
agora. Usaram e abusaram dos recursos públicos e transformaram seus Estados em
domínios familiares perpétuos. Esse congelamento da política é o maior
obstáculo ao crescimento econômico e ao enfrentamento dos problemas sociais tão
conhecidos de todos.
Não será tarefa fácil retirar o PT do poder. Foi criado um sólido bloco
de sustentação que ─ enquanto a economia permitir ─ satisfaz o topo e a base da pirâmide. Na
base, com os programas assistenciais que petrificam a miséria, mas garantem
apoio político e algum tipo de satisfação econômica aos que vivem na pobreza
absoluta. No topo, atendendo ao grande capital com uma política de cofres
abertos, em que tudo pode, basta ser amigo do rei ─ a rainha é secundária.
A incapacidade da oposição de cumprir o seu papel facilitou em muito o
domínio petista. Deu até um grau de eficiência política que o PT nunca teve. E
o ano de 2005 foi o ponto de inflexão, quando a oposição, em meio ao escândalo
do mensalão, e com a popularidade de Lula atingindo seu nível mais baixo, se
omitiu, temendo perturbar a “paz social”. Seu principal líder, Fernando
Henrique Cardoso, disse que Lula já estava derrotado e bastaria levá-lo nas
cordas até o ano seguinte para vencê-lo facilmente nas urnas. Como de hábito, a
análise estava absolutamente equivocada. E a tragédia que vivemos é, em grande
parte, devida a esse grave erro de 2005. Mas, apesar da oposição digna de uma
ópera-bufa, os eleitores nunca deram ao PT, nas eleições presidenciais, uma
vitória no primeiro turno.
O PT não esconde o que deseja. Sua direção partidária já ordenou aos
milicianos que devem concentrar os seus ataques na imprensa e no Poder
Judiciário. São os únicos obstáculos que ainda encontram pelo caminho. E até
com ameaças diretas, como a feita na mensagem natalina ─ natalina, leitores! ─
de Gilberto Carvalho (ex-seminarista, registre-se) de que “o bicho vai pegar”.
A tarefa para 2013 é impor na agenda política o controle social da mídia e do
Judiciário.
Sabem que não será tarefa fácil, porém a simples ameaça pode-se
transformar em instrumento de coação. O PT tem ódio das liberdades
democráticas. Sabe que elas são o único obstáculo para o seu “projeto
histórico”. E eles não vão perdoar jamais que a direção petista de 2002 esteja
hoje condenada à cadeia.
A década petista terminou. E nada melhor para ilustrar o fracasso do
que o crescimento do produto interno bruto (PIB) de 1%. Foi uma década perdida.
Não para os petistas e seus acólitos, claro. Estes enriqueceram, buscaram algum
refinamento material e até ficaram “chiques”, como a Rosemary Nóvoa de Noronha,
sua melhor tradução. Mas o Brasil perdeu.
Poderíamos ter avançado melhorando a gestão pública e enfrentado com
eficiência os nossos velhos problemas sociais, aqueles que os marqueteiros exploram
a cada dois anos nos períodos eleitorais. Quase nada foi feito ─ basta citar a
tragédia do saneamento básico ou os milhões de analfabetos.
Mas se estagnamos, outros países avançaram. E o Brasil continua a ser,
como dizia Monteiro Lobato, “essa coisa inerme e enorme”.”
Meu caro, Zezinho de Caetés.
ResponderExcluirO PMDB,O PSDB E O PT,juntos em 2010,após as eleições,o que é ilegal e inconstitucional,praticaram o pior dos atos da República e que nem a DITADURA fora capaz de praticar e,concederam para si,apenas um reajuste salarial de 61,83%,elevando o seus subsídios de R$ 16.735,76 para R$ 26.723,13 o que deu simplesmente R$ 10.000,00 de aumentos fora todas as mordomias que ultrapassam masi de R$ 120.000,00 mensal.Foram 280 deputados federais de um total de 313 deles.Foi alí onde se praticou a maior sangria aos cofres públicos e cujos efetos cascatas estamos vendo agora com o aumento ESCANDALOSO e VERGONHO dos nossos VEREADORES e que se estende para os Chefes,os Juízes, Desembargadores,Prefeitos, Governadores e correlatos.Foi, justamente,onde o PSDB e os demais partidos pequenos, com o exceção do PSOL,foi conivente,irresponsáveis,tiranos,e que, jamais pensaram nas FINANÇAS PÚBLICAS deste país.Hoje,todos estão nivelados por baixo.A oposição teria que ter reagido conforme fizeram 233 deputados federais que não comparecam a SESSÃO da Câmara Federal presidida na época pelo Pernamubucano Dr. Inocêncio de Oliveira que, em coluio com 34 Deputados, 62 do PMDB,45 do do PSDB 23 PR, 15 do PSB,partidos estes que dão sustentação do PT governo.Esta é a razão pela qual eles não querem fazer a REFORMA POLÍTICA e dentro das Câmaras Municipais se praticam as maiores estipolias e os maiores aumentos pra si.Os servidores públicos em sua maioria que se dane.Os Prefeitos totalmente coniventes com o Poder Legislativo porque são eles que aprovaram primeiro o salário do Prefeito.