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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A SOLIDÃO, O LIMÃO E O NATAL.





Por Carlos Sena (*)

A solidão que já se coloca como um dos piores males do século adora o Natal. Se perguntarmos a ela qual é seu período de “safra” certamente nos dirá “O NATAL”. Vejo esse tipo de solidão, como observo os meninos de rua se “amorcegando” nos ônibus nas grandes cidades. Como nos diz Alceu em uma das suas canções: “A solidão é fera, a solidão devora”. Completo que ela mais devora do que fere, mas quando fere também nos dizima porque resvala na alma.

Conta-se que um poeta atrevido, na tentativa de desmistificar a solidão teria escrito: “tão doce passageiramente doce é a solidão/Mas, deem-me um amigo em seu retiro a quem eu possa sussurrar: a solidão é doce”... De fato a solidão é acre, qual um limão. Com uma diferença a favor do limão: a gente pode fazer uma limonada dele, da solidão não. Elas, a Dona Solidão parece ser construída com a fuga dos conceitos; parece ser mantida com a retirada da autoestima; parece ser nutrida pelo silêncio das sombras que acompanham os solitários no alto das suas solidões.

Contudo, a solidão, melhor que o limão, tem jeito. Mesmo que falte jeito, ao ser humano é dada a capacidade de se repaginar, de se refazer, de se sentir parte do todo, tendo dentro de si o todo e as partes. O limão, não. O Natal é neutro. Ele entra nessa prosa como Pilatos entrou no credo. Credo em cruz Ave Maria mãe de Deus e Nossa Senhora. Um credo bem rezado dizem fazer a diferença no trajeto do rompimento da solidão, principalmente nas épocas natalinas. Na verdade, a solidão é ela independente de tempo ou de festa. O Natal é “prato cheio” hospedeiro dela pela sensibilidade que aflora nos humanos. De fato, solidão é um estado de espírito como sempre foi. Há quem se sinta sozinho na multidão e acompanhado estando apenas consigo mesmo.

Solidão é conceito. Diferente de conceito de bom ou ruim. Porque a solidão de um é diferente da do outro e, muitas vezes uma coisa ruim o é pra todos. Por isto, no natal é bom exercitar, por exemplo, que tudo passa inclusive nós. Até a uva passa, passa. Que diremos nós. Fico pensando na cidade de SOLIDÃO em Pernambuco, criado em meados do século XIX e com um pouco mais de cinco mil habitantes. Imagino a solidão por lá, mas dizem que o nome não se prende ao sentimento em si que a solidão provoca, mas por conta do isolamento geográfico em que se encontrava quando foi “construída”... Independente, solidão é um estado de espírito que pode se transformar até em patologias. Afinal, há quem se acostume sozinho. Afinal, há quem goste dos olhos e quem goste da ramela. É isso. Nada de solidão nesse natal. Isso pode representar falta de amor próprio e sem ela a gente não sobreviverá nessa sociedade tão marcada pelo individualismo.

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(*)Publicado no Recanto de Letras em 14/12/2012

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