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quinta-feira, 7 de julho de 2011

DEUS FEZ O HOMEM, A MULHER E OS DIFERENTES




Por CARLOS SENA (*)

O Padre Manzotti falou no Faustão acerca da homossexualidade: “Deus fez o homem e a mulher”... Precisa dizer o que ele pensou acerca? Claro que ele se posicionou contra a homossexualidade, embora disfarçado de “acolhedor” de todos, como já virou jargão entre padres e pastores em sua grande maioria. Eu digo ao Manzotti, ao Edir Morcego, ao Mala Feia:

a)      Deus fez o homem e a mulher, com certeza, MAS FEZ O MISTÉRIO ENTRE OS DOIS.
b)      Deus fez o bem e o mal, com certeza, MAS FEZ O MISTÉRIO ENTRE OS DOIS.
c)       Deus fez a noite e o dia, com certeza, MAZ FEZ O MISTÉRIO ENTRE OS DOIS.
d)      Deus fez o sol e a chuva, com certeza, MAZ FEZ O MISTÉRIO ENTRE OS DOIS.
e)      Deus fez o mistério e a clareza, com certeza, MAZ FEZ O HOMEM ENTRE OS DOIS.

O que os padres e pastores em foco teriam que compreender é que as questões humanas mais complexas exigem os olhos do coração e da sabedoria para entendimento. Quem não sabe que Deus fez o homem e a mulher? Precisaria ser religioso pra descobrir o óbvio? Deus também fez o perdão e a maior invenção humana que é o AMOR. Só que perdoar vai além do óbvio e requer desprendimento. Da mesma forma que AMAR. Amar é tão sobrenatural que muitos são os que o defendem e nos fazem crer que o exercitam, mas no dia a dia, poucos fazem pelos outros que mereça a alcunha do amor em sua essência cristã. Neste sentido, boa parte dos religiosos se acha melhores que nós, pobres pecadores. Penso que se uns desses padrecos se deparassem com uma “Maria Madalena moderna” certamente a deixariam no apedrejamento.

Melhor que esses padres e pastores que vivem disfarçados de POP STAR exercitassem o perdão e fizessem a diferença menos pela boca e mais pelas atitudes. Parece mesmo que, como dizem na minha aterra, “macaco não olha pro rabo”. A igreja católica está cheia de padres pedófilos e a homossexualidade campeia nas sacristias e nas coxias. Não só porque é na igreja, mas porque onde houver gente, haverá mistério; onde houver gente, haverá diferenças; onde houver gente, haverá falsa moral, homossexualidade, heterossexualidade e tudo mais que fizer do ser humano essa maravilha da criação de Deus.

Fica, de fato, difícil, separar o pecado do pecador, como disse certa vez o Papa. É como querer separar o pintor do seu quadro; o compositor da sua música; a oração da fé. Talvez se as igrejas se preocupassem com a felicidade dos fiéis, através da decifração dos mistérios da vida, certamente encontrariam uma ponte de união entre as práticas convencionais da existência e aquelas heterodoxas que, de alguma maneira são legítimas por quem as praticam. Afinal, Carlos Drummond, já nos lembrava num dos seus mais belos poemas:

ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU

Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

Como se observa, difícil é o amor. Pluriamar, sempreamar, dá trabalho e tira de muitas autoridades religiosas o jargão que as nutre diante delas mesmas pelo egoísmo e vaidades particulares escondidas em nome de DEUS. Imagino que deve haver uma teologia com “T” tesão, maiúsculo, capaz de estudar o amor de Deus nos seres que, sendo homem amam outro homem e que, sendo mulher, amam outra mulher. Afinal, a gente poderia do alto da nossa ignorância se perguntar:

a)      Sendo Deus grande como é, por que deixa os negros nascerem?
b)      Sendo Deus grande como é, por que permite que no coração de alguns homens e de algumas mulheres floresça amor pelo sexo igual?
c)       Sendo Deus grande como é, por que deixa que alguns homens nasçam na riqueza e outros na extrema pobreza?
d)      Sendo Deus grande como é, por que permite que haja tanta diferença entre os seres humanos na face da terra?

Diante da realidade da vida, certamente que será melhor conviver com os diferentes. Esta é a grande lição de DEUS que os padres e pastores não querem aprender. Qual seria a razão dessa resistência? O dinheiro? – Certamente, mas não apenas. O falso moralismo? – Certamente, mas não apenas. Srs. Padrecos e Pastorecos: lutem para que suas ovelhas sejam felizes. Não queiram que elas sejam felizes com as suas recitas. O “bolo” de vocês está solado, quais sepulcros caiados. Ainda há tempo. Permitam-se ao amor. Pernoitem-se no perdão... Não há muito mérito em dizer, no púlpito, que Deus fez o Homem e a Mulher, Adão e Eva. Alguns cometem a pachorra de dizerem que Deus não fez Adão e Ivo, o que é lamentável partindo de homens que estudaram tanto para tão pouco.
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 (*) Publicado no Recanto das Letras em 19/06/2011

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