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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - Eu sou um bi-avô


Miguel Cordeiro Lima


Como dizia o sambista Billy Blanco, falecido recentemente, “tudo que dá prá rir, dá prá chorar; é só questão de peso e de medida; problema de hora e de lugar; mas, isto são coisas da vida”. Sempre me lembro destes versos em fases como estas onde um único evento nos pega por todos os lados e nos faz rir e chorar, simultaneamente.

Recebi em minha casa, semana passada, minha filha e meus netos. Um, o Davi, já falando como o homem da cobra, e o outro, o Miguel, ainda na barriga da mãe, com vontade de falar, penso eu. No dia 10 deste mês, depois de um conferência médica, pelo seu tamanho, peso e cabeça se resolveu partir para o método, hoje tão simples e eficaz, do parto cesariano, o qual, se em minha época de nascimento existisse com tanta facilidade, minha mãe, certamente, o teria adotado.

Não era fácil parir em Bom Conselho na época em que nasci. Somos da geração que deveríamos amar nossa mães muito mais, senão por outras coisas, mas, pelo sofrimento que elas passaram prá nos botar no mundo. Eu não fiz nada por minha mãe que pudesse compensar seus três dias de sofrimento, enquanto uma parteira esperava pela atividade Divina, fumava cachimbo e guardava suas cinzas para colocar no meu umbigo. Santo remédio contra infecções, dizia.

Hoje não, conferência acabada, decisão tomada, sala de cirurgia e lá estava o Miguel vivo e forte com 4 kg e 53 centímetros, já mostrando que vai ser mais alto do que o Vovô Zé. Este que ficou em casa curtindo o Davi, que, aos 2 anos e meio, não sabia bem o que estava acontecendo, e só repetia de vez em quando, que queria ver sua mãe. Neto bem, filha bem, todos felizes, e eu tentando introduzir o Davi ao Miguel.

A felicidade não chega a ser dobrada, pois ninguém aguentaria tanto, mas aumenta, posso concluir, a cada neto. É como ser bi-campeão nos esportes. Já somos campeões mas, uma conquista a mais sempre é muito bom. Não sei se chegarei a ser hexa-avô, mas se não for, o bi já é muito bom, e sou torcedor do Náutico.

O Miguel já passou alguns dias comigo e já voltou para sua cidade de origem que é Caruaru. Mas, quando ele chegar a ser Senador da República eu farei questão de levá-lo a Bom Conselho e dizer que ele nasceu em Caldeirões dos Guedes, na mesma casa onde nasceu a avó e que já foi também a sede da CIT Ltda. Vai ser uma festa.

O Davi, pela a idade, já sei que não será um político de sucesso, pois com 2 anos e meio, já sabe todas as vogais, com teste na escola e tudo. As outras letras eu fico ensinando em casa com um joguinho que se houvesse na minha época eu não teria sofrido tanto na Carta de ABC. É um quebra cabeça em que cada peça representa uma letra  que se encaixa com uma figura cujo nome começa com a letra correspondente. Por exemplo, A se encaixa com uma Árvore, B se encaixa com Bola, etc. Ele já sabe todas e com grandes variações ensinadas pelos pais e por mim, que me confesso um deseducador de netos.

A brincadeira que mais rendeu foi aquela em que em que ele dizia, por exemplo: “A letrinha C de Carro”, em seu linguajar peculiar. Nas sessões de deseducação, longe dos pais, eu ensinava:

- A letrinha P de Político!

- A letrinha L de Ladrão!

- A letrinha D de Dinheiro!

- A letrinha P de Povão!

E meu neto, mesmo ficando sem entender muita coisa repetia tudo, ficava satisfeito quando eu começava a jogar outra vez e dizia:

- A letrinha P de Político!

- A letrinha B de Bom!

- A letrinha N de Não!

- A letrinha G de Gatuno!

Ele não notou a falta de rima, mas entendeu a solução.

Espero que, até a idade dele “se por de gente”, o nível da política neste país o leve a ter orgulho dele, mais do que eu tenho hoje. Mas, não quero politizar minha felicidade dupla. Já estou com saudade outra vez. Caruaru, me aguarde....

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