Em manutenção!!!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O fim do caderno de caligrafia e a imprensa escrita




Por Zé Carlos

Esta função de procurar as matérias para a página de Notícias do nosso folhetim eletrônico é muito gratificante, se não considerarmos os valores embutidos naquilo que nelas vêem. Entretanto, é quase impossível, mesmo que tentemos ser o mais neutro possível, não valorarmos o que repassamos como informação. O que esperamos é que a avaliação correta seja feita pelo nosso público leitor.

Ontem, em nossa página “Notícias”, que nasceu com o intuito de informar sobre Bom Conselho e hoje informa, inclusive, sobre Bom Conselho, embora raramente, havia uma matéria com o título: “O fim do caderno de caligrafia”.

Quem de minha geração e até de mais antigas e recentes não usou um caderno de caligrafia, onde aprendíamos a escrever com estética as letras do nosso alfabeto, na forma cursiva, como se chamavam as letras que se contrapunham às chamadas letras de forma?

Pois vejam só, meus senhores, que, segundo esta notícia, uma recomendação do Departamento de Educação do Estado de Indiana, vem provocando polêmica nos EUA nas últimas semanas, por dizer às escolas que deixem de ensinar às crianças a escreverem com letra cursiva, considerada ultrapassada, focando-se apenas na prática da letra de forma.

O mesmo departamento ainda preconiza que as escolas devem decidir se pretendem ensinar letra cursiva, mas recomenda que deixem de ensinar e se foquem em áreas mais importantes sendo também desnecessário encomendar cadernos  e livros que ensinem letras cursivas.

A notícia, para meu pouco espanto, vai além e diz que esta recomendação brevemente será seguida por mais de 40 outros estados norte-americanos. Sendo facultativo o ensino da letra cursiva, ela deverá ser banida do Estado de Indiana brevemente. O principal argumento é de que, atualmente, as crianças não precisam mais escrever com caneta e lápis. Tendo em vista que quase toda a comunicação acontece hoje por meio de letras de forma nos celulares e computadores, seria mais importante elas aprenderam a digitar mais rapidamente.

Eu fiquei estupefato. Lembrei de minhas aulas de caligrafia, que começava na cobertura de letras escritas pela professora e continuava com os cadernos de caligrafia, inclusive, para não escrevermos tortos por linhas certas. Como lembrei de quanto era bom cobrir as letras como o fiz com D. Aurinha, e quanto foi ruim copiá-las com D. Lourdes Cardoso, chegando ao caderno de caligrafia, já como sugestão de D. Diva Albuquerque, que me disse, quando me ensinou na quarta série do Ginásio São Geraldo:

- Zé Carlos, se você tivesse uma letra tão bonita quanto a de Marilene de D. Luizinha, eu teria dado o primeiro lugar a você!

Eu me contentei com o segundo lugar e até hoje continuo escrevendo muito ruim. E como dizíamos, tenho uma “péssima caligrafia”.

Entretanto, passei a pensar quando foi a última vez que peguei uma caneta para escrever alguma coisa. Pensei, pensei e não lembrei. Lembrei apenas da época em que ainda preenchia cheques, pois autógrafos nunca dei. Eu estou temeroso que, com esta onda de dizerem que escrevo por 65 pessoas, aumente minha fama em Bom Conselho, e alguém me peça um autógrafo, e eu não saiba mais escrever à mão, tendo que dar um autógrafo digital, o que seria grosseiro, pelo seu significado.

Ou seja, é uma verdade que lápis e caneta, como a imprensa escrita, o livro de papel e a letra cursiva, serão em breve, nos Estados Unidos, coisas de museu, como já o são a máquina de datilografia e as cartas.

Ainda lembro um pouco aqui, quando eu aceitei o desafio do pessoal da CIT para criar um blog de notícias para Bom Conselho, e que, por sugestão de Lucinha Peixoto e do Diretor Presidente, e com meu total apoio, o amigo Luis Clério deveria ser consultado sobre uma possível sua cooperação no meio eletrônico através do que chamamos em homenagem ao seu noticioso escrito, de A Gazeta Digital. Naquela época já antevíamos que o Jornal no papel, mesmo que não tenha desaparecido nos países avançados, não sobrevivem sem sua ligação com a mídia eletrônica.

Fazendo um paralelo com a letra cursiva eu diria que mais cedo ou mais tarde aqui no Brasil ambos tendem a serem peças de museu, se não se adaptarem aos novos tempos da mídia digital. Aqui no Brasil, nas boas casas do ramo da educação, nenhum aluno se suja mais de tinta, como eu fazia com aqueles vidros de tinta em que tantas vezes enchi minha caneta tinteiro, que pelo meu nível de renda familiar, nunca foi uma Parker 51. Hoje cada um leva seu notebook, netbook ou IPAD, e o professor usa o meio digital para passar sua mensagem. Os jornais estão no computador e nos Tablets e as aulas chegam até pelos celulares, sites, blogs e redes sociais.

Cumprindo ainda minhas funções de olheiro do que se produz em Bom Conselho em termos de mídia eu fui ontem à  Academia Pedro de Lara, onde nossos grandes escritores habitam e vi um texto do Edjasme Tavares, em cuja escola eu tive as primeiras lições de datilografia, onde ele falava que deveríamos guardar os exemplares da A Gazeta do Luis Clério para a posteridade, mostrando aos nossos filhos, a história de nossa terra.

Ele mesmo admite que é de uma geração anterior à minha e à do Zetinho que é um colaborador aqui de nossa AGD, com seus belos textos. Falando especificamente de um texto do Zetinho onde ele escreve sobre Pedro Sacristão. Várias gerações o conheceram, e seria muito bom que as novas gerações soubessem quem foi o badalador dos nossos sinos. Mas, tenho certeza que a maneira de fazer isto não será estocando exemplares da A Gazeta em algum prédio público abandonado, como normalmente acontece com os nossos museus.

Vejam que o texto de que fala o Di Tavares, já havia sido publicado pela AGD e pela própria Academia Pedro de Lara mais de um mês antes de ser publicado na A Gazeta. Eu penso até que ele, o Di, é uma pessoa muito interessada nos novos meios de comunicação modernos, pois já o vi até pelas redes sociais e sempre está publicando nos murais. Mas, ainda tem uma saudade danada, com eu também, dos meios que fogem de nossas mãos como o papel. Podemos até ter saudade, mas o tempo passa, e hoje, passa à velocidade da luz, pelos circuitos eletrônicos. O que sei é que meus netos, mesmo contra a minha vontade, sentirão a mesma coisa que nós, eu Di e talvez o Zetinho.

Eu concluiria que, com o fim da letra cursiva, de saudosa memória, irão com elas certos meios de comunicação que não se adaptarem urgentemente aos novos tempos. Eu espero que a A Gazeta do nosso Luis Clério tenha vida longa, mas ela será eterna, não com os exemplares em Museus, e sim com a digitalização dos seus textos, e com o cumprimento da promessa do A Gazeta Online. Se depender de mim, os meus netos (agora sou bi-avô) a lerão no IPad 150, que não sei nem o que é.

Um comentário:

  1. Espero que nós, com o complexo de papagaio que nos é peculiar, não passemos a imitar os energúmenos lá do estado de indiana.
    Agora, aqui prá nós, se um deputado desses aí ler essa noticia, com certeza, apresentará um PL extinguindo, além da escrita cursiva, também, a obrigatoriedade de leitura.
    Vai ser uma maravilha!

    ResponderExcluir