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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Todo homem tem seu preço?




Por Carlos Sena (*)

Acho mesmo que o homem é suas possibilidades; que a maioria deles tem seu preço; que  muitos são os que, diante de deslizes de outrem, metem o pau, julgam e condenam como se exemplos fossem de alguma coisa ou de algum modo de vida. Acho, inclusive, e com muita consciência de que “nada é mais conservador do que um liberal no poder”... E o poder é o que mais tem corrompido os seres humanos, principalmente aqueles que nunca o ocuparam e que, quando ocupam, sentem-se deuses. Isto nos diversos níveis de poderes, inclusive nos poderes supostamente robustos do amor e do afeto. Por isto, não duvido que o homem seja as suas possibilidades. Como não duvido que ele tenha seu preço. Com isso, julgar se torna complexo e por demais perigoso. Quem julga dificilmente não procede aos julgamentos utilizando seus próprios parâmetros.

As redes sociais têm nos dados subliminares lições: diante de um mesmo fato, logo aparecem diversas versões para o mesmo, principalmente nas legendas de fotos de políticos envolvidos com falcatruas. Muitas vezes ficamos de boca aberta diante de uma pessoa em quem votamos e que a mídia nos mostra que ela está envolvida em roubalheiras. A gente fica bege. Logo desperta-nos uma tendência a julgar e condenar, o que não significa que estejamos errados. Mas, sobremaneira, nosso “juiz” interior se acende. Até aí tudo bem, porque nos é dado como eleitor essa condição de também meter o "pau". O que nos dói nesses processos é que não raro a gente vê outros igualmente se indignarem, mas quando ocupam posições politicas fazem pior. Ou não? Ou são as circunstâncias? - Muitos que participam das farras dos políticos corruptos não concordam quando dizemos que eles são ladrões.

Delineia-se, como vemos um corolário de questionamentos intersubjetivos que nos deixam zonzos – porque as verdades quando se misturam às mentiras nos deixam assim: zonzos. Algo como a “mentira muitas vezes repetida se torna verdade”... Mas, a verdade é meio que uma linha reta e a mentira uma linha ondulada que lhe entremeia. No horizonte a linha reta da verdade seguirá incólume e a da mentira será sucumbida. É um pouco dessa “confusão” os dias de hoje tão cheios de informações contraditórias nos diversos meios e veículos de comunicação sociais.

No retorno à lógica do preço dos homens e das suas possibilidades acho mesmo que só o caráter das pessoas pode fazer a diferença. Caráter que se consolida na formação da família a quem competirá o estabelecimento de valores sólidos capazes de nos frear diante de algum preço que nos ofertem. Caráter que nos proporcione a certeza de que as nossas circunstancias são a fonte da nossa razão e que sem ela – a razão – a gente não subsiste diante da família e dos amigos. Mas, há aqueles que não comungam dessa premissa e se vendem, se permitem às negociatas e às possibilidades nem sempre probas. Neste contexto a vaidade vai ao cume e muitos, diante das benesses que o poder geralmente proporciona vendem até a mãe pra se manter no poder. Mesmo o espúrio – porque o poder quando se inocula nalguns cidadãos tal qual um vírus potente, o que menos passa a lhes importar é a ética e os valores e o respeito às relações sociais... A retórica passa a se impor como produto de consumo deles e a tergiversação passam a compor o quadro do cinismo de muitos que imaginam ser o céu o seu limite para suas vaidades... Por isso fica difícil julgar e condenar, mesmo a esses que a gente gostaria mesmo de vê-los na cadeia. Porque as verdades que a gente precisava saber para se garantir disso não nos chega como deveriam... Julgar, então, incorreria no “não julgueis para não serdes julgados”... Ou não?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 06/07/2013

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