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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

INTELIGÊNCIA




Por Carlos Sena (*)

Não sei se foi Deus quem nos deu inteligência. Mas, deve ter sido. Porque essa tal de “inteligência” que, segundo dizem é o que nos diferencia dos animais irracionais é em si mesma uma faca de dois legumes, como dizia um cartola paulista... Ela serve para nos conduzir aos céus e aos infernos. Aos céus deliberadamente pela condição de prêmio que o céu nos foi passado pela influencia religiosa do catolicismo; aos infernos pela negativa disso, motivada pela nossa capacidade de temer satanás o grande desafeto da igreja católica. 

Sempre fico pensando que as pessoas que usam o ardil como forma de vida geralmente se “ferram”. E o principal motivo desse “rasgamento de boca” se dá quando os outros a quem Deus ou o Diabo também concederam inteligência, mostram sua força e sua capacidade de também pensar, de também agir com sagacidade. Principalmente de também reagir.

Nas relações de trabalho a inteligência é um bom elemento de alcançar objetivos sérios e escusos. Mas, nos dois casos, os que estão no processo de trabalho ou se defendem diante de ataques ou se associam na lógica colaborativa. No jogo das relações a inteligência se mostra muito mais ativa, posto que os seus “usuários” para alcançar objetivos outros, tudo fazem para se darem bem, notadamente nas realizações de atribuições no serviço quer publico ou privado. No público isso nos parece mais patente. Simples: a concepção de que o serviço público não tem dono, leva a muitos espertos à utilização das suas inteligências no maior nível possível. É nessa concepção equivocada do serviço público que muitos gestores posam de superinteligentes e, traídos pela ganância, esquecem que os que lhes cercam são também dotados de inteligência. Não demoram muito, esses “inteligentes” são traídos por aqueles a quem nunca foram levados a sério e que, não raro, tinham a pecha de burros. Por isso e outros motivos, acho mesmo que a inteligência seja “comum de dois gêneros” – serve a dois senhores sem que um senhor se aperceba do outro. Ufa, ainda bem! Porque se não fosse assim a raça humana certamente sucumbiria diante dos poderosos que dificilmente compreendem que alguém fora eles, tenha inteligência e que a utilize como também lhe convier, inclusive de “contraveneno”...

Se pelo lado corporativo a inteligência tem essas nuances democráticas, muito mais assim se apresenta na vida do cidadão comum – aquele que paga impostos, tem vida comum e tudo que quer é ser feliz, se possível, com um grande amor. Porque os amores entre duas pessoas são terreno fértil para o “jogo” que, se por um lado é condenado pelas ciências comportamentais, por outro deveria ser enaltecido na lógica da utilização sedutora do processo. Mentir é um processo de inteligência, mas pode ser de burrice. Dizer que ama pode ser  processo idêntico como qualquer  outro. Porque na vida tudo tem perdas e ganhos, tudo tem idas e vindas, tudo tem sem ter e muitas vezes tendo se nega a dizer que tem. Algo como entender que “coração é terra que ninguém anda” – pelo entendimento de que coração não pensa, apenas bombeia o sangue para nosso corpo ser pleno de emoções. Porque emoções vem do cérebro a quem compete o domínio da inteligência nos mais variados níveis de concessões.

Nesse contexto da inteligência ser filha de Deus ou de Zeus, ou de quem quer que tenha sido o seu autor, não importa. Fato é que ela tem sido a grande aliada da nossa raça, independente de poderes constituídos, de classes sociais ou semelhantes. Porque ela, a inteligência, tem sido a grande “protetora” que proporcionou os oprimidos a se rebelar contra os opressores, principalmente aqueles disfarçados de democratas; aqueles que ocupam cargos públicos ou privados, especialmente os públicos pelos diversos motivos que não o de servir ao público. Locupletam-se para tirar proveito próprio, ou para jogar suas frustrações nos subordinados, ou para proceder ao assédio moral que geralmente é resultante de suas poucas capacidades de buscar ajuda com um Psicanalista. Por essas e outras, a inteligência é quem nos redime e que nos pode livrar desses que se sentem superior ao bem e ao mal, mas que são vitimados pelos seus venenos com um simples “morder de língua”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 17/07/2013

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