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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MEU PAI!




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Hoje amanheci com saudades do meu pai, Antonio Taveira Zuza. Neste dia que se comemora o DIA DOS PAIS, presentes ou ausentes, sinto saudades dele.  Saudade, principalmente quando os deixamos e partimos para outras plagas. Meu pai foi um exemplo, com os seus acertos e falhas, mais conseguiu durante a sua vida dar exemplo de dignidade e honestidade aos seus filhos.

Muito de nós não valorizamos o nosso PAI. Deixamos de lado os seus ensinamentos de conduta ética para a vida. Lembro-me do meu pai, todos os dias. Em Bom Conselho, quando vinha de viagem de trabalho pelos distritos, visitando casa a casa, tapando buraco de ratos e dedetizando os casebres de taipa existente na região, com o DDT. No final da semana, sempre a tarde avistava quando ele vinha montado em burro descendo ou subindo a querida Rua do Caborje, muitas das vezes arquejando acometido pelo falta de ar, pela doença asmática que o acometia. Descia cabisbaixo procurando ar e não encontrava e eu mesmo pequeno tirava os arreios do animal e levava puxando por uma corda até o Sitio BICA.  Muita das vezes, debulhando feijão verde na mesa e nós o ajudando. Sentado e atento as noticias do Repórter Esso e a Voz do Brasil, na sala junto ao radio branquinho adquirido com esforço; das conversas com amigos em sala de visita, onde não podíamos participar e com um olhar somente saímos em direção a cozinha – menino não se mete em conversa de gente grande – dizia. E assim era o meu Pai.

Lembro-me da sua vida em Garanhuns, transferido por minha causa, que sofria do mesmo mal dele, a asma. Foi para a cidade de Garanhuns, contra a vontade, pois, amava a cidade de Bom Conselho, seu torrão natal. Ali começou a residir definitivamente, recordando sempre em conversas as visitas aos sítios, povoados de Bom Conselho, contando estórias mirabolantes de sua vida por aqueles bretões. O tempo passa depressa. É inexorável com o ser humano. Pouco a pouco vai tirando a vida, sem que muitas das vezes se perceba. E assim foi a cada dia envelhecendo em sua residência. Gostava de todos os filhos.  Dos netos, gostava de brincar já sentado na cama com um jornal novo ou velho nas mãos. Gostava de comentar a política e os afazeres dos políticos. Para eles alguns eram bons outros não valia nada. Tinha uma memória esplêndida. Sabia de cor os nomes do Presidente, Governadores, Prefeitos e Senadores e Deputados. Quando interrogado pela aquela formidável memória dizia = Nada mais tenho que fazer nesta vida há não ser espionar a vida destes, pelo radio – Voz do Brasil – pela televisão e pelos jornais que me chegam a mãos”. Era um velho amigo de todos. O meu pai foi e ainda é na memória dos filhos um apaixonado pela família. Deixou para mim e família uma herança muito grande e que eu pude compartilhar com todos os meus conhecidos – a verdade, a ética, o compromisso, a educação, o respeito pelo próximo principalmente pelos mais idosos, a religiosidade, o companheirismo – que transmiti e ainda transmito para todos e passei estes exemplos para os meus filhos.

Neste DIA DOS PAIS não poderia deixar de enaltecer a sua conduta aqui no “paraíso terrestre”, morada temporária de todos nós. Teve seus pecados, sim. Teve seus dissabores, sim. Às vezes exprimia raiva, sim. Às vezes até ausente de nós, sim. Impunha respeito, sim. Castigava, com “bolos de palmatória”, sim. Castigos sem direito ir a matine do Cine Rex, sim. Às vezes com desentendimento com a minha querida Mãe NEDI, sim. Mas nunca foi de guardar rancor ou vingança. E, assim foi a sua vida aqui na terra vivida entre altos e baixos, mas que perpetuamos a sua memória em nossa vida.

Hoje sinto saudade e muita saudade daquele “velho” de cabelos brancos e assanhados, barba crescida, sentado à beira da cama, vestido no seu pijama azul e sandália japonesa nos pés finos - “Oi Zé! Tudo bem, com vai os meninos! Tudo bem, respondia. Bênção, pai. Deus te faça feliz, respondia. E hoje sou feliz apesar da sua ausência sempre relembrada no dia-a-dia. E hoje acordo com a musica colocada na vitrola pelos meus filhos que reproduzo para os meus amigos: FELIZ DIA DOS PAIS, meu PAI.

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo.
Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo.


FELIZ DIA DOS PAIS, meu PAI, meu AMIGO!
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(*) Adicionado pela AGD

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