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terça-feira, 27 de agosto de 2013

HOMOFOBIA: o gato escondido com o rabo de fora.




Por Carlos Sena (*)

Não se precisa ser Psicanalista, Psicólogo ou outro, para compreender a razão da homofobia. A vida está aí para todo mundo compreendê-la (ou não) em função de todo simbolismo que o existir nos proporciona. A palavra exata é mesma COMPREENDER. Porque só através da compreensão dos fatos é que podemos chegar a certo nível de liberação das nossas tensões acerca das atitudes humanas nem sempre “de acordo”, nem sempre “conforme”... O ser humano vive (queiramos ou não) ligado ao que se espera dele. É esta a essência do SER SOCIAL, ou seja, tanto ele tende a ser o que esperam que ele seja, quando ele também espera dentro de si que os outros também sejam como ele espera. A homofobia é um pouco disso, porque se assim não fosse estaria o ser humano metido na total irracionalidade. Porque a homofobia é um sentimento de quem se incomoda com a felicidade do outro. Isto mesmo. Só que uma felicidade heterodoxa, fora dos padrões normais de felicidade que nós, humanos estabelecemos. O primeiro ponto desse complexo sentimento é a complexidade do ato em si: ser ou não ser homossexual. O socialmente estabelecido é a relação heterossexual. Fora disso tudo o mais passa a ser condenável, pois irrompe os padrões estabelecidos pela sociedade cujos valores foram estabelecidos por “quem chegou primeiro”, digamos assim. Considerando que a média mundial de gays é de dez por cento, certamente o mundo foi aculturado e endoculturado por heteros. Isto não significou abolir sentimentos de amor e afeto pelo mesmo sexo, pelo contrário: levou as pessoas a praticarem essa alternativa afetiva “dentro dos armários”, dentro dos conventos, debaixo das pontes, nos guetos, ou mesmo à luz do dia correndo risco de morte, como temos visto ultimamente. Por isso, entendemos que a um Psicanalista ou a um Psicólogo lhes são cobradas as compreensões mais científicas da homofobia, mas, nós outros, poderemos com facilidade unir a simbologia HOMOFÓBICA e dela tirar as conclusões importantes para nossa particular compreensão. Afinal, quando um ser humano mata o outro por questões de homossexualidade não é difícil entender esse contexto. O homofóbico se vê no outro e sente que aquele “outro” é a plenitude do que ele gostaria de ser, mas não tem coragem. Ou tem coragem, mas não tem condições para tal, posto que ser gay, de fato, requer muita estrutura interior para suportar as “barras” de uma sociedade falso moralista. Matar um gay –  humilhá-lo, destruí-lo, expô-lo ao ridículo passa a ser questão apenas de oportunidade. Porque quando se faz isso com um gay é a si mesmo que está fazendo, embora nem sempre isso esteja, de fato, na consciência do homofóbico. Que outro motivo poderia ser senão esses? Ora, se alguém faz sexo com outrem do mesmo sexo, o que houver de bom ou de ruim não diz respeito a mais ninguém senão aos envolvidos, então qual o porquê de tanta violência? Sendo prático: quando passa um gay perto de uma roda de amigos, sempre tem um que chama os demais para ver “a bichinha passando”... Por que isso? Afinal, se há “bichinhas” passando certamente haverá mais mulheres chegando, ou não? Já essa mesma atitude dificilmente ocorre com mulheres! Parece mesmo que as mulheres são menos ligadas nessa questão de saber qual mulher gosta de outra. Não que não haja mulheres gays em quantidade. Mas é que elas parecem que são mais seguras de si do que os homens.

Portanto, compreender um comportamento homofóbico é compreender um “gay” em desespero consigo mesmo brigando contra a realidade que desfila aos seus olhos. Geralmente os homofóbicos são casados e tem filhos. Quando não fazem tudo para se sobressaírem junto aos amigos como PEGAGORES – aqueles que traçam todas as mulheres e que, ao menor comentário acerca de gays logo se insurgem: “se pudesse matava essa raça”. O que os homofóbicos esquecem é que há pessoas inteligentes convivendo com eles em volta e que, não raro, já tem a compreensão dessas atitudes. Dito diferente: os homofóbicos são gatos que se escondem e deixam “o rabo de fora”...

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(*) Publicado Recanto de Letras em 16/07/2013

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