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sexta-feira, 12 de abril de 2013

O GATO E O CACHORRO





Por Carlos Sena (*)

Eu não gosto de gato mais que de cachorro. Eu sei que gosto de gente mais que os dois. O comportamento do gato está mais adequado ao meu gosto, posto que o felino é independente, altivo. Dizer que ele gosta da casa não acho. Ele gosta sim da gente, porque talvez ele não entenda como nós o abandonamos. Sendo ele independente, deve ter o entendimento de que não deve ir atrás de quem o abandonou. Grosso modo penso o gato dessa forma. Por outro lado, gosto também do cachorro, mas não o considero mais inteligente do que o gato, nem acho que ele goste mais de nós do que da casa. Talvez o cão seja preguiçoso para novos recomeços como o gato. Talvez o cão seja mais explícito na forma de sentir. Ele chora, ele esperneia, ele só quer tá pertinho do seu dono. Ora, se determinados humanos não sabem viver longe de quem os dá conforto e confiança, que diremos de um pobre cachorro que depende de tanta coisa pra sobreviver?... O gato também, o homem também. Os três gostam de serem protegidos, mas eu não coloco o homem nesse mesmo entendimento. Pelo contrário. Acho que se deve gostar do gato como gato. Do cachorro como cachorro. Do homem como gente. Muitas vezes se diz que um dos dois só falta falar. Quem gosta de gato diz do gato, quem do cachorro, do cachorro. Mas poucos humanos dizem que amam o seu igual, mesmo nas relações homem e mulher. Por  isso acho que alguma coisa esteja errada e não é nem no felino nem no cão. Eu não quero um gato nem um cachorro em casa porque me fazem companhia. Nós é que fazemos a eles. Eu quero (se for o caso) um gato de dois pés ou uma cachorra também e igualmente de dois. Nada contra quem se acha acompanhado se tiver seu cão consigo e não fizer questão de um “gato ou de uma cachorra”, mas eu não. Eu não abro mão de conversar com gente, de estar com gente, de me aborrecer com gente, por que não?

Agora no que eu defendo é que não se deve criar animal se não for pra ter com ele uma convivência de respeito pela  espécie, acima de tudo cuidado. Sei que há quem chore por um animal de estimação e nem verta uma só lágrima por um parente em dificuldade ou quando falece. Mas são questões personalíssimas que não devemos nos meter. Nesse diapasão, ainda toco noutra questão: por que não se criam cágados, porcos, preguiças, etc., como se criam gatos e cachorros? Será que nós somos preconceituosos até com isso? Não sei de verdade, mas acho que os pais só estimulam os filhos pequenos a gostarem do que é socialmente confirmado como normal e esteticamente bonito e inteligente. As galinhas, por exemplo, são inteligentes, pelo menos eu acho. Os perus nem tanto, pois como dizem morrem de véspera. Morrer já não é salutar imaginem morrer de véspera e bêbado. Uma dose de humor não faz o gato ficar de cara feia nem o cão ficar amuado.  Assim, se você gosta do gato, continue gostando. Do cachorro? Continue gostando. Mas vê se ama e se se apaixona perdidamente por um ser humano gostoso e tesudo que lhe faça ir aos céus sem precisar morrer...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 26/02/2013

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