Em manutenção!!!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - O "Pitião"

Davi Cordeiro Lima (Vestido para uma performance escolar)


Por Zé Carlos

No I Encontro de Blogueiros de Bom Conselho louvei a iniciativa do Cláudio André, doravante chamado Poeta, de colocar em sua palestra um vídeo produzido pelo Ricardo Noblat, sobre blogueiros. O Blog do Noblat está entre sites recomendados na AGD, devido ao seu ecletismo, tanto de conteúdo como de pessoas, e confesso alguma influência dele na elaboração e manutenção deste modesto Blog regional que administro com todas as forças que me restam. Ufa!!!

Hoje li uma de suas postagens, que ele chama de Diário de Avô, com título “Luana em crise”. Luana é sua neta. Não posso ter vergonha, como avô, de transcrevê-la aqui, sem a necessária explícita permissão, pois avô não precisa disto:

“Luana brincava na cama com uma boneca quando ouviu a voz da mãe:
- Pare de brincar. Quero ter uma conversa séria com você.
Vez por outra, Sofia, A Insensível, trata a filha como se ela tivesse mais do que apenas três anos e três meses de idade. Nessas horas, Luana comporta-se como se fosse de fato mais velha.
- Você bateu numa amiguinha na escola, não foi?
Luana fez que “sim” com a cabeça.
- Você sabe que isso é feio. Que não se deve bater em ninguém.
Luana não respondeu. Limitou-se a continuar olhando para a mãe.
- Hoje, você bateu na sua babá. E ela não gostou...
- ???
- Quer que as pessoas se afastem de você? Deixem de gostar de você?
- Não – respondeu Luana.
- Então não bata mais em ninguém. E vá dar um beijo e pedir desculpas à babá.
Luana saiu da cama e foi atrás de Martinha, a babá. Pediu desculpas. Beijou-a. Voltou para o quarto e sugeriu à mãe:
- Vamos brincar?
- Não. Você está de castigo. Não brinca esta noite.
- Vamos ver televisão?
- Também não. Você está de castigo.
Aí Luana desatou no choro, mas Sofia, A Cruel, não ligou. Deixou-a no quarto e foi para a sala de jantar.
Daqui a pouco, Luana começou a passear dentro da casa arrastando o paninho do qual jamais se separa quando é de noite.
Zanzou pra cá, pra lá, enquanto a mãe fingia ignorá-la.
- Liga a TV – insistiu Luana.
- Você não entendeu? Você está de castigo. Nada de televisão e nada de brinquedos.
Outro ataque de choro sem que Sofia, a Megera, emitisse sinal de que mudaria de opinião.
Luana viu a bolsa da mãe em cima de uma cadeira e resolveu pesquisar seu conteúdo.
Encontrou meia dúzia de coelhinhos de papel recortados. E alguns desenhos. Material de trabalho da mãe, que é professora.
Sacou tudo de dentro da bolsa, espalhou no chão e passou a brincar. Não parecia muito animada.
- Eu disse que você está de castigo e que não pode tocar nos seus brinquedos – repetiu Sofia, a Severa.
- Os brinquedos não são meus. São seus – devolveu Luana.
(Boa resposta!)
Sofia levantou-a do chão, foi até o quarto e depositou-a na cama.
Luana chorou novamente. Mas foi vencida pelo sono.
Ela anda nervosa. Ela, Luana. (A mãe, ídem.)
Está para ganhar um irmão, Felipe, daqui a mais duas semanas ou a qualquer momento.
Outro dia, pediu para dormir com os pais.
- Você tem seu quarto – lembrou Sofia, a Carrasca.
- Mas Felipe não dorme com vocês?
Outro dia ainda, encostou a cabeça na barriga da mãe e disse:
- Eu quero entrar aí.
Na semana passada, ganhou da avó Rebeca um enfeite de cabelo.
- Não quero.
- Então vou à loja trocar por um presente para Felipe.
(Provocação de uma avó desalmada!)
- Ele também não quer – decretou Luana.
Vai ser duro. Para todos. Mais para Luana e para quem, como eu, sofre com o sofrimento dela.”

O que posso ter vergonha é do que vou fazer agora. Uma imitação barata do Ricardo Noblat, como avô. Mas, quem falou nesta vida que avô tem vergonha?! Vou falar do meu neto, o Davi. Qualquer semelhança de Adriana, minha filha com a Sofia, filha do Noblat, não é mera coincidência. Mãe é mãe.

Não seria um Diário de Avô, pois não moramos, eu e meu neto, na mesma cidade. É bem pertinho, ali em Caruaru, e mesmo pulando nos buracos da BR-232, é um salto, quando conseguimos sair de Recife. Seria uma espécie de Testemunho de Avô. O que não deixa de ser uma imitação grosseira do diário do blogueiro Noblat, mas que me dá o mesmo prazer.

Davi é mais novo do que Luana. Tem agora 2 anos e 2 meses. Ainda fala mal, mas como fala. Algumas coisas eu não entendo, por que sua língua peculiar evolui longe da gente. Mas, é sempre uma alegria quando, com a ajuda dos seus pais, entendemos qualquer coisa. Por exemplo, quando ele vem a minha casa, que é a casa do Vovô Zé e da Vovó Aí (Marli em davisês), e eu desço com ele, além de vir apertando o botão de alarme do elevador, e o imitando dizendo piu, piu, piu... ele dá bom-dia a todo mundo que encontra. Seja de manhã, de tarde, ou de noite. Por isso é conhecido no prédio como o menino educado toda hora.

Eu sempre digo que pai é para educar e avô é para manter o equilíbrio mental e psicológico da criança, deseducando, na medida do possível. Cumpro esta minha função mesmo, às vezes em choque com os pais, tentando, através da compreensão, carinho, e até certa dose de negociação (que os pais não usam quase sempre), formar um pessoa com equilíbrio. Isto parece até ser uma ação pensada, racional, planejada e executada com precisão. É nada! É só coisa de avô mesmo.

A última de sua linguagem é a troca de nomes, mesmo que saibamos que ele pode dizer as coisas corretamente. Por exemplo, ele nunca diz cavalo, e sim “sauro”. Penso que isto foi influência do filme Toy Story onde há um dinossauro e um cavalo. E ambos se tornaram “sauro”, pois ele não ver dinossauros por aí com freqüência. Ele ainda não freqüenta o Congresso Nacional. Ele já tem o hábito de ver filmes no You Tube, e adora ver filmes de “sauros”, e quando ele vem a Recife, o Vovô Zé, dentro do seu esquema pedagógico, tenta satisfazer-lhe a vontade. Sento no computador e teclo na barra de pesquisa, repetindo ca-va-lo, ai ele repete todas as sílabas e as resume: “sauro”.

Sua última palavra, eu desconheço a origem, mas ele chama caminhão de “pitião”. Já usei todos os meus recursos fonéticos, para dar uma explicação a esta língua do Davi. Não consegui. Só me resta entender meu neto e usá-la sempre que posso. E quando vejo um caminhão, e estou com a avó, digo olha o “pitião”; se eu tivesse um, colocaria uma frase na carroceria:

“Feliz era Adão que não tinha Blog nem pitião”.

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P.S.: Quando já havia terminado o texto acima, sentei-me longe do computador e fui ler a A GAZETA, jornal do vovô Luis Clério. Encontrei lá uma transcrição de uma homenagem feita pela RÁDIO PAPACAÇA, a um bisavô ilustre, já falecido, Manuel Luna. Foi uma homenagem justa e bela a um grande homem público de Bom Conselho. Uno-me a ela, como cidadão, conterrâneo e avô. E parabéns ao avô pelo nascimento da Aline, nome tão bonito que mais de 30 anos atrás eu também dava à minha primeira filha. Durante a homenagem houve uma participação por telefone deste avô, o Emanuel Luna, e que poderia ser chamada de Testemunho do Vovô Mané. Deve está babando e corujando como eu.

Um comentário:

  1. COMO DIZIA RACHEL DE QUEIROZ, OS NETOS SÃO COMO HERANÇA: VOCÊ OS GANHA SEM MERECER!!! É VERDADE... E AINDA VOU MAIS LONGE: NÃO MERECEMOS, MAS PRESTAMOS-LHES ASSISTÊNCIA TÉCNICA...

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